Archives for posts with tag: Santa Catarina de Sena

Continuação da publicação dos postais de Macau digitalizados do «Jornal Único» de 1898 (1)
NOTA:Os chichés das vistas photographicoas foram tirados pelo photographo amador Carlos Cabral. Todos os trabalhos respeitantes a este «Jornal Único» foram executados em Macau

Leal SenadoExtractos do artigo publicado neste jornal: “O Edifício do Leal Senado” de António Joaquim. Basto.

Porta do Cerco

Extractos do artigo publicado neste jornal: “A Porta do Cerco” de Artur Tamagnini da Motta Barbosa.

1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jornal-unico/
http://purl.pt/32511/3/html/index.html#/1

Hoje, dia 23 de Agosto celebra-se a festa litúrgica de Santa Rosa de Lima. Amanhã dia 24, do ano de 1617, (precisamente 400 anos ) assinala a morte de Isabel Flores y Oliva, que ficou conhecida como Santa Rosa de Lima, mística da Ordem Terceira Dominicana,canonizada pelo Papa Clemente X em 1671 e a primeira santa nativa da América e padroeira do Peru. (1)

Painel numa coluna á entrada da Catedral Metropolitana de Buenos Aires, tirada em 2016

Em Macau, desde cedo o nome de Santa Rosa de Lima ficou ligada à educação principalmente para órfãs e meninas.
1.º Havia o Recolhimento de Santa Casa da Misericórdia cuja primeira referência aparece num termo do Senado de 26 de Dezembro de 1718 em que atribuía a este Recolhimento a sustentação das Meninas orphaans filhas de Portuguezes , q com o beneplácito do Procurador e mais Irmãons da casa, se fará nella hum recolhimento co mais huma S.ª grave p.r Mestra das Orphaans”
O Recolhimento foi fundado em 1726 sendo provedor de Santa Casa António Carneiro de Alcáçova; foi aprovado por João de Saldanha da Gama, vice-rei da Índia, “com a clausula de que haverá no d.º Recolhimento uma Mestra, que possa ensinar às Orfas as artes de que necessita uma mulher para governar a casa.”
Em 1737, a Santa Casa fechou o Recolhimento por falta de dinheiro. Em 1792, foi fundado por D. Marcelino José da Silva, bispo de Macau (1789-1808) um Recolhimento ou casa de educação para meninas órfãs”. Mais tarde esta Casa tomou o nome de Recolhimento de Santa Rosa de Lima. Em 1848, foi instalado na Casa das 16 colunas (posteriormente Instituto Salesiano) sob a direcção das filhas da Caridade de S. Vicente de Paulo, que no ano seguinte o transferiram para o extinto Convento de S. Agostinho; dali passou para o Mosteiro de S. Clara em 1857; mas em 1865, essas Irmãs saíram de Macau.
Em 1875 o governador José Maria Lobo d´Avila (portaria n.º 23 de 18-02-1875) determinou o seguinte: “ Tendo sua Majestade por decreto de 2 de Outubro de 1856 anexado o recolhimento de Santa Casa Rosa de Lima ao Mosteiro de Santa Clara, a fim de poder ali crear-se uma casa d´educação para o sexo feminino…(…)… Attendendo  a que é de toda a conveniência o acabar o estado excepcional em que ficou o recolhimento de Santa Rosa de Lima depois da extinção de mosteiro de Santa Clara, devendo segundo a letra do supracitado decreto crearse ali uma casa d´educação para o sexo feminino. “

Colégio de Santa Rosa de Lima anexo ao antigo Convento de Santa Clara em 1956

A direcção e administração directa do Colégio era exercida por uma comissão, mas a inspecção ficava a cargo do governo. O presidente era um prelado diocesano, sendo vice-presidente o juiz de direito, e os restantes membros: dois cidadãos nomeados pelo governador (sendo um deles tesoureiro) e um capelão que servia de secretário.
O ensino ministrado nesse colégio era o elementar, ou instrução secundária que compreendia: línguas, portuguesa, francesa e inglesa; história sagrada; desenho; música de canto e piano; educação física; higiene e economia doméstica.
A pedido do bispo D. António Joaquim de Medeiros ( bispo de 1884-1897),  as Irmãs Canossianas (Filhas Canossianas da Caridade) tomaram conta desse Colégio em 1889, dirigindo-o até 1903.
Em 17 de Novembro de 1903, as Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria que haviam instalados em Macau, no Mosteiro de Santa Clara, em 1903 e começaram a desenvolver trabalho missionário ligado ao ensino passaram também a dirigir o Colégio por ordem do bispo D. João Paulino de Azevedo e Castro (bispo de 1902-1918). Ambos os edifícios lhes foram cedidos pelo Governo juntamente com os bens do antigo Mosteiro e do antigo Recolhimento de Santa Rosa de Lima.
As Irmãs que chegaram a 27-1-1903 eram as seguintes:
Benedicta de S. Joaquim, Superiora (moreu em Tsingtao, 15-11-1921)
Leona du Sacre Coeur (moreu em Macau, 16-03-1956)
Antoine de Brive (moreu em Chefoo)
Edeltrud (morreu  em Macau)
Ambrosina (morreu em Macau, Fevereiro de 1953)
Zélia (morreu  em França)
Mais tarde chegaram as Irmãs Clotilde, M. da Apresentação, M. Chiara, M. Leónia e M. Dismas.
A 30 de Novembro de 1910, (I República Portuguesa) o Governo ordenou a saída das Franciscanas (o Colégio, nesse ano, tinha 130 alunas de diferentes nacionalidades, sendo muitas delas internas) e a escola foi confiada a pessoal leigo a 7 de Janeiro de 1911, ficando reduzida a 40 alunas.(2)
As Franciscanas só voltaram a dirigir o Colégio em 1932.

Pormenor do mesmo painel (2016)

(1) Rosa de Lima (1586 – 1617), nome de baptismo: Isabel Flores y Oliva, beatificada a 15 de abril de 1668 por Papa Clemente IX e canonizada a 2 de abril de 1671, por Papa Clemente X. A Festa litúrgica é no dia 23 de agosto (Calendário Romano) embora seja comemorada a 30 de agosto em Peru. É também padroeira das Filipinas.
Santa Rosa de Lima era muita devota de Santa Catarina de Sena, um dos padroeiros de Macau (declarado pela Vereação do Senado a 2 de Maio de 1646)  e venerada na Igreja de S. Domingos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rosa_de_Lima
(2) TEIXEIRA, Padre Manuel – A Educação em Macau, 1982.
Ver mais informações sobre o Recolhimento e Colégio de Santa Rosa de Lima em anteriores postagens:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/colegio-de-santa-rosa-de-lima/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/casas-de-recolhimento-de-santa-rosa-de-lima/

 25 de Março de 1347 – data de nascimento de Santa Catarina de Siena (1)

Muitos conhecem o padroeiro de Macau: S. João Baptista, mas poucos sabem que Macau tem quatro padroeiros: S. João Baptista, a N. Sra. da Conceição, S. Francisco Xavier e Santa Catarina de Sena. (2)

Sta Catarina de Sena

Foi em 1646 que a Cidade de Macau escolheu Sta. Catarina de Sena para sua Padroeira.  Nada menos de 47 dos mais honrados e ilustres cidadãos  desta terra, entre os quais os Mordomos de Sta. Catarina, dirigiram nesse ano, ao Senado um requerimento, pouco dias antes da sua festa que ocorre no dia 22 de Abril, pedindo que ela fosse declarada Padroeira pelas seguintes razões:
«Agora  que insta a solenidade a festa gloriosíssima Santa Virgem…como era este povo falto de tudo humano nas extremas calamidades e misérias que padece , esperam eles suplicantes em Deus Nosso Senhor ser socorridos da sua Misericórdia, por intercessão desta gloriosíssima Santa, como também esperam no mesmo Senhor  que por meio dela se consiga a paz civil deste povo, de que a gloriosa Santa é poarticular advogada e Padroeira, pois ela tratou da Igreja católica, quando ardia em cismas de anti-papas em tempo de Urbano VI, ela a que trabalhou pela paz dos Florentinos, que com o Papa Gregório II estavam desavindos, ela finalmente que compôs a dissensão civil do Povo Senense» (3)
Atendendo a este pedido, o Senado de Macau, na Vereação de 2 de Maio de 1646, declarou que:
«visto o que dita a petição alegava e o estado miserável, em que esta terra estava, (4)  que era coisa mui acertada que se tomasse como de hoje para todo sempre se tomou, por Patrona desta cidade e gloriosa Sta. Catarina de Sena, para que, como tão mimosa de Deus Nosso Senhor, alcance de sua Divina Majestade se apiade desta sua cidade, pondo nela seus Divinos olhos de Misericórdia, dando-nos nela muita paz, união e concórdia»
NOTA : na “Cronologia” da Dra. Beatriz Basto da Silva (5) (7) existem as seguintes referências:
1836 – A capela do Salão Nobre do Leal Senado é dada como de invocação de N.ª S.ª da Conceição, por Ljungstedt. Luís Gonzaga Gomes indica  a anterior invocação a Sta. Catarina de Sena. A Embaixada mártir – 1597 – tomou Sta. Catarina de Sena  como Padroeira dos moradores e embaixadores de Macau ao Japão. Um termo do Senado, com data de 2 de Maio de 1646 apresenta «Termo de como se tomou por Patrona desta cidade a glorioza Virgem Sta. Catarina de Senna»”
“02-06-1940 – Foi inaugurado no edifício do Leal Senado, depois de devidamente restaurado e benzida, a capela dedicada a Santa Catarina de Sena que, noutros tempos, era destinada ao serviço divino, antes de cada sessão. O restauro deve-se ao Engº Valente de Carvalho”

Padre Teixeira na obra citada (3) apresenta foto da capela privativa, encravada no corpo do Salão Nobre do Leal Senado, com a imagem da Imaculada Conceição (Nossa Senhora da Conceição)

(1) Catarina Benincasa  (Siena, 25 de Março de 1347 – Roma, 29 de Abril de 1380), leiga da Ordem Terceira de São Domingos, venerada como Santa Catarina de Siena/Sena na Igreja Católica, canonizada em 1461 pelo Papa Pio II. Doutora da igreja desde 1968 pelo Papa Paulo VI. É Padroeira dos Meios de Comunicação, da Itália (desde 1939) e da Europa. A data do seu nascimento é alvo de controvérsia
(2) “Em 1647, o Senado determinou que todos os oficiais do mesmo Senado se confessassem e comungassem nas festas anuais destes Padroeiros nas igrejas em que elas se celebrassem:  N. Sra. da Conceição em S. Francisco, S. João na Sé, S. Francisco Xavier em S. Paulo e Santa Catarina de Sena em S. Domingos” (3)
(3) TEIXEIRA, P. Manuel – O Leal Senado. Edição do Leal Senado de Macau, s/ data, 24 p.
(4) “O estado miserável da cidade” refere-se às consequências do domínio filipino pois após a Restauração de Portugal em 1640, Macau que já tinha perdido o comércio do Japão, em 1639, perde também o comércio espanhol das Filipinas. Pede-se também, “paz”  porque a sociedade macaense encontrava-se nesse ano muito dividida com desordens, culminando com o assassinato do Governador, D. Diogo Coutinho Docém em 1647. (6)
(5) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Século XIX, Volume 3. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1995, 467 p (ISBN 972-8091-10-9)
(6) 25-06-1646 – Nomeado D. Diogo Coutinho Docém, capitão-geral no governo de Macau”
“1647-1650 – Tendo sido assassinado o anterior governador (caso único), passa a governador D. João Pereira, porque D. Braz Coutinho, nomeado para tal, se recusa
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Séculos XVI-XVII, Volume 1. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 198 p (ISBN 972-8091-08-7)
(7) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)