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Encadernação de época de lombada em papel

Livro fundamental para quem quiser saber cronologicamente por dias, meses e ano, a história de Macau, de Luís Gonzaga Gomes editado em 1954, pelo “Notícias de Macau», o XII volume da «Colecção Notícias de Macau, embora , como afirma o autor, não seja precursor, em Macau, deste tipo de documentação histórica por datas, numa sequência lógica.
Livro composto e impresso nas oficinas do Jornal «NOTÍCIAS DE MACAU», Calçada do Tronco Velho, n.º 6-8, Macau- Oriente (1)

Luís Gonzaga Gomes na sua introdução, elabora uma pequena “história” deste tipo de trabalho, e justifica a publicação do presente livro.
“ O primeiro trabalho no género do que presentemente apresentamos foi efectuado por A. Marques Pereira e publicado, e em números sucessivos do Boletim do Governo da Província de Macau e Timor de 1867. No ano seguinte, este trabalho foi editado, em forma de livro, por José da Silva, com o seguinte título “Ephemerides Comemorativas da História de Macau e das Relações com os povos christãos,”, por A. Marques Pereira, (2) antigo secretário da Legação de Portugal na China, Procurador dos Negócios Sínicos d Cidade de Macau, Membro honorário da Real Sociedade Asiática (Inglesa), Cavalheiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição, etc.
Em 1922 apareceu no Anuário de Macau um trabalho idêntico, porém, mais simplificado mas quase todo baseado nas “Ephemerides” de A. Marques Pereira.
Em 1842 a revista «Religião e Pátria» reproduziu, na íntegra, o trabalho aparecido no Anuário de Macau. Em 1944, o semanário «União» publicou trabalho idêntico mas, infelizmente, com muitas gralhas tipográficas, na parte respeitante às datas, registando, todavia, vários acontecimentos não mencionados em trabalhos anteriormente publicados.
Com o aparecimento de inúmeras obras de investigação, sobre assuntos referentes à actuação dos portugueses no Extremo-Oriente, conscienciosamente feitas por Jordão de Freitas, Frazão de Vasconcelos, Armando Cortesão, Manuel Múrias, Albert Kammerer, Dr. José C. Soares, C. R. Boxer, J. M. Braga, Pe. M. Teixeira, Pe. A. Silva Rego e outros, bem como a publicação dos “Arquivos de Macau”, surgiu a possibilidade de se elaborar um novo trabalho deste género, só com factos referentes a Macau, que publicamos, em 1950, na revista «Mosaico».
Este trabalho, depois de refundido e muito acrescentado, volta agora a aparecer, pela necessidade que existe duma obra, onde os que se interessem pela história desta província ultramarina podem encontrar breve notícia daquilo que lhes exigira muito tempo perdido em busca e rebusca por bibliotecas, pois tudo quanto se tem publicado sobre Macau…”

(1) GOMES; Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p., 18 cm x 11,5 cm x 2 cm.
Anteriores referências a L. G. Gomes em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/luis-gonzaga-gomes/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-feliciano-marques-pereira/

Este livro «MACAU –  Materiais para a sua História no Século XVI» é uma edição do Instituto Cultural de Macau de 1988 (1) justificada pela Directora do Arquivo Histórico de Macau, na altura, Dra. Adelina Braga:
Prosseguindo no empenhamento de dar a conhecer ao público os assuntos referentes ao passado de Macau, velho de mais de quatro séculos, tão rico de factos emocionantes de vivência mais ou menos difícil mas sempre gratificante, vai o Instituto Cultural de Macau proporcionar a leitura de mais um outro valioso «documento» que muito esclarece sobre um período aliciante da história desta cidade do santo Nome de Deus, e dos portugueses que dela fizeram uma peça única da máquina do mundo por eles percorrido…”

MACAU - Materiais para sua História no Século XVIEste trabalho de Jordão de Freitas (2) foi publicado (3) na revista «Mosaico», nº 59 a 61, Julho a Setembro de 1955, bem como o Prefácio do livro de António Nolasco da Silva (4).

MOSAICO VOL XI n.º 59 a 61 CAPAMuitas passagens deste trabalho foram transcritas por diversos historiadores e escritores como por exemplo este, referente a uma notícia do dia : carta de Leonel de Sousa que em 15 de Janeiro de 1556, dirigiu de Cochim ao infante D. Luiz, irmão de D- João III e falecido a 27 de Novembro do ano anterior, mas cuja morte não era ainda conhecida no Oriente.
«Senhor – Eu fuy á China numo embarquação de mercadores, como espreui a Vossa Alteza de Malaqua o ano de cinquoenta e dous, pelo Vizo Rey Dom Alfonso me nam ordenar as Viagés, como Vossa Altez mandaua; aonde  vim envernar o Março passado por nam poder vyr á Indya… (…)
…Desta maneira fiz paz; e os negócios na China com que todos fizeram suas fazendas, e proveitos seguramente foram muytos purtuguezes á Cidade de Cantaõ, e outros lugares por onde andaram folgando algus dias, e negociando suas fazendas á sua vontade sem receberem agravo, nem pagarem mais Direitos dos que atras digo, que myutos pelo que esquonderam  nã fiquaram pagando mais Direitos que da terça parte das fazendas. Cantaõ está trinta legoas por hum Rio dentro do Porto de Sã Choam que he amtre huas ylhas aonde estava com os Navios…»

MOSAICO VOL XI n.º 59 a 61 ÍNDICEDo prefácio, saliento:
De entre essa plêiade de investigadores da historiografia macaense, há, porém, que salientar e bem distintamente, um nome quase esquecido, o do distinto e fecundo polígrafo Jordão de Freitas, pois, sem o magnífico trabalho «Macau – Materiaes para a sua história no Século XVI», alguns importantes pontos da história relativos aos tempos primitivos do estabelecimento desta cidade teriam, talvez, ficado esquecidos, à espera, ainda, de quem os fosse desenterrar do pó dos arquivos…”

(1) FREITAS, Jordão de – Macau, Materiais para a sua história no século XVI. Instituto Cultural de Macau, 1988, 43 p., 22cm x 15 cm.
(2) Jordão Apolinário de Freitas (1866- 1946) cursou a cadeira de Teologia no Seminário  do Funchal (1890) e formou-se como médico-cirurgião na Escola Médica desta mesma cidade. Sócio-fundador da Academia Portuguesa da História e director da Biblioteca Real da Ajuda entre 1918-1936, consagrou a sua vida à investigação histórica, publicando imensos trabalhos. Mais referências anteriores a este autor em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jordao-de-freitas/
(3) Originalmente foi publicado na raríssima colecção «Archivo Historico Portuguez» (n.ºs 5, 6 e 7 de Maio a Julho de 1910, Vol VIII)
(4) António Nolasco da Silva foi o Director e Editor da revista «Mosaico», órgão e propriedade do Círculo Cultural de Macau desde o 2.º número  (o 1.º número, o Director e Editor foi o Dr. José Marcos Batalha) que foi publicado em Setembro de 1950 até ao último número em Setembro de 1957.

Livro de Jordão de Freitas sobre «Camões em Macau» (1) , no 331.º aniversário do falecimento do poeta, de 1911, da Imprensa Libânio da Silva, em Lisboa.

Camões em Macau, 1911 CAPA

Jordão de Freitas (2) foi o primeiro a salientar que já em 1555 havia Portugueses na península de Amacao, pondo a hipótese de Camões haver estado em Macau.
“Antes de passar adiante, seja-me permitido advertir que Macau (Maquao, Amaquao, Amacau, Amacoao, Amaquã, Amaquan), é nome que á ilha ou península, de que se trata, se dava já em 1555 (se não antes) e não apenas mais tarde, de 1557.
Uma das cartas escriptas por Fernão Mendes Pinto, quando fazia parte da Companhia de Jesus, editadas e annotadas em 1902 em Hamburgo pelo dr. Nachod, em face do codice 49-IV-50, fl. 95 a 98, é datada de “Amacao” no mez de novembro de 1555.
Nésta carta diz o auctor da Peregrinaçam: “Mas porque hoje cheguei de Lampacau, que é o porto onde estamos, a este amaquã que é outras seis leguas mais adiante aonde achey ao padre Mestre Belchior que veio aqui de Cantam…”
De Macau e do mesmo mez e anno de 1555 são igualmente datadas duas cartas do padre jesuita Belchior Nunes Barreto; uma dirigida para Roma a Santo Ignacio de Loyola e publicada em Coimbra (em hespanhol) e em Veneza (em taliano) no anno 1565; a outra remettida para Goa aos padres e irmãos da Companhia e de que se conserva copia no codice da Real Bibliotheca da Ajuda 49-IV-49, fl. 236-237, bem como da primeira a fl. 237-241.” (3)
Neste livro, o autor analisa as três opiniões ou hipóteses que, sob o ponto de vista da determinação do ano ou dos anos em que Camões residiu em Macau: a do Visconde de Juromenha (entre 1556 a princípios de 1558), a de Wilhelm Storck (fins de Julho de 1558 aos princípios de 1560) e a do Dr. Teófilo Braga (os anos 1557, 1558 e 1559).

Camões em Macau, 1911 CONTRACAPA

O livro que é anunciado na contra-capa: NO PRÉLO – «Macau-Materiais para a sua história no século XVI»  foi publicado em 1988 pelo Instituto Cultural.
FREITAS, Jordão de – Macau : materiais para a sua história no século XVI. Macau: Instituto Cultural, 1988. – 43 p.

(1) FREITAS, Jordão de – Camões em Macau. Lisboa, Imprensa Libânio da Silva, 1911, 52 p. 22, 5 cm x 15,5 cm
(2) Jordão Apolinário de Freitas (1866-1946) dedicou entre 1904 a 1907, os seus estudos ao Extremo-Oriente, o Japão, a China, Luís de Camões em Macau, Fernão Mendes Pinto, a embaixada dos príncipes japoneses à Europa em 1584, etc.
Sobre este autor, uma biografia detalhada em «Elogio do Dr. Jordão de Freitas» pelo Dr. António da Silva Rego (publicado pela Academia Portuguesa da História, 1956) e disponível em:
http://arquivohistoricomadeira.blogspot.pt/2009/03/elogio-do-dr.html
Disponível também «Camões e Macau» do Padre Manuel Teixeira (onde analisa a opinião do Jordão de Freitas) em:
http://www.library.gov.mo/macreturn/DATA/PP272/index.htm
NOTA: Foi também Jordão de Freitas, então bibliotecário da Ajuda, quem deu a conhecer o manuscrito encontrado em 1911, sobre uma relação dos bens de raiz do Colégio de São Paulo de Macau, do Padre António Cardim, reitor do Colégio de Macau de 31-08-1632 a 23-05-1636. Nele, referia que existia já nessa época um local de Macau, denominado «Penedos de Camões», junto do «campo dos patanes».
(3) Artigo publicado no «Portugal», n.º 98, de 2-VI-907, e reproduzido em “O Oriente Portuguez”, vol. IV, n.º de Julho e Agosto de 1907, pp. 293-94.