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Por iniciativa do Padre Francisco Xavier Rôndina, S. J. (1) efectou-se a 3 de Abril de 1864, uma quermesse no teatro D. Pedro V, em benefício dos órfãos do Seminário de S. José. Este mesmo jesuíta que veio para Macau em 1862, para ensinar e dirigir o Seminário de S. José, (2) era um defensor dos direitos humanos, denunciando os problemas sociais dos mais pobres e desfavorecidos, e promovendo os meios para sustentar os asilados nomeadamente os órfãos.

Mas só em 1900 por iniciativa do Provedor da Santa Casa de Misericórdia Pedro Nolasco da Silva (1842-1912) surgiu o “Asilo dos Órfãos” instalado no Tap Seac, mas que por razões económicas em 1918, foi extinta. (3) (4)

Em 1933, a “Associação protectora dos jovens pobres e órfãos”, que tinha o edifício alugado denominado «Novo Asilo dos Órfãos» na Travessa dos Santos n.º 2, encomendou a construção de um edifício próprio que seria denominado “Asilo dos Orfãos”. (5)

 «Boletim Geral das Colónias», XII, n.º 134/135, Agosto/Setembro de 1936, pp.181

Para efectivação desta grande obra de beneficência, para angariação de fundos para a sua concretização, em Macau, Abril de 1936, (6) foi impresso e distribuído um “jornal” de 16 páginas (número único) onde se apresenta:

– Uma mensagem do Governador interino, Dr. João Pereira Barbosa

 – Um “ante-projecto, para mostrar o partido tomado e em que ainda não há uma preocupação de detalhe”, elaborado por Keil Amaral, (7) acompanhado de uma “descrição do projectado para construção de um edifício na Rua da Horta da Companhia, (8) a pedido da Associação protectora dos jovens pobres e órfãos”, assinado pelo mesmo arquitecto.

– Um artigo intitulado “Querer É Poder”, história resumida do Asilo dos Órfãos até então, por Luís Nolasco (Macau, 18 de Março de 1936) (9)

Com desenho/projecto na 1.ª página da “Fachada principal do novo edifício do Asilo dos Pobres e Órfãos de Macau”
Planta do 1.º pavimento
Planta do 2.º pavimento
Planta da cave
Mensagem manuscrita do governador interino, Dr. João Pereira Barbosa de 8 de Abril de 1936.

NOTA – Apesar de ter havido lançamento da primeira pedra do edifico, em 23 de Junho de 1936, com projecto do arquitecto Keil do Amaral, na Rua de Horta e Companhia, não consta ter havido concretização desta obra pois não encontro nas minhas pesquisas, até hoje, qualquer informação sobre a inauguração ou trabalhos realizados nessa mesma rua e também porque os «Anuários de Macau» de 1938 (p. 442) e 1940/41 (p. 462) referirem uma nova morada para o Asilo dos Órfãos, na «Vila Flora». Acrescenta-se o facto de, em 13 de Fevereiro de 1924, num terreno denominado Horta da Companhia, doado à Irmandade da Misericórdia de Macau pelo Governo da Província, ter sido construído um edifício destinado para Asilo dos Inválidos, (10)

(1) 08-06-1862 – Chegaram a Macau os Padres jesuítas Xavier Rôndina (1827-1897) e José Joaquim de Fonseca Matos, os primeiros professores do reaberto Seminário.  O Padre Francesco Saverio Rondina nasceu em Itália e aos 15 anos de idade ingressa na Companhia de Jesus e faz o seu noviciado em Roma. É enviado para Macau, tendo residido primeiramente, em Portugal entre 1859 e 1862, em Lisboa, no colégio de Campolide onde obteve a autorização régia para ensinar em Portugal, e posteriormente em Macau. Em 1862, passa pela ilha de Sanchoão, onde encontrou aí, a primeira sepultura de S. Francisco Xavier, que restaurou. Padre Rondina, depois de ter dirigido o Colégio de S. José em Macau de 1862 a 1871, devido à ordem que veio de Lisboa (os professores do Seminário teriam de ser obrigatoriamente de nacionalidade portuguesa e a aqueles que não cumpriam este requisito teriam de abandonar o território), abandona Macau com alguns colegas jesuítas e dirige-se para o Rio de Janeiro, onde permanecerá durante algum tempo mas, por motivos de saúde, regressa finalmente a Itália, em 1882. Nesse ano, quando conhece a obra educativa de S. João Bosco, sob a inspiração e nome de S. Francisco de Sales – os Salesianos – propôs a ida destes para Macau. D. João Paulino Azevedo (1902-1918) dá sequência à instalação dos salesianos em Macau, em 1906. (10)

Sobre a biografia e obra do Padre Rondina , aconselho leitura de: ARESTA, António – Cinco Figuras do Diálogo Luso-Chinês em Macau em file:///C:/Users/ASUS/Downloads/06-Cinco%20figuras__Antonio%20Aresta873-894.pdf

MARTINS, Maria M. B. – Compêndio de Philosophia Theorética e Pratica de Francisco Xavier Rondina S.J.; O Renascimento de Neo-escolástica  em https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/15970.pdf

(2) TEIXEIRA, Padre Manuel – O Teatro D. Pedro V, 1971, p. 31.

(3) “1900 – Sendo Provedor da Santa Casa de Misericórdia Pedro Nolasco da Silva criou este grande vulto macaense o Asilo dos Órfãos, que ficou a cargo da mesma Santa Casa e instalado em edifício próprio, ao Tap Seac (hoje sede do Instituto Cultural do Governo da RAEM). A instituição foi extinta por medidas económicas em 1918, tendo recolhido e educado ao todo 182 rapazes, alguns dos quais atingiram lugares importantes dentro e fora de Macau. (10)

(4) “Havia antigamente o Asilo dos Órfãos da Santa Casa da Misericordia de Macau, instalado no edifício que a mesma Santa Casa propositadamente mandou construir ao Tap Seac e onde hoje funciona o liceu nacional. Um provedor, porém, em hora infeliz de confissão de incompetência e de comodismo propôs, e conseguiu, a sua extinção. Ficou, então, aberta uma lacuna na obra de assistência pública de Macau.” (Luis Nolasco) (6)

(5) “06-01-1933 – Foi inaugurado a 6 de Janeiro de 1933, o «Novo Asilo dos Órfãos», sob o patrocínio da «Associação Pública de Protecção aos jovens Pobres e Órfãos», alimentada com cotas mensais, sessões de animatógrafo e outras representações de benefício. Faltava um prédio adequado, porque o 1.º, ao Tap Seac, passou a ser o Liceu Central de Macau. Com a ajuda de muitas almas boas, entre elas o arquitecto Keil do Amaral e o Dr. Gustavo Nolasco da Silva (11), impulsionados por Pedro Paulo Ângelo, (12) o Asilo foi instalado na Travessa dos Santos n.º 2 e encontrou quem lhe permitisse continuar (10) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/01/06/noticia-de-06-de-janeiro-de-1933-novo-asilo-dos-orfaos/

(6) “O Asilo dos Orfãos”, jornal, número único, de Abril de 1936,Macau.

“ABRIL DE 1936 – Publicado um Jornal do Asilo com o título de “O Asilo dos Orfãos”, Número Único, com a história e o projeto de construção do edifício destinado a esta obra de assistência; ainda instalado na Travessa dos Santos, ali se utilizou a política de self-supporting-concern, com oficinas de tipografia e encadernação e professores (e material) concedidos pela Comissão Administrativa de Município, por proposta do Tenente Guedes Pinto. O projecto foi feito gratuitamente pelo arquitecto Keil do Amaral, sendo-lhe destinado um espaço cedido gratuitamente por diligência do Governador Interino, Dr. João Pereira Barbosa.” (10)

(7) Francisco Caetano Keil Coelho do Amaral (1910 — 1975) foi um arquiteto português ligado ao Modernismo, com destaque ao longo dos anos de 1940 e 1950, com responsabilidade projectual de importantes obras públicas, como por exemplo, Aeroporto de Lisboa, Feira das Indústrias de Lisboa, Parque Florestal de Monsanto, Lisboa etc. Completa o curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes de Lisboa e a primeira obra é de 1934 (Instituto Pasteur, Porto). Este projecto para Macau terá sido um dos primeiros trabalhos encomendados (não consta na sua biografia) já que só em 1936, é referenciado o concurso para o Pavilhão de Portugal na Feira Universal de Paris, onde esteve durante 1 ano para acompanhar a construção do pavilhão. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Keil_do_Amaral)

(8) A Rua de Horta da Companhia, em 1969, foi redenominada Rua de D. Belchior Carneiro (actual designação) nas comemorações dos 400 anos da chagada a Macau do Bispo D. Melchior.

(9) Dr Luís Gonzaga Nolasco da Silva (1881-1954; filho de Pedro Nolasco da Silva) foi presidente do Asilo dos Órfãos de 1933 (Travessa dos Santos, n.º 2) a 1938/1939 (Vila Flor) (Directório de Macau, 1933, p. 518 e Anuário de Macau, 1938, p. 442) (https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/luis-gonzaga-nolasco-da-silva/)

(10) (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, 2015, Volume II, p. 338; Volume III, pp. 161, 230,239, 251, 283)

(11) Dr. Gustavo Nolasco da Silva (1909-1991; filho de Luís Gonzaga Nolasco da Silva) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/gustavo-nolasco-da-silva/

(12) 14-07-1931- O Sr. Pedro Paulo Ângelo, fazendo parte da Mesa Directora da Sta. Casa, inicia uma subscrição pública para reerguer o Asilo dos Orfãos, instituição onde crescera e sustentada pela Santa Casa da Misericórdia até 1918 quando foi fechado por medidas económicas. Em 13 de Agosto de 1931, os Estatutos foram aprovados pela Portaria n.º 936 do Governo de Macau. Com a subscrição e mais algumas achegas finais, adquiriu-se uma soma de 10 mil patacas.” (10)

Anteriores referências ao Asilo dos Órfãos: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/asilo-dos-orfaos/

Pequeno extracto dum artigo de 1940, (pp.127-134) escrito pelo 1.º tenente A. Gomes Namorado, comandante do Centro de Aviação Naval (1)  para a publicação “ U N de Macau”,  (137 p.) da União Nacional de Macau no ano XIV da Revolução, 1940.
“… Interessante seria registar nestas páginas as milhares de toneladas, em especial correio, e as centenas de milhares de passageiros hoje transportados por aviões. Aqui mesmo, Macau, é um exemplo, talvez quási despercebido. Efectivamente, saber-se-á que em 1938 e 1939 o número de cartas enviadas por correio ordinário e aéreo foi respectivamente de 1.829.662, 4.032.945 e 39.434 e 92.577. A consideração destes números mereceria talvez a atenção de capitais da Colónia, adiantando-se a iniciativas estranhas que à Colónia veem buscar rendimentos que nela deveriam ficar.
Macau precedeu êste movimento pro-aviação. Data de 1921 a criação da sua primeira escola de aviação, criada pelo Governador Paço d´Arcos. A sua vida foi efémera; 6 alunos pilotos a frequentaram e destes apenas 2 concluíram as provas.
Em 1939, por proposta do actual Governador, o Governador que primeiro e melhor viu as possibilidades da aviação, Sua Exa. o Ministro das Colónias, a quem a aviação nas Colónias tudo deve, criou a Escola de Aviação de Macau para formação de pilotos, mecânicos, artífices e radiotelegrafistas. Dotada, desta vez, com os meios necessários, a Escola poderá desempenhar cabalmente da sua missão, desta forma contribuindo para o desenvolvimento da Colónia.” (2)

(1) Recorda-se que nesse ano, o Serviço de Aviação de Macau tinha aparelhos velhos e dos quatro aparelhos apenas um conseguia voar e, mesmo assim não muito bem. Em 1939, a aviação tinha três pilotos em Macau, o primeiro-tenente José de Freitas Ribeiro (2.º comandante do Centro de Aviação Naval) o 1.º tenente aviador Pedro Correia de Barros e o 2.º tenente aviador Rodrigo Henriques Silveirinha (morreria no acidente aéreo em 26 de Junho de 1942, queda do Osprey n.º 6 no Bairro do Tap Seac) auxiliados pelo 1. º Sargento mecânico aviação, Joaquim Macedo Girão e os 2.ºs sargentos artífices de aviação, Rafael Afonso de Sousa e João dos Santos Louceiro.
O 1.º Comandante, capitão-tenente António Gomes Namorado júnior, encontrava-se em Lisboa a frequentar o curso naval de guerra e o Governo decidia-se pela construção de um novo hangar no Porto Exterior, onde coubessem, em condições razoáveis, os aparelhos. Namorado Júnior regressa a Macau e ao comando do Centro em 1940 até Maio de 1941, sendo substituído por Freitas Ribeiro que , por doença de sua mulher – tuberculose- pediu demissão do cargo e regressaria à metrópole, em 1941. O comando passou para o primeiro tenente Pedro Correia de Barros, então com 30 anos de idade.

A construção do hangar no Porto Exterior, cerca de 1941

Informações de Anuário de Macau 1940-1941 e SÁ, Luís Andrade de – Aviação em Macau, Um Século de Aventuras, 1990 p.79
Anteriores referências ao Centro de Aviação Naval em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/centro-de-aviacao-naval/

https://www.marinha.pt/conteudos_externos/RevistaArmada/423/HTML/files/ra_423_sut08.pdf

(2) António Gomes Namorado Júnior (1901-?) foi um oficial de Marinha que serviu na Aviação Naval desde 1926 como piloto-aviadGomes or e deixando-a em 1948 como cap.-frag. RF
É autor de vários artigos e textos aeronáuticos (“Crónicas de Aviação”) publicados nos “Anais do Clube Militar Naval” entre 1927 e 1933 (22 dos 26 textos publicados neste período),
Participou na “Lisboa-Madeira-Açores-Lisboa”,  a primeira viagem com aviões em grupo realizada pela aviação da Armada entre 30 de junho e 31 de julho de 1935.  Tinha como objetivo o treino de manobras e navegação. Os três aviões eram tripulados por Namorado Júnior, Ferreira da Silva, Aires de Sousa, Carlos Sanches, Bernardino Nogueira, Correia Matoso, Brandão, Falcoeira e Nascimento.
Quanto às crónicas de Namorado Júnior, no seu primeiro texto de 1928 (janeiro e fevereiro) de 1928 (assinado N.J.) inserido, tal como o anterior e os restantes, na “Crónica Naval”/”Crónica Marítima” o autor defende a importância de os governos comparticiparem as viagens aéreas (raids) como forma de conhecerem melhor as suas potencialidades a nível económico e militar. Também é defendido que o desenvolvimento e apoio da aviação civil é importante no sentido em que esta pode servir os fins militares em caso de guerra”
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/25055/1/ASPOF%20Faria%20Pinheiro%20-%20A%20Avia%C3%A7%C3%A3o%20Naval%20nos%20Anais%20do%20Clube%20Militar%20Naval.pdf

No livro “Tellurologie et Climatologie Medicales de Macau”, estão publicados quatro mapas da região de Macau. Um dos mapas foi já reproduzido em (1). Hoje mais um deles, – MACAU (Relief du Sol) – com a descrição do relevo do solo e subsolo.

MAPA do Relevo de Macau 1921 Tellurologie et ClimatologieEste mapa (escala de 1/50.000) foca o relevo do solo da cidade de Macau, em 1921, estando assinaladas as colinas e a Ilha Verde.

 “Le squelette de Macao est granitique. Les noyaux éruptifs sont indiqués par ses collines. Les rochers et la colline de Mong-Ha, celle qui est appelée Montanha Russa, les collines de Dona Maria, Guia, San Jerónimo, de Patane ou de la Grotte de Camoens, San Miguel, San Paulo do Monte, Santo Agostinho et Penha, – sont como les points d´ossification du squelette… (…)
L´isthme réunit cette terre à l´île de Hiong-Chan – et voilà formée la presqu´ile de Macao.
Un autre noyau, Ilha Verde (35 m. de alt), un peu plus isolé, est resté aussi sous línfluence dynamique du fleuve, et on a vu de nos jours l´oeuvre de la liaison naturelle au plus proche noyau, Mong-Ha, laquelle a été aidée par l´homme.
Les collines de Macao peuvent être divisées en deux groupes, délimités par la continuité qu´on remarque en chacaux d´eux. Appartenant au premier groupe, je citerai: Mong-Ha, Montanha Russa, Dona Maria, Guia, San Jerónimo, – dont la ligne d´enemble est une courbe sensible de concavité vers l´Ouest, les plus hautes cotes de niveau étant à Mong-Ha (59 mètres) et à Guia (76 à 99 mètres). La ligne du second groupr, courbe aussi en partie et envelippée par celle-là, évoque, en sa planification, la forme d´un bâton pastoral, dont la crosse est formée par les collines de Camoens, San Miguel, San Paulo do Monte, – se prolongeant selon l´axe de la presqu´île jusqu´à son extremité, passant para la Sé, Santo Agostinho, San Lourenço, Bom Jesus et Penha, et la cime atteignant les cotes plus élevées à San Paulo do Monte (40 m) et à Penha (70m).
Les terrains bas de Tap-Seac, Long-Tin-Chin, Mong-Ha, Sa-Kong, San-Kiu et Patane, oú coulent les eaux et les ruissellements des ravines voisines, sont développés en une grande superficie sub-urbaine, entre les deus courbes. Tap-Seac a un facile accés vers la mer, entre da Sé et San Francisco, et les autres terrains qui , naguère n´étaient que des marécages, ont été comblés aux dépens de l´aplanissement des colines de Mong-Há et San Miguel, et ils sont convenablement drainés et amplement libres vers le fleuve.
La zone base de la ville se développe dans la concavité de la courbe de rayon plus petit, en quartiers riverains qui s´appelent Tarrafeiro, Matapao, Bazar, et qui sont continués par les terrains marginaux de Praia Manduco et Barra.
Au dehors de la courbe plus grande on remarque, au Nord, les terrains bas de l´isthme et la plage Areia Preta. Dans le rest de la courbe, la petite plage de Cacilhas, exceptée, il ný a pas dáutres terrains bas, puisque le versant de la Guia coule vers la mer en pente brusque.” (1)
NOTA: o negrito é da minha autoria.

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/06/01/leitura-tellurolo-gie-et-climatolo-gie-medicales-de-macao/

Continuação da publicação das fotografias deste pequeno álbum (1)

“SOUVENIR DE MACAU” 
Souvenir de Macau 1910 Estrada da Av Vasco da GamaESTRADA DA AVENIDA VASCO DA GAMA

A área do T´ap Seac (que significa Torre de Pedra a qual deve ter existido nesse local) era uma extensa várzea, que foi saneada quando se abriu a ampla Avenida de Vasco da Gama de 65 m de largura e 500 m de extensão. Esta avenida desapareceu para nela ser construídos o monumento de Vasco da Gama, a Escola Luso-Chinesa Sir Robert Ho Tung, o Hotel Estoril, as Escolas Primárias Municipais, a Escola Infantil e o Comando a Polícia de Segurança Pública.” (2)

Souvenir de Macau 1910 Estrada da FloraESTRADA DA FLORA

Nos Bairros de T´ap Seac, de Sá Kong e de Mong Há, entre a Estrada da Flora, a Estrada Adolfo Loureiro, a Estrada Coelho do Amaral e a povoação, existiam extensas várzeas de 300 mil metros quadrados de área, as quais pelas águas das chuvas represadas pelos agricultores e pelo adubo que nelas se empregava – fezes humanas – constituíam um grande foco de infecção e de paludismo. O governador, José Maria de Sousa Horta e Costa (1894-1897), que era capitão de engenharia, a quem Macau muito deve no campo de sanidade, dedicou-se ao saneamento desses bairros começando pelo de T´ap Seac.” (2)
(1)  https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/04/29/macau-de-1910-souvenir-de-macau-i/ 
(2) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol I, 1997.

Roteiro do Ultramar Interior do Kum Yan“Pormenor do templo da Deusa Kun Yan”

 No jardim, anexo ao templo de Kun Yâm ou Kwan Yin existe uma mesa de pedra, na qual se diz ter assinado, a 3 de Julho de 1844, o primeiro tratado Sino-Americano, por Ki-ying, governador -geral de Kuangtung (Cantão),  ministro e comissário extraordinário do imperador da China  e Caleb Cushing, comissário, enviado extraordinário e ministro plenipotenciário dos Estados Unidos na China. (1) Este tratado ficou conhecido como Tratado de Wang-hia ou Whangshia (望廈條約), nome  do local em mandarim, em cantonense, Mong há (望廈)

Roteiro do Ultramar Panorâmica da CidadeMacau: um panorama da cidade 

Em primeiro plano, à esquerda o Bairro Tap Seac. Ao fundo a Ilha Verde já com a sua ligação à península e os aterros do Fai Chi Kei.

Fotogravuras do livro de
GONÇALVES, Manuel Henriques – Roteiro do Ultramar. Lisboa, 1958, 131 p. De 22 cm x 16 cm.

Referência anterior ao Tratado de Wanghia, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/tratado-de-wanghia/
(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I. Instituto Cultural de Macau, 1997, 667 p.

Foi inaugurado a 6 de Janeiro de 1933, o «Novo Asilo dos Órfãos», sob o patrocínio da Associação Pública de Protecção aos jovens Pobres e Órfãos, alimentada com cotas mensais, sessões  de animatógrafo e outras representações de benefício. Faltava um prédio adequado, porque o 1.º, ao Tap Seac, passou a ser o Liceu Central de Macau (1). Com a ajuda de muitas almas boas, entre elas o arquitecto Keil do Amaral e o Dr. Gustavo Nolasco da Silva (2), impulsionados por Pedro Paulo Ângelo, o Asilo foi instalado na Travessa dos Santos n.º 2 e encontrou quem lhe permitisse continuar. (3) (4).

Asylo dos ÓrphãosAsylo dos Orphãos na Rua Conselheiro Ferreira de Almeida (Tap Seac) (5)

O Asilo dos Órfãos foi criado em 1900 (Boletim Oficial n.º 15 de 14-04-1900), pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia, Pedro Nolasco da Silva tendo ficado a cargo da mesma Santa Casa e instalado em edifício próprio, ao Tap Seac.  A instituição foi extinta por medidas económicas em 1918, tendo recolhido e educado  ao todo 182 rapazes, alguns dos quais atingiram lugares inportantes dentro e fora de Macau. Um dos ex-protegidos, Pedro Paulo Ângelo, então fazendo parte da Mesa Directora da Sta. Casa, resolveu reerguer o Asilo e, após proposta em sessão, foi a mesma aprovada por unanimidade.

Assim em 14 de Julho de 1931, Pedro Paulo Ângelo inicia uma subscrição pública para reerguer o «Asilo dos Órfãos”.  Em 13 de Agosto de 1932, os Estatutos foram aprovados pela Portaria n.º 936 do Governo de Macau. Com a subscrição e mais algumas achegas finais, adquiriu-se uma soma de 10 mil patacas.

(1)   O Governo de Macau compra o edifício do Hotel Bom Vista, em 1923, à Santa Casa de Misericórdia por 82 585 patacas. O Liceu de Macau que estava funcionando neste edifício até aí, vai mudar-se para o Tap Seac.
Em 12 de Julho de 1924, o Liceu Central de Macau instala-se no prédio n.º 89 da Rua Conselheiro Ferreira de Almeida (Tap Seac). E aí ficará até à mudança para o novo Liceu (entretanto, em 1937, seria denominado Liceu Infante D. Henrique) construído no aterro da Praia Grande, junto da antiga Avenida Dr. Oliveira Salazar e inaugurado a 2 de Outubro de 1958.
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
Posteriormente com a inauguração do novo Liceu, o edifício passou a Repartição Provincial dos Serviços de Saúde e a Delegacia da Saúde, e depois Serviços de Saúde de Macau. Presentemente este é o Edifício do Instituto Cultural do Governo da  R.A.E.M. (Praça do Tap Seac)
Anteriores referências ao Liceu, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/liceu-nacional-infante-d-henrique/
(2)   Gustavo Nolasco da Silva (1909-1991), filho de Luis Gonzaga Nolasco da Silva (7.º filho de  Pedro Nolasco da Silva e proprietário da «Casa Branca», posteriormente Convento da Órdem do Precioso Sangue) era licenciado em Direito. Foi conservador do Registo Predial de Macau. Foi advogado da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia  (Cartório da Santa Casa).
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/09/postais-macau-artistico-iv/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/05/06/personalidade-pedro-nolasco-da-silva/
(3)   GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(4)   Uma entrada de Abril de 1936, na “Cronologia “ citado em (1) da Dra. Beatriz Basto da Silva, refere ainda nesta data, a localização do Asilo na Travressa dos Santos. No entanto já tinha projecto de construção do edifício destinado a esta obra de assistência. O projecto foi feito gratuitamente pelo arquitecto Keil do Amaral sendo-lhe destinado um espaço cedido gratuitamente por diligência do Governador Interino, Dr. João Ferreira Barbosa.
(5) Foto de Man-Fook.  Retirado do Arquivo Científico Tropical:
http://actd.iict.pt/view/actd:AHUD6878

A 22 de Novembro de 1956, iniciaram na cidade de Melbourne (Austrália), os Jogos Olímpicos de Verão de 1956 (XVI Olimpíada) (1). Os jogos decorreram até 8 de Dezembro no Melbourne Cricket Ground.
Nesse ano de 1956, estava programada que duas representações nacionais estariam a cargo da Província de Macau: a participação nos Campeonatos Mundial de Ténis de Mesa, no Japão (2) e o hóquei em campo nos Jogos Olímpicos da Austrália.
Mas a decisão final do ministro de Educação alegando dificuldades económicas (3), deitou por terra a aspirações dos jogadores macaenses de hóquei em campo.

Pode-se portanto dizer-se que, para os macaenses, a maior desilusão no desporto macaense nomeadamente no Hóquei em Campo, foi a sua não participação nos Jogos Olímpicos de Melbourne de 1956, em representação de Portugal.

Todo o programa de preparação estava delineado e a fim de preparar melhor a equipa, a Direcção do Hóquei Clube de Macau, convidou o Ten. Filipe Augusto do Ó Costa (conhecido como o introdutor desta modalidade em Macau, em 1924) (4) que chegou 21 de Julho de 1956, para aperfeiçoar e intensificar os treinos.

Em 1955, o “Macau-Boletim Informativo” (5) informava:
Em Macau, entre quase todos os entusiastas do desporto, sempre que se fale, nos Jogos Olímpicos de Melbourne, surge como que imperdoável a seguinte pergunta: Será a representação de Portugal, no Torneio Olímpico de Hóquei em Campo, confiada aos hoquistas de Macau?
Estarão os hoquistas de Macau à altura de suportar tamanha responsabilidade, qual seja a de prestigiar o nome de Portugal nos Jogos Olímpicos de Melbourne?
Os hoquistas de Macau, que, desde há muito, vêm acalentando fortes esperanças de, um dia, serem chamados às fileiras de uma representação nacional, julgam chegada a altura de porem a claro os seus justos anseios e reclamar para si as responsabilidades duma incumbência honrosa.
Nunca Portugal se fez representar nas Olimpíadas em hóquei em campo, possivelmente porque nunca se ofereceu a oportunidade ou porque nunca se ofereceu equipa capaz de proporcionar uma representação compensadora

Em 1955, o Sr. Roland Hill, delegado da Austrália ao Congresso Internacional de Agências de Viagens, entregou ao Presidente da Câmara de Lisboa, uma mensagem do Lord Mayor de Sidney, «manifestando o interesse dos poderes constituídos e dos meios desportivos do seu país por uma representação portuguesa nos próximos jogos olímpicos de Melbourne, lembrando a propósito a possibilidade dessa representação ser entregues à equipa de hóquei em campo de Macau, cuja categoria constituía certeza antecipada de boa figura» (6)

Na verdade o hóquei em Campo, em Macau, atingira um nível e o grau de perfeição que em nenhum outro desporto (em Macau) conseguiram.
Vejamos o palmarés, em jogos internacionais, nos anos que precederam esse ano de 1955:
Na época de 1949-50 disputaram-se 15 encontros dos quais ganharam 14 e teve 1 empate. dos 10 encontros, perderam um. Os restantes 9, só foram vitórias.
Em 1950-51 em 10 jogos 9 vitórias e uma derrota.
Em 1951-52, dos 10 encontros, 8 foram vitórias, 1 empate e 1 derrota.
Em 1952-53 dos 7 encontros realizados ganharam 4, perderam 1 e consentiram 2 empates.
Em 1953-54 7 vitórias em 8 encontros (com uma derrota).
Em 1954-55 10 jogos realizados com 9 vitórias e 1 derrota.
Este é o palmarés do pequeno núcleo de desportistas macaenses (uma verdadeira queda para esta modalidade) do Hóquei Clube de Macau (em termos de comparação em Hong Kong nessa altura tinha cerca de 400 jogadores em duas dezenas ou mais de agrupamentos de hóquei.)

Hóquei 1956 Jogos OlímpicosOs hoquistas de Macau preparando fisicamente no ginásio para as exigências de uma competição olímpica

NOTA: Quanto ao nível do hóquei em campo nesse tempo, Edward Eagan que fora campeão olímpico de boxe, pesos leves nos jogos realizados em 1920, na cidade de Antuérpia, e que mais tarde, em 1932, fizera parte do quarteto americano vencedor da prova de trenó, deu um entrevista à Imprensa local quando esteve em Macau durante algumas horas, em passeio, em 1 de Julho de 1955. Declarou que conhecia bem a fama dos hoquistas macaenses antes mesmo de chegar ao Extremo Oriente e que seria uma pena se os rapazes de Macau não conseguissem representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Melbourne. Falando sobre o desporto em geral, o Sr. Eagan afirmou que a principal propaganda dum país era o desporto e que se Macau participasse nos Jogos Olímpicos, esta nossa terra, hoje tão conhecida e falada no estrangeiro, haveria de lucrar bastante.

Campo do Tap SeacO campo desportivo da Caixa Escolar, no Tap Seac  Foto tirada do Edifício da Caixa Escolar (7)

(1) Foram os primeiros Jogos Olímpicos no Hemisfério Sul. A cidade de Melbourne foi eleita cidade sede por apenas um voto de diferença ( a outra cidade era Buenos Aires).  Pela primeira vez uma das modalidades desportivas dos Jogos não foram realizadas nem na cidade nem no país  anfitrião, com o hipismo sendo transferido para Estocolmo (Suécia) e disputado cinco meses antes de Melbourne, devido às severas leis australianas relativas à quarentena de animais que impediam a entrada no país.
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Ol%C3%ADmpicos_de_Ver%C3%A3o_de_1956
(2) O Campeonato do Mundo de Ténis de Mesa (pingue-pongue) realizou-se em Tóquio de 2 a 11 de Abril. A representação nacional não foi exclusivamente de atletas de Macau, já que além dos três jogadores macaenses (Raul da Rosa Duque, Augusto Gonçalves, Alberto Ló), juntou-se Manuel de Carvalho, do Benfica.
(3) Em Macau, houve uma subscrição pública para ajudar as despesas com a deslocação da equipa de Macau.
(4) Sobre Filipe Augusto do Ó  Costa ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/04/20/hoquei-em-campo-i-filipe-do-o-costa/
(5) Informações recolhidas de “Macau- Boletim Informativo”, 1955, 1956.
(6) O Hóquei Clube de Macau que, em 1955, filiara na Federação Portuguesa de Hóquei em Campo, argumentaria e justificaria, junto do Comité Olímpico Português assim, a escolha de Macau para representar Portugal em hóquei em campo: como Portugal, dado a distância a que se encontra da Austrália, teria provavelmente dificuldades em fazer representar-se, o envio de uma delegação desportiva de Macau seria mais fácil e financeiramente mais viável e contribuiria de forma apreciável para o desenvolvimento da modalidade e viria patentear ao mundo a realidade da sempre proclamada unidade da nação portuguesa.
(7) Foto tirada de TEIXEIRA, Monsenhor Manuel – Liceu de Macau, 3.ª edição. Direcção dos Serviços de Educação, 1986, 577p + |12|
NOTA: interessantes depoimentos sobre os primórdios do hóquei em campo em Macau  na blogosfera.
1- De  Albertino Alves de Almeida:
http://www.oclarim.com.mo/j120427/opiniao7.shtml
http://www.oclarim.com.mo/j120518/opiniao7.shtml
http://oclarim.com.mo/j120413/opiniao7.shtml
http://www.oclarim.com.mo/j120406/opiniao7.shtml  http://www.oclarim.com.mo/j120330/opiniao7.shtml
2 – De Rogério P. D. Luz: “Fernando Ramalho, dos melhores do hóquei de Macau, nos anos 30/40” e  “José dos Santos Ferreira “Adé”, entrevista de 1983 e o hockey de Macau anos 30/40” em:
http://cronicasmacaenses.com/2013/10/20/fernando-ramalho-dos-melhores-do-hoquei-de-macau-nos-anos-3040/
http://cronicasmacaenses.com/2013/08/23/jose-dos-santos-ferreira-ade-entrevista-de-1983-e-o-hockey-de-macau-anos-3040/
3 – Testemunho de João Bosco Basto da SilvaHóquei em campo (década 1950)”em:
http://macauantigo.blogspot.pt/2010/09/hoquei-em-campo-decada-1950-testemunhoi.html

Portugal no Extremo Oriente VIIcontinuação de (1), (2) e (3)
“…
Com o nosso desdem pelas cousas coloniaes não demos governador á cidade já poderosa. Os holandezes quizeram bombardear a terra portugueza, que foi  defendida. Segunda vez tentaram o assalto, que o macaista Thomaz Vieira repelliu, e assim, de tempo a tempo, os chinezes iam tomando folego, buscando intervir no que era nosso, encontrando pela frente apenas os teirares da gente burgueza do Leal Senado, a ponto de estabelecer, em 1688, um hopa, alfandega, na região, sem que lhe resistissemos.

Portugal no Extremo Oriente XIIJardim do Lu-cau (vista interior) (4)

D´ahi  as exigências continuas, os escarneos, as negociações frouxas, a que só uma embaixada pomposa de D. João V devia pôr termo, para d´ahi a pouco voltarem as pretensões.

Portugal no Extremo Oriente XIIIFortaleza da Taipa

Macau era anciosamente desejada pelos chinezes. Não queriam que construissemos estradas, obrigavam-nos a expulsar do porto os navios que lhe faziam sombra ao seu commercio, arrasavam o que se erguia, prohibiam aos chinezes que pegassem nas nossas cadeirinhas e foram até ao ponto de protestarem energicamente contra a abertura que decretámos em virtude de vêrmos desviado o commercio para Hong Kong recentemente formado…”.

Portugal no Extremo Oriente XIV “Vista geral da Villa da Taipa”

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/04/15/leitura-portugal-no-extremo-oriente-macau-i/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/05/leitura-portugal-no-extremo-oriente-macau-ii/
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/10/leitura-portugal-no-extremo-oriente-macau-iii/
(4) O «Jardim das Delícias» ou «Yu Yun» ficou conhecido por «Jardim de Lou Kao» ou de «Lou Lim Ioc», filho mais velho de Lou Cheok Chin (1837-1906), personalidade de relevo na via pública de Macau. Fixara residência em Macau no ano de 1870 e tornou-se num abastado comerciante mandando construir um jardim ao estilo dos jardins chineses do século XIV nas ainda pantanosas várzeas do Tap Seac, que transformou em fermoso lago.
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XIX, Volume 3. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1995, 467 p. (ISBN 972-8091-10-9)