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Extraído de «BPMT», XIV – 46 de 16 de Novembro de 1868, p. 211

Ao fim de uma semana de estadia britânica em Macau, a 31 de Janeiro de 1840, o novo Procurador José Vicente Jorge (1) tem uma entrevista com o Tou-T’ói, (2) pelas 15.30 horas, no Hopu (alfândega chinesa) de Macau. 

O Tou-T´ói veio com o fim de exigir a expulsão do capitão Elliot e dos ingleses residentes em Macau, (3) apoiado com mil homens que, a pedido dos mandarins, ficaram retidos na Casa Branca, dizendo que tal tropa se destinava a proteger os portugueses. Ofereceu-se, porém, para prorrogar a publicação do edital dos Suntós dos dois Kuongs e de Cantão, que ordenava a ele, Tou T´ói, que viesse, à testa da tropa, prender os ingleses, e ao ajudante-geral Kuam-Chon-Hiac que seguisse com mais mil homens para se juntarem aos mil de Tou T´ói, a fim de promover o encerramento das alfândegas, a suspensão do comércio português e o isolamento de Macau, bem como a retirada de todos os chineses, dentro de cinco dias, pois a cidade seria invadida. O procurador não cedeu ante a intimidação do enviado chinês. (3) A 1 de Fevereiro, fez- se uma proclamação imperial onde se procurava sossegar as comunidades chinesa e estrangeiras em Macau, afirmando que se pretendia apenas cercar e prender os ingleses. (4)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-vicente-jorge-1803-1857/

23-01-1840 – Os súbitos britânicos expulsos da China desembarcam e passam a  viver em Macau, o que desencadeou a reacção das autoridades chinesas, que se apresentaram , na pessoa do Tou T´oi a 31 do mesmo mês, na cidade portuguesa, dando um prazo de 5 dias para a limpar dos ingleses. O Governador Adrião Acácio da Silveira Pinto reuniu com o Senado e, na sequência da correspondência trocada com o Comandante H. Smith, da corveta Hyacinth , este acabou por retirar, o mesmo fazendo as forças chinesas estacionadas junto do Templo da Barra. Macau procurou, como em tantas outras vezes estribar-se na neutralidade.. (4) (5)  

(2) Tou T´oi (intendente Militar chinês) fez do templo Lian Feng (Lin Fong) sua residência em Macau O templo já servira de cenário a importantes conversações entre as autoridades portuguesa e o comissário imperial Lin Zexu depois de iniciada a guerra do ópio (1839-1842 – Duração da Guerra do ópio; 26-11-1839 – Édito de Cantão proibindo o comercio com os navios ingleses).

(3) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume IIII, 2015, pp. 86, 89-90

(5) 24-05-1839 – Capitão Elliot e todos os negociantes ingleses saíram de Cantão para Macau até receber ordens de Londres onde chega a 26-05-1839. Os súbditos ingleses retiram-se para Hong Kong (que não era colónia inglesa ainda) dado a neutralidade anunciada pelo Governo de Macau na disputa entre Inglaterra e a China. Daí em 1-09-1839 Elliot propôs que os ingleses regressassem a Macau pondo a disposição do Governador Silveira Pinto o navio de guerra inglês Volage e mais 800 homens para cooperarem na defesa da Cidade, mas o governador recusa. O Senado ordena e proíbe a aproximação de navios com ópio (episódio do incêndio espanhol «Bilbaino»  fundeado na Taipa, por engano foi tomada por embarcação inglesa por ordem do Comissário Imperial Chinês (4)

NOTA I: sobre este assunto, o jornal das ocorrências do «Chinese Repository» vol. VIII, May 1839-April 1840), afirmava na sua p. 239, o seguinte:

NOTA II: sugiro ainda a leitura de «Declínio do porto de Macau» de José Simões Morais publicado a 13 de Maio de 2016 no jornal “hojemacau” e acessível em: https://hojemacau.com.mo/2016/05/13/declinio-do-porto-de-macau/

a-vistors-handbook-to-romantic-macao-capaFolheto turístico em inglês (41 páginas), “ A Visitor´s Hanbook to Romantic Macao”, publicado em 1928, pelo “The Publicity Office Port Works Department, Macao”. Impresso no “N. T. Fernandes e Filhos” (1). Este folheto de 1928 é da 2.ª edição (a 1.ª edição foi em 1927)
PREFACE TO SECOND EDITION
The active demand for this booklet has proved the need for such a publication, and the complete exhaustion of the first edition in less than two weeks has prompted the issue of a second edition, considerably added to with new sections and much further useful information.
The additionod a Bibliography as an appendix was suggested by that in the recently publishedResumo da Historia de Macauby Eudore de Colomban and Captain Jacinto N. Moura, and it is to be hoped that visitors will find Macao sufficiently interesting to make full use of the works enumerated in the short list to gain a better knowledge of “ Romantic Macao”
                                                                           THE PUBLISHERS
                                                                      Macao, 4th February, 1928

a-vistors-handbook-to-romantic-macao-1-a-pagina1-ª Página

Tópicos abordados: “The Charm of Old Macao”; “Topographical”; “Clmate”; “Historical”; “A Suggeste Itenerary”; “ Beautiful Macao”; “General Information”; “Harbour Works”; “Shipping”; “ Banking”; “ Hotels, & C.”; “Transport”; “ Commerce and Enterprise”; “ Industry and Crade”; “Buyers Guide”; “ Public Services”; “Bibliography”.

a-vistors-handbook-to-romantic-macao-mapa-1928MAPA DE MACAU E ILHA DA TAIPA (escala 1:80.000)

Na página 12, uma interessante sugestão de um percurso a pé por Macau pelos pontos turísticos principais, com a romanização para o inglês dos caracteres chineses desses locais.

a-vistors-handbook-to-romantic-macao-sugestao-de-itenerarioComeça na Avenida Almeida Ribeiro, passando pelo Jardim de São Francisco e Jardim de Vasco da Gama; subindo para a Colina da Guia, descendo para Flora, passando pela Montanha Russa e a Praia da Areia Preta (inexistente actualmente) até à Porta do Cerco. Depois, o Hipódromo (inexistente hoje) e o Templo Lin Fong. A seguir o Cemitério Protestante (antigo),  a Gruta de Camões e as Ruínas de S. Paulo. Depois a Sé Catedral e o Colégio de S. José, subindo para a Penha. Descida para a Santa Sancha e seguindo pela Avenida da República até ao Templo de Á Má, terminando o percurso pelo Porto Interior até à Avenida Almeida Ribeiro.

“Contam que, outrora, existiu no parque desse templo, um poço cuja água era duma frescura e doçura sobrenaturais.
Esse poço, que posteriormente foi entulhada, teve a sua origem numa poética lenda:
Àquele templo recolhera o velho T´ám-Uân, para se dedicar à vida ascética. O ancião consagrava todo o seu tempo à leitura de sutras e à meditação dos filósofos e doutores do budismo, sendo a sua única e suprema aspiração o poder um dia subir ao nirvana por eutanásia.
Nesse tempo, os habitantes da aldeia cercania de «Lông – T´in», sofriam duramente com a falta de água potável. Condoído com a triste sorte dos aldeões, o asceta resolveu empregar toda a sua ciência para que eles pudessem dispor do indispensável líquido.
No silêncio do templo, submeteu-se durante semanas consecutivas, a um estado analógico, aniquilando com severo esforço todas as suas vontades, não comendo, não bebendo e não falando.
Uma noite, ouviu-se um horripilante estrondo no recinto. No parque, abrira-se, milagrosamente, uma funda cova, e nela, surgira uma nascente de água pura e cristalina. O líquido era, por natureza, dulcíssimo.
Próximo do poço, via-se uma faixa de pano encarnado – ó único vestígio deixado, neste mundo, pelo velho T´ám-Uâu, que os aldeões, gratos e reconhecidos, guardaram como preciosa relíquia, pois que o virtuoso ancião se sacrificara para que a água lhes não faltasse.
O poço trouxe a alegria e a paz aos camponeses daquela aldeia, que, todos os anos, passaram a comemorar o milagre de T´am-Uân, no aniversário do seu desaparecimento, dedicando-lhe pivetes, incenso, velas votivas e outros objectos de culto.
E reza a tradição que, até que foi entulhada, esse poço jamais seco, mesmo nos períodos de maior estiagem.”

MACAU Boletim Informativo, 1955

Situado na zona norte da cidade, junto ao antigo istmo da Ilha Verde, no cruzamento da Avenida Almirante Lacerda com a Avenida Conselheiro Borja, mesmo em frente do edifício da Esquadra Policial n.º 4, este pagode ou templo budista é um doa mais antigos, vastos e cuidados de Macau.
Segundo rezam velhos pergaminhos chineses, em tempos remotos, aquele local – sopé duma colina (a que mais tarde se chamou de Mong Há) – era banhado pelas águas lodosas do delta e abrigava uma pequena povoação, habitada por humilde gente do mar.
Os seus habitantes construíram, primitivamente, um santuàriozinho que, a pouco e pouco, com o rolar dos anos e o desenvolvimento progressivo do lugarejo, se transformou no actual templo, conhecido entre os chineses por «Lin-Fông-Miu» (Templo de Lotus).

ANO III-52 1955 Templo Lin Fong

O Templo Lin Fong em 1955

Donde lhe veio esse nome, tão cheio de poesia oriental?
Segundo o sinólogo e historiador Luís G. Gomes, veio do próprio local.
«Primitivamente as águas do delta acercavam-se da entrada do templo e os raios do Sol, reflectindo-se na sua superfície, transformavam-nas num grande espelho de prata. A babugem das suas ondas vinha desfazer-se de encontro às lajes da balaustrada que forma a cerca da entrada, e nos pântanos adjacentes desenvolviam-se os lotos, perfumando todo o ambiente com o delicado aroma das suas hieráticas flores. Ao, era exactamente pelo facto deste local se encontrar reverdecido pelas enormes folhas dessa planta tão estimada, que os chineses denominaram este templo de Lin-Fông-Miu  (蓮峯廟) isto é o «Templo de Lotus.» (1)
Neste templo, residia uma comunidade de bonzos, chefiada por um bispo. A parte residencial tinha, além das celas, uma vasta sala de recepções, onde se realizavam reuniões familiares de estranhos e … se jogava o popular «má-tcheok»
Havia famílias chinesas que se serviam do recinto aprazível, para piqueniques, prevenindo previamente o encarregado do templo para mandar preparar a comida na cozinha dos bonzos – o apreciado «tchái», saborosa comida vegetariana dos budistas, cujo preço variava consoante o número e qualidade dos pratos. Ali se celebravam as quinze principais festividades religiosas do ano lunar que se revestiam de extraordinária pompa litúrgica e eram muito concorridas.
Durante anos o tempo foi ficando ao abandono sendo pouco frequentado, vivendo ali poucos bonzos. Serviu depois de asilo provisório de vítimas de incêndio e inundações.” (2)

Templo Lin Fong 2015Foi construído em 1592, no 20.º ano do reinado do imperador Wan Li, dinastia Ming e é um dos três templos mais antigos de Macau. Ao longo dos anos foi regularmente renovado, restaurado e aumentado (principais obras em 1801 e 1876).
Estátua Lin Zexu -Templo Lin FongHistoricamente famoso por ser local de permanência dos Mandarins Chineses da Província de Guangdong quando vinham a Macau. O mais famoso foi o Comissário Imperial, Lin Zexu que após iniciada a Guerra do Ópio, residiu aí e nesse templo, com o Governador das Províncias de Kuong Tong (Guangdong) e Kuong Sai (Guangxi) , Deng Tingzhen, receberam os oficiais portugueses para negociações diplomáticas (Setembro de 1839) Actualmente tem a sua estátua e um museu no templo.

O Templo de Lin Fong foi classificado como edifício de interesse histórico a preservar em 1976 (Decreto-Lei n. 34/76/M de 7 de Agosto. Actualmente está classificado como monumento – Património Cultural de Macau.

(1) Anterior referência a este templo 蓮峯廟 (mandarim pinyin: liǎn fēng miào; cantonense jyutping: lin4 fung1 miu6) em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/02/04/lugares-de-outrora-rochedo-da-estrada-do-arco/
(2) Macau Boletim Informativo, 1955

Continuação da apresentação da colecção de 10 marcadores de livro, emitidos por “Comissão Territorial de Macau para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses”, sob o lema:  “TEMPLOS 廟宇” (1)

Mais um marcador com os: “Templos de Macau/ 澳門廟宇”(2)

Dum lado do marcador
Marcador de livro Lin FongMarcador de livro Lin Fong I

LIN FONG /蓮峰廟 (3)
Localizado no cruzamento da Avda. Almirante Lacerda com a Avda. Conselheiro Borja. Em tempos remotos no sopé de uma colina, depois chamada de Mong-Há, (4) e banhada pelas águas do delta, abrigasse uma pequena povoação de pescadores que ali fizeram um santuário. Mais tarde construíram um templo onde ficavam os mandarins quando pernoitavam em Macau, por isso a grandeza deste templo, que vale a pena visitar! No fundo de um tanque onde crescem folhas e flores de lótus, estão os cágados, símbolo da longevidade. Conta a lenda que há milhares de anos houve um imperador que foi enterrado com alguns daqueles animais. Decorridos anos quando o seu caixão foi retirado e aberto, foram encontrados os cágados ainda vivos e cheios de saúde!”

Marcador de livro Tou Tei

Marcador de livro Tou Tei I

T´OU TEI /土地廟  (5)

“O nome T´ou Tei significa templo dos Deuses Locais. Segundo a lenda, a sua construção deve-se aos moradores do Patane que se cotizaram para prestar homenagem a Lam Seng que foi considerado um grande benfeitor. Seu pai, acusado da prática de um crime, foi encarcerado, e a mãe, com o desgosto, morreu e Lam Seng decidiu enforcar-se. Três vezes tentou, três vezes a corda partiu. Foi então que aconselhado por um amigo, Lam Seng foi jogar para angariar dinheiro e pagar a libertação do pai. Lam Seng saiu vitorioso e os moradores de Patane elegeram-no deus local do Bairro do Patane e mandaram construir este templo no Largo do Pagode de Patane que fica no sopé do montículo do Patane sobre o qual floresce o Jardim da Gruta de Camões.”

(1) Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/templos-chineses/
(2) 澳門廟宇  – mandarim pinyin: Ào men miào yù; cantonense jyutping: Ou3 mun4 miu jyu5.
(3) 蓮峰廟  – mandarim pinyin: lián feng miáo; cantonense jyutping: lin4 fung4 miu6.
Sobre este templo ver ainda em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/02/04/lugares-de-outrora-rochedo-da-estrada-do-arco/
(4) “Outrora Mong Há não era o que é hoje. Havia apenas umas várzeas, onde espreitavam aqui e além palhotas de agricultores e um estendal de sepulturas do outro lado. Um campo de hortaliça e um campo santo. E quando, em 1828, os ingleses da Companhia das Índias Orientais aqui residentes quiseram rasgar um caminho por onde pudessem cavalgar e espairecer, baixou uma chapa, a 8 de Março desse ando do mandarim de Heong-Shan, em que ordenava ao procurador do Senado que intimasse aos ingleses que suspendessem a construção da estrada que, a expensas suas, estavam abrindo no Campo de Mong Há, e lhes proibisse passearem nela a cavalo, pois que tais arranjos e passeios afectavam as sepulturas dos chineses. (à volta de 700 sepulturas). (TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol I)
(5) 土地廟mandarim pinyin: tú dì  miào;  cantonense jyutping: tou2 dei6  miu6.
Outra versão da lenda e o Bairro de Patane, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/templo-tou-teipatane/

             “Quando houve conhecimento no Oriente de que Portugal tencionava fazer-se representar condignamente no grande certame de Sevilha, logo Macau pensou que era azado momento para demonstrar  àqueles que caluniam os nossos processos coloniais quais os recursos de que dispunha a antiga feitoria, mercê do seu progresso constante, iniludível.
O Sr. comandante Jaime do Inso (1) tratou do assunto na imprensa, e, numa grande reunião presidida pelo governador Sr. Tamagnini Barbosa (2), assentou-se que a Colónia se faria representar com um pequeno pavilhão independente, nomeando-se para a comissão executiva dessa representação, o engenheiro Sr. Carlos Alves, o capitão Sr. Jacinto de Moura e o Sr. Dr. Felix Horta (3), que ficou encarregado de traçar o projecto do pavilhão.
Em nova reunião, a que concorrem muitos e dos mais graduados comerciantes e industriais chineses, mostrando notável entusiasmo pela Exposição, foi aprovado e projecto do pavilhão e logo se abriu o crédito necessário para a iniciação dos trabalhos.
Boletim AGC 1929 - Exp Sevilha I

O pavilhão, como as nossas gravuras indicam, tem a arquitectura  de um pagode, sendo os seus detalhes buscados nos mais lindos templos budistas de Macau.
Na porta principal do da Barra, ou Ma-Kok- Miu, de enorme devoção dos navegantes, com o seu barco estilizado a encimá-la, se moldou a porta principal do Pavilhão de Macau, colónia fundada por marinheiros portugueses e pelo seu esforço e dedicação mantida. Os pagodes de Mong-Há, o de Lin-Fon-Miu, e outros pequeninos e belos, espalhados na Colónia, forneceram os motivos decorativos do Pavilhão que, fronteiro ao palácio Joanino, na Avenida de Portugal, se ergue gracioso como um sonho do Oriente e orgulhoso como uma página de história nacional… (…)

Boletim AGC 1929 - Exp Sevilha II

O pavilhão de Macau não é porém, apenas a evocação dum passado de ouro ou a manifestação artística duma colónia. É sobretudo a afirmação da sua vitalidade.
Nos seus Stands, decorados a azul celeste e ouro, os tecidos, as águas gasosas, as  artes  gráficas, os bordados, os artigos de bambú, de joalharia, e de ferro, a sua cal, os seus cimentos e os seus mosaicos, as indústrias de conservas, de artigos de cobre, de cortume, a papeleira, os frutos cristalizados e os secos, o mobiliário, o fabrico de tabacos, de pivetes, vidros e a formidável riqueza da sua pesca atestam o desenvolvimento colossal da mais pequena e querida colónia portuguesa.” (4)

(1) Sobre Jaime do Inso, capitão-tenente nesse ano e ex-comandante da Canhoneira «Pátria», ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jaime-do-inso/
(2) Artur Tamagnini de Sousa Barbosa (1880-1940) nasceu em Macau no ano de 1880. Desempenhou por três vezes o cargo de Governador de Macau (12-10-1918 a 1919; 8-12-1926 a 1930 e 11-04-1937 a 1940).  Casado com a poetisa Maria Ana Acciaioli Tamagnini. Faleceu em Macau, no ano de 1940, durante o seu terceiro mandato como governador.
Anteriores referências a este Governador neste blogue.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/artur-tamagnini-barbosa/
(3) Félix Horta, advogado. Foi cônsul de Portugal em Cantão.
(4) Informação e notícia da Agência Geral das Colónias em 1929.

“Junto do templo chinês de Lin Fong Miu, (1) à entrada do Arco, há um rochedo, que ostenta o escudo português, encimado pela coroa real, tendo em baixo a data de 1848.
Este escudo e data foram ali esculpidos pelo Governador Ferreira de Amaral, como símbolo de soberania.
Um ano mais tarde, a 2-28-1849, a sua cabeça rolava por terra, decepada por um grupo de assassinos chineses, junto deste rochedo (2). Diz J. Dyer Ball, no seu livro “Macao” (3) , p. 28, que eles esconderam a cabeça e o braço de Amaral sob as cinzas no templo de Kun Yam. (4)
Há um outro rochedo, também com um escudo encimado pela coroa real à margem da Rampa dos cavaleiros, à esquerda de quem sobe.
Na Estrada do Arco, encostado à parede do prédio n.º 5, estava uma pedra, cravada no solo, com esta inscrição:

1872

ESTRADA

DO

ARCO

Esta pedra foi removida para as Ruínas de S. Paulo, sendo desfeita pelo camartelo dos assalariados do Leal Senado” (5)

(1) O templo Lin Fong (Lin Fong Miu ou Templo de Lótus ou , conforme Padre Teixeira “Pagode do Cume da Colina de Lótus”) fica na Estrada do Arco que começa entre as Avenidas do Almirante Lacerda e de Artur tamagnini Barbosa, em frente da Avenida do Conselheiro Borja, e termina na Estrada da Areia Preta; no sopé da colina de Hong Há. Outrora as águas lodosas do delta acercavam-se da entrada do templo e abrigava uma pequena povoação de pescadores.

Lin Fong Miu 1925Templo de Lótus em 1925

Único templo de origem taoísta em Macau, construído em 1592. Foi reconstruído em 1732, em 1752 (modificação e aumento de área) e em 1980
(2) No jardim exterior deste templo, do lado esquerdo (para quem entra) está uma enorme de pedra lavrada com o escudo português, indicando aproximadamente o local onde o governador de Macau, Ferreira do Amaral foi assassinado na tarde de 22 de Agosto de 1849.
(3) BALL, J. Dyer (James Dyer) (1847-1919) – Macao. the holy city: the gem of the Orient earth. Printed by the China Baptist Publication Society, Canton, 1905.
(4) O templo de Lótus possui vários átrios, sendo o principal dedicado a Tin Hau ou Deusa dos Céus. O principal pavilhão é dedicado a Kum Iam, a deusa da Misericórdia
(5) TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau, Macau, Imprensa Nacional, 1980, 324 p.

Ontem (10 de Janeiro de 1955), o Governador Joaquim Marques Esparteiro assinou o Despacho n.º 1, nomeando uma comissão composta pelos Chefe dos Serviços Económicos, que serviria de Presidente, Presidente do Leal Senado da Câmara de Macau; Presidente da Associação Comercial de Macau; Presidente da Associação de Beneficência «Tong Sin Tong»; Presidente da Comissão Central de Assistência Pública; Presidente da Associação dos Construtores e Empreiteiros; Engenheiro-Director da Repartição Técnica  das Obras Públicas e Comandante da Polícia de Segurança Pública de Macau, para prestar os socorros que fossem julgados indispensáveis às vítimas do incêndio, no sentido de se lhes dar alojamento, alimentação e vestuário e cuidando ao mesmo tempo dos feridos.
Mais determinava que a mesma comissão estudasse e propusesse a construção de novas barracas de habitação para os sinistrados, a erigir o mais breve possível. (1)

Incêndio 10JAN1955O Governador Joaquim Marques Esparteiro acompanhado pelo Chefe dos Serviços Económicos, Pedro José Lobo e demais autoridades visitando o local do incêndio 

NOTÍCIA:  “UM PAVOROSO INCÊNDIO”
Na madrugada do passado dia 10, registou-se no bairro pobre da Ilha Verde, um pavoroso incêndio que devastou mais de 400 casas de madeira, deixando sem abrigo cerca de cinco mil pessoas ali moradoras. O populoso bairro ficou quase completamente destruído, tendo morrido durante o incêndio uma mulher e duas crianças.
Os Bombeiros Municipais compareceram com a maior prontidão no local do sinistro, conseguindo dominar o violento incêndio umas horas depois. Com o auxílio de alguns militares , de guardas da P. S. P. e de alguns civis, os bombeiros trabalharam, horas seguidas, no salvamento de vítimas e haveres dos moradores daquele bairro.
As vítimas do incêndio, à excepção das que tiveram de ser hospitalizadas, foram alojadas nas dependências do Pagode « Lin Fong Miu», defronte da Esquadra Policial n.º 4, tendo a Comissão Central de Assistência Pública tomado as necessárias medidas quanto à alimentação das vítimas.
(1) Residiam nas barracas de Ilha Verde, nessa altura, cerca de 8 000 chineses.
NOTA: informações recolhidas de MACAU, Boletim Informativo Ano II, N.º 35, 1955.