Archives for posts with tag: Quartel da Guia

O Comodoro Unwin em continência à Guarda de Honra, após o seu desembarque
O Comodoro Unwin na visita ao velho cemitério dos protestantes de Macau

Extraído de «BGU»  XXXII – 367, Janeiro 1956.

Fragata «HMS Cardigan Bay»

Lançamento em 28th December 1944  Início das actividades de defesa em 1945, no Mediterrâneo onde esteve até 1949. Chegou a Hong Kong a 7 de Outubro de 1949, onde esteve estacionado e depois envolvido na Guerra da Coreia 1950-1953. De novo estacionado em Hong Kong com missões em Singapura e na China em 1959-1960.
«HMS CARDIGAN BAY» entrou em reserva em 1961 e dispensado da marinha inglesa em 1962. Posteriormente vendido para uma empresa escocesa.
http://www.naval-history.net/xGM-Chrono-15Fr-Bay-CardiganBay.htm
O Comodoro J. H. Unwin D. S. C. da Royal Navy foi promovido a almirante (“Rear Admirals”) em 8 de Julho de 1957. Retirou-se em 14 de Fevereiro de 1961.
É autor do artigo “Principles of War . The Acid Test”, publicado no jornal “Royal United Services Institution,”, Vol 92, 1947, n.º 566.
Poderá ler parte deste trabalho em:
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/03071844709433990

Na madrugada do dia 19 de Agosto de 1943, soldados japoneses (e chineses colaboracionistas)  carecendo de navios e de ferro,  (1) atacaram e apoderaram-se do ferry «S.S. Sai On» (2 ) de bandeira inglesa que antes da guerra efectuava diariamente a carreira Macau-Hong Kong e que estava atracado no Porto Interior, em Macau, servindo de recolhimento de refugiados (cerca de 70)  na maioria mulheres e crianças filipinos. Mataram no ataque um policia (3) – João António José –  e levaram o barco para Hong Kong. (4) (5)
Foi logo dado o alerta nessa madrugada na Companhia de Artilharia, (6) no Quartel da Guia e quando alvoreceu, já os soldados estavam todos prontos e preparados com os canhões na bataria de artilharia virada para o lado do mar.  Ainda se avistava o “S.S. Sai-On” a ser puxado por um rebocador ao longo do Porto Exterior, bem perto à costa , por causa da maré.
Ouviam-se os gritos das mulheres e crianças que estavam ao bordo do Sai On.
Os militares recebem ordens para parar o navio e o quarteleiro da bataria da Guia (e nomeado observador da área do Porto Exterior durante a guerra), soldado 4371 Pereira ( terminara a sua comissão em 23 de Março de 1939,  mas “não havia barcos para me levar e o pré era de 13 avos por dia”  pelo que recebia 3.90 patacas por mês “) prepara e aponta o canhão. Então recebe ordens do tenente Graça para acertar no cabo de ligação do rebocador para o barco. (7)
Exclama o soldado:
Mas, meu tenente,  a esta distância é como acertar a agulha num palheiro.
– Então o que é quer que se faça, responde o tenente.
– Meu tenente, é apontar para o rebocador e metê-lo já  a pique.
– Mas isto não tenho ordens para o fazê-lo, responde o tenente desalentado.
Perante a estupefacção dos que estavam e uma certa revolta dos soldados, nada se vez, a não ser verem o rebocador a puxar o barco para as águas internacionais, persistindo nos ouvidos dos presentes o gritos das mulheres e o choro das crianças , até desaparecerem no horizonte.
(1) Terá sido mais a necessidade de ferro (desmantelamento do navio) ou de barcos de transporte, a razão deste assalto, contrariando o que está muito divulgado na imprensa estrangeira: o  barco transportava contrabando para o Nacionalistas Chineses “Perhaps it was carrying contraband war supplies for Nationalist Chinese Forces.“(5)
(2) O «SS Sai On» (também conhecido como «Xi An») estava em Macau desde 7 de Dezembro de 1941 (dia do ataque ao porto de Pearl Habor) e deveria partir para Hong Kong nesse dia às oito horas. Recebeu ordens do cônsul Britânico em Macau, John Reeves para não partir. Era um vapor com dois convés, 225 pés de comprimento e 45 pés de boca, construído na Doca de Taikoo em 1924.
REEVES, John Pownall – The Lone Flag . Hong Kong University Press, 2014.
(3) O número dos mortos também não é consensual: a imprensa portuguesa sempre referiu um morto  e alguns guardas do posto da Polícia Marítima e Fiscal (que ficava a escassos metros onde estava ancorado o «Sai On») feridos, ao contrário da estrangeira que refere 20 mortos (5). A Polícia Marítima era chefiada pelo adjunto da Capitania dos Portos, 1. º Tenente Augusto Botelho de Sousa.
(4) Afinal os japoneses não desmantelaram o navio e sob o nome de «Tak Shing» e «Tung Shan», operou na carreira Hong Kong – Macau até  Janeiro de 1974 (TEIXEIRA, P. Manuel – Macau Durante a Guerra, 1976.). Os refugiados foram nos dias seguintes, devolvidos a Macau.
(5) Sobre este mesmo episódio, ver anterior referência em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/1943/
(7) Segundo John Reeves “Orders had been given not to fire on the ship as she went out very slowly past the Barra Fort where artillerymen are said to have wept because they were not allowed to fire. I can understand orders not to fire on the ship itself for fear of hurting the refugees aboard but she had a tug ahead of her and one alongside  and she passed less thart a hundred yards from the fort. The tug ahead could well have been immobilized”.  Engano de John Reeves  (o livro contém alguns), a artilharia preparada para o disparo não estava na Barra mas no Forte da Guia;  mas tem razão quanto à possibilidade de se poder atingir o rebocador e a decepção dos soldados.
Pode ler online este  livro em: https://books.google.pt/books?isbn=9888208322
(6) A Guarnição Militar portuguesa em Macau durante a guerra (1941-1945), sob o comando do Governador Capitão de Fragata Gabriel Maurício Teixeira era constituída por:
Quartel General das Forças do  Exército:
1.ª Repartição:
Chefe de Estado Maior: interino, Capitão de infantaria, Carlos da Silva Carvalho
Adjunto – Tenente de artilharia, João Vitor Teixeira Bragança
2.ª Repartição:
Chefe – capitão miliciano do Q. E. do Serviço de Administração Militar, José Martins dos Santos Loureiro
Adjuntos –  Capitão de artilharia, António Pedro da Costa e
Tenente do Serviço de Administração Militar, João Francisco Calado.
Companhia de Metralhadoras (143 europeus); Comandante interino: Tenente Fernando Homem da Costa; em Novembro de 1942, Tenente Álvaro Marques de Andrade Salgado.
1.ª Companhia Indígena de Caçadores (153 militares) sediada em Coloane, com diligência na Taipa (7-07-1941); Comandante: Capitão de infantaria, José Teodoro da Silva Santos.
2.ª Companhia Indígena de Metralhadoras sediada no quartel da Porta do Cerco;   Comandante: Capitão de infantaria, José António da Silva que acumulava com o cargo de comandante militar da Porta do Cerco. A Companhia foi extinta em 31-12-1941 passando o pessoal para a 2.º Companhia Indígena de Caçadores (152 militares) criada a 1-01-1942 com o mesmo comandante até Outubro de 1944, Tenente Joaquim Afonso Pinto. Tinha um destacamento na Ilha Verde.
Companhia de Artilharia (195 europeus); Comandante: Capitão de artilharia, Rogério de Paiva Cardoso (de 29-11-1939 a 16-01-1941;) Interinamente o Capitão António Pedro da Costa (nomeação em 07-02-1943) e depois o Tenente, João da Costa Lage (nomeação em 01-10-1943)
Subalternos – Tenentes, João da Costa Lage (em 30-11-1939 funções de director do Depósito de Material de Guerra) , Mário Machado da Graça e Manuel Gomes Madeira Guedes de Andrade  e os alferes Augusto Bagôrra e Eduardo J. T. Barbosa de Abreu
1 sargento, sete 2.º s sargentos, dois furriéis.
Na dependência Quartel General estavam uma Secção de Reformados e de Depósitos na Fortaleza do Monte (onde os Serviços de Recrutamento foram integrados a partir de 14-04-1937): Comandante: Tenente reformado Augusto Teixeira e depois António Lopes da Silva (a partir de 23-12-1941 ?);  o  Depósito de Material de Guerra e o Presídio Militar na Fortaleza de S. Paulo do Monte (O director do Depósito era o comandante do Presídio) Comandante: Tenente de artilharia João da Costa Lage), e o Tribunal Militar Territorial.
Na Taipa, o destacamento militar era chefiado pelo Tenente de artilharia, João Vieira Branco e em Coloane, o comandante era o Capitão de infantaria, José Teodoro da Silva Santos.
(Dados recolhidos de CAÇÃO, Armando A-.A. – Unidades Militares de Macau, 1999 e ANUÁRIO DE MACAU 1940/41)

Cartão Boas Festas das BateriasOs Sargentos
das
Batarias de Artilharia Ligeira de 8,8 cm n.º os 1 e 2
Desejam a V. Exias e suas Exmas Famílias
Boas Festas e Um Ano Novo
Cheio de Prosperidades
Macau, ………………

Cartão de Boas Festas de 13 cm x 8,5 cm, não datado, possivelmente do Natal de 1954 ou 1955.

NOTA: As Batarias de Artilharia Ligeira de 8,8 cm n.os 1 e 2 foram criadas a partir de 22 de Setembro de 1951. Em 27 de Setembro de 1951, foram colocados o Capitão Artilharia Eduardo Afonso Rodrigues Salavisa na B.A.L. n.º 1 e o Capitão Artilharia Maurício Martins Lopes na B. A. L. n.º2. Foram extintas em 30 de Setembro de 1956. (CAÇÃO, Armando – Unidades Militares de Macau. Gabinete das Forças de Segurança de Macau, 1999, 329 p.

Algumas fotografias do Porto Exterior do meu álbum, tiradas neste dia.
A primeira foto é o que está mais bem conservada, sem manchas de humidade. As restantes estão manchadas.

As duas primeiras foram tiradas do Miradouro de Nossa Senhora do Mar na Estrada de Cacilhas e vê-se o Hospital Central Conde de S. Januário, o Hotel Matsuya (1) e o edifício em construção (habitação) à direita, na foto. No sopé da colina, algumas vivendas entre elas, a Vila “Tai Yip” (2) e a Escola Pui Tou, na Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues.

9DEZ1964 Hospital-Matsuya IA seguir a mesma foto apresentada já em (1) tirada do mesmo sítio, vendo-se melhor, no sopé da colina, as hortas e as barracas.

9DEZ1964 Hospital-Matsuya II

As duas fotografias que se seguem foram tiradas da parada do Quartel da Guia – a ponte cais do Porto Exterior com o navio “Macau” atracado, da carreira diária de ligação Macau – Hong Kong , e o arvoredo da colina.

9DEZ1964 Ponte Cais Porto Exterior

Nesta foto à esquerda o que restava do Hangar e as primeiras construções “modernas” nestes aterros.

9DEZ1964 Ponte Cais Hangar Porto Exterior

As duas seguintes foram tiradas na Avenida, à beira mar. A primeira, da bancada principal do Grande Prémio, visualizando a ponte cais do Porto Exterior.

9DEZ1964 Ponte Cais

Esta a seguir, já apresentada em (3), a colina da Guia, a estrada de Cacilhas e os aterros ainda com as barracas e as hortas.

9DEZ1964 PColina Guia Est Cacilhas(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/03/31/caixa-de-fosforos-hotel-matsuya/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/04/07/lugares-de-outrora-vila-tai-yip/
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/05/10/estrada-de-cacilhas-i/

Construção de um abrigo e bateria na Colina da Guia. Já antes tinha havido e depois voltaram a ser construídos abrigos, subterrâneos e baterias . Às duas primeiras foi dado o nome de «5 de Outubro» que depois passou a «Almirante Gago Coutinho e Sacadura Cabral» sem perder o nome inicial, por ocasião da viagem aérea ao Brasil (1)

A propósito desta notícia de 1913, a Ilustração Portuguesa apresentava em Janeiro de 1914 uma foto
Artilhreiros 1914com a seguinte legenda: “A companhia europeia de artilharia depois do transporte d´um canhão do Fortim da Bahia (2) para o abrigo da colina da «Guia» sob a direcção do tenente d´artilharia sr. Farinha e Relvas no que foram empregados apenas 37 homens.”

A construção de um abrigo e bateria na Colina da Guia está relatada no Processo n.º 51 (Série B) do Arquivo Histórico de Macau com a data de 16 de Janeiro de 1913.

Posteriormente estes abrigos e baterias foram alargados e construíram-se túneis subterrâneos de ligação entre eles que, à época da Segunda Guerra Mundial, tinham a função de proteger a guarnição dos ataques aéreos. Serviam também de instalações militares com os seus próprios geradores de energia eléctrica, salas de descanso e depósitos de combustíveis e de mantimentos. O túnel mais comprido tem 456 metros e o mais curto apenas 47. Pode-se ler mais sobre estes “Túneis para uso militar na Colina da Guia” no portal do Instituto para os Assuntos Cívicos  e Municipais (3) e merecem uma visita. A entrada faz-se por este portão (foto seguinte) assinalada: “Salão de Exposições do abrigo Aéreo da Colina da Guia”

Túnel da Guia 2005(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(2) Não há nenhuma referência histórica, em Macau, dum Fortim chamado da “Bahia”. Muito possivelmente o jornalista se referia ao Fortim de S. Pedro , existente na Baía da Praia Grande. Este fortim estava situado no ponto médio da margem da Praia Grande (onde hoje se situa a Estátua de Jorge Álvares) e destinava-se a defender a costa adjacente ao Porto Exterior contra a possibilidade, duma invasão inimiga em embarcações pequenas. O Fortim de S. Pedro foi demolido em 1934 durante os trabalhos de recuperação de terras na baía da Praia Grande. . Em 1867 existia neste Fortim, 6 canhões.
Informações do fortim retiradas de
GRAÇA, Jorge – Fortificações de Macau. Instituto Cultural de Macau, s/ data, 144 p.

Chinnery Praia Grande com Fortim S. Pedro 1930Praia Grande em 1830 com o fortim de S. Pedro à direita (pintura de George Chinnery)

Ver ainda outra pintura de Chinnery, do Fortim de S. Pedro em 1825 em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/12/10/noticia-de-10-de-dezembro-de-1862-visconde-da-praia-grande/chinnery-fortim-s-pedro-1825/
(3) http://www.iacm.gov.mo/museum/viewinfo.aspx?museum=guiapop&lang=p

SALVA DE TIROS EM 10 DE JUNHO DE 1972

Nas comemorações de 10 de Junho de 1972, salva de tiros (1) no antigo circuito militar à volta do Quartel e Fortaleza da Guia, (hoje circuito de manutenção/trilho da Guia).

Nas fotos, vê-se pessoal civil a circular e a tirar fotografias mas este circuito estava interdito a civis (zona militar exclusiva). Desconheço quando foi “aberta” ao público mas terá sido após 1974.

(1) Salva de tiros ou salva de armas é um tiro (ou, mais frequentemente, uma série de vários tiros em intervalos regulares, normalmente 21) feito por pessoal militar com armas de artilharia, geralmente usando munição de pólvora seca, e que serve como forma de celebração ou homenagem em cerimónias militares.
As salvas de tiros terão muito provavelmente origem na tradição naval, quando um vaso de guerra disparava os canhões para o mar sem causar dano em terra ou a outros navios até que toda a munição fosse gasta, para mostrar que estava desarmado e que assim não tinha intenções hostis.
Com a evolução das tradições navais, 21 tiros são hoje normalmente disparados para homenagear chefes de Estado, e o número decresce com a importância protocolar de quem recebe a honra. Múltiplos de 21 tiros podem ser disparados em cerimónias ou ocasiões de particular importância.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Salva_de_tiros