Inaugurada, em 28 de Outubro de 1998, no Alto de Coloane (a 170 metros de altitude), a que poderá ser considerada a mais alta estátua do Mundo dedicada à deusa A-Má. A estátua com a altura de 19,99 metros pretende simbolizar também o ano de regresso de Macau à soberania chinesa.
COM-051 媽祖聖像 Statue of A-Ma Macau (1) – Foto de Wong Wai Hong
De autoria de Leung Man Nin, a estátua pesa 1.100 toneladas e foi construída em mármore branco da província de Hebei, de onde se diz provir o melhor mármore da China. Nela trabalharam 120 escultores durante oito meses.
A homenagem a esta divindade do panteão taoista, protectora dos navegantes e também conhecida por Ma Chou, Ti Hau e Neong-Má, profundamente ligada aos primórdios de e ao nome de Macau, ocorreu num dos dis em que se celebra o culto dos antepassados, o Cheong Ieong, no nono dia da nona lua do calendário lunar. (data da ascenção deusa ao Céu. (2). A construção da estátua foi patrocinada por Ng Fok. No dia seguinte, foi constituída a Fundação da Deusa A-Má de Macau, da qual Ng Fok foi o primeiro presidente do Conselho Directivo (3)
O correspondente em Macau do jornal diário de Singapura “The Straits Times”, do dia 9 de Maio de 1966, na sua página 3, (1) com o título “Bomb injures Macao´s unofficial go-between with Peking”, noticiava o atentado bombista ao Sr. Ho Yin. (2)
“A THROWN bomb or grenade today injured the Chinese millionaire who doubles as this Portuguese colony´s unofficial go-between with China. Mr. Ho Yin, 56, his wife, two companions and two bystanders were cut by bomb or grenade fragments as they leave the dog track stadium shortly before 1 a. m.. The police said the explosive was apparently hurled from an upper floor . It appeared to be a deliberate attempt on Mr. Ho´s life. His condition was not serious and so was that of others injured. All were admitted to hospital.”
Sobre Ho Yin, o articulista salienta o seguinte:
“Highly regarded as a businessman, philanthropist and educationist, in this colony on the South China coast, M. Ho also apparently enjoys the trust and respect of Chinese leaders in Peking. Starting his business career in Canton as a junior clerk in a money exchange, he now holds controlling interests in Macao´s only bus and taxi companies, all 10 cinemas, two Chinese language newspapers, five hotels, four banks and the modern greyhound track where the bomb or grenade was thrown at him.”
Nunca ficou bem esclarecido o motivo deste atentado embora atribuíssem as culpas aos membros dos nacionalistas (Kuomintang) que estavam insatisfeitos pela relação íntima que Ho Yin possuía com o Partido Comunista Chinês, Roque Choi, (3) em entrevista a José Pedro Castanheira, publicado no livro “Roque Choi um homem dois sistemas”, de Cecília Jorge e Rogério Beltrão Coelho, na p. 85, (4) afirma:
“foram os nacionalistas”; “nunca pensaram em matá-lo. Foi só para o ameaçar”; “Todos reconheciam, incluindo os nacionalistas, que Ho Yin era um elemento insubstituível para o sossego de Macau”.
“Quando não havia relações diplomáticas entre Portugal e a China, ambos os governos confiavam numa única pessoa: Ho Yin. Eu era o único intérprete dele, em assuntos políticos. Fui-o durante quase trinta anos”.
(4) JORGE, Cecília; COELHO, Rogério Beltrão – Roque Choi um Homem dois sistemas (apontamentos para uma biografia”. Livros do Oriente, 2015, 221 p.
Continuação dos anúncios dos advogados e solicitadores que exerciam asua profissão (privada) em Macau no ano de 1921, publicados no «Anuário de Macau 1921», pp II –III- IV (1)
18-05-1918 – Concessão de passagem para a Metrópole ao Senador eleito por este círculo, Carlos de Melo Leitão (A.H.M. – F. A. C. P. n.º 525 – S- P) (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997) 28-05-1918 – Tendo sido eleito Senador pelo Círculo de Macau, na eleição em 28 de Abril de 1918, o tabelião privativo de notas desta comarca bacharel Carlos de Melo Leitão, ficou desde aquela data entregue ao seu ajudante, Henrique Nolasco da Silva, o respectivo cartório («BOGPM», , n.º 18 de 4 de Maio de 1918)
22-12-1916- Processo n.º 399 – Série N – Nomeação do advogado Henrique Nolasco da Silva, para ajudante do tabelião Privativo de Notário desta Comarca, Dr. Carlos de Mello Leitão. (Boletim do Arquivo Histórico de Macau, Tomo I – Janeiro/Junho de1985, p.199).
(1) Ver anterior em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/12/17/anuncios-de-1921-advogados-i/
ACTUALIZAÇÃO EM 01-05-2021 – Duas preciosas achegas a esta postagem, enviadas por Rogério Beltrão Coelho, sempre atento com os seus precisos apontamentos que muito agradeço.
1 – Constâncio José da Silva teve, de facto, escritório de advogado, mas não era formado em Direito. Beneficiou do estatuto de advogado provisionário. (Pormenores nas pp.18-22 do livro “Roque Choi: um Homem dois Sistemas”).
2 – Tudo leva a crer que Carlos de Melo Leitão nunca marcou presença no Parlamento português embora a viagem para Lisboa lhe tivesse sido concedida. (Pormenores na p.69 do livro “Roque Choi: um Homem dois Sistemas”).
Diário de Peter Mundy (1) (2) (3) que veio à China na armada do chamado “contrabandista” (corsário comercial) Squire Courteen (Lord William Corteen) da Companhia das Índias, sob o comando do capitão John Weddel que deixou a Inglaterra em Abril de 1636 e chegou a Macau a 28 de Junho de 1637 (4) depois da sua passagem por Goa. A armada permaneceu por mais de seis meses nas vizinhanças de Macau e do Rio da Pérola, partindo finalmente para a índia, de regresso à Inglaterra em Janeiro de 1638. (1)
“Peter Mundy sendo um dos enviados a terra, onde permaneceu algumas semanas, com o fim de aí negociar, estava em boas condições de poder escrever um relato do que viu, tanto mais que os seus conhecimentos das línguas espanhola e portuguesa [ver versão (5)] lhe permitiam conversar livremente com a alta sociedade da localidade.” (1)
“25 de Novembro: O nosso almirante e outros capitães foram convidados pelos padres de S. Paulo para irem assistir a uma representação na Igreja de S. Paulo feita por crianças da cidade sendo mais de cem os que representaram; mas eles não foram. Eu e os outros, que estávamos em terra, fomos. Era parte da vida do seu muito afamado S. Francisco Xavier, na qual havia passagens muito interessantes, viz. uma dança chinesa por crianças em trajes chineses; uma batalha entre portugueses e holandeses, representada em dança na qual os holandeses eram vencidos sem quaisquer palavras depreciativas ou acções ofensivas a essa nação. Outra dança de caranguejos chamadas vulgarmente Stoole Carangueijos, constando de muito rapazes lindamente vestidos na forma desses animais cantando todos e tocando em instrumentos como se eles fôssem todos os carangueijos. Outra dança de crianças tão pequeninas que parecia impossível que pudesse ser feita por elas (porque podia haver dúvidas sobre se alguns seriam mesmo capazes de andar ou não), escolhida com o fim de causar admiração.
No fim de tudo, um deles, (o que representou S. Francisco Xavier), mostrou tal destreza num tambor atirando-o ao ar e apanhando-o, virando-o e fazendo rodar com tão excepcional ligeireza sempre a compasso com a música, que foi admirável à assistência. As crianças eram muitas, muito bonitas e muito ricamente adornadas tanto em trajes como em jóias, sendo os pais quem tinha a seu cuidado vesti-las a seu contento e para seu crédito pertencendo aos jesuítas instruí-las não só naquilo que vimos mas também com todas as formas de educação como tutores tendo a seu cuidado a educação da mocidade e criancinhas desta cidade, especialmente os de categoria.
O teatro era na Igreja e toda a acção foi representada pontualmente. Nem um só, entre tantos, (apesar de crianças e a peça longa) desempenhou mal o seu papel. É verdade que ali estava um jesuíta no palco que os dirigia quendo se oferecia a ocasião.
(1) Descrição de Macau, em 1637, por Peter Mundy, pp- 50-90 do livro de BOXER, Charles Ralph – Macau na Época da Restauração (tradução de “Macao Three Hundred Years Ago), II Volume. Edição Fundação Oriente, 1993, 231 p.
(2) MUNDY, Peter – The Travels of Peter Mundy (1608-1667). Cinco volumes, Londres, 1907-1936.
(4) Conforme o diário do próprio PeterMundy: “Em 28 de Junho de 1637, o Sr. John Mountney, Thomas Robinson e eu fomos mandados a terra numa barcaça com a carta de Sua Magestade o nosso Rei e outra do almirante, dirigidas ao capitão Geral de Macau. Fomos recebidos com muito respeito e foi-nos prometida uma resposta para o dia seguinte”
O Capitão- Geral de Macau era Domingos da Câmara de Noronha que chegou a Macau a 13 de Abril de 1636 sucedendo a Manuel da Câmara de Noronha. Foi substituído por D. Sebastião Lobo da Silveira, em 1638, no entanto, permaneceu em Macau até 1643. Depois de ter sido feito prisioneiro dos holandeses no caminho de regresso, ao largo de Malaca, a odisseia deste homem bravo acabou bem. Regressou a Portugal e foi recompensado com uma comenda em espécie (400 mil reis). (ALVES, Jorge Santos; SALDANHA, António Vasconcelos (coords) – Governadores de Macau, 2013,pp. 27-28)
(5) “Quanto à viagem à China e a Macau, Peter Mundy e Thomas Robinson (que falava português), acompanharam o Captain John Weddell (e Nathaniel Mountney), comandantes de uma esquadra de quatro navios e duas pinaças enviada a Cantão em 1637 pela Courteen Association (com licença régia concedida dois anos antes por Charles I, em 1635), no que terá sido a primeira embaixada britânica de comércio à China”. (JORGE, Cecília; COELHO, Rogério Beltrão – Viagem por Macau, Volume I, Século XVII-XVIII. Livros do Oriente/I.C. da RAEM, 2014, p. 25.
Outras fontes deste tema de interesse, acessíveis pela net: PUGA, Rogério Miguel – Images and representations of Japan and Macao in Peter Mundys travels (1637). Bulletin of Portuguese – Japanese Studies, n.º 1, december, 2001, pp. 97 – 109. https://www.redalyc.org/pdf/361/36100106.pdf
Mais dois postais com fotos datadas de c. 1902, da colecção (10 postais), intitulada “MACAU ANTIGA, ETERNA” – fotografias das primeiras décadas do século XX – com legendas em três línguas, publicada pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. M / Arquivo Histórico de Macau, em 2015. (1)
Postal – Hotel Boa Vista, c. 1902 (2)
Postal – Hotel Boa Vista, c. 1902, verso
NOTA: Data errada, a mesma foto, foi publicada em postal pela “Graça & Co”, de Hong Kong e datada “cerca de 1890”
Postal – Rua da Felicidade, c. 1902 (3)
NOTA – outra data errada e mal legendada, não se trata da Rua de Felicidade. Será provavelmente uma rua do Bairro Chinês (Bazar).
“É referida como sendo a Rua da Felicidade, mas é uma outra rua de Macau, que ainda não consegui saber qual seria. Rua da Felicidade é que não é por causa das varandas e de os edifícios terem dois andares.” (informação de R. Beltrão Coelho)
Postal – Rua da Felicidade, c. 1902, verso
Aliás esta foto, está também em postal, de “Graça & Co” de Hong Kong com indicação “Chinese town –Gambling Houses and Chinese Restaurants”, c. 1890.
LOUREIRO, João – Postais Antigos MACAU, 2.ª edição, 1997, p. 101
Foi inaugurada a 9 de Novembro de 2017 (e esteve até 7 Janeiro 2018), no Museu do Oriente, em Lisboa, a exposição “Macau, Cem Anos de Fotografia”, com a coordenação geral de Maria Manuela d´Oliveira Martins e comissariado por Rogério Beltrão Coelho. (1) Retiro do site do Museu o seguinte texto de apresentação: (2)
“Macau. 100 Anos de Fotografia é uma viagem pela história social e política daquele território, que esteve sob administração portuguesa durante 450 anos. Como em muitos outros domínios, Macau esteve à frente do seu tempo também na fotografia, datando de 1844 os daguerreótipos do fotógrafo amador Jules Itier, que são as mais antigas imagens da região que se conhecem. A obra fotográfica produzida ao longo de cem anos por amadores e profissionais sobre a temática Macau anda dispersa pelo mundo, integrando colecções particulares para além dos espólios de museus e instituições. Nesta colecção de imagens, que fazem parte do vasto acervo fotográfico do Museu do Oriente, viajamos pelo passado histórico de Macau: edifícios e bairros entretanto desaparecidos ou profundamente alterados, os grandes acontecimentos locais e nacionais e as vivências quotidianas das comunidades macaenses, as suas tradições e costumes. Um século de imagens em que se recorda a passagem por Macau de figuras políticas, como Henrique Galvão e o general Gomes da Costa, ou do cinema, como Orson Welles e Clark Gable. São ainda lembrados acontecimentos como as celebrações do IV Centenário da Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia [1898], as primeiras travessias aéreas de Lisboa a Macau [1924 e 1931], a trágica explosão do paiol da Flora, [1931], e o bombardeamento do hangar da aviação civil, pelos americanos, durante a Guerra do Pacífico [1945].”
Durante a exposição foi exibido ainda o curto documentário, com pouco mais de 6 minutos, “Macau: Cidade Progressiva e Monumental”, realizado por Manuel Antunes Amor. (3)
CAPACONTRACAPA
Desta exposição foi publicado o catálogo ”MACAU 100 anos de fotografia / MACAU 100 years of photography” ” (em português e inglês) com edição de Dulce Afonso e textos de Rogério Beltrão Coelho. O texto introdutório na p. 3, é de Carlos Augusto Pulido Valente Monjardino, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Oriente.
de A capa apresenta um dos primeiros daguerreótipos de Macau- a Praia Grande em 1844 – feito por Jules Itier (3)
São 35 páginas com textos de R. Beltrão Coelho divididas em:
1- Macau: cem anos de fotografia, 1844- … (pp. 7-8)
2 – Macau na origem das primeiras fotos da China (pp. 9-13)
3 – Os fotógrafos profissionais de Macau (pp. 14-16)
Os dois primeiros postais com fotos datadas de c. 1902, da colecção (10 postais), intitulada “MACAU ANTIGA, ETERNA” – fotografias das primeiras décadas do século – com legendas em três línguas, publicada pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. M / Arquivo Histórico de Macau, em 2015.(1)
Vista panorâmica da Baía da Praia Grande, de c. 1902
NOTA. Esta mesma foto já tinha sido editada em postal por “Graça &Co” de Hong Kong, com indicação de c. 1890 (LOUREIRO, João – Postais Antigos Macau, 2.ª edição, 1997, p.26)
Postal – Vista panorâmica da Baía da Praia Grande, de c. 1902, verso
Colina da Penha vista do mar, c. 1902
Postal – Colina da Penha vista do mar, c. 1902, verso
NOTA ACTUALIZADA EM 09-11-2020: Numa recente troca de informações a propósito das fotos desta colecção, Rogério Beltrão Coelho, (a quem expresso o meu agradecimento pela ajuda que me prestou) autor e editor de excelentes álbuns, precursores na divulgação das fotos antigas de Macau (2), revela o seguinte: “Esta foto “Vista panorâmica da Baía da Praia Grande”, foi publicada no «Jornal Único», de 1898, em foto atribuída a Carlos Cabral. Eu próprio tenho afirmado ser assim, mas hoje tenho dúvidas se a fotos seriam mesmo do Carlos Cabral e julgo ter fundamento para duvidar”. Ver anterior postagem sobre o «Jornal Único” https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jornal-unico/
(2) Nomeadamente os que possuo: “Álbum Macau 1844-1974” (1989) – Fundação Oriente; “Macau Retalhos passado-presente-futuro” (1990) – Livros do Oriente; “Álbum Macau, sítios, gentes e vivências” (1990) (com Cecília Jorge) – Livros do Oriente; “Álbum Macau-3, sítios, gentes e vivências” (1993) (com Cecília Jorge) – Livros do Oriente. ; “Álbum Macau, memória da cidade” (texto de Cecília Jorge) – (2005) – Livros do Oriente
A Escola Chinesa «KUNG KAO HOC HAU», também conhecida pelos chineses como a mansão do Choi Lok Chi, nome em chinês de Joel José Choi (Anok) (1) foi mandada construir, em 1916 por um grupo de católicos (entre eles, Joel José Choi) para servir de escola católica e o prédio situa-se na Calçada da Igreja de S. Lázaro, n.º7. (2)
FOTO DE 1927 – ESCOLA CHINESA «KUNG KAO HOC HAU»
No “Anuário de Macau de 1927” refere a «Escola Kung Kao (Cong Cao)» (3) como de ensino em língua chinesa e inglesa e nesse ano tinha um total de 400 alunos e 5 professores.
No «Anuário de 1938», a escola «Kung Kao» estava indicada na Rua Nova de S Lázaro, n.º 1 com 94 alunos e no «Anuário de 1934» – «Kong Káo» na Rua Nova de S. Lázaro, 102 alunos.
FOTO DE 1927 – ESCOLA CHINESA «KUNG KAO HOC HAU» (1.ª CLASSE)
“A 22 de Julho de 1916, foi lançada a primeira pedra para a construção duma escola chamada Kung Kao (religião Católica), deveu-se à iniciativa de José Choi Anok, Chan Chee, Francisco Tse Yat, Filip Tam, Francisco Xavier dos Remédios, Paulo Hui e Padre Jacob Lau. As obras arrastaram-se por falta d dinheiro e o edifício só foi inaugurado a 27 de Maio de 1923; a escola só começou a funcionar a 1 de Setembro desse ano com 100 alunos. O corpo docente compunha-se de dois professores de português – Com Jacob Lau e Padre Júlio César da Rosa e dois professores de chinês – Lei Yau Sam e Liu Fai Mang. (4)
O governador Rodrigo José Rodrigues, por Portaria n.º 108, de 4-06-1923, diz que, tendo assistido à inauguração do edifício da escola Primária Luso-Chinesa Kung Kao Hok Hao, que um grupo de cidadãos, por seu único esforço, dedicação e contribuição conseguiu erigir, “louvava em primeiro lugar Joel José Choi (Anok)) e ainda todos os cidadãos portugueses e chineses que concorreram para a edificação dessa escola.”
Por proposta n.º 35,de Junho de 1924, foi concedido a esta escola a partir de 1-07-1924 um subsídio anual de 1.296$00 para manter uma aula de ensino de língua portuguesa.
O Dr. Nascimento Leitão dizia em 1923:
“Hong Cao: – Rua do Monte, 4 – Tem 103 alunos, 11 dos quais do sexo feminino. As retretes consistem em 5 celhas de madeira, destapadas, sob o respectivo palanque a transbordar de fezes, retardadas. Já há meses pedi que substituíssem aquelas retretes por 5 de caixa, visto não terem água, tendo também recomendado o uso de óleo mineral pesado nos urinóis. Visitando agora 2.ª e 3.ª vezes, verifiquei que as retretes continuam no mesmo estado. Dei o prazo de oito dias para a sua substituição”
Em 1942 fechou-se esta escola devido à crise da II guerra mundial.” (4) (1) Joel José Choi Anok – 崔諾枝 (5) (1867- 1945) – Nanhai, província de Guangdong (agora distrito de Nanhai, cidade de Foshan). Filantropo quando se reformou dedicou-se em exclusivo a obras sociais. Foi vogal do Leal Senado, vogal do Conselho do Governo, vogal da Santa Casa da Misericórdia de Macau, presidente da Associação de Beneficência «Tong Sing Tong» (de 1939 até morrer), presidente da Associação Católica Chinesa, e antes da guerra do Pacífico, vice-presidente por mais de dez anos e presidente (por duas vezes) da Associação Comercial/ Câmara Geral de Comércio Chinesa de Macau (depois chamada Associação Comercial de Macau – alvará de 1912). Foi vice-presidente de 1927 a 1940 e presidente da Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu.
Foi agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo e várias distinções da Cruz Vermelha Portuguesa.(6) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joel-jose-choi-anok/ NOTA: Joel José Choi, pai de Roque Choi (Roque Choi 崔乐其 (Cui Leqi) (7) tinha também uma casa principal na Calçada do Gaio, n.º20 que o seu filho Roque Choi herdaria após ter adquirido a quota da irmã. Esta casa manteve-se depois durante muitos anos desabitada e depois em ruínas e é nessas condições que me lembro, pois passava por esta rua frequentemente vindo e indo da minha casa, na Estrada de Cacilhas. Diziam as más-línguas que a casa estava assombrada. Esta casa e o seu terreno foi vendida em 2004 para se construir um prédio mas foi embargada, por ter a sua altura ter ultrapassado a quota de protecção da vista do farol da guia. Creio que continua a obra parada.
(2) Calçada da Igreja de S. Lázaro começa na Rua de Volong, em frente da Rua de João de Almeida e termina na Estrada do Repouso, próximo do cruzamento desta estrada com a Rua de Tomás Vieira. Tem uma escadaria de pedra junto da Rua de Sanches de Miranda.
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/06/04/leitura-macau-terra-da-doce-saudade-i/
(4) TEIXEIRA, Padre Manuel – A Educação em Macau, 1982
(5) Joel José Choi Anok 崔諾枝 – mandarim pīnyīn: cuī nuò qí; cantonense jyutping: ceoi1 nok6 kei4
(6) Referências retiradas de JORGE, Cecília; COELHO, Rogério Beltrão – Roque Choi, um Homem dois sistemas – Apontamentos para uma Biografia. Livros do Oriente, 2015, 221 p.
Ver recensão deste livro por Moisés Silva Fernandes em:
Análise Social, 222, lii (1.º), 2017 ; issn online 2182-2999 http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/AS_222_rec06.pdf
Ver anterior referência neste blogue: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joel-jose-choi-anok/
e em “UMA PASSEATA PELAS RUAS DE MACAU – TRAÇOS DE COMERCIANTES CHINESES FAMOSOS EM MACAU” https://macaostreets.iam.gov.mo/showFile.ashx?p=macaustreets/doclib/635749087646668.pdf
(7) Roque Choi 崔乐其 – mandarim pīnyīn: cuī lè qí; cantonense jyutping: ceoi1 iok6 gei1
Boletim Oficial da Colónia de Macau,, suplemento n.º 32 de 14 de Agosto de 1931, p. 710
No dia 14 de Agostode 1931 realizaram-se os funerais dos seis portugueses vítimas da explosão do Paiol da Flora. (1)
O cortejo fúnebre a caminho do cemitério (saído do Hospital Geral do Governo – denominado em 1937, Hospital Conde de S. Januário), passando pela Estrada dos Parses, à frente do Cemitério dos Parses.
“Os serviços públicos fecharam e os espectáculos foram suspensos sendo o dia considerado de luto. A bandeira portuguesa conservou-se a meia haste em todas as fortalezas, estabelecimentos militares e públicos, das 9 e 30 às 13 horas. Os estabelecimentos particulares, o comércio e a indústria conservaram também, a meia haste, a bandeira chinesa. A Liga Portuguesa de Hong Kong abriu uma subscrição a favor das vítimas da explosão, o mesmo acontecendo em Macau e Xangai. Os escuteiros de Macau promoveram uma récita no Teatro Victoria cuja receita reverteu também para apoio aos sinistrados” (2)
No dia 17 de Agosto, realizou-se a cerimónia fúnebre das 15 vítimas chinesas, saindo do Hospital Kiang Wu e foi acompanhada (transmissão oral) por mais de dez mil pessoas (?)
Boletim Oficial da Colónia de Macau, n.º 33 de 15 de Agosto de 1931
No dia 3 de Março de 1929, realizou-se um concerto no Teatro D. Pedro V, com o seguinte programa: pianista Harry Ore; (1) director da Banda Municipal, Sr. Constâncio José da Silva; (2) mezzo-soprano Mrs R. Sanger de Hong Kong.(3)
Nessa mesma data e no mesmo Teatro, o Padre Teixeira em (4), pág. 32, refere: “Uma companhia italiana representou a ópera Carmen, com o mezzo-soprano Agozzino, (5) o tenor Giovanni (6) e o barítono Casarosa (7)”.
(1) Sobre Harry Ore, distinto pianista, irei publicar uma postagem em Abril.
(2) Nesta data, 1929, Constâncio José da Silva era director musical e regente da Banda da Polícia. Foi nomeado pelo Governador Tamagnini Barbosa (Portaria 192, de 27 de Agosto), para director musical e regente da Banda da Polícia em 1927, ano em que foi criada esta a banda. (JORGE, Cecília; COELHO, Rogério Beltrão – Roque Choi, Um Homem dois sistemas, 2015, p. 22).
Quanto à Banda Municipal, em 6 de Julho de 1919, a Comissão Administrativa do “Leal Senado da Câmara de Macau (…) no intuito de melhorar a Banda Municipal, de modo a ser de algum proveito para o publico, resolveu nomear Constâncio José da Silva para se encarregar da remodelação e regência da dita Banda” , mas as condições colocadas por Constâncio não agradaram à Comissão Administrativa que optou por contratar Alessio Benis, director musical do circo italiano “Bostock” que se encontrava na região. (JORGE, Cecília; COELHO, Rogério Beltrão – Roque Choi, Um Homem dois sistemas, 2015, p. 21)
Deixarei para uma próxima postagem, uma abordagem a este advogado e jornalista, Constâncio José da Silva que nasceu em Macau, na freguesia da Sé em 8 de Janeiro de 1864 e faleceu em Shanghai em 1947. (3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.
(4) TEIXEIRA, Pe. Manuel – O Teatro D. Pedro V, 1971. (5) Rina Agozzino (Mezzo-Soprano) (Summonte/Avellino 1888- ?). Actuou até 1939.
“She was born in Sicily and later she moved to Neaples where she studied with Massimino Petrilli. She made her debut in 1906 at Mercadante of Neaples as Lola in Cavalleria Rusticana. In 1914 she appeared at the Teatro Real in Madrid in ”Walkiria” of Wagner with Ofelia Nieto, Guido Vaccari and Jose Segura-Tallien. In 1916 she sang in ‘’Favorita’’ at the Teatro Regio in Parma with Giuseppe Paganelli as Fernando and Edoardo Faticanti as Alfonso XI.” http://forgottenoperasingers.blogspot.pt/2011/08/rina-agozzino.html
No ano de 1929, Rina Agozzino fez um “tour” pelo Oriente actuando em Manila, Batavia, Singapura, Shanghai, Hong Kong, Macau e Tien- Tsin (Tianjin).
(6) Giovanni Martinelli (1885-1969), tenor italiano com vida artística de 1929-1962. Um dos mais famosos tenores do século XX tendo uma longa carreira no Metropolian Opera em Nova Iorque. Não encontrei registos que confirmem ser este “Giovanni”, o que actuou em Macau.