Brochura de 49 páginas da Professora Dra. Ana Maria Amaro, editado em 1967, pelo Centro de Informação e Turismo (Macau) e imprimido na Tipografia da Missão do Padroado (acabou de se imprimir a 25-04-1967).
Na Capa: um Ká San (家神) figura em madeira, produto do artesanato local.
“ O artesanato, em Macau, está praticamente cantonado à população chinesa já que os portugueses, constituindo pequena parte da população local, ocupam, principalmente, diversos cargos do funcionalismo público.
Onde acaba, em Macau, o artesanato e começa o regime de fabriqueta, é realmete, muito difúicil, por vezes, de destrinçar, não só porque a maior parte dos maquinismos são muito rudimentares, mas, também, porque o modo de assalariamento de aprendizes, entre os chineses, é diverso do que, actualmente , se verifica no Ocidente.
A maioria dos aprendizes, em regime de verdadeira corporação medieval, tradicional na velha China, recebe alimentação e ensinamentos, por vezes a par do alojamento, em lugar de salário, que, apenas, costuma ser atribuído à queles que desempenham já cargos de monitores e aos quais compete orientar os mais atrasados no ofício.
Entre os chineses conservadores, continua a ser adoptada, em Macau, esta aprendizagem de artes e ofícios, nos clássicos moldes do Império do Meio. E é deste modo que não há, em certos casos, por assim dizer, empregados e patrões mas sim o mestre e os seus discípulos. “
A autora descreve as verdadeiras formas artesanais (as chamadas indústrias caseiras) que ainda existiam em Macau na década de 60 (século XX) enumerando-as por ordem decrescente de importância:
Trabalhos em bambu, panchões, objectos em papel, pivetes de culto, velas votivas, objectos em madeira, bordados, lampeões, vassouras espanadores, cordas, aprestos de pesca, objectos em rota (rotim, ola e fibra de plástico), objectos em folhas de Flandres e latão, objectos em arame, caixas de fósforos, pintura em vidro e gravação de espelhos, figuras em massa de farinha, colheres em casca de coco, objectos em fio de plástico, tamancos, roupas de criança, gravação em pedras de má tcheóng, e tecelagem.
AMARO, Ana Maria – Alguns Aspectos do Artesanato em Macau. Centro de Informação e Turismo (Macau), 1967, 40 p., 24,5 cm x 18 cm. Tiragem: 500 exemplares.
家神– mandarim pīnyīn: jiā shēn ; cantonense jyutping: gaa1 san1 – divindade da família.