Foi nesta data inaugurado o busto de Vasco da Gama (1), projecto do escultor Tomás da Costa que se serviu de um retrato existente no Museu Nacional de Arte Antiga (2).
“INAUGURADO EM 31 DE JANEIRO DE 1911
EM HOMENAGEM OA GRANDE NAVEGADOR
PORTUGUÊS VASCO DA GAMA QUE EM 1498
DESCOBRIU O CAMINHO PARA A ÍNDIA”
Foto do autor (2011), com má qualidade.
O pedestal de granito ergue-se no centro da Alameda Vasco da Gama (3), encimado pelo busto de bronze de Vasco da Gama. Este foi projectado em 1898, (4) por ocasião da celebração do IV Centenário do descobrimento do caminho marítimo para a Índia. No entanto, as obras só começaram em 1907.
Eis a acta da cerimónia:
“Aos trinta e um dias do mês de Janeiro do ano de 1911, nesta cidade do Santo Nome de Deus de Macau e Avenida Vasco da Gama, sendo o Governador interino o segundo-tenente da Armada Álvaro Cardoso de Melo Machado, presente a este acto, bem como os Conselhos do Governo e da Província, o Leal Senado da Câmara, corpo consular estrangeiro, oficialidade da Estação Naval, oficialidade, os membros das antigas comissões e subcomissão dos festejos do 4.º centenário de Índia, todo o funcionalismo civil, militar, eclesiástico e cidadãos, residentes neste cidade, formada a guarda de honra por uma força da guarnição da Canhoneira Pátria, se procedeu à inauguração do monumento por iniciativa e proposta da comissão executiva local do 4.º centenário do descobrimento do caminho marítimo para a Índia, em sua sessão de 3 de Fevereiro de 1893“ (1) (5)
FOTO DE 1929
Jardim de Vasco da Gama (2011 – Foto do autor)
O projecto do monumento mais ambicioso do que a realidade actual, era constituído por dois corpos de mármore sobrepostos, encimados por um busto em bronze. O conjunto elevava-se sobre uma escadaria de granito em forma hexagonal. Mas pela escassez de meios, e polémica nos “media” sobre o melhor meio de gastar o dinheiro (6), a execução do projecto foi alterado.
Na face anterior do pinto está embutido um baixo-relevo de mármore representando o Adamastor, as naus agitadas por uma tempestade, e Vénus empunhando uma trombeta a dirigir-se a Júpiter para interceder pelos lusitanos. No segundo corpo, aparecem os baixos relevos dos instrumentos náuticos.(1)
Jardim de Vasco da Gama (2011 – Foto do autor)
(1) TEIXEIRA, P. Manuel – A Voz das Pedras de Macau. Macau, Imprensa Nacional, 1980, 324 p.
(2) Tomás de Costa (Tomás de Figueiredo Araújo Costa , 1861-1932) escultor da Academia Portuense de Belas Artes da Universidade do Porto, planeou para Macau um “Monumento a Vasco da Gama” (inaugurado em 1911). É co-autor com o arquitecto Ventura Terra, do Monumento ao Duque de Saldanha. Em 1894 disputou o concurso para o “Monumento ao Infante D. Henrique” lançado pela Sociedade de Instrução do Porto, com o projecto “Invicta” executado em Paris Por volta de 1910 produziu para o Palácio de S. Bento um busto da República, hoje pertença do Museu da Assembleia da República.
http://sigarra.up.pt/up/web_base.gera_pagina?P_pagina=1004307
(3) A Avenida Vasco da Gama. inaugurada em 20 de Maio de 1898 , projectada pelo engenheiro Augusto César d´Abreu Nunes, situava-se entre o actual Avenida Sidónio Pais e a Estrada da Vitória. Com 500 metros de extensão, ligava a Calçada do Gaio à Rua da Inveja. O busto do grande navegador foi projectado para ser erguido no centro da extinta avenida, hoje reduzida a um jardim com o mesmo o nome.
ARAÚJO, Amadeu Gomes – Diálogos em Bronze, memórias de Macau. Livros do Oriente, 2001, 168 p + |6|, ISBN 972-9418-88-8
(4) Em 18 de Janeiro de 1898, o Governador Eduardo Augusto Rodrigues Galhardo (1897-1900), nomeado governador de Macau em 1987 (chegou a Macau em 12 de Maio) realizou uma reunião alargada a algumas personalidades que convidara, para apreciar o programa das celebrações. Foram escolhidas 8 sub-comissões especializadas, uma das quais ” para tratar da inauguração da Avenida Vasco da Gama e lançamento da pedra fundamental do pedestal em que aer´cllocado o busto do grande navegador“ (4)
POSTAL de 1965 – Jardim de Vasco da Gama
(5) Segundo Beatriz Basto da Silva in (2), a data da proposta do monumento foi feita a 29-12-1909.
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(6) No dia 8 de Maio de 1898, o jornal “O Independente” pugnava para que não se realizassem festejos e para que o dinheiro que se previa gastar em fogo, coretos e iluminação, fosse aplicado em saneamento: ” A cidade não está para festas, pouco é o tempo para as desinfecções” (4). Nessa data, Macau enfrentava a epidemia da peste bubónica.