No dia 2 de Dezembro de 1866, organizou-se uma peregrinação a Sanchoão (1) em que se incorporaram 750 peregrinos. Devido a uma tempestade nesse dia, só puderam desembarcar 30 homens. Mesmo assim, foi celebrada missa e a chamada Cruz dos Macaenses, transportada para terra no dia anterior, foi erguida, ao fundo da escadaria, em comemoração dessa romaria.
A Cruz dos Macaenses tinha a seguinte inscrição: (2)
Em cima, verticalmente, dois caracteres chineses (?) ilegíveis, com a ideia talvez de “dedicaram”. Frontalmente: “S. P. Francisco Xaverio” e, na vertical mais longua, de alto para baixo: “macaenses die 3 dedanno 1869”. (3)

Xavier em Sanchoão Crus dos Macaenses ICruz dos Macaenses levantada em Sanchoão em 3 de Dezembro de 1866.

Em frente, vê-se o Padre Robert Y. Cairns, missionário da ilha, e o Comandante do vapor Hai-Ning, na peregrinação de Dezembro de 1933. (2)

 O P. Rondina, S.J., (4) segundo o próprio afirma, tomou também parte nessa peregrinação e foi um dos que levantou a Cruz. Segundo Padre Videira Pires, terá sido ele quem disse a missa nesse dia.
O missionário jesuíta de Sanchoão, John Garaix (5), em 1906, relatava:
Quando Mons. Guillemin (6) chegou ao lugar em Janeiro de 1869, o que circundava o túmulo era o seguinte: em baixo, perto da praia e num pequeno espaço de terreno nivelado, uma enorme Cruz de pedra, aquela que tinha sido erigida pelos peregrinos em 1866; a seguir, um pouco mais acima, cinco degraus que davam para outro espaço e terreno nivelado: ali estava o túmulo; por último, uns sete degraus mais acima, estavam as ruínas da antiga capela (de 1700). “ 

Xavier em Sanchoão Crus dos Macaenses IIA Cruz dos Macaenses a contra-luz (2)

 A Cruz dos Macaenses desapareceu do lugar após 1942.

SUGESTÃO: Nesta semana de encontro dos macaenses em Macau, era uma boa ideia e sugeria às associações de macaenses pelo mundo fora, a iniciativa de organizar uma comissão encarregada de fazer uma nova Cruz dos Macaenses (talvez por subscrição pública) e tratar por  via diplomática com as autoridades chinesas da sua colocação na Ilha, de preferência no mesmo local da anterior (quem sabe se no próximo encontro de macaenses em Macau, no dia 3 de Dezembro)

(1) Sobre a Ilha de Sanchoão e S. Francisco Xavier ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/ilha-de-sanchoao/
(2) PIRES, Benjamim Videira – Xavier em Sanchoão. A ilha de Sanchoão ontem e hoje. Macau, 1994, 39 p. + |VIII|
(3) Segundo Padre Videira Pires o ano está errado: deveria ser 1864.
(4) O Padre Francisco Xavier Rôndina já tinha participado em anterior peregrinação àquela ilha no ano de 1864. O Padre Rondina (1827-1897), missionário no Padroado português do Oriente, foi professor, pregador e escritor. Dirigiu o Colégio/Seminário de S. José. Foi redactor da revista mensal «Civiltà Cattolica» a partir de 1882.
(5) GARAIX, S. J., John – Sanchoan, the Holy Land of Far East, 1906, 29 p. in Padre Videira Pires (2)
(6) Mons. Zeferino Guillemin, Prefeito Apostolico da Perfeitura de Kuông tông e Kuón-sai, em 24 de Agosto de 1867, procedeu ao lançamento da primeira pedra para uma nova capela sobre o túmulo de S. Francisco de Xavier, na Ilha de Sanchoão (pertencente à província de Guangdong/Cantão)