Continuação do artigo de Ayres Pires (1) (2) sobre Macau no dia do desembarque do Governador Artur Tamagnini Barbosa, a 12 de Outubro de 1918.

Desembarque Governador Tamagnini Barbosa 12-10-1918 V“Macau – Aspeto da Praia Grande no dia e à hora do desembarque do Governador”

 E razão tem para esperar esse concurso leal, porque ele, nunca negou na Metrópole o seu apoio a medidas que interessavam esta terra.
Que o confirmem Manuel Fratel, o benquisto diretor geral de Finanças das colónias, Eduardo Marques e Carlos da Maia que tanto honraram o bom nome de Macau, Gonçalves Pereira e Velhinho Correa, seus antigos representantes no parlamento.
Uma condição deseja impor o novo governador aos que, juntos, hão de colaborar: suplantar a politica de interesses locaes e a politica dos faciosismos, porque o tempo nos tem demonstrado ser antagonica da aspiração nacional.

Desembarque Governador Tamagnini Barbosa 12-10-1918 VI“Macau – O Palácio do Governo”

A nossa raça parece cada vez menos preocupada com o seu destino, e a política entre nós é apenas um factor de retrocesso, no conceito dos outros povos.
A nossa política, deverá ser um programa de reconstrução, iniciado pelo governo da República, estabelecendo mandatos que diréta ou indirétamente radiquem à Colónia o nosso sangue, o nosso espírito e a nossa fé… (…)
… O Presidente da República no dia da sua proclamação afirmou que uma nova era de Liberdade surgia e que não seria preciso que o canhão falasse, que se disparassem as espingardas e as espadas tinissem; bastava uma meticulosa administração, a liberdade de crenças e o respeito por todos.,
Disse, que em Macau, sempre viveu altivo o sentimento patriótico e sabe que não houve na nossa história colonial outra tão distinta demonstração como o título de Leal concedido ao Senado.

Desembarque Governador Tamagnini Barbosa 12-10-1918 VII“Um encantador trecho da Praia Grande”

Se os reis abençoarem o sentimento de nacionalidade do povo de Macau, não aconteceu outro tanto com os cuidados, de que eram merecedores os portuguezes que procuraram acreditar este encantador rincão do património portuguez. Atribuo a decadencia do comércio ao açoriamento do porto e justifica a necessidade de que ele volte a ser o que era d´antes. É razão para crêr, pois, que o governo da República aceite a opinião de que as obras do porto devem ter desde já maior incremento, concedendo uma justa autonomia à Missão que foi encarregada de prosseguir em taes obras.
Disse mais o sr. Tamagnini que desejava apoiar por completo a solução do problema do abastecimento da água, cuja iniciativa lhe agradava em extremo. È seu propósito minorar a precaria e lamentável situação dos funcionários civis. À remodelação da instrução dará também o seu apoio. Desejará vêr sempre mantida a ordem publica e a maior disciplina em todos os ramos de serviço e punido quem delinquir”

(1)   Artigo de Ayres Pires de 20-09-1918, intitulado “Macau”, e publicado na revista “Illustração Portuguesa” em Fevereiro de 1919, n.º 679
(2)    https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/10/12/noticia-de-12-de-outubro-de-1918-desembar-que-do-novo-governador-i/