Livro de Jordão de Freitas sobre «Camões em Macau» (1) , no 331.º aniversário do falecimento do poeta, de 1911, da Imprensa Libânio da Silva, em Lisboa.

Camões em Macau, 1911 CAPA

Jordão de Freitas (2) foi o primeiro a salientar que já em 1555 havia Portugueses na península de Amacao, pondo a hipótese de Camões haver estado em Macau.
“Antes de passar adiante, seja-me permitido advertir que Macau (Maquao, Amaquao, Amacau, Amacoao, Amaquã, Amaquan), é nome que á ilha ou península, de que se trata, se dava já em 1555 (se não antes) e não apenas mais tarde, de 1557.
Uma das cartas escriptas por Fernão Mendes Pinto, quando fazia parte da Companhia de Jesus, editadas e annotadas em 1902 em Hamburgo pelo dr. Nachod, em face do codice 49-IV-50, fl. 95 a 98, é datada de “Amacao” no mez de novembro de 1555.
Nésta carta diz o auctor da Peregrinaçam: “Mas porque hoje cheguei de Lampacau, que é o porto onde estamos, a este amaquã que é outras seis leguas mais adiante aonde achey ao padre Mestre Belchior que veio aqui de Cantam…”
De Macau e do mesmo mez e anno de 1555 são igualmente datadas duas cartas do padre jesuita Belchior Nunes Barreto; uma dirigida para Roma a Santo Ignacio de Loyola e publicada em Coimbra (em hespanhol) e em Veneza (em taliano) no anno 1565; a outra remettida para Goa aos padres e irmãos da Companhia e de que se conserva copia no codice da Real Bibliotheca da Ajuda 49-IV-49, fl. 236-237, bem como da primeira a fl. 237-241.” (3)
Neste livro, o autor analisa as três opiniões ou hipóteses que, sob o ponto de vista da determinação do ano ou dos anos em que Camões residiu em Macau: a do Visconde de Juromenha (entre 1556 a princípios de 1558), a de Wilhelm Storck (fins de Julho de 1558 aos princípios de 1560) e a do Dr. Teófilo Braga (os anos 1557, 1558 e 1559).

Camões em Macau, 1911 CONTRACAPA

O livro que é anunciado na contra-capa: NO PRÉLO – «Macau-Materiais para a sua história no século XVI»  foi publicado em 1988 pelo Instituto Cultural.
FREITAS, Jordão de – Macau : materiais para a sua história no século XVI. Macau: Instituto Cultural, 1988. – 43 p.

(1) FREITAS, Jordão de – Camões em Macau. Lisboa, Imprensa Libânio da Silva, 1911, 52 p. 22, 5 cm x 15,5 cm
(2) Jordão Apolinário de Freitas (1866-1946) dedicou entre 1904 a 1907, os seus estudos ao Extremo-Oriente, o Japão, a China, Luís de Camões em Macau, Fernão Mendes Pinto, a embaixada dos príncipes japoneses à Europa em 1584, etc.
Sobre este autor, uma biografia detalhada em «Elogio do Dr. Jordão de Freitas» pelo Dr. António da Silva Rego (publicado pela Academia Portuguesa da História, 1956) e disponível em:
http://arquivohistoricomadeira.blogspot.pt/2009/03/elogio-do-dr.html
Disponível também «Camões e Macau» do Padre Manuel Teixeira (onde analisa a opinião do Jordão de Freitas) em:
http://www.library.gov.mo/macreturn/DATA/PP272/index.htm
NOTA: Foi também Jordão de Freitas, então bibliotecário da Ajuda, quem deu a conhecer o manuscrito encontrado em 1911, sobre uma relação dos bens de raiz do Colégio de São Paulo de Macau, do Padre António Cardim, reitor do Colégio de Macau de 31-08-1632 a 23-05-1636. Nele, referia que existia já nessa época um local de Macau, denominado «Penedos de Camões», junto do «campo dos patanes».
(3) Artigo publicado no «Portugal», n.º 98, de 2-VI-907, e reproduzido em “O Oriente Portuguez”, vol. IV, n.º de Julho e Agosto de 1907, pp. 293-94.