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Extraído de «BGPMTS», I-30 de 12 de Maio de 1855, p. 118

A «Sociedade Philarmonica Macaense» foi constituída no dia 14 de Dezembro de 1844, com a primeira reunião da mesa da Assembleia Geral no dia 22 de Dezembro na Feitoria de Francisco António Pereira Thovar, para apresentação e discussão do projecto dos Estatutos da Sociedade. https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/10/08/noticia-de-8-de-outubro-de-1851-representacao-teatral-na-sociedade-philarmonica-macaense/

Extraído de «BGPMTS»  I-34 de 9 de Junho de 1855 p-135

O procurador era Lourenço Caetano Cortela Marques mais conhecido pelo nome de Lourenço Marques (1811-1902). (1) Exerceu o cargo de Procurador do Leal Senado de 1851 a 1856 e de 1859 a 1865; em 1865 foi eleito vice-presidente do Leal Senado e em 1871 Presidente do mesmo

(1) Anteriores referências a este Macaense em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/comendador-lourenco-marques/

Os Negociantes de Macau, F. J. de Paiva, (1) J. V. Jorge (2) e B. Barretto (3) deram  no dia 11 de Abril de 1837, o último dos três dias sucessivos dos festejos pelo casamento da rainha D. Maria II (4) com o príncipe Fernando de Saxe- Coburgo-Gotha (1816- 1885) – rei consorte Fernando II, em Lisboa na Sé patriarcal no dia 19 de Abril de 1836.

O chá começou às nove horas, o baile às dez e a ceia depois das duas e a função acabou na manhã seguinte, ou para melhor dizer ao meio-dia; por quanto, depois de saírem os primeiros convidados, entraram os segundos, que eram os mendigos, pelos quais se repartiu tudo, quanto restou da lauta ceia, que tudo poderia fartar a mil pessoas

Extraído do « O Macaista Imparcial»,  I-88 de 13 de Abril de 1837

 (1) Francisco José de Paiva (1801-1849) – próspero comerciante, juiz ordinário do Senado (1831), encarregado dos Negócios Sínicos e major comandante do Batalhão do Senado (1847). Foi o 1.º cônsul geral de Portugal em Hong Kong nomeado em 21-01-1847, comendador da Ordem de Cristo e presidente (1835-1842) da comissão liquidatária da Casa «Casa de Seguros de Macau», extinta em 1825 e da qual tinha 6 acções.  Existe em Macau uma rua com o seu nome “Travessa do Paiva”. (5) Anteriores referências em:https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/francisco-jose-de-paiva/

(2) José Vicente Jorge (1803/1857) – negociante e exportador, em navios próprios, ligado ao negócio de emigração de trabalhadores chineses, almotacé da Câmara em 1831, procurador do concelho em 1840 e 1845 e provedor da Santa Casa da Misericórdia. (5) Mais informações em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-vicente-jorge-1803-1857/

(3) Bartolomeu Barretto (1784 – 1845) – natural de Bombaim (21-07-1784), estabeleceu-se como comerciante e classificador de chá em Macau. Casou pela 1.ª vez ,em Macau, com Antónia Maria Francisca Gonçalves Pereira na Igreja de S. Lourenço a 14-05-1816 e a 2.ª vez, a 18-07-1821, com a sua cunhada Angélica Rosa Gonçalves Pereira Foi director da Casa de Seguros de Macau que se estabeleceu novamente em Macau em 1822, da qual tinha 9 acções. Em 1825, foi eleito almotacé da Câmara. Faleceu em Macau a 25-02-1845. Pai de João António Gonçalves Barreto (1824-1881), , um dos fundadores do Clube Lusitano de Hong Kong. (5) Ver anterior citação de J. A. Barreto em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/j-a-barreto/

(4) Dona Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga (Rio de Janeiro, 1819 – Lisboa, 1853), foi a Rainha de Portugal e dos Algarves – D. Maria II, em dois períodos diferentes: primeiro de 1826 a 1828, quando foi deposta por seu tio Miguel, e depois de 1834 até à sua morte em 1853. Era a filha mais velha do imperador Pedro I do Brasil, que também reinou em Portugal brevemente como Pedro IV, e da sua primeira esposa, a imperatriz consorte do Brasil, Rainha Consorte de Portugal e dos Algarves e Arquiduquesa da Áustria, Maria Leopoldina da Áustria. Maria da Glória foi a única monarca da Europa a nascer fora de terras europeias

Retrato de D.Maria II, por John Simpson, c. 1837. https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_II_de_Portugal

D. Maria II, casou três vezes. Em 1826 casou com o seu tio o infante D. Miguel mas foi considerado nulo e dissolvido em 1834. Casou pela 2.ª vez, em Munique com príncipe Augusto de Bauhamais (1810-1835) em Janeiro de 1835 mas este faleceu em Março de 1835 de difteria. Casou então, com príncipe Fernando de Saxe- Coburgo-Gotha (1816- 1885) – rei consorte Fernando II, em Lisboa na Sé patriarcal em 19 de Abril de 1836. D. Maria II de D. Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, esteve grávida 12 vezes, sendo que deu à luz 11 vezes, e só 7 dos seus filhos sobreviveram, e acabou por morrer no seu 11º parto.

(5) FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume I, 1996.

O Beco da Rede começa na Calçada da Barra, entre os prédios n.ºs 13 e 15 e termina na encosta da Colina da Penha.
“Este toponímico deriva de outro desaparecido, chamado Ponte da Rede, ali em frente.
A 2 de Dezembro de 1828, o mandarim Tso-Tang, de apelido Fom, publicou um edital, dizendo que os chinas anciãos de Macau lhe haviam representado:
«que o Portuguez Leiria na Ponte da Rede mandou fazer hum muro, que cercou o quadro, em que se pretendia fabricar a torre da Fortuna, (1) pelo que indo em pessoa indagar, achei ser verdade todo o referido na representação deles. Por tanto além de ter eu mandado ao Procurador para mandar parar a ditta obra; ordeno tbem a vós todos os pedreiros , e picadores de pedras, que não façaes mais obra naquele terreno, nem leveis para ali mais pedras, com cominação de serdes agarrados, e castigados» (Arq. da Procuratura)
Supomos que o português Leiria é Hermenegildo António Leiria, natural de Lisboa, filho de José António Leiria e de Maria de Jesus; casou em 3 de Março de 1829 com Eugénia Maria Inácia Cortela, filha de António Joaquim Cortela (falecido a 1-06-1842) e de Ana Josefa de Azevedo (falecida a 21-01-1830), neta paterna de Lourenço Baptista Cortela (2) e de Mariana Muniz da Rosa (falecida a 5-11-1788) e materna de Bernardo Manuel de Azevedo e de Inácia Vicência Gomes.
Hermenegildo António Leiria morreu afogado em 1 de Agosto de 1836, à vista de Macau, pelo naufrágio do navio Suzana, onde ele vinha» (3) (Registo de Óbitos da freg. de S. Lourenço) ”(4)
(1) ”2-12-1828 – O tchó-t´óng proibiu os pedreiros de continuarem a construção dum muro, propriedade do português Leiria, na Ponta da Rede, por essa obra vir a cercar dum terreno, onde os chineses pretendiam edificar a Torre da Fortuna (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
(2) Da família Cortela. Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/05/12/noticia-de-12-de-maio-de-1806-vulto-ilustre-de-macau-do-seculo-xix-joao-francisco-rodrigues-goncalves/
(3) Este registo de óbito em S. Lourenço não está correcta segundo Jorge Forjaz: faleceu «no naufrágio do dia 31 de Agosto de 1836 sucedido ao navio «Suzana» aonde vinha de passagem o qual Navio deo a costa nas praias de Nameam em Sanchoão em que o dito Leiria enterrado » segundo o escrivão Gonçalves no Livro dos Termos das Eleições.
A. H. M. Santa Casa da Misericórdia, Livro dos Termos das Eleições, cód. 144.
FORJAZ, Jorge – Família Macaenses, Volume II, 1996.
(4) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997.

A propósito da restituição do convento de Santo Agostinho e seguindo a leitura dos “3 Casos Milagrosos” descritos por BRAGA, Jack M. em A Voz do Passado, 1987 (1), transcrevo um outro “CAZO MILAGROSO” que aconteceu durante os 10 anos em que o Convento de Santo Agostinho foi ocupado por “outros padres”.
Com a falta dos Religiosos tinha cessado a procissão dos Passos que se não fasia havião três anos deles irem para Goa, pelas razões que havião por cauza do Patriacha como consta em 1712. Fevereiro 14 succedeo que houvesse nesta Cidade huma grande carestia pela falta de mantimentos. Os Chinas attibuindo isto a não se fazer a procissão requererão ao Procurador do Senado para que fizesse andar pelas ruas aquelle homem de pao ás Costas (palavras delles) oferecendo-se para os gastos. Fes-se com efeito a procissão, cessou a carestia, e os Chinas contentes pagarão as despesas.”
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/07/25/noticia-de-25-de-julho-de-1721-restituicao-do-convento-de-santo-agostinho-e-o-1-o-cazo-milagroso/
Anteriores referências a esta procissão:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/03/25/noticia-de-25-de-marco-de-1708-tradicoes-que-se-continuam-ii-a-procissao-dos-senhor-dos-passos-ou-senhor-da-cruz-as-costas/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/09/01/noticia-de-1-de-setembro-de-1709-a-excomunhao-do-bispo-o-patriarca-de-antioquia-e-os-frades-de-s-domingos/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/03/04/noticias-de-4-e-5-de-marco-de-2017-tradicoes-que-se-continuam-a-procissao-do-senhor-dos-passos-i-fotos-de-1974/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/03/10/noticia-de-10-de-marco-de-2019-o-senhor-dos-passos-em-1955/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/03/07/noticia-de-7-de-marco-de-1954-a-grande-devocao-ao-senhor-dos-passos-em-macau/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/02/21/a-tradicional-procissao-do-senhor-dos-passos-1973/

In «Bol do Governo da Província de Macau, Timor e Solor», Vol 6, 16 de Agosto de 1851, n.º 39
TIM-TIM
1- Ferro velho, homem que anda pelas ruas comprando objectos usados e que se faz anunciar batendo com um pequeno ferro numa chapa metálica.
2- Geralmente no plural tim-tins – Lojas e tendas onde se vendem objectos usados: louças, móveis, antiguidades, etc. Ir aos tim-tins é precorrer as ruas onde se concentram essas lojas e tendas, as ruas dos tim-tins. Havia antigamente ao Largo dos tin-tins (cf. T.S.Y.K.II Vol.)
´´Etimo – tin-tin, é apenas onomatopaico. O chinês popular tem a expressão teng-teng lou, em que lou (佬) é “homem”, e teng teng (não é palavra chinesa) é apenas uma forma onomatopaica. (BATALHA, Graciete Nogueira – Glossário do Dialecto Macaense, 1977.p.546) 
ADELLO (ADELO) (do árabe – corretor, leiloeiro, pregoeiro)
1- Pessoa que compra roupas e coisas usadas para revender. = ADELEIRO, FERRO-VELHO
2- Estabelecimento onde se vende roupa, livros ou outros objectos usados. (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)
NOTA: Sugiro visualização de “Um olhar sobre os tintins
http://bairrodooriente.blogspot.com/2009/10/um-olhar-sobre-os-tintins.html

A 22 de Julho de 1828, o procurador do Senado, Joaquim José Ferreira da Veiga publicou um edital, proibindo a abertura de uma casa de despejo para o negócio, no chalé de Matapau, (1) pertencente a António Pereira, (2) por ser chamariz de vadios com prejuízo para todos os vizinhos.
A 5 de Novembro de 1834, arderam todas essas barracas, segundo consta do ofício do procurador de Macau, António Pereira, do dia seguinte, aos mandarins do distrito: «Verificou-se no incêndio de ontem à noite, tudo o que eu e meus antecessores disseram ao Snr. Mandarim, de que as barracas da Praia Pequena e outras deram ocasião ao incêndio, pelo qual perigavam a existência do estabelecimento, as vidas e os bens; e com efeito os haos (lojas) chinas de muitas e valiosas fazendas, os matapaus e todas as propriedades chinas da beira-mar incendiaram-se; a e a minha própria casa principiou a incendiar-se, sendo de tudo a causa as barracas do mar».
Pedia que não se construíssem ali mais.
A 17 de Mesmo mês, o procurador insistia com o mandarim Tsó-tang que os matapaus, que estavam dentro da cidade, se mudassem para Patane.
A 19 de Janeiro de 1835, novamente  o procurador João de Deus Castro chamava a atenção do mandarim para o perigo de incêndio dessas barracas; e a 8 de Janeiro de 1936, o Procurador Francisco José de Paiva insistia no mesmo assunto, dizendo que os chinas estavam construindo barracas junto à propriedade de António Pereira no Matapau. (3)
(1) Matapau é uma planta da família das gutíferas – tangerinas como indica o nome chinês da Rua do Matapau (1)- Kat Chai Kai ( 桔仔街 ), isto é, Rua da Tangerina. Aos vendedores de tangerinas dava-se o nome de Matapáus, os quais estabeleceram nesse local as suas lojas ou barracas.
A Rua do Matapau fica situada entre a Avenida de Almeida Ribeiro e a Rua da Barca da Lenha, começando um pouco antes da Travessa de Hó Ló Quai, junto do tardoz do prédio n.º 63 da Avenida Almeida Ribeiro  e terminando entre o prédio n.º 106-B da Rua dos Mercadores e o prédio n.º 2 da Travessa do Aterro Novo.
(2) António Vicente Pereira, filho do Conselheiro Manuel Pereira e de Ana Pereira Viana (3) ou Rosa Pires Viana (4) era casado com Aurélia Susana Viana Mendes, filha de Mateus Mendes e de Maria Mendes (3) ou Mónica Viana (4), de quem teve onze filhos. O Conselheiro Manuel Pereira (1757 – 1826) chegou a Macau entre 1772 e 1780, grande negociante da praça de Macau, fundador, tesoureiro e vice-presidente da «Casa de Seguros de Macau», provedor da Santa Casa da Misericórdia (1798-1806) juiz ordinário da Câmara de Macau (1798) , procurador do conselho 81801, 1804 e 1808) e vereador durante muitos anos. Fidalgo cavaleiro da Casa Real, conselheiro de Sua Magestade entre outros títulos da nobreza, comprou a propriedade onde se encontrava a Gruta de Camões e comprou e colocou aí o primeiro busto do poeta.(4)
(3) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997.
(4) FORJAZ Jorge, Famílias Macaenses, Volume II, 1996.
NOTA: Embora os caracteres chineses da Rua do Matapau sejam: 桔仔街mandarim pīnyīn: xié zǐ jié; cantonense jyutping: gat1 zai2  gaai1, os caracteres de “tangerina” são 橘子mandarim pīnyīn: jú zǐ,; cantonense jyutping:qwat1 zi2

No dia 27 de Junho de 1748, já havia em Macau, perto de 20 dias que as boticas estavam fechadas sem haver que comer, e neste caso (conflito entre os mandarins e a cidade provocado pelo desaparecimento de dois chineses em 8 de Junho de 1748) (1) não havia mais remédio que peitar ao Mandarim de Heong San 香山(Xiangshan 香山). Ele estava na Porta do Cerco, onde o Procurador Luís Coelho lhe meteu entre as mãos trinta pães de ouro (2) (3) dizendo-lhe que os culpados haviam sido degredados para Timor e não apareceriam mais em Macau, visto que os corpos dos dois chineses não aparecerão. O Mandarim como tinha mamado a peita e não tinha feito auto algum por onde constasse, nem as feridas nem a morte e não tinha por esta causa dado parte a Cantão condescendendo neste ajuste, mas também não quis dar Chapa deste contracto com receio de que o Mandarim de Cantão se o soubesse lhe tiraria a cabeça, e assim ficou este negocio sobre a palavra, porque assim em todo o tempo tinha desculpa em dizer que ainda estava fazendo diligência. Mandou abrir as Boticas e se foi embora. (4) (5)
(1) No dia 8 de Junho, a ronda da Fortaleza do Monte prendeu dois chineses, tendo o Governador António Teles de Meneses (6) mandado que os mesmos fossem entregues ao Procurador André Martins.
Os soldados e os alferes Amaro da Cunha e Lobo sovaram os dois presos de tal forma que um caiu morto, em frente da casa de Manuel Correia de Lacerda. Quando chegaram à residência do procurador, este não quis receber nem o morto nem o vivo, dizendo que os levasse para a Fortaleza do Monte e que, no dia seguinte, lá os iria ver.
Chegados ao Monte, O Governador deu ordens para meter os dois chineses na mina (calabouço) e não houve mais notícias deles, dizendo uns que foram mortos e ele mesmo os enterrara, e outros dizendo que os metera em jarras e os mandara botar ao mar, e respondeu ao Procurador que noutro dia lhe foi falar, que os Chinas tinham desaparecido e que quando viesse o Mandarim lhe dissesse. O certo é que, no dia seguinte, apareceu o mandarim a reclamar os presos e o Procurador, sob as instruções do Governador disse-lhe que os dois presos tinham desaparecidos (4)
No dia 12 de Junho, tendo o «cabeça de ruas» participado à Casa Branca acerca do desaparecimento de dois chineses presos no dia 8, vieram os mandarins exigir a sua entrega e, como o Senado respondesse que não tinha conhecimento de tal facto, ordenaram os mandarins aos chineses o encerramento das suas lojas e a sua saída de Macau. Publicados os editais para este efeito, os mandarins retiraram-se deixando no bazar um troço de soldados incumbido de vigiar pela execução das suas ordens.
Em 17 de Junho, os moradores não sabendo o resultado que viria a ter esta dependência estavam aflitos e por falta de víveres que os Chinas não podiam vender visto a proibição que tinham e o Governador teimoso, recorreram aos Padres Jesuítas a fim de ver se por via de negociações se podia arranjar a acomodarem os Mandarins, visto os corpos se não poderem achar. Assim fizeram em particular um Chapa ao mandarim de Heong San.
Assustaram-se os moradores com estas medidas e com a falta de víveres que, imediatamente, se fez e, ante as reclamações cada vez mais imperiosas doa mandarins, amiudavam-se as sessões do Senado, não se dispondo o Governador a arredar pé da sua atitude. Nesta conjuntura, os cidadãos recorreram aos jesuítas que prometeram resolver a questão por meio de peitas e negociações particulares com os mandarins. (4)
(2) Para serem comercializados noutros territórios nomeadamente Índia e Japão, os portugueses compravam os “pães de ouro”, e grande quantidade de fios de ouro e de folhas de ouro pois os chineses conseguiam muito habilmente bater e moldar o ouro em placas e folhas.
SANDE, Duarte de S.J. – Diálogo sobre a Missão dos embaixadores japoneses à Curia Romana. Macau: Fundação Oriente – Comissão Territorial de Macau para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1997, (1ª ed. 1590).
(3) Só o mercador Luís Coelho despendeu à sua parte 2 000 taéis, em 30 pães de ouro que levaram ao mandarim (3)
(4) Extraído de SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Século XVIII, Volume 2. 1997 e TEIXEIRA. P- Manuel – Os Militares em Macau, 1975.
(5) Em 21 de Junho, o Governador António José Teles de Meneses mandou dar três saltos de polé, na Fortaleza do Monte, ao soldado macaense de apelido Franco, por ter referido em público, numa loja aonde fora comprar tabaco, a morte de dois chineses, pelo alferes Amaro da Cunha e Lobo e um soldado, criação deste, o que levou o mandarim de Heong San a exigir a apresentação dos dois cadáveres, que o Governador teimava sempre em dizer que não existiam (4)
(6) António José Teles de Meneses – governador de Macau de 30 de Agosto de 1747 a 1749 . Foi depois governador de Timor 1768-1775 (4) (7)
Após chegada, em 6-09-1747,”mandou o Gov. armar uma polé, na Fortaleza do Monte, ao pé do Sino, de sorte que o braço della sahia para fora da muralha, e o que era apoiado vinha a dar o salto a rais da muralha. Também mandou também apontar doze Clavinas, e que quando sahia do Monte, trazia doze homens de guarda com ellas carregadas e hum Sargento. Tomarão-lhe os moradores respeito que tremião delle, e o mesmo eram os chinas”
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/09/06/noticia-de-6-de-setembro-de-1747-antonio-jose-teles-de-meneses/
(7) A 2-08-1749, toma posse do governo João Manuel de Melo que governou até 1752; a 15 de Março de 1758 toma posse do governo de Moçambique suicidando-se 21 dias depois atravessando-se com a sua própria espada. (4).

Continuação da leitura da conferência realizada na Sociedade de Geografia de Lisboa, em 5 de Junho de 1946, pelo tenente-coronel de engenharia Sanches da Gama e publicada no Boletim Geral das Colónias de 1946. (1) (2)……………………………………………………………..continua
(1) Ver anteriores postagens em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/06/05/noticia-de-5-de-junho-de-1946-leitura-macau-e-o-seu-porto-i/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/10/24/leitura-macau-e-o-seu-porto-ii/
(2)  «BGC» XXII -253,1946.

Data atribuída à chegada de Peter Mundy a Macau, o dia 5 de Julho de 1637 (1) (2) (3). No entanto, a frota onde vinha Peter Mundy) do capitão John Weddell e Nathaniel Mountney, comandantes da esquadra de quatro navios e duas pinaças enviada a Cantão em 1637 pela Courteen Association (com licença régia concedida em 1635 pelo rei inglês Carlos I) (4), chegou à Ilha da Montanha no dia 27 de Junho de 1637 e já no dia 28 de Junho, o próprio Peter Mundy com John Mountney e Thomas Robinson foram enviados à terra numa lancha com as cartas do rei e do Almirante dirigidas ao capitão General de Macau, Domingos da Câmara de Noronha para obter autorização para ancorar na Ilha da Taipa.
A tripulação dos navios estrangeiros estavam proibidos de ir à terra nem eram permitidas visitas a bordo – interditos todos os contactos dos estrangeiros com os locais – com excepção dos convites oficiais por parte as entidades de Macau (e nessa qualidade Peter Mundy pode visitar e descrever no seu diário (5) as impressões de Macau, bem como desenhos) ou a visita à frota inglesa do Procurador de Macau (no dia 28 de Junho de 1637) e do mandarim chinês no dia 1 de Julho.
Peter Mundy terá visitado ao Igreja e Convento de S. Paulo no dia 07-07-1637 (6)
Mais um pequeno extracto do diário (7) correspondente ao dia 8 de Outubro aquando da visita à cidade a convite do governador e do Conselho da Cidade a 4 individualidades, o comandante Weddell, o pastor, Cristopher Parr (comissário do Dragon) e Peter Mundy tendo este descrito o jantar “numa bela casa ricamente mobilada com baixela de prata, biombos, cadeiras, alcovas, tapeçarias …(…)
O nosso jantar foi servido em baixela, sendo a meu ver muito bom e saboroso; mas a maneira de servir era muito diferente da nossa, pois a cada pessoa era servida uma porção igual de cada espécie de carne, trazida em duas salvas de prata, sendo repetidas algumas vezes, pois antes de acabar um prato, já estava outro pronto para ser servido. O mesmo sucedia com as bebidas: cada um tinha uma taça de prata numa bandeja; apenas esvaziada, era de novo cheia com excelente e bom vizinho português pelos serventes que ali estavam prontos para esse fim. Havia também variada e boa música de canto, harpa e guitarra… (…)
… Neste lugar há muitos homens ricos, trajando à maneira de Portugal. As suas mulheres, como as de Goa, vestem-se com saraças e condês, (8) este sobre a cabeça e as outras do meio do corpo até aos pés, e andam calçadas de chinelas chatas, É este o trajo ordinário das mulheres de Macau. Só as de melhor categoria são transportadas em cadeiras à mão, como as cadeirinhas em Londres, todas totalmente cobertas algumas das quais são muito caras e ricas, trazidas do Japão. Mas quando saem sem elas, a patroa dificilmente se distingue da criada ou escrava pela aparência exterior, todas inteiramente cobertas, mas as suas saraças ou (?chailes) são de melhor qualidade. “(3)
No Volume III, Part. II do mesmo livro, logo no início, o autor descreve a partida de Macau: Dezembro de 1637/ Janeiro de 1638
(1) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol 1, 1997.
(3) TEIXEIRA, P. Manuel – Macau através dos séculos, 1977).
(4) Terá sido a primeira embaixada britânica de comércio à China. Em 13 de Julho de 1635, após autorização aos ingleses de comerciar nos portos portugueses, dava entrada em Macau, o primeiro barco inglês. (2)
(5) Peter Mundy (1600-1667?) natural da Cornualha, mercador, viajante, é considerado um dos mais famosos viajantes ingleses pelas suas muitas viagens pela Europa e Àsia.
Sir Richard Carnac Temple (1850-1931) e Miss Lavinia Mary Anstey editaram (adaptação e comentários) com o patrocínio da Hakduyt Society, em 1907, os diários de Peter Mundy com o título “The Travels of Peter Mundy in Europe and Asia (1608-1667)”  em 5 volumes.
As referências a Macau encontram-se principalmente no Vol. III, Part. 1:
Imagens extraídas de:
https://archive.org/stream/travelsofpetermu31mund#page/n7/mode/2up
(6) A data provável da conclusão da fachada de pedra da Igreja da Madre de Deus (SD. Paulo é de 1637.
(7) Ver anteriores referências a Peter Mundy em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/peter-mundy/
(8) O Condê era uma espécie de véu que cobria a cabeça e o tronco e a saraça um vestido de linho fino, que se segurava ao condê e ia da cintura aos pés. Quando o condê caía, apareciam as imodestas O bispo D. Alexandre Pedrosa Guimarães condenou este trajo em 1779, pois dizia ele, quando o condê «cai, se descompõem indecorosamente nos lugares mais modestos» (3)
No Volume III, Part. II do mesmo livro, logo no início, o autor descreve a partida de Macau: Dezembro de 1637/ Janeiro de 1638.
Imagens extraídas de:
https://archive.org/stream/travelsofpetermu32mund#page/n7/mode/2up