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A. F. Marques Pereira regista nas suas Efemérides: «Chapa do Procurador da cidade de Macau ao mandarim do distrito, pedindo-lhe que mande fechar quatro lojas chinas, sitas na Prainha, onde eram aliciados os marinheiros a fugirem dos navios em que estavam contratados, para servirem noutros.

O chamado «mandarim do distrito» – que era o mandarim de Hian-Chan – respondeu que melhor seria evitar que os marinheiros fossem às ditas lojas beber vinho. No entanto, a 7 do mês seguinte (1), o mandarim Tcho-Tong proibiu as lojas chinesas de vender vinho aos escravos negros e marinheiros.

O mandarim Tso-tang de Macau, de apelido Ien, publicou um edital em 27 de Março de 1830, dizendo «que vindo ao seu conhecimento, que na Prainha, sendo lugar de embarque e desembarque da gente de Navios, se achavam estacadas muitas lorchas, tancares e choupanas, chamarizes de incêndio, como de facto sucedeu na noite da 2.ª Lua; pelo que ele mandarim já mandou demolir todas aquelas barracas e manda afixar este edital para que vós todos os tancares e chinas das barracas na Prainha saibais que vos é proibido daqui em diante fabricar mais barracas, nem estacar lorchas, para não ocasionar incêndios; se algum de vós se atrever a fazer, será agarrado e castigado. (2)

(1) Ver anterior postagem em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/10/07/noticia-de-7-de-outubro-de-1828-escravos-e-marinheiros/

(2) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, ICM, 1997, pp. 427/428

Edital de 11 de Setembro de 1851, assinado pelo governador, Capitão de Mar e Guerra da Real Armada, Francisco António Gonçalves Cardoso – Regulamento sobre a prostituição dentro dos muros da cidade e as casas toleradas. (1) Este edital é constituído por 14 artigos sendo de destacar os seguintes:

Extraído de «Boletim do Governo da Província de Macao, Timor e Solor», Vol. 6, n.º 43 de 13 de Setembro de 1851, pp. 145-146

(1) Ver anterior postagem sobre este mesmo edital em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/09/11/noticia-de-11-de-setembro-de-1851-prostitui-cao-em-macau/

Notícia publicada em “O Commercial” do dia 12 de Setembro (1) e republicada em inglês no «The Chinese Repository» de 1840 (2) (3) – morte de um marinheiro americano na noite (21h00) do dia 9 de Setembro de 1840, que por desacatos na via pública, na Prainha, foi preso por uma patrulha policial do bairro de S. Lourenço. Enquanto era conduzido pela patrulha para a esquadra, conseguiu fugir para a praia do Manduco tendo encontrado a oposição de uma guarda de soldados e população. Foi atingido por um tiro que as forças policiais e os militares negaram ter usado, suspeitando-se ser de alguém dos que estavam a assistir ao confronto. Refere-se que este marinheiro americano pertencia ao brigue americano «Duan» (reportado como navio para o transporte de emigrantes mas também dos escravos da África para a América) mas que por actos violentos a bordo no navio e incitamento à insubordinação, foi deixado em Macau pelo capitão do navio.
(1) “ O Comercial” publicado em Macau de 1838 a 1842.
(2) «The Chinese Repository», Vol IX May 1840-Dec 1840  p. 328
(3) Este episódio é também relatado por Jonathan Porter no seu livro “the Imaginary City: Culture and Society, 1557 to Present, 1996, 240 p.
Leitura deste episódio disponível em:
https://books.google.pt/books?id=3JZNDwAAQBAJ&printsec=frontcover&hl=pt-PT#v=onepage&q&f=false

«A Aurora Macaense»,n.º  27 de 15 de Julho de1843

Notícia de 7 de Outubro de 1828 – O mandarim tchó-t´ong (1) proibiu as lojas chinesas de vender vinho aos escravos negros e marinheiros, por o Procurador da Cidade ter pedido a prisão dos donos de quatro lojas da Prainha, cujo negócio principal era o de fazer embarcar mouros e marinheiros criminosos, em navios que os levavam para fora de Macau, a troco dos furtos com que estes pagavam a sua liberdade.
GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954

(1) Tchó-t’óng ou Tso-tang ou Zuotang – Além da constante intervenção  política do Mandarim da Casa Branca (Qianshan) do Distrito de Xiangshan e do Mandarim do Hopu (alfândega Chinesa), em 1736, as autoridades chinesas impuseram um mandarim local, Zuotang, residente a norte da Península de Macau, que passou a exercer plena autoridade, a partir de 1797. No século XIX, com o governador português, João Ferreira do Amaral, este poder dos mandarins foi drasticamente reduzido.

No dia 30 de Setembro de 1828, o procurador de Macau pediu, em ofício ao mandarim do distrito que mandasse fechar quatro lojas chinesas na Prainha, onde eram aliciados os marinheiros a fugirem dos navios em que estavam contratados para servirem noutros. O Mandarim respondeu que o melhor era os marinheiros não irem à loja beber vinho, transferindo para o Procurador o processo de evitar essa frequência.
GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau.