Archives for posts with tag: Rio Si Kiang/Sâi Kong/Siquião ou de Oeste

Extraído de «BOGPM» XLIV – 32 de 6 de Agosto de 1898, p. 281

NOTA: A empresa britânica “Hongkong, Canton & Macao Steamboat Company Limited” (1) fundada em 1865, em Hong Kong (terminou em 1958) com a abertura do Tratado do Rio Oeste (“West River Trade”), aliou-se com a “China Navigation Company” e a empresa de navegação a vapor “Indo-China “ (da “Jardine Mathesosn”) (2)  para formar “The Hong Kong & West River Steamboat Co, Ltd”. nova rota de navegação e de comércio e “turismo” em 1897 (terminou na década 10, do século XX) com os portos de Wuzhou (梧州市), Sanshui (三水) e Jiangmen/ Kong moon (江门).. Esta rota marítima terminou com o declínio do comércio por esta via devido ao aparecimento da linha de comboio entre Kowloon (Hong Kong) e Guangdong (Cantão)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hong-kong-canton-macao-steamboat-co/

(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jardine-matheson-co/

“O Porto Interior é formado por um braço do rio Sikiang. As províncias de Kuang-tung e Kuang-si, ou seja, os dois Kuangs são cortados em três sentidos por três rios – o Sikiang (Rio do Oeste), o Pehkiang (Rio do Norte) e o Chukiang (Rio do Este ou das Pérolas –Rio de Cantão)

O Sikiang e Pehkiang fundem-se num só ao chegarem a Sam-chui; é este que, com o nome de Sikiang, vai descendo numa linha tortuosa, recebendo afluentes e ramificando-se em numerosos braços até Mo-to, numa extensão de 57 milhas. Percorre ainda aproximadamente 9 milhas até ao Broadway, desviando-se para Macau pelo canal de Malau Chau; é um braço desse rio que forma o Porto Interior de Macau que mede duas milhas de comprimento da entrada da Barra até à Ilha Verde, medindo na sua maior largura uma milha e um quarto e meia milha na menor. A leste, Macau é limitado pelas águas do delta do rio Chu Kiang” (1)

24-02-1868 – Em Macau, nesta data, o aterro do rio, para o lado da Barra, achava-se já unido ao aterro do Pagode chinez, de modo que as povoações da Barra e Patane ficaram em comunicação pela estrada marginal (2). Miguel Aires da Silva concessionário das obras do cais e aterro, foi o homem que se abalançou à terragem da marginal do Porto Interior, ficando as obras concluídas em 4 de Março de 1881. (1)

(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997.

(2) «Boletim da Província de Macau e Timor», XIV-8 de 24-02-1868.

Publicado na imprensa estrangeira no dia 20 de Novembro de 1916, um artigo intitulado «MACAO – MONTE CARLO OF THE ORIENT» (1) 

MACAO – «MONTE CARLO OF THE I ORIENT»
FLOURISHING FANTAN MONOPOLY
AMONGST THE CELESTIAL ADVENTURERS.

“In my China paper the following brief telegram, headed “Macao,” takes the eye:
Eleven lenders have been received for the fantan gambling monopoly for a period of five years, dating from the expiry of the present monopoly on June 30, 1917, of which six are for over 1,000,000 a year. The highjest is $1,266.660, and the lowest $610,000 a year, as compared with the present payment of $603,000 per annum.
Evidently the fantan business flourishes at Macao. But what is Macao, and what is fantan? Those who love a resounding label speak of Macao as the Monte Carlo of the Orient. M. Blanc will not he flattered, and he who has not set eyes upon Macao will not be illuminated.
Macao is to Hong Kong as Margate to London, says H. Sachen in the “Manchester Guardian.” It is some forty miles away, and a trifle further from Canton. On Sundays you may make the return trip in a day.
The river steamers are capacious and comfortable. You can eat as well aboard them as ashore, with the same excellent service of Chinese “boys”— surely the best in the world except the almost extinct old-fashioned English waiter, — and if you travel by night you may get a cabin which the P. and O. would not despise. And there are suggestions of romance. On the top deck the pilot’s quarters are walled off with steel bars, and two armed sentries tramp up and down.
The West River and the Canton River swarm with pirates—there are those who say that every dweller jby the river is a pirate when his other business is slack—and one of their pleasant devices is to come aboard as passengers and seize the ship.
I have heard British skippers —most of the ships in Chinese waters are officered by Britons —prefer the room of the armed guards imposed upon them by the Hongkong Government to their company. Down below, where the Chinese are gatherled, there are more sentries. Here .the Chinese lie with their copious belongings, packed, odorous, but well mannered. It is not odours alone you may find there. In Chinese towns there is usually some epidemic  disease. When I came back from Canton we had smallpox aboard, and I in the season you may have plague. The Chinese take such things calmly. They will use as a pillow the body of a fellow-passenger dead of plague…”          (continua…)
(1) « The Sun» Volume III, Issue 867
https://paperspast.natlib.govt.nz/newspapers/SUNCH19161120.2.45
«The Sun» jornal neozelandês sediado em Christchurch, iniciou-se em Fevereiro de 1914 e terminou em 1935 – fusão com outro jornal da mesma cidade e depois em Auckland de 1927 a 1930.
https://paperspast.natlib.govt.nz/newspapers/sun

The Directory & Chronicle for China, Japan, Corea, Indo-China, Straits, 1904Do mesmo Directório, transcrevo:
“Owing to its being open to the south-west breezes and the quietude always prevailing . Macao has become a frequent retreat of invalids and business men from Hong Kong and other neighbouring ports. There are two well conducted hotels: the Boa Vista and the Macao Hotel. While neighbouring centres of population have in recent years been visited by plague or other epidemies Macao has continued to enjoy absolute immunity.”

Artigo publicado no «Notícias de Macau» por Luís G. Gomes (1)
(1) Reproduzida depois no «Boletim Geral das Colónias», Ano XXIV, Maio de 1948, n.º 275 pp. 216-218.

Em 2 de Agosto de 1908, teve-se conhecimento que  os primeiros socorros pelas casas de beneficência  de Cantão aos sinistrado das cheias do Rio d´Oeste (1) não chegaram ao seu destino. Foram apresadas, em trânsito, por uma quadrilha de malfeitores chamados os «Gatunos do Rio». O afamado e terrível chefe da principal quadrilha de piratas da Província de Guangdong,(2)  por nome Lok-Lan-Cheng, ficou muito indignado com o procedimento da gatunagem! Receoso de que o roubo fosse imputado à sua gente e no intuito de dar testemunho público de que os piratas não são alheios ao infortúnio e à caridade, pois se é certo que roubam aos ricos nunca o fazem aos pobres, praticou actos de socorro de verdadeiro arrojo. Perseguiu os gatunos com a sua gente e conseguiu haver de volta grande parte dos géneros roubados, que ele próprio quis entregar aos desalojados. Apresentou-se ainda em pessoa em todas as casas dos principais lavradores de Cantão, intimandoos a reduzir o preço de arroz sob  pena de lançar fogo a todos os celeiros. A intimação foi «religiosamente acatada»” (3)
A Repartição do Expediente Sínico fez em 10 de Agosto de 1908, tardiamente, a tradução desta  notícia vinda a lume no início de Agosto, nos jornais de Cantão e Hong Kong. A notícia sobre uma catástrofe natural, desencadeou em Macau uma onde de solidariedade. Abordaremos primeiro   a notícia. O Rio d´Oeste há mais de 30 anos que não subia, como desta vez, a 40 e 45 pés (…). A fome apertou de tal forma esses desgraçados que as mães impossibilitadas de fornecer alimento aos seus filhinhos, viram-se na dura necessidade de os amarrar a taboinhas (sic)  ou baldes de madeira e de lançá-los ao rio à mercê da corrente. Estas infelizes criancinhas só por milagre poderiam salvar-se. Para se calcular o número delas, basta dizer que na cidade de Cantão – terminus do rio – apareceram mais de 30 crianças assim abandonadas à mercê da sorte! Entre estas, umas chegaram mortas e outras vivas  mas todas traziam atado ao pescoço um embrulho cujo conteúdo consistia em uma jóia de ouro ou prata e um pano do a seguinte súplica « Receba este meu filho. Se chegar vivo, adopte-o; se chegar morto, utilize o produto da jóia para o enterrar!». Casas de beneficência e particulares de Cantão cumpriram fielmente a vontade dos pais daquelas crianças, algumas das quais lograram chegar vivas depois de ter atravessado mais de 200 milhas. Também Macau  não quis «desmentir os seus créditos de cidade filantrópica» organizando um bazar para obter dinheiro que pôs à disposição dos infelizes, além de outras verbas doadas por particulares e entidades oficiais. O Hospital Kiang Wu convocou uma reunião magna, para organização do Bazar «quermesse». (4) É que, além dos bebés, havia que atender à fome dos inundados , ao abrigo dos desalojados. Logo nessa 1.ª reunião os donativos atingiram patacas $ 9 500,00. A quermesse  foi organizada pela comunidade chinesa, mas os bilhetes de entrada eram de 50 avos/pessoa, pelo que a população ali acorreu (3)

MAPA do Sul da Província de Guangdong 1950 (ANUÁRIO 50)MAPA DO MAR DA CHINA  – SUL DA PROVÍNCIA DE GUANGDONG /CANTÃO (1950)

(1) 西江 -Xi jiang (em cantonense: sai1 gong1) –  também conhecido por  Hsi Chiang, Si-Kiang, Siquião ou do Oeste.
(2) 廣東 -Guangdong / Kuangtung ou província de Cantão cuja capital é 廣州 – Guangzhou / Cantão / Kwangchow.
(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 4, 1997.
(4) A inauguração do Bazar a favor dos sinistrados das cheias do Rio d´Oeste, no Campo Coronel Mesquita foi a 16 de Agosto de 1908.  Presidiu à inauguração o Governador Interino, «Madame Sá» e o ajudante de Campo. O Hino Nacional foi executado pela Banda dos alunos chineses  da Escola Salesiana. O discurso inaugural foi feito por Chan-Chek-I. Na quermesse havia uma barraca de Auto China, sendo a primeira vez que em Macau se apresentaram em cena jornalistas e filhos de família abastadas, nas representações teatrais (Na China tradicional, os actores eram considerados gente de baixa categoria. (3)
Neste preciso dia em que se inaugurava em Macau a quermesse a favor dos inundados do Rio d´Oeste, o pirata Lok-Lan-Cheng apresentou-se no 1.º Hospital de Cantão, declarou o seu nome de guerra e em seguida entregou um donativo de patacas $ 10.000,00, retirando-se depois, calmamente, numa cadeirinha conduzida por oito chineses. As autoridades de Cantão só tiveram conhecimento do sucedido algumas horas depois a saída do «bom pirata» da cidade, provavelmente porque a população receosa (e também agradecida) não o denunciou. (3)
 José A. Alves Roçadas 1907NOTA: Logo à noite seguinte à tomada de posse (a 18 de Agosto de 1908) como novo Governador, José Augusto Alves Roçadas  (na foto, cerca de 1907) visitou a quermesse, com a esposa e filha. No certame havia «animatographo» que rendeu patacas $ 5 000,00 (3)

Continuação da publicação dos mapas do livro “Tellurologie et Climatologie Medicales de Macau”, dois deles já publicados anteriormente (1) (2).

MAPA Obras dos Portos de Macau 1921 Tellurologie et ClimatologieEste mapa referente às obras dos portos de Macau (escala de 1/40.000),
PLANO DO PORTO ARTIFICIAL
tem a indicação “As obras do Norte de Macau e as da Taipa estão já em execução.”

O plano previa os aterros em Macau e Taipa e a construção do porto artificial no porto exterior com as docas para hidroaviões, para pequenos vapores e juncos e uma gare marítima) e o canal para a entrada e saída dos barcos.

MAPA delta do Si Kiang 1921 Tellurologie et Climatologie“Vue partielle du delta du Si-Kiang”

 “Au Nord , separée des montagnes de Hiong-Chan (Heong Sán) par le terrain neutre, elle a au Sud l´île de Taypa, à la distance de 2.350 mètres ; à l´Ouest, elle a son port fluvial (Porto Interior), de 600 mètres de largeur, qui la sépare de la haute île de Lapa, étant à l´Est amplement ouverte vers la Rade.
Entourée de hautes montagnes du côté de la terre, du Nord au Sud par l´Ouest , le cercle est fermé du côte de la mer, de loin, au delà de la rade, et de près par d´innombrables îles montagneuses, qui, comme des lignes de forts ou jetées, amortissent les attaques de la Mer de Chine et les tempêtes qui s´y forment.
La Rade est comme l´antichambre para où cette mer la visite deus foisd dans les 24 heures, en son flux e reflux.
A la distance de Canton (Guangzhou/Cantão) de 80 milles marins environ, Macao est à trios heures et demie de Hong-Kong, par les steamers de transport, ou à 25 minutes en hydroplane.” (1)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/06/01/leitura-tellurolo-gie-et-climatolo-gie-medicales-de-macao/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/06/23/mapa-de-macau-1921-relief-du-sol/

“Macau” descrito no capítulo XXI do livro da “Colecção Escolar LELLO” de 1936, destinado aos alunos da 3.ª e 4 .ª classe. (1)

Geografia Primária Mapa Mundo
Situação e área – Macau fica situada na Ásia Oriental, na China, e compõe-se de uma pequena península, no delta do rio Siquião ou rio de Cantão (2), e das ilhas da Taipa e Coloane, ao sul desta península, ao todo cêrca de 10 qm2. É esta, portanto, a nossa mais pequena colónia.
Portugal exerce ainda soberania sôbre as ilhas da Lapa, de D. João e da Montanha, a cuja posse definitiva a China se tem oposto.

Geografia Primária Mapa Macau 1936Mapa de Macau, 1936

O solo – Tanto a península como as ilhas são montanhosas, registando-se a maior elevação no Monte da Guia (106m.), a nordeste da cidade.
A rêde hidrográfica está limitada aos braços do rio Siquião que separam a península de Macau das ilhas da Lapa, D. João e Taipa.

Geografia Primária Comparação temperaturasClima – O Clima de Macau é temperado-húmido; apesar disso, o europeu suporta-o com muita facilidade, aclimatando-se perfeitamente.

Geografia Primária Comparação populaçãoPopulação – A população, constituída principalmente por chineses, por mestiço e portugueses, é de cêrca de 100 mil habitantes. Macau é, por isso, muitíssimo povoado em relação à sua superfície, mas pouco em relação a Portugal.
O único centro importante da população é a cidade de MACAU, no sudoeste da península, cidade com aspecto europeu e oriental, tendo sido, noutros tempos, o centro dum grande comércio no Oriente.
Macau e as ilhas próximas, administrativamente, formam uma província administrativa , com um governador próprio, que tem por séde a cidade de Macau.

Geografia Primária Principais Riquezas

Produções e valor – Pelas pequenas dimensões da colónia, as suas produções agrícolas são muito poucas, o que não acontece porém nas produções de natureza animal, pois que a pesca constitue um dos seus grandes rendimentos. O valor da província de Macau vem, porém, do seu comércio, visto que a sua situação é própria para o comércio de trânsito dos produtos da China, através dos inúmeros canais que ligam os rios de Cantão e de Oeste. Os habitantes de Macau trabalham também o chá, o ópio, as sêdas, os algodões e os charões, etc.
A colónia de Macau é o verdadeiro tipo de colónia feitoria ou de comercio.
Quando as obras do pôrto estiverem concluidas, o caminho de ferro de Cantão e delimitados definitivamente os nossos territórios, a prosperidade e o futuro da nossa colónia estarão completamente garantidos.

Geografia Primária CAPA (1) , Mário de Vasconcelos e – Geografia  Primária, III e IV Classes. Edição autorizada oficialmente para o ano  1937-1938, Livraria Lello & Irmão – Editores, 1936, 127 p.
(2) Macau fica aproximadamente a meio do delta formado pelos rios Si-Kiang ou do Oeste e  Chu-Kiang ou rio das Pérolas ou de Cantão

Planta de Macau e territórios “visinhos” demarcando-se os terrenos conquistados ao mar e os terrenos alagadiços.

Anuário de Macau, 10.º Ano de publicação. Repartição Central dos Serviços Económicos,  1950, 271 p. + anexos em numeração romana CVIII p. (Comerciantes, Industrias e Profissionais) + Índice em numeração romana XV p. + anúncios 26 p.

Medo não é temor dos piratas no Rio de Oeste
nem dos tufões no mar.

Não é receio dos tiros, pela noite,
No rio povoado de lorchas e traições;
nem o susto dos enforcados,
Ao luar branco,
No mangal da Areia Preta.

Medo não é terror da guerra,
nem da fome, nem do cólera,
Nem das chagas dos leprosos
na Ilha de D. João:
Não é suspeita
De que a morte espreita,
Continuadamente,
E nos levará.

Medo não é contágio da tristeza
Quando a tarde tomba
E o ocaso ensaguenta
O mar de água barrenta,
As terras e o céu,
Até as ilhas serem tragadas pelo negrume
E as montanhas pelo escuro,
E nada restar senão a treva
E os gritos que atravessam a noite,
Vindos não sei donde,
Para não sei onde.

Medo não é temor das ciladas
Nem dos punhais,
Nem dos beijos vermelhos que enganam
e sorvem lentamente as vidas …

Medo é este pavor de que tu partas
E me deixes só

Joaquim Paço d´Arcos
(Do livro “Poemas Imperfeitos”) (1)

Na continuação do post anterior dedicado a Joaquim Paço d´Arcos ( POESIA – FOI NUMA TERRA DISTANTE NA COSTA DA CHINA), este veio para Macau com os pais e irmãos (de S. Francisco a Hong Kong em 1919 no navio “Persia Maru” e de Hong Kong para Macau na canhoneira «Pátria», a 22 de Agosto de 1919, num dia de tufão.
Refere o mesmo:
“Demandei Macau em noite negra de tufão, na companhia do padre Jerónimo, ao qual fiquei talvez devendo a vida, pelas promessas que fez aos bom Deus se nos salvasse. O bom Deus ouviu a sua voz, cristã  e humilde, porque a minha, de pobre pecador, nenhum valor teria…” (2) (pp. 283-284)
NOTA: O Padre Manuel Pereira Jerónimo (1858-1940) que foi  missionário em Timor (1896-1918)  ficou imortalizado no livro de Joaquim Paço d´Arcos, sendo uma das personagens do seu romance “Amores e Viagens de Pedro Manuel” (1935). Figura grotesca, “com uma bizarria da sua personalidade onde havia tudo á mistura: ignorância, anseio de saber, génio, sonho, loucura“, conforme afirma Joaquim Paço d´Arcos, trabalhava nos campos da aldeia onde nasceu (lugar de Balouca, freguesia de Monte Redondo, Leiria), sem ter frequentado a escola, é trazido aos 28 anos de idade (1886) para Macau, pelo Bispo de Macau, D. António Joaquim de Medeiros, como criado particular. Em Macau, aperfeiçoou os seus conhecimentos frequentando as aulas no Seminário de Macau. No entanto tinha dificuldade em memorizar as declinações e conjugações da gramática latina mas com a proteção do Prelado da Diocese foi ordenado padre a 16 de Novembro de 1894. No entanto a sua fealdade e injusta fama de bronco, não permitiu que fosse padre em Macau tendo sido enviado para Timor (3) onde exerceu a sua vocação sacerdotal com uma doação total às missões de Timor. O fim deste grande missionário foi trágico; terá falecido a 4 de Maio de 1940, louco,  perto de Leiria.
Outro conto de Joaquim Paço d´Arcos “Do Niagara a Victoria Falls” tem também como personagem o Padre Jerónimo (4)
(1) PAÇO D´ARCOS, Joaquim. Poemas imperfeitos. Lisboa, Edições Sit, [19–].,144 p. ; 20 cm
(2) TEIXEIRA, P. Manuel – Liceu Nacional Infante D. Henrique, Jubileu de Diamante (1894-1969). Macau Imprensa Nacional, 1969, 291 p. + |VI|, 20,4 x 15,1 cm
(3) http://forum-haksesuk.blogspot.pt/2009/11/padre-manuel-pereira-jeronimo-1858-1940.html.
(4) http://www.novacidadania.pt/content/view/503/67/lang,pt_PT/