Na sequência da LITERATURA ULTRAMARINA, OS PROSADORES, colectânea de contos organizado por Amândio César (1) lembrei-me doutra colectânea de contos (enxertos de contos) organizada pelo mesmo autor que foi publicado há muitos anos numa série de livros de bolso da RTP – Biblioteca Básica Verbo (2)
Intitulada Antologia do Conto Ultramarino (3), era o n.º 85 dessa colecção chamada Biblioteca Básica Verbo e continha contos de Cabo Verde (dois), Guiné (dois), S Tomé (dois) Angola (oito), Moçambique (sete), Estado Português da Índia (dois), Macau (dois) e Timor (dois).
De Macau os contos publicados foram:
O calvário de Lin Fong (Deolinda da Conceição)
História do pequeno Afat (Wenceslau de Moraes)
Na ” explicação em norma de posfácio” (pp.279-280) o autor afirma:
“… Deu-se relevo, intencionalmente, ao natural da terra e só, de longe, ao radicado, e quando este fosse representativo ou a radicação significasse uma nova personalidade dentro do homem. Os exemplos de Fausto Duarte e de João Augusto Silva, de Reis Ventura e de Orlando de Albuquerque; de Castro Soromenho, de Campos Monteiro Filho e de Rodrigues Júnior; de Wenceslau de Moraes e de Ferreira da Costa, nesta integração é curioso notar-se que, na Guiné, os seus escritores angolanos tenham nascido em Moçambique; que dois pioneiros da novelística moçambicana sejam naturais da Metrópole e, no caso de Macau e de Timor, sejam ainda escritores metropolitanos que lançam mão do tema, por simpatia, experiência, tragédia e deslumbramento.”
Creio ter havido engano do autor (frase que realcei em negrito) quanto a um dos dois escritores seleccionados de Macau. Se Wenceslau de Moraes é da Metrópole, o outro conto é de Deolinda da Conceição, macaense, nascida e falecida em Macau (1913 – 1957).
Na altura e depois da publicação do livro “Cheong-Sam – A Cabaia” onde contém o conto publicado, a autora recebeu elogios de diversos escritores e críticos de Portugal e de Macau, entre eles de Amândio César que referiu no Diário Popular, Junho de 1970:
“Narrativas feitas de experiência, carregadas de sentimentos íntimos e de íntimas dores e alegrias”
e “Uma obra curta, pelo curto viver da escritora, mas uma obra definitiva.” (4)
(1) Quanto ao autor, ver anterior post: LEITURAS – LITERATURA ULTRAMARINA – DENTRO DO BARCO DA VELHA
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/03/02/leitura-literatura-ultramari-na-dentro-do-barco-da-velha/
e
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/05/08/leitura-literatura-ultramari-na-a-lorcha/
(2) “Em 1970, em colaboração com a RTP, a Editorial Verbo lança a Biblioteca Básica Verbo – Livros RTP, uma colecção de livros de bolso…(…)… Foram estudados incansavelmente cada um dos 100 títulos a incluir; a periodicidade, acabando por se optar pela semanal; o papel a utilizar nos livros; a cartolina das capas; o tipo de letra; o formato do livro; o grafismo das capas (da autoria de Sebastião Rodrigues, o pai do design gráfico português) e a distribuição…(…)… A Editorial Verbo previu quase tudo pensado que tinha previsto tudo e imprimiu 50.000 exemplares dos dois primeiros volumes (o segundo livro era oferecido na compra do primeiro). O que não previa era que esses 50.000 exemplares se iriam esgotar na própria manhã do dia do lançamento, 6 de Novembro de 1970, e que as pessoas os disputariam a murro nos armazéns da editora, a ponto de impedirem a entrada a um dos administradores da Verbo, porque as centenas de homens e mulheres que formavam fila para serem abastecidos pensaram que ele lhes ia passar à frente e tirar o lugar!…(…)… Dos dois primeiros volumes – a novela Maria Moisés, de Camilo, e 100 Obras–Primas da Pintura Europeia – acabaram por se imprimir, à lufa-lufa, e vender 230.000 exemplares de cada. Em Outubro de 1972, do 100º título, Os Lusíadas, ainda se venderam mais de 100.000 volumes.
http://lisboacity.olx.pt/livros-rtp-coleccao-completa-100-volumes-aceito-ofertas-iid-44965894
(3) CÉSAR, Amândio – Antologia do Conto Ultramarino. Editorial Verbo, Livros RTP, n.º 85, 280 p.|6|
(4) http://pt.wikipedia.org/wiki/Deolinda_do_Carmo_Salvado_da_Concei%C3%A7%C3%A3o
[…] NOTA: Este conto está incluído na antologia CÉSAR, Amândio – Antologia do Conto Ultramarino. Editorial, Livros RTP, n.º 85, 1972, 280 p.+ |2| Sobre este livro e Deolinda da Conceição, ler anterior post: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/06/01/leitura-antologia-do-conto-ultramari-no-i/ […]