Archives for posts with tag: Shiqi / Seac Kei / Sek Kei

“O ambiente de optimismo e confiança no futuro ecnómico de Macau manteve-se, em crescendo, por todo aquele ano. O relatório do Comissário das Alfândegas Chinesas da Lapa, publicado em Junho, é francamente favorável e animador. Ali se referem as várias indústrias macaenses em progresso, se aponta a importância das corridas de cavalo, ainda que improvisadas, como factor de grande relevância para o turismo. E mais, exalta-se a inauguração do primeiro troço de oito quilómetros da estrada Macau-Seac Ki, construída pela Repartição das Obras Públicas, em terra vizinha, com a colaboração das autoridades desse território, em 18 de Março, com a presença do Governador Tamagnini, para além da Porta do Cerco.

Esta estrada macadamizada valorizou decisivamente a economia de Macau e as suas relações comerciais com o “hinterland”. A Companhia de Autocarros Kee Kuan lança carreiras para aquele território, dezenas de automóveis atravessam a Porta do Cerco, levando veraneantes e caçadores, principalmente aos Sábados e Domingos, organizam-se piqueniques e caçadas às rolas, perdizes e narcejas, ou então, pescarias à “asa vermelha”, nos meandros do rio e dos ribeiros e riachos afluentes.

Ainda nos lembramos desses passeios. Visitámos muitas localidades cujos nomes nos eram familiares: Chin Sán, Chôi Mei, Ku Oc, Tong Ká, Li Tchai, Seac Ki, Vong Mau Tché, as Águas Quentes e Choi Hang, terra de nascimento de Sun Iat Sen. Na nossa memória ficaram as merendas saboreadas em troços de estrada, à sombra e ao ramalhar de grandes árvores de pagode, os bambuais vergando ao sopro da viração, os búfalos mergulhados nas águas lamacentas das várzeas, com o focinho de fora, os camponeses atravessando pequenas pontes de pedra, a sorrir para nós, e o cheiro penetrante e enjoativo da espiga de arroz, quando madura, que nos perseguia durante todo o trajecto. Era uma vida boa!” (http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30018/1706)

Sobre a estrada Macau – Seak Kei/Shiqi, ver anterior referência em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/03/16/noticia-de-16-de-marco-de-1928-estrada-macau-seac-kei/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/03/18/noticia-de-18-de-marco-de-1928-a-nova-estrada-macau-seak-kei/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/04/13/noticias-do-mes-de-abril-de-1934-ecos-de-macau/

Notícia com este título “MACAU – SOBERANIA PORTUGUESA E A GUERRA CIVIL NA CHINA” foi publicada no «Boletim Geral das Colónias» em Dezembro de 1949 (1)
Esta mesma notícia foi republicada no número seguinte do mesmo Boletim mas com o título “MACAU E OS ACONTECIMENTOS NA CHINA”.
NOTA 1 – “Zhou En Lai, Primeiro – Ministro da China, entre 1949 e 1976, e Ministro dos Negócios Estrangeiros, entre 1049 e 1958, reconhece que é inútil tomar pela força Macau, como exigiam alguns radicais maoístas e os soviéticos, pois seria pernicioso para os interesses da China (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.
NOTA 2 – “1 de Novembro de 1949 – Com a queda da cidade de Shiqui, capital do distrito de Zhongshan, território contíguo a Macau, nas mãos do Exército Popular de Libertação, é criada a junta militar comunista do distrito, chefiada por Wang Zhu (Uóng Iôk).
O ministro de Portugal na China, J. B. Ferreira da Fonseca que chegou a Macau no dia 29 de Outubro no vapor da carreira Chien Mien, é «chamado em serviço» a Lisboa. O embaixador do Reino Unido em Lisboa, Sir Nigel Ronald, apresenta um memorando ao Palácio das Necessidades expondo a posição do governo britânico acerca do reconhecimento de jure da República Popular da China (FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas Relações Luso – Chinesas, 1945-1995, 2000, p.74)
“10-11-1949 – O Exercito Popular de Libertação (EPL) toma pela força o Forte do Passaleão a norte das Portas do Cerco e sob instruções do general Wang Zhu (Uóng Iôk), comandante militar de Zhongshan e dum quartel próximo de Macau o comissário-adjunto da alfândega do porto da Ilha da Lapa (ocupada pelo EPL em 4 de Novembro), Carlos Basto (1909-1986), cidadão português, é enviado a Macau para informar o governador e o encarregado de negócio (primeiro secretário) da legação de Portugal na China, João Rodrigues Simões Affra (que chegou a Macau a 24 de Outubro, com o ministro de Portugal na China) de que as autoridades comunistas respeitarão a neutralidade de Macau e nenhum elemento do exército vermelho procura entrara na colónia uniformizado e armado…” FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas Relações Luso – Chinesas, 1945-1995, 2000, p.76)
(1) «BGC», ANO XXV -294, Dezembro de 1949.
(2) «BGC», XXVI – 295, Janeiro de 1950.

Extraído de «BGC»  ANO XIII, Julho de 1937 p. 173-174.
O Governador Tamagnini Barbosa tinha visitado no dia 1 de Junho de 1937 a cidade de Shinking, acompanhado pelo Bispo de Macau e outras individualidades tendo levado os seus filhos Miguel Ângelo e Mário António. Sobre esta visita, ver anterior postagem:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/06/01/noticia-de-1-de-junho-de-1937-visita-do-governador-a-shinking/

Retirado do Boletim Geral das Colónias, 1934.
NOTAS: – A canhoneira “Saga” ( 嵯峨 ? ) era da marinha japonesa imperial. Lançado em 27 de Setembro de 1912, entrou em serviço em 18 de Novembro de 1912 e durante a Primeira Guerra Mundial acompanhou a principal frota japonesa na província de Shandong, na China e depois foi transferida à segunda frota aliada, operando no rio de Yangtze e nas águas litorais de China durante a década de 30. Na altura do ataque em Pearl Harbor, «Saga» estava baseada em Guangdong e foi atribuída à força japonesa que participou na invasão para a batalha de Hong Kong, onde ficou estacionada. Foi atingido por uma mina de mar em 26 de Setembro de 1944 fora de Hong Kong, e mais tarde rebocado de volta para Hong Kong para restauro. Em 22 de Janeiro de 1945, enquanto ainda estava no cais para reparação foi destruída durante um ataque aéreo, provavelmente pela “USAAF 14th Air Force Consolidated B-24 Liberators “ Dada como incapaz pela marinha em 20 Março de 1945.

https://en.wikipedia.org/wiki/Japanese_gunboat_Saga 

– O cruzador “Falmouth”, lançado à água em 19 de Abril de 1932 e em serviço desde 27 de Outubro de 1932. Em Março de 1940 incorporado na frota do extremo oriente baseada em Singapura. Fez toda a campanha da segunda guerra mundial no Oriente. Em Janeiro de 1952, transformado no navio escola “Calliope” Desmanchado em 1968.
– A inauguração da estrada Macau-Seac Ki foi a 18 de Março de 1928 por isso esta notícia de 1934 estará relacionada com uma reinauguração após melhoramentos/alargamento da via. Ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/03/16/noticia-de-16-de-marco-de-1928-estrada-macau-seac-kei/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/03/18/noticia-de-18-de-marco-de-1928-a-nova-estrada-macau-seak-kei/

Artigo de C. A. publicado no jornal «A Pátria» (Macau) (1) no dia 16 de Março de 1928 e republicado no «Boletim Geral das Colónias», em Julho desse ano, sobre a Estrada Macau – Seac Kei (2)
NOTA: Um «li» corresponde a 567 m. ou seja 2/3 da milha
(1) “01-12-1925 – A Pátria, jornal diário de Macau, segue desde esta data até 30-VI-1926, com 835 números.” ( SILVA, Beatriz Basto da –  Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997).
Deverá ter havido erro tipográfico: a data de encerramento, não pode ter sido em 1926, pois 835 números, sendo jornal diário, daria até Abril de 1928, o que confirma a data do presente artigo – 16 de Março de 1928.
(2) A Estrada Macau –Seac Kei foi inaugurada no dia 18 de Março de 1928. Ver este acontecimento em anterior referência:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/03/18/noticia-de-18-de-marco-de-1928-a-nova-estrada-macau-seak-kei/

O serviço dos transportes citadinos em auto-ónibus em Macau começou a vigorar desde 1924. Manteve-se ele em regime de livre concorrência até que em 1928 resolveu o Leal senado abrir praça para a sua concessão em exclusivo.
A «Kee Kwan Motor Road Co.» (1) com sede em Macau e proprietária da estrada que mandou construir para ligar a cidade com o território chinês (Seac Kei) (2) ficou com a adjudicação pelo prazo de 10 anos, a contar de Outubro de 1928.
Passados os 10 anos e devido à situação incerta criada pela guerra sino-nipónica, foi o contrato prorrogado temporariamente, acabando por morrer de morte natural durante a Guerra do Pacífico.
Durante esta Guerra, pode-se dizer que paralisaram por completo os serviços de transportes citadinos.
Em 2 de Julho de 1947, em praça aberta ao público, concedia ao Leal Senado o exclusivo de transporte em auto-ónibus a uma nova companhia chamada «Companhia de Auto-Ónibus de Macau». (3) Cumpridas as formalidades legais, foi a respectiva escritura de adjudicação do exclusivo, assinada em 8 de Outubro de 1947, estabelecendo-se que a sua duração seria pelo prazo de seis anos, contados seis meses depois da assinatura do contrato. Em fins de Março de 1948 começaram as novas carreiras (em 1950 tinha cinco itinerários diferentes) custando cada viagem a quantia de 20 avos, por pessoa. A Companhia tinha em 1950 uma frota de 25 viaturas.

autocarro-companhia-de-auto-onibus-de-macau-1950Um autocarro de transporte de passageiros dentro da cidade da Companhia de Auto Ônibus de Macau

A antiga companhia «Kee Kuan» continuou a funcionar, fazendo ligações entre Macau e os territórios chineses circunvizinhos e vice-versa, não se interessando pelas carreiras locais. O Leal Senado autorizou essa situação pelas vantagens para Macau nas suas ligações com os territórios vizinhos, impondo porém, a condição de que os ónibus da «Kee Kuan» não pudessem parar, dentro da área da cidade, fosse para meter fosse para deixar passageiros.
A Companhia pagou, por este privilégio, uma renda anual à Câmara.
(1) A companhia «Kee-Kuan Motor Road C.ª» tinha a sua sede na Rua das Lorchas s/n.
(2) Shiqi / Seac Kei / Sek Kei – ver anteriores referências:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/shiqi-seac-kei-sek-kei/
(3) A companhia «Auto-ónibus de Macau» tinha a sua sede na Rua da Lorcha n.º 43.

No dia 18 de Março de 1928 foi inaugurado a Estrada Macau-Seak Ki (1) com uma imponente procissão segundo os tradicionais costumes chineses, tomando parte nela milhares de pessoas. A procissão veio da aldeia chinesa de Tch´in–Sán (2) a Macau. A inauguração foi feita pelo Governador de Hong Kong, sir Cecil Clementi, (3) Governador de Macau, Artur Tamagnini Barbosa (4) e as autoridades chinesas. Apesar de ainda estar por acabar (só foi inaugurado 1/3) esta via teve eco imediato no movimento de entradas, mais 132.211 do que o ano anterior. (5)
O jornal de Hong Kong «South China Morning Post» noticiava no dia 24 de Março de 1928, a abertura da «moderna estrada entre Macau e “Seak-Kei”», com grande pompa e entusiasmo, porque há muito se fazia sentir a sua oportunidade.
Também se referiu ao mesmo acontecimento, na edição de 20 de Março de 1928 o jornal “Vao-Tze-Iat” igualmente de Hong Kong. (6)

MACAU Jaime do Inso 1929 Est Sei KeiA Estrada para Seac Kei, junto das Portas do Cerco.

Jaime do Inso escrevia em 1929 (7)
Há, de facto, um ressurgimento em Macau, que se acentua e que justifica plenamente o epíteto de «Macau renascente» que há anos lhe foi dado.
Mas de todas as medidas para ressurgimento ultimamente levadas a efeito, a mais importante e que servirá talvez para marcar como que uma nóva éra na vida de Macau, foi a abertura da estrada para Seac-Ki, cuja inauguração se efectuou em 18 de Março de 1928, com grande pompa e regozijo do povo chinês.
Há mais de trezentos anos que Macau vivia como que isolada da china por uma muralha na provisoria fronteira terrestre.
Para além das Portas do Cerco, no istmo da península, ficava a «terra China», agreste e mal servida por uma estrada primitiva, estreito caminho lageado a serpentear por entre um vasto cemitério chinês, onde tudo éra mistério e, por vezes, perigo.
Quando chegamos á colónia, vai para três anos, a nossa guarda de landins quasi que vivia num alerta constante! Do outro lado das portas do Cerco, a algumas dezenas de metros de distancia, os celebres «piquetes», em barracas sórdidas, cobravam impostos a seu belo prazer e de vez em quando, despertavam as sentinelas com tiros isolados.
Hoje, tudo isso acabou; e, em lugar daquele aspecto de pé de guerra, vê-se uma magníficas estrada por onde se caminha livremente, e os nossos africanos, o maior trabalho que teem, é a contagem paciente das pessoas que entram e saem pelas celebres portas…”
(1) Shiqi 石岐  – Seac Kei ou Siac Ki ou Sek Kei ou Shekki;  madarim pinyin:Shíqí; cantonese jyutping:  sek6 kei4.
(2) Qianshan 前山 (também conhecida por Ch´ien-shan), conhecida pelos portugueses por Casa Branca, localidade da cidade de Zhuhai, onde residia um dos mandarins que detinha a jurisdição no território de Macau.
Sir Cecil Clementi(3) Sir Cecil Clementi 金文泰 (mandarim pinyinJīn Wéntài) (1875 – 1947) Governador de Hong Kong de Novembro de 1925 a Maio de 1930.
http://en.wikipedia.org/wiki/Cecil_Clementi
Artur Tamagnini Barbosa(4) Sobre este Governador Artur Tamagnini Barbosa ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/artur-tamagnini-barbosa/
(5) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau.
(6) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4.
(7) INSO, Jaime do – Macau, a mais antiga colónia europeia no extremo oriente.

Neste dia de 12 de Janeiro de 1938 aconteceu um estranho episódio entre o “hidroavião Osprey 71” pertencente ao aviso «Bartolomeu Dias», estacionado em Macau, com aviões japoneses.
Este episódio (creio que pouco conhecido) encontra-se bem relatado (recomendo a leitura) com o título «”Ataque” português a aviões japoneses», no blogue “Aterrem em Portugal de Carlos Guerreiro, de 14 de Fevereiro de 2013, donde retirei as informações que se seguem: (1).
O hidroavião Osprey 71, quando sobrevoava as águas de Macau num teste ao rádio do hidravião, foi “abordado” por seis hidroaviões japoneses, em dois grupos de três, que terão disparado uma rajada de metralhadora.
Este episódio foi presenciado e depois relatado pelo tenente Manuel Antunes Cardoso Barata que se encontrava a bordo do aviso «Bartolomeu Dias».
Inexplicavelmente, após o hidroavião português ter amarrado, quer o piloto, 2º tenente Rodrigo Henriques Silveirinha quer o co-piloto, o 2º tenente Cardoso Dias, disseram não terem apercebido da presença dos aviões japoneses e ainda menos da rajada de metralhadoras.
Dias depois do incidente o comandante Francisco Luiz Rebello era chamado pelo governador do território, Artur Tamagnini Barbosa, para dar satisfações sobre um telegrama que chegara do Ministério das Colónias e onde se dava nota de que o Ministro Japonês em Lisboa tinha apresentado “um protesto contra o facto de o nosso avião ter cometido um acto de hostilidade contra uma esquadrilha de aviões japoneses“.
(1) http://aterrememportugal.blogspot.pt/2013/02/ataque-portugues-avioes-japoneses.html

NOTAS DE OUTRAS NOTÍCIAS RELACIONAS COM A GUERRA SINO-JAPONESA:
1937 – 1945 – 2.º Guerra Sino-Japonesa. Nos primeiros anos desta Guerra, a Cruz Vermelha americana e a Associação Geral Chinesa de Hong Kong, além de auxílio pecuniário, mandaram para Macau géneros (arroz, aveia, trigo, leite condensado) com que a Diocese de Macau acudia a mendigos não só de Macau como do distrito de Chong-Sán (só em Seak-Kei, capital deste distrito, eram sustentados diariamente 17 mil famintos. Fomes e epidemias criam situações de maior miséria. Afluxo desmedido de refugiados a Macau. Mas Macau é, na sua pequenez física e de recursos, terra de Missão e Misericórdia históricas, o oásis desses refugiados, a que somariam outros, empurrados pela presença japonesa em Hong Kong (II GG). A Comissão de Socorro para Chong-Sán, já em 1942, era composta pelos PP. Joaquim Monteiro, Mário Acquistapace, SDB, e Martinho Schneidtberg (TEIXEIRA, Pe. Manuel – Macau Durante a Guerra in SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4)
26-01-1938 – As forças japonesas resolveram retirar-se da Ilha da Montanha (Tái-Uóng-Kám) entregando-a às autoridades chinesas. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau).
1-10-1938 – Ocupação de Cantão pelos japoneses
20-03-1940 – Em consequência da invasão da China pelo Japão foi ocupada a parte da Lapa por nós reivindicada por uma força da nossa polícia. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau).
20-03-1940 – A vertente oriental da Ilha da Lapa é ocupada por uma força portuguesa de 60 polícias em consequência da entrada de tropa japoneses na Lapa. Em litígio com a China e sendo Portugal (e Macau) neutrais, ninguém melhor do eu os portugueses para assegurar frente aos japoneses a posse da ilha. Os habitantes chineses vieram refugiar-se, por isso, na zona defendida pela polícia portuguesa (Cfr periódico A Voz de Macau, de 22 de Março de 1940 e o diário de Hong Kong – South China Morning Post, da mesma data in SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4.

Navegação (entre Macau e portos vizinhos) – Carreiras diárias de manhã e de tarde entre Macau, Hong Kong (que dista 40 milhas para Este) e vice-versa, gastando cerca de 4 horas. Macau-Cantão (1) e vice-versa, carreira diária, gastando cerca de 8 horas e, carreiras diárias de «Tous» ou Lorchas, (2) entre Macau e Kongmun, (3) e Macau e Siacqui, (4) ambas em 8 horas.

Para Kong-Chao-Van, (5) há vapores de pequena cabotagem que fazem carreiras entre os dois portos em 30 horas. De quando em quando, o pôrto de Macau é visitado pelos vapores japoneses e noruegueses de grande cabotagem, que trazem carvão, sal e álcool.

Semanalmente, tocam em Macau os aviões da Pan America Arways Co. , (6) que fazem a viagem de S. Francisco, da Califórnia a Macau com escala por Honolulu, Wake, Guam e Manila. (7)

Mapa de Macau 1951 - Semana do Ultramar Português

(1) Cantão ou Guangzhou (廣州 mandarim pinyin: Guǎngzhō; cantonense jyutping: Gwong2 zau1),  capital e a maior cidade da província de Guangdong. Fica a cêrca de 80 milhas a Norte
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/30/macau-maritimo-i/ 
(3) Kong-Moon, ou Kongmun ou  Jiangmen (江門 – mandarim pinyin: Jiāngmén ; cantonense jyutping:  Gong1 mun4)
(4) Seac Ki ou Shiqi (石岐 – mandarim pinyin: Shíqí ; cantonense jyutping: sek6 kei4) ) antiga capital do distrito,  hoje um distrito urbano no centro da cidade de  Zhongshan (Guangdong).
Segundo Jaime do Inso, em 1929, “Seac-Ki, cidade comercial muito importante e hoje em via de grande desenvolvimento, para onde o trafego é feito por carreiras de “Tous”, grandes embarcações chinesas que navegam a reboque e gastam perto de seis horas apesar da distancia ser só cêrca de 25 milhas. Brevemente Macau estará ligada a Seac Ki por uma ampla estrada, cuja construção já está muito adiantada e que há-de vir a ser de grande valôr para a região”
INSO, Jaime do  – Macau. Escola Tipográfica do Orfanato de Macau, 1929, 152 p.
(5) Kuong-Chau-Van, era colónia francesa e existia um comércio relativamente importante  com Macau – a importação de suínos.
(6)  https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/02/09/inaugura-cao-da-carreira-aerea-macau-s-francisco/
(7) Anuário do Império Colonial Português. Emprêsa do Anuário Comercial, 6.ª edição, 1940, 636 p.

NOTA: O mapa de “MACAU NO DELTA DE CANTÃO” foi retirado de:
REGO, A. Da Silva – Macau e a Semana do Ultramar Português de 1951. Sociedade de Geografia de Lisboa, 1951.

Violento tufão que causou enormes estragos e a perda de inúmeras vidas. Afundou-se, no Porto Exterior, a draga «Peking», bem como muitas embarcações e lanchas no Porto Interior, inclusivamente, a lancha «Praia Grande»; um barco de Seak Kei, (1) em viagem para Macau, naufragou, sendo apenas salvos 120 dos 400 passageiros (2)

Tufão de 1923 IPanorama da cidade de Macau

A “Ilustração Portugueza” (3) relatava:

Segundo informações oficiaes, a nossa lindissima colonia de Macau, foi batida, no dia 18 do mez findo, por um violento tufão que arruiu 82 casas e deixou arruinadas mais de 40, produzindo, alem disso, importantes perdas de vidas. À data das ultimas notícias tinham aparecido no mar 213 cadáveres, ao que parece, de tripulantes de juncos e outras pequenas embarcações indigenas. Da população europeia consta terem perecido apenas duas pessoas.”

Tufão de 1923 II“A que ficaram reduzidos os estaleiros”

Tufão de 1923 III“O porto interior de Macau coalhado de juncos e lorchas, pequenos barcos que sofreram enorme destroço”

Tufão de 1923 IV“A bahia da Praia Grande / Um junco chinez”

Tufão de 1923 V“Estragos causados nas obras do porto”

Tufão de 1923 VI“A Abegoaria Municipal  reduzida a escombros”

Tufão de 1923 VII“Outro aspecto dos escombros da Abegoaria” (4)

(1) 石岐 : mandarim pinyin  shíqí ; cantonense jyutping sek6 kei4 
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p., ISBN 972-8091-11-7
(3) “Macau assolado por um violento tufão” e “O tufão que assolou Macau em 18 de Agosto último” in “Ilustração Portugueza”, 1923.
(4) Abegoaria – lugar próprio para se levar ou resguardar o gado e os utensílios agrícolas (utensílios da lavoura e carroças). Há uma informação de 1909 sobre a instalação da Abegoaria Municipal:
“18-08-1909 – Instalação da Abegoaria Municipal no edifício da antiga cavalariça pertencente ao estado” (2)