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Extraído de «BPMT», XIX-36 de 6 de Setembro de 1873, p. 143

“21-08-1873 – A escuna Príncipe D. Carlos era um navio mercante inglês que fora adquirido em Hong Kong pelo Governador de Macau a fim de substituir a lorcha de guerra Amazona que se encontrava em muito mau estado. (MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, Vol VIII)

21-08-1873 – Em consequência da informação prestada por Bessard, comandante duma canhoneira chinesa, o comandante da escuna Príncipe Carlos, 1.º tenente Vicente Silveira Maciel, foi atacar uma lorcha fundeada um pouco ao norte a escuna que, durante a noite deveria largar do porto de Macau com numerosos piratas, alguns dos quais pertencentes à equipagem da embarcação que apresara próximo de Lintin e uma outra de comércio, depois de terem cometido revoltantes atrocidades. Travou-se combate, conseguindo prender-se 51 piratas, tendo fugido alguns a nado e a coberto da escuridão. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)

Extraído de «Gazeta de Macau e Timor», I- 49 de 26 de Agosto de 1873, p. 2

“Largaram de Macau, no dia 10 de Outubro de 1850, diversas lorchas de guerra sob o comando do guarda-marinha João de Carvalho Ribeiro, para socorrer um navio chinês que se encontrava abandonado na enseada de Tai ho depois de ter sido atacado e saqueado por piratas chineses.

É de presumir que, tendo encontrado o navio, as nossas lorchas o tenham guarnecido e tentado pôr em estado de navegar. No dia 13 apareceu um junco de piratas provavelmente o que o tinha atacado, com o qual as lorchas se bateram durante várias horas, acabando por o obrigar a render-se. Levado para Macau, esse junco foi integrado na marinha privativa da colónia. Não diz o cronista o que aconteceu ao navio inglês. Poder-se-á supor que tenha sido entregue aos Ingleses que se achavam instalados em Hong Kong desde 1841.” (1)

MAPA DE HONG KONG com a ILHA DE LANTAU, assinalado no mapa a vermelho a ilha de Tai O (大澳) na baía de Tai Ho Wan (大蠔灣) (2)

Em 1855, Os ingleses e americanos (primeira colaboração anglo-americana) travaram uma das últimas batalhas conhecida como “ Battle of Ty-ho Bay” contra uma armada de piratas chineses (36 juncos armados) (2)

Um modelo dum junco pirata armado com oito canhões  (2)

NOTA: Recorda-se que a Estação Naval de Macau, em 10-09-1850, se compunha da fragata D. Maria II, da corveta Iris e da corveta D. João, tendo os três navios 559 praças de guarnição (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 122)

Outro facto de consequências trágicas ocorrido neste Mês de Outubro de 1850 (dia 29,) foi a horrível explosão que destruiu a fragata D. Maria II, ancorada na Taipa, perecendo 188 dos 224 tripulantes, incluindo o Comandante J. de Assis e Silva. Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fragata-d-maria-ii/

(1) MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, Vol VIII, p. 103 Tem um mapa do local, p. 102

(2)  https://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Ty-ho_Bay https://en.wikipedia.org/wiki/Tai_O

09-09-1607Tentativa holandesa para atacar e tomar Macau: oito navios holandeses, o “Orange” (capitânea), o “Maurício”, o “Erasmo”, o “Eunhice”, o “Delft”, o “Pequeno Sol”, o “Pombinha” e um iate, com uma tripulação de 551 homens e comandados pelo almirante Cornelis Matelieff, foram escorraçados das águas de Macau, por seis navios portugueses, tendo o inimigo perdido uma das naus e o iate” (1). “Assim se gorou a tentativa de impedir a largada da Nau do Trato para Nagasaqui” (2) (3) (4)

“Mauritius”, desenho de Hendrick Cornelisz em 1600
https://en.wikipedia.org/wiki/Cornelis_Matelief_de_Jonge

Na verdade nesse dia não houve batalha naval e explica-se pelo seguinte:
O almirante Cornelis Matelieff de Jonge (5) e a sua armada chegaram ao rio das Pérolas no dia 28 de Agosto de 1607, fundeando ao largo onde pudesse avistar a cidade de Macau, O capitão aguardou pela resposta a uma carta que enviou ao Mandarim de Cantão solicitando-lhe autorização para se dirigir para lá com os seus navios. Mas este (muito possivelmente subornados pelos portugueses) não lhe respondeu. No dia 9 de Setembro os seis navios de alto bordo portugueses acompanhados por três fustas (6) navegaram em direcção à armada holandesa e aguardando ventos mais favoráveis para atacar. Ao amanhecer do dia 10 de Setembro, o “Eendracht” encalhou e o “Erasmus” acorreu em seu auxílio para não ser assaltado pelos fustas portugueses. Como não foi possível desencalhar o “Eendracht”, Matelieff deu ordem para que fossem retiradas dele a artilharia e a guarnição e provavelmente para que fosse queimado. Nessa noite devido à inferioridade numérica da armada holandesa e o facto de os navios holandeses já terem a bordo carga valiosa, o capitão decidiu não dar combate aos portugueses, tenho partido no dia seguinte. Ainda foram perseguidos pela armada portuguesa que desistiu da perseguição nos dia 12, já que os galeões portugueses tinham menor velocidade e menor capacidade para bolinar. (7)
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) PIRES, Benjamin. V.- Taprobana mais além… presenças de Portugal na Ásia, 1995. p. 234,  in SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 67.
(3) Saturnino Monteiro tem outra opinião: “Naquela cidade (Macau) estava, nessa altura, preparando-se para seguir para o Japão, a nau de André Pessoa, que ali tinha chegado acompanhada por cinco dos galeões que haviam combatido com os holandeses em Pulo Butum. É de supor que, por intermédio de navios vindos de Chinchéu, os portugueses tenham sido informados da presença da armada holandesa no estreito da Formosa, o que os levou de imediato a sustar a saída da nau, que, por este facto, acabou por deixar a monção, ficando sem efeito a viagem ao Japão.“
MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa Volume V (1604-1625), 1994.
(4) Foi a 3.ª tentativa dos holandeses invadirem Macau após os primeiros navios holandeses terem aparecidos na costa de Macau em 1599: a 1.ª tentativa foi em 27 de Setembro de 1601; a 2.ª em 30 de Julho de 1603 e a 3:º em Setembro de 1607. Em 1609, os holandeses tomam parte de Ceilão e estabelecem a primeira feitoria no Japão e em, 1610, devida à intriga holandesa, dá-se o fim do comércio de Macau com o Japão, embora o corte não fosse definitivo. Há uma nota datada de 1620:
28-07-1620 – Foi atacado por holandeses o patacho S. Bartolomeu, capitaneado por Jorge da Silva, quando seguia na sua viagem para o Japão. Os negociantes que iam nela prometeram construir uma ermida a Nossa Senhora da Penha de França, no caso de saírem salvos do ataque, promessa que cumpriram, entregando a sua oferta ao prior do Convento dos Agostinhos, Simão de Santo António e ao Procurador do mesmo Convento, Fr. Aurélio Coreto”. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 1, 1997).

Retrato de Cornelis Matelief de Jonge, pintura de Pieter van der Werff, c. 1700
Propriedade de Rijksmuseum

(5) Cornelis Matelieff de Jonge,(1569-1632) almirante holandês ao serviço da “Companhia Holandesa das Índias Orientais” (formada em 1602, dois anos depois da formação da “Companhia Inglesa das Índias Orientais” com o objectivo de conquistar supremacia face a ouros países europeus da rota comercial com o Oriente.), recebeu instruções de conquistar Malaca aos portugueses, mas a armada de Matelieff foi afugentada do estreito de Malaca pela esquadra do vice-rei D. Martim Afonso entre 17 a 24 de Agosto de 1606 (Batalha do Cabo Rachado). Mas por um erro estratégico do vice-rei (divisão da armada em duas esquadras) entre 27 a 28 de Outubro de 1606, deu-se a Batalha da Ilha das Naus, uma das mais importantes da História marítima portuguesa (marca a decadência de Portugal como a grande potência naval no Oriente) em que a armada holandesa impôs uma severa derrota aos portugueses.. Posteriormente, de 8 a 13 de Dezembro de 1606, deu-se a Batalha de Pulo Butum em que a esquadra de D. Álvaro de Meneses derrotou Matelieff, repondo o equilíbrio naval existente na altura.
MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa Volume V (1604-1625), 1994.

A armada de Matelieff, desembarcando tropas em Malaca, em 1606
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cornelis_Matelieff_de_Jonge

(6) Embarcação comprida, de fundo chato, de vela e remos, de um ou dois mastros.
(7) “Setembro de 1607. — O Almirante Cornélio Metelieff tinha partido para ir soccorrer Ternate em 3 de Maio de 1607 com uma frota de oito navios; o Orange (capitanea), o Mauricio, o Erasmo, o Enchuise, o Delft, o Pequeno Sol, o Pombinho, e um hiate — com uma tripulação de 5 5 1 homens, sendo 4S1 brancos e 50 negros. Depois de ter estado,sem conseguir grande cousa, em Tidore e em Ternate, e construído com grande difficuldade um forte n’este ultimo logar, seguiu MateliefF para os mares da China em 29 de Junho do mesmo anno de 1607.
Não é meu propósito dar conta do que aconteceu n’esta viagem, porque brevemente a transcreverei n’estes Annaes, devidamente traduzida. E, por isso, basta indicar, por agora, que Metelieff chegou a 28 de Agosto ao rio de Cantão, e que, depois de longas negociações com os mandarins, que o cançaram com os costumados subterfúgios e lentidões desesperadoras da diplomacia chineza, teve em 9 de Setembro seguinte de fazer frente a 6 navios portuguezes sahidos de Macau.
Estavam os hollandezes fundeados junto á ilha de Lenteng-Van ou Lin-Tin. Fez o almirante falia aos marinheiros e preparou-se para o combate. Mas isso não impediu que a frota holandeza fugisse vergonhosamente de vir ás mãos com os portuguezes até que, no dia 12, se afastaram das aguas de Macau, depois de terem perdido um navio, o vacht que acompanhava a esquadra, e que foi mettido no fundo pelos próprios hollandezes, segundo diz a narrativa por elles feita. Com mais alguma determinação da parte dos portuguezes, os tres grandes navios ficariam prisioneiros e poderiam os nossos entrar em Macau com mais esse tropheu de victoria alcançada contra esses corsários que nunca conseguiram apoderar-se da cidade do Santo Nome de Deus em todas as repetidas tentativas que para isso fizeram.
Hollandezes contra Macau”Ta Ssi Yang Kuo Archivos E Annaes Do Extremo Oriente Portuguez 1899-1900 Série I – Vols. I e II, edição 1984, pp. 255-256.

Em princípios de 1854, andava na costa da China nas imediações da cidade de Neng-Pó (Ningbo-寧波) (1) onde tinha a sua base, um pirata chamado Apak, que gozava de impunidade absoluta pois os mandarins nada podiam (ou não queriam pois toleravam a situação mediante a irresistível peita) fazer perante uma esquadra constituída por um junco Haipó (barco caranguejo) de grandes dimensões, armado com 32 peças (2) e por outras seis velozes taumões (T´au mang – cabeça violenta – barco com 3 mastros para transporte de carga) mais pequenos e tripulados por aguerridos piratas. A esquadra surpreendia desprevenidamente no alto mar e longe da terra os juncos mercantes cumulados de valiosas fazendas ou aqueles como as lorchas mercantes portuguesas de Macau que transportavam carregamentos mais preciosos.
Para evitar os constantes ataques e pilhagens com prejuízos à navegação e ao comércio de Macau, o Governador de Macau, Isidoro Francisco Guimarães mandou a corveta D. João I, (3) partir de Macau, em 14 de Maio de 1854, com destino ao porto de Neng Pó, fazendo escala por Hong Kong e Amoy. Entrou em Hong Kong no dia seguinte e largou a 17 para Amoy.
Fundeou diante da cidade de Neng Pó a 22 de Junho. Dois dias depois da chegada, o comandante e os restantes oficiais envergando uniforme de gala apresentaram cumprimentos ao Tau-tai (mandarim de Neng Pó), visita que foi retribuída, no dia 28 sendo, nessa ocasião, a autoridade chinesa saudada, tanto à entrada como a saída da corveta, com uma salva de três tiros, de conformidade com a pragmática do país.
E quatro dias mais tarde, tiveram início as negociações com as autoridades locais (acompanhava a delegação macaense, o sinólogo macaense João Rodrigues Gonçalves) pois a missão do comandante Craveiro Lopes era exigir das autoridades competentes uma satisfação oficial e se possível uma adequada indemnização pecuniária pelos danos causados ao comércio português, negociações essas que falharam quanto à indemnização pedida.
A 6 de Julho, a corveta fundeou na boca de um afluente do rio Iông (4), entre Neng Pó e Com-Po, onde estavam os barcos dos piratas, alinhados junto à terra. Juntou-se à corveta, dezanove lorchas de Macau que já se encontravam em Neng Po.
Ao amanhecer do dia 10 um taumão tentou evadir-se saindo do rio sendo impedido. Pelas 9.00 hora tendo recebido um oficio do vice-cônsul inglês, que foi informado pelo da decisão portuguesa de responder a qualquer represália,  o comandante da corveta capitão-de-fragata Carlos Craveiro Lopes (5) reuniu o conselho de oficiais, ficando resolvido fazer-se fogo contra os barcos piratas, no caso deles continuarem a não obedecer às suas intimações. Pelas 11 horas silvou uma bala por entre os mastros da corveta, tendo Craveiro Lopes içado a bandeira nacional no tope do mastro da gata da corveta – sinal combinado com as 19 lorchas para romper o fogo – e consequentemente lançaram ferro e fogo sobre os taumões estabelecendo o pânico entre os piratas que abandonaram precipitamente os seus barcos, deixando além dos estragos, os mortos e feridos. As equipagens da corveta e das lorchas devidamente armadas, não perderam tempo em se meterem nos seus escaleres, para se lançarem à abordagem dos taumões que se encontravam sem viva alma mas atestados de riquíssimo despojos – uma enorme quantidade e variedade de armas brancas e de fogo, caixas de bolas de ópio, riquíssimas cabaias de delicadíssimo brocado, muito delas bordadas a primor, figuras de marfim, barro e madeira, charões, vasos, porcelana, (“sendo tudo escaqueirado”, segundo Padre Teixeira). A artilharia foi recolhida a bordo da corveta, excepto aquela que era demasiado grande e pesada, que foi lançado ao mar.
Seis dos juncos dos piratas encontravam-se em mau estado pelo que Craveiro Lopes resolveu mandá-los afundar no próprio local depois de terem sido inutilizadas as peças A este combate puseram os marinheiros portugueses o nome de «combate das cabaias»
As negociações com as autoridades chinesas continuaram até finais de Julho, acabando aquela por satisfazer toas as exigências incluindo o pagamento de uma indeminização de 3 000 pesos. No dia 11 de Agosto foram afixados editais por parte do Governo da China e do Cônsul Português em Neng Po, Francisco Marques, com as declarações que a questão com os portugueses se achava terminada e que entre as duas Nações continuavam a existir as antigas relações de comércio e amizade.
Todos os membros da guarnição na corveta tiveram direito ao seguinte averbamento nas suas notas de assentamento «Ataque e aprisionamento pela corveta D. João I das forças navais do pirata Apak, no rio Yung-Kiong, em 10 de Julho de 1854»
(1) Neng Pó ou Ning Pó actual Ningbo (寧波) (Meng-Tchau como era conhecida na dinastia Meng) e o Porto de Neng Po, (Port of Ningbo-Zhoushan 宁波舟山港) ficam na Província de Zhejiang (Chekiam / Tchit-Kóng), no norte da China. Para o norte, a baía de Hangzhou separa Ningbo de Xangai; a leste fica Zhoushan no Mar da China Oriental; no oeste e no sul, Ningbo faz fronteira com Shaoxing e Taizhou, respectivamente.
A cidade de Ningpo foi identificada, erradamente, como a famosa Liampó citada por Fernão Mendes Pinto e João de Barros No entanto, hoje, segundo investigadores, identifica Liampó com a actual Zhenhai (鎮海 – Tchân-Hói), na embocadura do rio Iông (Yung) – um distrito municipal em Ningpo.
Ver:
https://en.wikipedia.org/wiki/Ningbo
https://en.wikipedia.org/wiki/Zhenhai_District
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/11/04/noticia-de-4-de-novembro-de-1843-conferencia-luso-chinesa-em-cantao/
(2) Algumas das peças faziam parte do armamento da malograda fragata D. Maria II, que no dia 19 de Outubro de 1850, teve uma explosão na Ilha da Taipa.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fragata-d-maria-ii/
(3) A corveta D. João I largou de Lisboa a 6 de Outubro de 1853 sob o comando do capitão-de-fragata Carlos Craveiro Lopes para a segunda comissão na estação naval de Macau, fazendo escala pelo Cabo de Boa Esperança e Timor. Veio como imediato do navio o 1.º tenente Joaquim de Fraga Pery de Linde e faziam quartos os tenentes Zeferino Teixeira, João António da Silva Costa, José Maria da Fonseca e João Eduardo Scarnichia. O médico era Faustino José Cabral.
Ver anterior referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/04/20/leitura-a-corveta-d-joao-i-e-o-ultramar-portugues/
4) Rio Yong – 甬江, um dos principais rios da China localizado em Ningbo. Formado pela convergência de dois rios rio Fenghua e rio Yao.
(5) Carlos Craveiro Lopes (1807 – 1865) militar português.. Ver biografia em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Craveiro_Lopes
Informações recolhidas de
GOMES, Luís Gonzaga – Páginas da História de Macau, 2010.
MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, Vol VIII (1808-1975), 1997, pp 109-110.
TEIXEIRA, Mons. Manuel – Marinheiros Ilustres Relacionados com Macau, 1988, p.91.

Março de 1858 – o Brigue Mondego (1) que voltara a Macau sob o comando do primeiro-tenente José Severo Tavares, (2) travou combate com vários juncos de um pirata chinês que pouco tempo antes tinha apresado duas lorchas de guerra portuguesas. Em resultado desse combate, as duas lorchas foram recuperadas e foi tomado um dos juncos do pirata armado com 15 peças e guarnecido com 50 homens”.(3)
(1) “O brigue Mondego, de 20 peças, foi construído no Arsenal da Marinha pelo construtor Joaquim Jesuíno da Costa e lançado à água em 28 de Outubro de 1844. A quilha foi posta em 4 de Abril do mesmo ano. Também aparece como navio de 14 peças (a notícia do jornal americano, refere 10 peças ) (4). A lotação era de 130 homens…(…)
Chegou a Macau em Maio de 1952 tendo em Julho largado para Timor conduzindo o novo Governador Capitão D. Manuel de Saldanha da Gama… (…)
Desde 1855, passou a servir na Estação Naval de Macau. Em Outubro de 1856, largou para Hong-Kong com o Governador de Macau (Isidoro Francisco Guimarães). Em Julho do ano seguinte, saiu em cruzeiro para a costa da China e, em Maio, visitou vários portos da China. Em Janeiro de 1859, largou para Sião e conduziu o Governador de Macau. Em Dezembro do mesmo ano, partiu de Macau com destino a Lisboa. Reparou em Singapura, tendo o construtor naval assegurado que o navio podia empreender sem receio a sua viagem para a Europa. Partiu em 20 de Dezembro desse ano. Durante a travessia o navio sofreu graves avarias conservando-se à tona com grandes dificuldades. Tendo avistado a galera americana “Uriel”, de Boston, pediu socorro. Da galera prontificaram-se a recolher o pessoal, com extrema dificuldade, em consequência do grande mar. Durante a faina de salvamento, o Mondego afundou-se com os seus 40 tripulantes. O total de sobreviventes foi de 66 e o de falecidos 44. Os náufragos do Mondego chegaram a Lisboa em 26 de Abril de 1860.
https://arquivohistorico.marinha.pt/details?id=925
Há outra descrição do brigue Mondego, a propósito da biografia de José Feliciano de Castilho (1838 – 1864) que recebeu a mercê de cavaleiro da antiga Ordem de Torre e Espada (decreto de 26 de Abril de 1864, por proposta do ministro da Marinha, então José da Silva Mendes Leal) pelos feitos heróicos praticados no naufrágio do brigue Mondego.
http://www.arqnet.pt/dicionario/castilhojosef2.html
(2) Acção Naval de Março de 1858:
“Perto de Macau, o Brigue «Mondego» (1.º ten. José Severo Tavares), realizou uma importante operação contra os piratas, actuando naqueles mares, com óptimos resultados, como se pode
Portaria, publicada na Ordem da Armada n.º 386/1858:
«Havendo sido presente a Sua Magestade El-Rei o Officio datado de 27 de Março ultimo, em que o Primeiro Tenente da Armada José Severo Tavares, Commandante do Brigue Mondego, dando conta da maneira por que tem desempenhado a commissão de que se acha encarregado nos mares da China, participa ter retomado as Lorchas portuguezas n.os 52 e 77, e apprehendido um Tan-mau pirata, montando estas embarcações quinze bôcas de fogo de differentes calibres, e encontrando-se a seu bordo bastante mantimento e munições de guerra, e cincoenta individuos que ficaram presioneiros; e bem assim elogia os Officiaes e praças da guarnição do dito brigue pelo seu procedimento néssa occasião: Ordena Sua Magestade, que pela Majoria General da Armada sejam louvados em seu Real Nome o Commandante, Officiaes e mais tripulação do referido Brigue, pelos bons serviços que prestaram. O que, pela Secretaria dÉstado dos Negocios da Marinha e do Ultramar, se communica á mesma Majoria General para os devidos effeitos.
Paço, em 30 de Junho de 1858. –Sá da Bandeira.”
http://www.library.gov.mo/macreturn/DATA/PP159/PP1592079.HTM
http://www.library.gov.mo/macreturn/DATA/PP159/PP1592080.HTM
(3) MONTEIRO, Saturnino – Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, Vol VIII, p. 112
Sacramento Daily, 1850 - Brigue Mondego(4) Notícia publicada no jornal “Sacramento Daily Union, Volume 19, Number 2871, 8 June 1860″: as graves avarias sofridas pelo brigue, foram devidas a um ciclone ou violenta tempestade que durou de 18 a 24 de Janeiro de 1860. Segundo o mesmo relato Oficiais e 55 homens da tripulação foram desembarcados nas Maurícias a 30 de Janeiro.
http://cdnc.ucr.edu/cgi-bin/cdnc?a=d&d=SDU18600608.2.13
Referência anterior do brigue Mondego:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/brigue-mondego/