Archives for posts with tag: Vicente Nicolau de Mesquita

No dia 28 de Agosto de 1910 realizou-se a transladação dos restos mortais do coronel Mesquita, da Sé Catedral de Macau (onde estava desde o dia 25 de Agosto após as solenes exéquias por alma do coronel, reabilitado pela igreja, nesse ano de 1910) para o Cemitério de S. Miguel.
Os restos mortais de Mesquita foram sepultados em sepultura privada, logo à porta do cemitério, à esquerda de quem entra (por Acórdão de 1 de Agosto de 1910 este terreno foi concedido gratuitamente). Ali foi posteriormente erguido um mausoléu todo de mármore, representando o busto de Mesquita. A base, também de mármore, está cercada por um gradeamento de ferro.
No fuste do mausoléu, na frente, lê-se a seguinte inscrição:

À MEMÓRIA
DE
VICENTE NICOLAU
DE MESQUITA
HERÓICO DEFENSOR
DE MACAU EM
25 DE AGOSTO DE 1849

Do lado do ocidente, há o seguinte letreiro:

ERECTO
POR SUBSCRIÇÃO PÚBLICA
COM O CONCURSO DA
PRIMEIRA SUBSCRIÇÃO
PROMOVIDA PELA
COMUNIDADE PORTUGUESA
DE HONG KONG EM 1884

Do lado do oriente, lê-se ainda:

TOMOU PASSALEÃO EM
25-8-1849
FALECEU EM
20-3-1880
FOI TRANSLADADO EM
28-8-1910
TEVE NESSE DIA HONRAS
MILITARES
E
ECLESIÁSTICAS

Fotos pessoais tiradas em 2015
NOTA: Ambas as grafias estão certas: trasladação ou transladação
Informações de TEIXEIRA, Padre  Manuel – Vicente Nicolau de Mesquita 2.ª edição. 1958.

Extraído de “Ephemerides da Semana” de AMP in «Boletim do Governo de Macau« XII-35, 1866.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/forte-de-passaleao/

Aspecto do cemitério de S- Miguel durante a homenagem a Vicente Nicolau de Mesquita em 25 de Agosto de 1950, por motivo da passagem do 101.º aniversário da tomada de Passaleão.

Foto de «BGC» XXVI- 305. 1950.
Anteriores referências a Vicente Nicolau Mesquita em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/vicente-nicolau-de-mesquita/

Comemorando a passagem do 103.º aniversário do feito que imortalizou o bravo Coronel Vicente Nicolau Mesquita, efectuou-se, no dia 25 de Agosto de 1922, uma romagem à campa do herói, no cemitério de S. Miguel. Após um minuto de silêncio, assinalado por um toque de clarim, o sr. Rolando das Chagas Alves (1) pronunciou um discurso.
À cerimónia assistiram diversas autoridades locais.(2)

MOSAICO V-25-26 SET-OUT 1952 Romagem à campa IO sr. Rolando das Chagas Alves proferindo o seu discurso
MOSAICO V-25-26 SET-OUT 1952 Romagem à campa IIUm aspecto da assistência junto da campa do herói

(1) Rolando das Chagas Alves, nasceu em Macau em 1923. Foi funcionário dos Serviços de Saúde e do Banco Nacional Ultramarino em Macau. Um dos fundadores do jornal «O Clarim» e colaborador em vários jornais de Macau. Poeta encontrando-se representado em várias antologias, nomeadamente “Trovas Macaenses” (1992) e “Antologia de Poetas de Macau” (1999).
É seguramente, um dos melhores poetas da sua geração e de até ao tempo actual, nada justificando o semi-anonimato em que permanece a sua poética, te tão impressiva como genuína qualidade.” (REIS, João C. – Trovas Macaenses, 1992.)
Anterior referência em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/rolando-das-chagas-alves/
(2) «MOSAICO, 1952»

Livro do Padre Manuel Teixeira,  publicado em 1942, (1) preparado no rescaldo das celebrações festivas dos Centenários da Fundação e Restauração, 1940. Justifica  o autor na Introdução:
Galeria de Macenses Ilustres Séc XIX 1942 CAPARessoam ainda aos nossos ouvidos os ecos das festas centenárias, em que comemorámos o oitavo centenário da fundação da nossa nacionalidade (1140) e o terceiro centenário da restauração (1640), após 60 longos anos de sujeição ao domínio castelhano…(…)
A avaliar  pelo filme “Documentário da Exposição Histórica da Ocupação do Século XIX“, exibido nesta cidade no Ano Áureo Português de 1940 (11 e 12 de Maio) a resposta parece que deveria ser negativa, pois que Macau não figurava nesse aliás interessante Documentário. E, no entanto, Macau pode orgulhar-se de ter também os seus heróis que, pela sua virtude, bravura, ciência, arte e entranhado patriotismo , honraram Portugal nestas remotas paragens do Extremo Oriente…”
Estão biografados 16 ilustres macaenses:
José Baptista de Miranda e Lima (1782-1848)
Francisco José de Paiva (1801-1849)
Guilherme José Dias Pegado (1801-1885)
João Rodrigues Gonçalves (1810-1885)
José Martinho Marques (1810-1867)
Lourenço Caetano Cortela Marques (1811-1902)
Vicente Nicolau de Mesquita (1818-1880)
António Alexandrino de Melo (1837-1885)
Pedro Nolasco da Silva (1842-1912)
José Augusto Ferreira da Veiga (1838-1903)
António Joaquim Bastos (1848-1912) (2)
Leôncio Alfredo Ferreira ( 1849-1920)
Alfredo Pereira (1815-19..) (3)
João Feliciano Marques Pereira (1863-1909)
Vitor Hugo de Azevedo Coutinho (1871 – ….) (4)
José Tomaz de Aquino (1804-1852)
Galeria de Macenses Ilustres Séc XIX 1942 CONTRACAPADos biografados há os que embora nascendo em Macau, nunca exerceram a sua profissão em Macau ou viveram pouco tempo em Macau, nomeadamente:
Vitor Hugo de Azevedo Coutinho, filho de Manuel de Azevedo Coutinho e Leonor Stuart Mendonça de Azevedo Coutinho (comissão em Macau comandante de artilharia e de material de guerra. nomeação do governador José Maria da Ponte e Horta   (1866 a 1868. Antes tinha sido escolhido pelo governador Januário Correia de Almeida, (1872 a 1874) na escolha de armamento e artilharia para a defesa do território dirigindo a montagem da bateria da artilharia  Conde de S. Januário. Terá regressado a Europa em 1890 onde  assentou praça na Armada Portuguesa, sendo admitido como aspirante em 5 de Novembro de 1888. Concluído o curso da Escola Naval, foi promovido a guarda-marinha em 1892, iniciando uma carreira militar naval multifacetada até 1933 – quadro de reserva em 1933 no posto de capitão de mar e guerra. Professor da Universidade de Coimbra e da Escola Naval. Político ligado ao Partido Democrático, exerceu as funções de Ministro da Marinha  em 1914-1915. Presidente do Ministério de um dos governos da Primeira República Portuguesa, tendo governado entre 12 de Dezembro de 1914 e 25 de Janeiro de 1915. Novamente Ministro da Marinha em 1915-1917 e pela terceira vez (1922-1923)
Alfredo Pereira, filho de Manuel Pereira e Guilhermina Pereira, aos 6 anos de idade  veio para Lisboa  onde estudou para engenheiro agrónomo-silvicultor. Ingressou nos C.T.T. em 1875; em 1881 nomeado professor do Curso Prático de Correios e Telégrafos, Inspector-Geral em 1886 e Administrador  Geral dos Correios e Telégrafos em 1900. Secretário interino do Ministério das Obras Públicas Político do Partido Regenerador Deputado eleito pelo círculo de Penafiel.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira Volume 21.
José Augusto Ferreira da Veiga, 1.º visconde de Arneiro concedido por el-rei D. Luiz  em 1870, oficial da ordem de S. Tiago, importante proprietário e de Joana Ulmann Veiga. Matriculou-se na Universidade de Coimbra em 1855 e bacharel em Direito em 1859. Deputado por Sabugal 1861 a 1864. Estudou música em Lisboa.

Galeria de Macenses Ilustres Séc XIX 1942 LOGOTIPOReprodução do logótipo dos “Centenários da Fundação e da Restauração” em Macau, na 1.ª página

(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Galeria de Macaenses Ilustres do Século XIX. Imprensa Nacional, Macau, 1942, 659 p.
(2) Filho de António Joaquim da Costa Basto (1823-1889) que foi baptizado com o apelido «Bastos», mas usou sempre a versão «Basto» que transmitiu definitivamente aos seus descendentes (FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume I, 1996)
(3) O Padre Teixeira refere ignorar a data do seu falecimento. Terá falecido a 29 de Março de 1925 segundo:
http://toponimiaparatotos.blogspot.pt/2011/07/ruas-com-historia-alfredo-pereira.html
(4) O Padre Teixeira não refere, mas faleceu em 27 de Junho de 1955, em Lisboa segundo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Victor_Hugo_de_Azevedo_Coutinho

“28-09- 1925 – Regressou a Lisboa o afamado escultor macaense Raul Xavier, autor de numerosas esculturas que embelezam os principais edifícios e lugares públicos do continente, depois de ter servido, durante algum tempo na Repartição das Obras Públicas desta cidade”.GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
Não consegui obter mais referências a esta estadia do escultor em Macau e por quanto tempo terá trabalho na Repartição das Obras Públicas.
Raul Xavier - FaceAuto-retrato (1)

Esta notícia despertou-me para a pouca relevância que é dada a este escultor (e medalhista) macaense. Muitos com certeza, já passaram pelo Palácio de S. Bento, visto a famosa escadaria da Assembleia da República mas poucos terão parado para admirar os leões da autoria de Raul Xavier.

Raul Xavier - Leão de S. BentoLeão, Palácio de S. Bento (2)

Raul Maria Xavier nasceu em Macau – 23 de Março de 1894 e faleceu em Lisboa – 1 de Janeiro de 1964, é filho de Francisco Xavier da Silva (Pombal/Vila Chã –  Freguesia da Estrela/Lisboa) que foi soldado n.º 63 da Companhia Policial de Macau e de Filomena do Rosário. Foi para Portugal ainda criança. Frequentou a Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde foi aluno de Ernesto Condeixa e, mais tarde, de Costa Motta (seu tio), cujo ateliê viria a frequentar, familiarizando-se com a técnica do talhe directo. Interrompeu os estudos académicos para realizar um estágio em Itália (bolseiro do estado português), onde estudou escultura religiosa.
Participou em Salões da SNBA (1ª medalha em 1941), nas Exp. de Artes Plásticas, Grupo Silva Porto (1945-58). Colaborou na Exposição do Mundo Português, 1940 (baixo-relevo Aljubarrota, 1940). Colaborou artisticamente em publicações como a II série da revista «Alma Nova» (1915-1918), iniciada em Faro em 1914.
Nomeado Cavaleiro da Ordem de Santiago de Espada e Comendador da Ordem Equestre de São Silvestre.
Desenvolveu uma obra escultórica de feição clássica, marcada pela serenidade e pela depuração das formas, tendo-se  dedicado especialmente ao retrato em estátuas ou bustos.
De entre os seus melhores trabalhos destaca-se o baixo-relevo representando a Batalha de Aljubarrota e a estátua de São Vicente (exibida na Exposição do Mundo Português, em 1940), a escultura de Santo António (Igreja de Nossa Senhora de Fátima, Lisboa), as alegorias à Ciência e à Arte (Pavilhão dos Desportos, Parque Eduardo VII, Lisboa), a estátua de Vasco da Gama (Aquário Vasco da Gama, Lisboa), a escultura de Nossa Senhora de Fátima (Palácio Nacional de Queluz), os bustos do Coronel Mesquita (Museu Militar, Lisboa), de Camões (Universidade da Califórnia, E.U.A) e de Rafael Bordalo Pinheiro (Museu deste artista, no Campo Grande, em Lisboa), os Leões da Escadaria e a estátua da Prudência (Palácio de S. Bento – Lisboa). (3)

Raul Xavier - Monumento à BatalhaMonumento a Nuno Álvares Pereira (ou Monumento à Batalha , 1959 (4)

Alegoria a D. Nuno Álvares Pereira: Atoleiros, Aljubarrota, Valverde, 1959, Campo de S. Jorge (Leiria)
Este baixo-relevo monumental de inspiração clássica e assinalável depuração formal, é uma das obras mais emblemáticas de Raúl Xavier. O monumento é antecedido de uma plataforma com vários degraus, como se de um pódio se tratasse impondo-se ao espectador como um «friso» monumental concavo, numa alusão à batalha de Aljubarrota (mas também às batalhas dos Atoleiros e de Valverde) travada entre os exércitos português e castelhano, numa exaltação à vitória dos portugueses liderados por D. Nuno Álvares Pereira (1)

Raul Xavier - S. VicenteS. Vicente – Escultura de Raul Xavier e Luis Xavier (1949-1967) (5)

Raul Xavier - PrudênciaEstátua da Prudência no Palácio de S. Bento (1939) (6)

(1) http://www.geni.com/people/Raul-Xavier/6000000024128103125
(2) https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Raul_Xavier_Le%C3%A3o_Pal%C3%A1cio_de_S_Bento.jpg
(3) Dados recolhidos de
https://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Xavier
http://pagfam.geneall.net/1116/pessoas.php?id=1015636
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/7883/4/ULFBA_TES%20324_3.pdf
(4) https://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Xavier#/media/File:Raul_Xavier_Alegoria_a_D._Nuno_%C3%81lvares_Pereira_IMG_8793.JPG
(5) http://www.cm-lisboa.pt/equipamentos/equipamento/info/s-vicente
(6)
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pal%C3%A1cio_de_S%C3%A3o_Bento_-_A_%22Prud%C3%AAncia%22.jpg
NOTA: O Museu Municipal Santos Rocha na Figueira da Foz, possuiu uma centena de trabalhos (escultura e medalhística)  de sua autoria, doados entre as décadas de 50 e 60 pelo próprio e pelos seus familiares e amigos.

Roteiro do Ultramar CorreiosSede dos Correios, Telégrafos e Telefones

1927 – Início da construção do novo edifício para os Correios e Telégrafos. Antes da concentração na Repartição Técnica dos Correios e Telégrafos, a Central Telefónica funcionava em quartos alugados à Santa Casa da Misericórdia, enquanto a estação rediotelegráfica funcionava em D. Maria e numa dependência do prédio n.º 5 da Travessa do Roquete, sendo esta destinada à manipulação, e ao contacto com o público.
1929 – É a partir deste ano que se consegue a tão sonhada instalação dos Correios de Macau no novo edifício do Largo do Senado. As estações postais de Ká-Hó e de Hac-Sá (em Coloane) são encerradas também neste ano”.  (1)

Roteiro do Ultramar Sta Casa Misericórdia Santa Casa da Misericórdia

 “O actual edifício da Santa Casa foi construído no século XVIII no alto vê-se em bronze o busto do seu fundador D. Melchior Carneiro, que chegou a Macau em fins de Maio de 1568. Logo no ano seguinte, fundou a Santa Casa da Misericórdia.” (2)

“O edifício da Santa Casa da Misericórdia apresenta uma fachada principal em arcada ricamente decorada e ocupa uma posição proeminente no Largo do Senado. O frontispício é composto por uma mistura de colunas e pilastras entre as arcadas, criando um corredor coberto ao nível térreo e uma varanda no nível superior. O ritmo das pilastras e a dinâmica geral dos elementos conferem ao edifício uma grande vivacidade.” (3)

Roteiro do Ultramar Estátua MesquitaMonumento a Vicente Nicolau de Mesquita

 A 24 de Junho de 1940, foi erecto no Largo do Senado este monumento de bronze, da autoria do escultor Maximiliano Alves, que o fundiu em Lisboa. Sobre esta estátua e a sua inauguração, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/06/24/noticia-de-24-de-junho-de-1940-inaugura-cao-da-estatua-do-coronel-vicente-nicolau-mesquita/

Fotogravuras do livro de
GONÇALVES, Manuel Henriques – Roteiro do Ultramar. Lisboa, 1958, 131 p.
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4.D.S.E.e J., Macau, 1997
(2) TEIXEIRA, Pe. Manuel – Macau e sua Diocese, Volume I. 1940, 250 p.
(3) http://www.macauheritage.net/pt/HeritageInfo/HeritageContent.aspx?t=M&hid=64

Hoje 25 de Agosto de 1849, regista-se a tomada da fortaleza de Passaleão/Baishaling (1)

TA SSI YANG KUO Passaleão I O COMBATE DE PASSALEÃO (2)

 PASSALEÂO

Vinte e cinco de Agosto,
Mesquita
E trinta e dois Bravos
e fitam
A Pátria imorredoura.

Macau periga.
Quem vive?
– grita o sangue do Mártir
(Ferreira do Amaral)

Mesquita vela e sonha
-na mão a espada
a seiva de Viriato

E num golpe audaz,
fulgurante,
dispersa
a turba-multa dos chins
desordenados,
espavoridos
ante o milagre
do Heroísmo Português.

TA SSI YANG KUO Passaleão IIO COMBATE DE PASSALEÃO (2)

Porta do Cerco é padrão
Da lusa Soberania
(ergueram-no
braços possantes
de portugueses de antanho
e cimentaram-no
o sangue de Mártir
e o rasgo do Idólatra

E Passaleão simboliza
brônzeas estrofes
dum novo canto
de “Os Lusíadas”.

Elói Ribeiro In Clarim – 1950 (3)
(pseudónimo literário de Patrício Guterres, jornalista)

(1) 白沙嶺  – mandarim pinyin: bái shà líng; cantonense jyutping: baakl6 saa1 leng5 – tradução literal Pico da Areia Branca.
O macaense, 2.º tenente de Artilharia, Vicente Nicolau de Mesquita, à frente de 32 homens, tomou aos chineses o forte de Passaleão, fronteira às Portas do Cerco, vingando desta forma o traiçoeiro assassinato de João Maria Ferreira do Amaral e livrando a cidade do ataque projectado por milhares de chineses que a bloqueavam do lado do istmo (GOMES, L. G. – Efemérides da História de Macau).
Pedro Paulo do Rosário, soldado cafre, barbeiro do seu batalhão e Vitorino do Rosário foram os primeiros soldados a escalar o Forte de Passaleão, tomado por Vicente Nicolau de Mesquita em 25-08-1849. Quando viram um soldado preto no muro, os chineses fugiram espavoridos crendo ser o demónio.
Mais referências  a este incidente, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/vicente-nicolau-de-mesquita/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/08/15/panoramas-de-macau-de-189/  
(2) Os dois quadros foram retirados de “Ta-Ssi-Yang-Kuo, Vol. I”.
São fotogravuras de P. Marinho de “ Fac-simile muto reduzido de quadros em aguarela do Barão do Cercal”
(3) Retirado de REIS, João C. – Trovas Macaenses. Macau 1992, 485 p + |9!

No dia 24 de Junho de 1940, foram inauguradas a estátua equestre do Governador João Maria Ferreira do Amaral, no aterro da Praia Grande (1) e a do Coronel Vicente Nicolau Mesquita, o herói de Passaleão, (2) no Largo do Senado.
Estas fotos referem-se à inauguração da estátua do Coronel Vicente Nicolau de Mesquita que esteve no Largo do Senado até ao seu derrube no dia 3 de Dezembro de 1966  (Motim 1-2-3).

Inauguração Monumento Coronel Mesquita 1940 I

Inauguração Monumento Coronel Mesquita 1940 II

Inauguração Monumento Coronel Mesquita 1940 III

(1) Sobre este Governador e a inauguração da estátua equestre, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estatua-ferreira-do-amaral/
(2) Sobre o coronel Vicente Nicolau Mesquita ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/03/19/noticia-de-19-de-marco-de-1880-tragedia-em-macau-vicente-nicolau-de-mesquita-i/

NOTA: ACTUALIZAÇÃO EM 06-04-2020: peço desculpas pelo lapso que somente agora foi detectado: as três fotos foram extraídas do “Anuário de Macau, 1940-1941″

Portugal no Extremo Oriente VIIcontinuação de (1) (2) (3) (4)

“Era já o anno de 1846, foi nomeado governador João Maria Ferreira do Amaral, pae do actual presidente do conselho. (5)
Era um bravo que servira a causa liberal, que no Rio de Janeiro fizera o assombro dos officiaes fransezes e inglezes entrando com o seu barco Urania contra o vento na bahia, após um baile dado a bordo e em que ficára cançada a guarnição. Ao mesmo tempo que a sua bravura, era já legendaria, as suas aventuras amorosas e as suas excentricidades emprestavam-lhe um brilho galante. Eram tão celebres as proezas guerreras do almirante como as suas conquistas amorosas. Como Nelson, ficára sem um braço na guerra, mas isso não o impedia de apertar ao peito com o maior ardor as mais lindas mulheres que lhe amavam a fórma galharda, o ar atrevido,  a gloriosa tradição que o fazia querido. batera-se contra os negreiros e por sua vez capturava corações, proclamava-se defensor dos escravos e ia ecravisando aquelas beldades que a sua ancia amorosa cobiçava. Ninguém melhor do que elle podia ir governar Macau e impôr ali tida a força do poderia portuguez.

Portugal no Extremo Oriente XV“Correio e Hotel Macau” (6)

              O valente official foi assassinado pelos chins (7), que o atacaram quando ia a passeio , e logo, após a sua morte correram às armas, entrincheiraram-se em Passaleão, que Vicente Nicolau de Mesquita devia tomar apenas com 12 soldados, um obuz e algum povo, sob o tiroteio inimigo. Também este heroe morreu mais tarde victima da loucura (8) que o fez gerar a mais terrivel teagedia domestica, mas viu Macau prosperar, encher-se de edificios pomposos, recolher n´um largo periodo os colonos chinas e japonezes que ficavam ali em vez de irem para a Australia, tornar-se finalmente n´essa cidade onde se descança e se folga, onde o dominio portuguez se accentuou tanto que hoje difficilmente se poderia apagar.

Portugal no Extremo Oriente XVIPalácio das Repartições”

A ultima questão que surgiu entre Portugal e a China acerca de Macau, a proposito do apresamento do Tsatu-Maru, não é mais do que a repetição dos sonhos largos que os botões de crystal do Grande Conselho de Pekin costumam ter falando em nome de Confucio e dos tratados, chupando no tubo do cachimbo e bebendo o aromatico chá, pensando nos olhos obliquos das gaiatas dos harems com o mesmo fervor que o Theodoro do Mandarim (9) punha ao arrastar a generala dos seus amôres para a sombra negra dos sycomoros. Sonhos …apenas sonhos…”

Portugal no Extremo Oriente XVII“Theatro de D. Pedro V e Club de Macau” (10)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/04/15/leitura-portugal-no-extremo-oriente-macau-i/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/05/leitura-portugal-no-extremo-oriente-macau-ii/
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/10/leitura-portugal-no-extremo-oriente-macau-iii/
(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/20/leitura-portugal-no-extremo-oriente-macau-iv/
(5) Francisco Joaquim Ferreira do Amaral (1844-1923) (filho de João Maria Ferreira do Amaral) foi Presidente do Conselho de Ministro (cargo equivalente ao de primeiro ministro actual) dum governo suprapartidário denominado «Governo de Acalmação», nomeado por D. Manuel II na sequência do regicídio, de 4 de Fevereiro a 26 de Dezembro de 1908.
(6) Sobre esta foto, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/03/01/%ef%bb%bfnoticia-de-1-de-marco-de-1884-correios-de-macau/
(7) Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/08/22/22-de-agosto-de-1849-assassinato-do-governador-ferreira-do-amaral/
(8) Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/03/19/noticia-de-19-de-marco-de-1880-tragedia-em-macau-vicente-nicolau-de-mesquita-i/
(9) Refere-se ao romance de Eça de Queirós, “O Mandarim”. Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/05/31/outras-leituras-o-mandarim/
(10) Sobre o Teatro D. Pedro V,  ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/teatro-d-pedro-v/