Pelo Dec. de 10 de Dezembro de 1862, o Governador de Macau, Conselheiro Isidoro Francisco Guimarães, foi agraciado com o título de Visconde da Praia Grande, pelos relevantes serviços prestados à província durante o seu longo governo. (1)
Isidoro Francisco Guimarães (1808-1883), primeiro e único Visconde da Praia Grande de Macau, foi Par do Reino (Carta Régia de 28 de Dezembro de 18719), Presidente Suplementar da Câmara dos Dignos Pares (em 1878 e 1879), do Conselho de Sua Majestade Fidelíssima, Deputado da Nação (na legislatura de 1864 a 1868), Ministro de Estado Honorário, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Marinha (1865 a 1868). Foi Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário no Reino de Sião e nos Impérios da China e do Japão. (2)
Esteve como Governador de Macau durante doze anos (reconduzido três vezes) (Dec.de 13 de setembro de 1851- 1863). Foi durante o seu mandato como governador que o jogo, hoje a actividade económica mais importante de Macau, foi legalizado.
Desempenhou ainda muitos outros cargos (3) e foi agraciado com os graus de várias ordens nacionais e estrangeiras.
Oficial da Marinha, foi reformado no posto de Vice-Almirante.
Casou em Macau, no ano de 1860, com D. Genoveva Rosa Inocência do Espírito Santo de Almeida Loureiro.
Praia Grande e Fortim de S. Pedro no desenho e aguarela em papel de George Chinnery (1825-52) (4)
À frente do fortim de S. Pedro, na Praia Grande, Isidoro Francisco Guimarães construiu um grandioso palácio adquirido pelo artista Visconde do Cercal, após o regresso do Visconde de Praia Grande à metrópole.
“É um dos principais edifícios públicos das nossas Colónias. Situado proximamente no centro da Praia Grande de Macau foi mandado construir pelo governador fallecido visconde da Praia Grande , se bem nos recorda de empreitada por 35 mil pesos” (5)
O antigo Palácio da Praia Grande (6)
“Em 1851, o governador Isidoro Francisco Guimarães, visconde da Praia Grande, mandou construir um palácio na avenida da Praia Grande, em frente do fortim de S. Pedro, para nele instalar o Palácio do Governo e diversos serviços. Em 1884, a sede do governo passou para o palácio do visconde do Cercal, ficando no anterior palácio apenas os serviços públicos. Em 1951, o Palácio das Repartições (demolido em 1946) foi substituído pelo Edifício das Repartições Públicas, que a partir da década de 80 albergou o Tribunal de Macau.”(7)
FOTO de Jules Alphonse Eugène ITIER (1802-1877) – Praia Grande com o fortim de S. Pedro em Outubro de 1844 (8)
Os dados biográficos foram recolhidos do opúsculo CAMPOS E SOUSA, José de – Os Viscondes da Praia Grande de Macau. Separata dos N.º 24/25 do Boletim da Junta de Província da Estremadura. Lisboa, 1953, 13 p.
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(2) Como ministro plenipotenciário, esteve à frente da delegação portuguesa no Tratado Luso-Chinês de Tien-Tsin. Localizada a cerca de 100 quilómetros de Pequim, na China, a cidade de Tien-Tsin (ou Tientsin) foi palco da assinatura, a 13 de agosto de 1862, de um acordo diplomático entre o império chinês e o reino de Portugal, no sentido daquele reconhecer a plena soberania e posse do território de Macau pelos Portugueses. Este acordo legitimou assim a plena posse por parte de Portugal, perante a China e a comunidade internacional, de Macau, que teve em Tien-Tsin a formulação de uma base legal legitimadora da presença lusa naquela cidade no estuário do Rio da Pérola. Recorde-se que este acordo diplomático era imperativo e urgente, pois, na mesma cidade, quatro anos antes, em 26-27 de junho de 1858, os chineses tinham acordado com Ingleses, Franceses (depois destes terem ocupado a cidade um mês antes) e também com Norte-Americanos e Russos, facilidades de navegação nos mares da China por estas potências e a possibilidade de abrirem representações diplomáticas em Pequim. Assim, era de todo necessário a Portugal regularizar legalmente a sua posição em Macau, na China Meridional, de forma a manter os seus interesses na região e a posse do território.
http://www.infopedia.pt/$tratado-luso-chines-de-tien-tsin
(3) Como Capitão-Tenente (promovido a 15 de Fevereiro de 1844), foi incumbido da missão, com o seu cunhado, o 1.º Tenente José Maria da Fonseca, de pedir aos chineses a entrega da cabeça e da mão do malogrado Governador de Macau, Conselheiro João Maria Ferreira do Amaral.
(4) http://ocw.mit.edu/ans7870/21f/21f.027/rise_fall_canton_04/cw_gal_01_thumb.html
(5) Revista “As Colónias Portuguesas” (Lisboa, 1880, p. 115 ) in (6)
(6) TEIXEIRA, Padre Manuel – Residência dos Governadores de Macau. Direcção dos Serviços de Turismo e Comunicação Social, 53 p.
(7) COSTA, Maria de Lourdes Rodrigues- História da Arquitectura em Macau. Instituto Cultural de Macau, 1997, 137 p.
(8) http://collections.photographie.essonne.fr/board.php?PAGE=1&DISPLAYSIZE=small&razQuery=y&facet:location