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A «Gazeta de Macau e Timor, (1) noticiava a partida no dia 30 de Abril de 1873, da cidade de Goa para Macau, do brigue «Concordia», levando a bordo 41 praças mouras para a polícia de Macau, requisitadas pelo governador Visconde de S. Januário, sob o comando do tenente José dos Santos Vaquinhas (2) e de um sargento europeu.

«Gazeta de Macau e Timor», I- 37 de 3 de Junho de 1873

O mesmo jornal de 17 de Junho, (3) dava a notícia da chegada breve a Macau do brigue, por notícias de Penang (4) onde fez escala (faria ainda outra escala em Singapura no dia 2 de Junho). Noticiava ainda que os mouros seriam alojados no novo quartel em S. Lázaro. (5) O brigue «Concordia» chegou a Macau no dia 17 de Junho de 1873

«Gazeta de Macau e Timor», I- 39 de 17 de Junho de 1873,

(1) «Gazeta de Macau e Timor», I- 37 de 3 de Junho de 1873, p. 3

(2) José dos Santos Vaquinhas, tenente em 1873, da Guarnição de Macau e Timor, ocupa interinamente o cargo de Comandante do Posto Militar da Taipa e Coloane, que se encontrava vago em Março de 1874. Nomeado comandante militar da Taipa e Coloane de 04-06-1874 a 30-06-1874 e depois já Major, segundo comandante da guarda policial de Macau, em 1883. Em 1888, como inspector dos incêndios, foi nomeado responsável pelas operações sanitárias devido ao surto de “cólera morbus” declarado a bordo do transporte de guerra “Índia”, e ficou contagiado, falecendo em 1888, na sequência de complicações de ordem cerebral (6)

José dos Santos Vaquinhas tem vários artigos sobre Timor (história da colonização, usos e superstições, etc) que foram publicados entre 1881 a 1887 no «Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa», de que era correspondente. Ver anteriores referências de José do Santos Vaquinhas https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-dos-santos-vaquinhas/

(3) «Gazeta de Macau e Timor», I- 39 de 17 de Junho de 1873, p. 2

(4) Penang é um estado da Malásia, geograficamente dividido em duas partes: ilha de Penang (Pulau Penang) e Seberang Perai (estreita faixa no continente malaio)

(5) Terá sido um alojamento (casa) provisório até ser construído um novo quartel, o chamado «Quartel dos Mouros”, que foi inaugurado em 15-08-1874, na Barra. (7) O novo edifício especificamente destinado a aquartelar a companhia de mouros do Corpo da Polícia de Macau, foi construído segundo o projecto do arquitecto italiano Cassusso. Em 1905 foi transformado para nele se instalarem a Capitania dos Portos e a Polícia Marítima. (87)

(6) “16-08-1888 – Vindo de Hong Kong com tropas portuguesas em trânsito, chegou à Baía de Cacilhas o transporte de guerra Índia, tendo-se declarado a bordo «cólera morbus”, contraída na colónia britânica. De 20 de Agosto a 9 de Setembro fez-se um cordão sanitário com centro de operações na Guia, para isolar aquela zona. O responsável Major José dos Santos Vaquinhas, inspector de incêndios, acabou por ser contagiado e morreu, na sequência de complicações de ordem cerebral e apesar do seu caso ser inicialmente de cólera benigna.” https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/16/noticia-de-16-de-agosto-de-1888-pandemia-de-colera-morbus/

(7) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/quartel-dos-mouros/

(8) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

Wenceslau de Moraes no JapãoO escritor Wenceslau de Moraes, nascido a 30-05-1854 e falecido em 1 de Julho de 1929, em Tokushima, Japão, (1) esteve ligado a Macau cerca de 10 anos tendo chegado a 7 de Julho de 1888 a bordo do transporte “Índia”. No dia 8 de Julho, Moraes passou do “Índia” para a canhoneira “Rio Lima.” Em 1889 viu pela primeira vez o Japão. Em 31 de Setembro de 1889 passou da canhoneira “Rio Lima” para a canhoneira “Tejo”, tendo posteriormente assumido o comando em 31 de Setembro de 1889.
Wenceslau de Moraes assumiu o comando interino da estação naval de Macau em 20 de Janeiro de 1891 (exercendo o comando somente até Março) tendo regressado na canhoneira Tejo (sob o seu comando) a Lisboa. Voltou a Macau nesse mesmo ano e viveu em Macau até ser exonerado de imediato da capitania de Macau em 8 de Junho de 1898, para ser nomeado encarregado da gerência interina do Consulado Português de Hiogo e Osaka e posteriormente em Kobe e Osaka (de 1899 até 1913). (2)
O seu interesse pela China e por Macau foi escasso ao contrário do Japão que o apaixonaria até á morte.
Em Macau conviveu com Camilo Pessanha por quem tinha «vivíssima estima» , que era correspondido. Camilo Pessanha escreveu e dedicou-lhe, o poema “Viola Chinesa” (3 ) escrito em Macau em Julho de 1898

Pessanha e Wenceslau em HK c.1895Camilo Pessanha e Wenceslau de Moraes, cerca de 1895, em Hong Kong
(Postal – Edição do Instituto Português do Oriente – Macau, 1990)

Foi professor de Matemática Elementar do Liceu Nacional de Macau (posse a 16 de Abril de 1894)
NOTA: anteriores referências a Wenceslau de Moraes em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/wenceslau-de-moraes/
(1) GOMES, L. G. – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(2) DIAS, Jorge – A Presença de Macau na Vida e na Obra de Venceslau de Morais. MACAU- edição do Gabinete de Comunicação Social do Governo de Macau, n.º 1, Maio de 1987.
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/07/01/noticia-de-01-de-julho-de-1929-poesia-viola-chinesa