Archives for posts with tag: San Kiu (新桥)

Extraído de «BPMT», XIV – 46 de 16 de Novembro de 1868, p. 211

Extraído de “O Solitário na China”, I-7 de 10 de Novembro de 1845

«O Solitário na China», semanário, foi publicado entre 29-09-1845 e 18-12-1845 sendo propriedade de Manuel Maria Dias Pegado (1), que era também seu redator.

Anteriores referências a San Kiu:  https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/san-kiu/

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/manuel-maria-dias-pegado/

Extraído de «BGM», IX- 42 de 21 de Setembro de 1863, p. 172

A Rua da Barca começa na Estrada de Adolfo Loureiro junto da Rua de Francisco Xavier Pereira e termina na Rua de João de Araújo, em frente da Rua da Pedra.

Luís Gonzaga Gomes escreveu em 18-05-1942 (1) o seguinte:   “Mas qual será a origem toponímica desta extravagante nomenclatura em sítio onde não existem vestígios de ponte (Travessa da Ponte Nova) ou de barcas (Rua da Barca). A necessidade de conquistar o terreno por meio de expropriações e de aterros, para construção de novas e espaçosas vias, e o consequente aformoseamento da cidade fizeram desparecer o que havia de mais pitoresco em certos lugares tipicamente chineses cuja existência é, no entanto, ainda recordada nos nomes por que são designadas certas ruas. Ora, uma das áreas consideradas das mais perigosas para a saúde da população da cidade era a que ficava em volta do Templo de Lin K´ai. (蓮溪廟). (2) É ela conhecida pelo nome de Sân- K´iu  (新桥) que significa – Ponte Nova – e um das ruas que serve esta zona é denominada Tôu- Sun-Kái, (渡船街) isto é, a Rua dos Tôu, ou das Barcas.

Se pudéssemos voltar algumas dezenas de anos atrás, isto é, antes da drenagem e do aterro desta zona, teríamos visto na realidade uma ponte de pedra, colocada entre as actuais ruas de João de Araújo e da Pedra. Esta última, chamava-se assim porque era ali que vivia um grupo de operários chineses dos mais pobres, cujo mister consistia no trabalho de lapidação de blocos de granito, utilizados em obras de cantaria ou na de pavimentação de lajeados. Quanto à ponte, foi esta primitivamente construída com bambus, mas como este material se deteriorava, obrigando a constantes reparações, substituíram-na mais tarde, por uma de pedra, custeada a expensas dos moradores do referido bairro. A ponte era imprescindível porque sem ela não lhes seria possível ir até ao Templo de Lin- K´âi venerar as divindades da sua devoção, visto o local onde se encontravam edificada tal casa de culto estar separada da outra margem por um riachozinho. (Regato de lótus)

Esta derivação do braço do delta que banha o Porto Interior, entrava na zona de Sân- k´iu nas alturas do edifício onde funcionou o Cinema U-Lók (娛樂) e, serpeando até ao templo onde formava um largo charco, seguia depois em direcção à antiga aldeia de Mong Há, através das ruas da Barca e da Ressurreição, para ir ligar – se outra vez ao delta, depois de ter regado com as suas barrentas águas a entrada do convento budista de P´ôu Tchâi-Sim-Un (普濟禪院) .(3)

Como a ponte não bastasse para o grande movimento das pessoas que por ela diariamente transitavam, muitos moradores deste bairro, para entrar na cidade, tinham de fazer a travessia do riacho em tán-ká (tancá) que nesse tempo costumavam varar em grande número nas duas margens. Ora, nessa época as estâncias de madeira e os estaleiros chineses estavam também instalados nesse local e, como ainda não existiam barcos a vapor, foi esse o período da sua maior prosperidade. Por isso, inúmeros tôu da navegação costeira entravam constantemente nesses estaleiros a fim de sofrerem as beneficiações de que careciam para o prosseguimento das suas viagens. Os chineses passaram então a chamar Tôu-Sun-Kái à rua que servia esses estabelecimentos e este nome passou para o português na sua tradução da Rua da Barca.” (1)

(1) GOMES, Luís Gonzaga – Curiosidades de Macau Antigo. ICM, 1996, ISBN-972-35-0220-8, pp. 41/42

(2) Templo Lin Kai  (蓮溪廟), na Travessa da Corda n.ºs 25-31 está  situado ao lado do Cinema Alegria do Bairro San Kio. Antigamente, havia um riacho chamado Lin Kai (Regato Lótus) que passava por Bairro San Kio. O templo foi fundado à margem direita do riacho, sendo denominado Templo Lin Kai. Este templo foi construído em 1830 e, mais tarde, os habitantes locais reuniram fundos para reconstruí-lo e ampliá-lo, o que aconteceu entre 1875-1908. Desde então o templo tem sido conhecido por “Templo Novo de Lin Kai” e é dedicado a 15 Deuses e deusas. Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/templo-de-lin-kai/

(3) Templo de Pou Chai Sim Un (普濟禪院), também conhecido por “Templo de Kun Iam Tong”, na Avenida Coronel Mesquita. Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/03/26/postais-macau-artistico-vi/

Ainda a propósito do temporal / ciclone que se abateu sobre Macau no dia 12 de Julho de 1883 (1) apresento o último relatório sobre este assunto enviado pelo Administrador do Concelho China, Leôncio Alfredo Ferreira ao governador, em 16 de Julho de 1883.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/07/12/noticia-de-12-de-julho-de-1883-temporal-ciclone-sobre-macau-i/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/07/14/noticia-de-14-de-julho-de-1883-ainda-sobre-o-temporal-ciclone-sobre-macau-ii/.
(2) Publicado no «Boletim da Província de Macau e Timor», no suplemento n.º 28 (Vol. XXIX), de 19-07-1883.

Relatório do inspector interino dos incêndios, capitão Frederico Guilherme Freire Corte Real de 28 de Abril de 1872, do incêndio que se deflagrou numa barraca em Sá Kong (1) no dia anterior pelas 21.00 horas e se propagou a mais 32 barracas que arderam completamente. Uma das barracas servia como “hospital” estando neles doentes que foram depois transferidos para «uma casa ali próxima que se alugou». Outra das barracas servia de depósito do referido “hospital”, onde estavam quatro cadáveres de doentes que tinham falecidos nesse dia, à tarde, e aguardavam enterro. De registar, dois feridos, um deles com queimaduras graves que foram transportados para o Hospital S. Rafael.

BGMT XVIII-19, 1872

(1) Sa Kong era uma pequena área situada entre a Rua Brás da Rosa, a Estrada de Coelho do Amaral e as Avenidas de Horta e Costa e do Almirante Lacerda. Hoje está praticamente incluída na zona de San Kiu. O saneamento de Sa Kong onde havia um cemitério chinês (milhares de cadáveres sepultados conforme informação de P. Teixeira) (2) iniciou-se em 1900 durante a governação de Horta e Costa.
Em 1895, Lu Cao ou Lou Kau, (3) comerciante chinês que emigrou para Macau da cidade de Xinhui (Guangdong) cerca de 1860, para dedicar-se ao comércio do ópio e do jogo comprou na zona de Sá Kong uma área  para construir um bairro residencial de rendas baratas com lojas de comércio. Uma das ruas desse bairro tem a toponímia de “Rua do Lu Cao”
(2) TEIXEIRA, P. Manuel –Toponímia de Macau Volume II, 1999
(3) Anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/lou-cheok-chin-lu-cao/

 

 

Por postura do Leal Senado de 20 de Outubro de 1883, se torna proibido praticar os seguintes actos contrários à boa ordem e ao bem estar dos moradores de Macau:
Queimar fogo de artifício, foguetes e panchões «durante as horas mortas da noite»; fazer cantos e toques festivos ou fúnebres – hábito chinês – durante «noutes seguidas e a deshoras».
Consideram-se horas mortas, entre as 11 da noite e as 7 da manhã.
São excluídos da disposição os festejos executados nos seis templos chineses (Barra, Bazar, Patane, Sankiu, Mong Há, e Istmo da Porta do Cerco). Também constitui excepção e estão, portanto autorizados os festejos consecutivos por 3 noites sucessivas no Ano Novo Chinês e a noite de véspera do Ano Novo Cristão.
Em noites de teatro nos Bairros Chineses pode-se queimar fogo de artifício e panchões. Quando houver lugar, dentro da cidade, a «Auto de Pao» (bonifrates), a representação em determinada época do ano é aceite como manifestação cultural chinesa, mas deve cessar à meia-noite. (1)
(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3., 1995