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D. Beatriz Emília Nolasco da Silva

Realizou-se no dia 18 de Junho de 1954, no Palácio do Governo à Praia Grande, a entrega pelo Governador Almirante Joaquim Marques Esparteiro, das insígnias de «Oficial da Ordem da Instrução Pública», agraciada pelo Governo da Nação, à D. Beatriz Emília Nolasco da Silva, Directora da Escola Comercial «Pedro Nolasco», (1)
Assistiram, além de pessoas de família, da Direcção da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses e de professores e alunos da Escola Comercial «Pedro Nolasco», as mais destacadas individualidades e Macau.

O Governador, Almirante Marques Esparteiro proferindo o discurso.

(1) Beatriz Emília Nolasco da Silva (1912- ?) filha de Luís Gonzaga Nolasco da Silva e de Beatriz Emília Bontein da Rosa, é neta de Pedro Nolasco da Silva.(3).  Diplomada pela Escola Cantonal de Lucerna (Suíça), professora da Escola Comercial «Pedro Nolasco»mantida pela Associação Promotora da Instrução dos Macaenses: da Língua Alemã (1934 a 1938), da Língua Inglesa e Noções Gerais do Comércio (1939 até 1950) e da Língua Francesa (1940 a 1952). Directora da mesma Escola na década de 40 (século XX) até 1952/53. Creio que nesse ano de 1954, já não fazia parte dos professores da Escola Comercial (o Director interino em 1953 era o Dr. Edmundo de Sena Fernandes).
(2) Comissão Directora da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses no triénio 1953-55:
Presidente – Henrique Nolasco da Silva
Secretário – Joas José Lopes
Tesoureiro – José Fernandes
Vogais – Dr. Damião de Oliveira Rodrigues, Dr. Pedro Guimarães Lobato, Dr. Henrique de Barros Pereira e Francisco de Paula Barros.
(3) A Escola Comercial “Pedro Nolasco” foi fundada no dia 8 de Janeiro de 1878 sob a chefia de João Eleutério d’Almeida, mas a alma de empreendimento e  seu verdadeiro dinamizador foi Pedro Nolasco da Silva.

Escola Comercial (1927)

O edifício situado no alto da calçada do Gamboa, na Praça do Gamboa n.º 2  construído em 1920, foi sede da Escola Comercial até o ano 1966, ano da inauguração do edifício (actual Escola Portuguesa) no cruzamento das Avenidas D. João IV e do Infante D. Henrique (projecto de arquitectura de Raul Chorão Ramalho e executado pelo construtor civil Osseo Acconci)
Fotos de «MACAU B. I., I-22, 1954».

Foi inaugurado o Infantário Ave Maria situado na Rampa do Padre  Vasconcelos (1) no dia 10 de Junho de 1966, ficando a cargo das Religiosas Missionárias do Perpétuo Socorro, que vieram do México. (2)
O infantário é obra do arquitecto português Raul Chorão Ramalho (1914-2002), que também projectou a Escola Comercial Pedro Nolasco – hoje Escola Portuguesa – e a Torre de Habitação para Funcionários Municipais na Avenida Sidónio Pais.

Infantário Ave Maria 1966O Infantário «Ave Maria» , em 1966, tirada do Porto Exterior

Numa lápide da parede da entrada do edifício lê-se a seguinte inscrição:
«Para este Infantário pertencente à Delegação local da O. M. E. N. (Obra das Mães pela Educação Nacional) e à Provedoria de Assistência Pública, contribuiu generosamente com o donativo de 500 contos a fundação Gulbenkian da ilustre Presidência do Doutor Azeredo Perdigão. Macau, 10-5-1966».
A 17 desse mês foram ali admitidas as 4 primeiras crianças, idas do Asilo da S. Infância. O Infantário destinava-se a crianças de ambos os sexos dos 2 aos 7 anos de idade, devendo os maiores então passar para o Infantário «Helen Liang». (3)

Infantário Ave Maria 2015 (I)Foto tirada da Estrada de Cacilhas, em Maio de 2015

O Infantário «Ave Maria» deve em grande parte à iniciativa e contribuição financeira da Obra das Mães pela Educação Nacional.(4)
“A Direcção da Obra das Mães (5) entregou, em Agosto de 1966, à Provedoria da Assistência Pública de Macau a importância de $ 300 000,00, como contribuição para a construção do Infantário «Ave Maria», situado na rampa do Padre Vasconcelos, com esplêndidas vistas para o mar”.(6)

Infantário Ave Maria 2015 (II)Foto tirada da Estrada de Cacilhas, em Maio de 2015

(1) A Rampa do Padre Vasconcelos começa na Estrada de Cacilhas, do lado esquerdo, um pouco além do início desta estrada, e termina no Miradouro de N. Sraª. da Guia, próximo da Estrada do Engenheiro Trigo.
TOPONÍMIA - Rampa do Padre VasconcelosAntónio Maria Augusto de Vasconcelos era bacharel em Teologia (1851) e professor de Humanidades. Veio para Macau como professor da Escola  Macaense em 1862. Nomeado cónego em 1865 e tomou posse da cadeira coral em 1869. Já antes de ser cónego usava meias vermelhas, sendo por isso repreendido pela autoridade eclesiástica. Foi professor no Seminário (1871; exonerado em 1872 por inconveniente ao serviço), vogal da Comissão  Directora do Colégio de Sta. Rosa de Lima (1875),  vogal da Comissão Administrativa da Sta. Casa da Misericórdia (1867); tesoureiro da mesma Casa em 1875 sendo exonerado 3 meses depois). Nomeado arcediago da Sé em 1883. Regressou a Portugal  em 1885 onde  terá falecido em 1888. (TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume II, 1997)
(2) As três missionárias mexicanas da ordem “Nossa Senhora do Perpétuo Socorro” chegaram a Macau no dia 27 de Abril de 1966 (Irmã Romelia Christy Franco, Irmã Goretti Chavez e Madre Beatriz Noguez Lugo, conhecida como Madre Vitória,  a convite do Bispo de Macau, D. Paulo Tavares, para dirigir o Infantário e onde estiveram 17 anos. Sobre a acção missionária desta Irmãs ver em:
http://www.oclarim.com.mo/en/2016/05/27/a-burning-passion-for-mission/
(3) http://www.library.gov.mo/macreturn/DATA/PP271/PP271303.HTM.
(4) A Obra das Mães pela Educação Nacional foi uma organização feminina do  Estado Novo Português, criada pelo Decreto n.º 26 893, de 18 de Maio de 1936, e tinha por objectivos estimular a acção educativa da  família e assegurar a cooperação entre esta e a  escola.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Obra_das_M%C3%A3es_pela_Educa%C3%A7%C3%A3o_Nacional).
(5) Em 1966, a direcção da Obra das Mães pela Educação Nacional , em Macau, estava confiada à Sra. Dr.ª Eduarda Maria Cândida Meireles da Silva Gonçalves Ribeiro.
(6) Comemorações do 40.º Aniversário da Revolução Nacional. Centro de Informação e Turismo, 1967, 292 p.