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O edifício do Hotel Boa Vista (após 1936, Hotel Bela Vista), debruçado sobre o Bom-Parto e a baía de Bom Pastor, terá sido construído em 1870 para residência da família Remédios e foi no ano de 1890, registado como Hotel, passando a ser propriedade do Capitão Inglês William Edward Clarke. (1)
Foi inaugurada como unidade hoteleira europeia a 1 de Julho de 1890 (2) e a gerência do Hotel manteve-se na família Remédios: L. M. Remédios e sua esposa Maria Bernardina dos Remédios, de 1891 a 1894. (1)

Hotel Boa Vista MAN FOOK 1907O HOTEL BOA VISTA (Foto de MAN FOOK), 1907

Embora o Hotel Boa Vista esteja registado no Registo Predial com a data de 1900 (n.º 5 431 (3), já em 18-11-1899, estava inscrito no Livro do Tabelião Serpa, como pertencente ao Capitão da Marinha Mercante Inglesa William Edward Clarke e mulher, Catherine Hannack Clarke. (1)
A 11 de Novembro de 1899, Clarke e sua esposa hipotecaram o hotel por $ 15 000,00 à “Hong Kong , Canton and Macau Steamer C.º” (onde Clarke trabalhava como capitão); essa quantia foi paga a 21 de Novembro de 1901. Quando o Governador da Indochina Francesa quis comprar o hotel, para aí instalar um sanatório militar e naval, (para a convalescença dos funcionários civis e militares que eram atacados de febre paludosa) “levantou-se tamanha celeuma na imprensa e no parlamento inglês que o governo português se viu obrigado a expropriá-lo para aplacar as iras do leão britânico” (TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I). O governou expropria o edifício e vende-o à Santa Casa da Misericórdia por 80 mil patacas.
(1) Não é certo que tenha sido proprietário em 1890 pois em Março 1891, Maria Bernardina dos Remédios aparece em assentos documentais como proprietária do Hotel para reclamantes perante o novo Regulamento de Décimas e Impostos, e em 31 de Maio de 1891, no Processo n.º 339/G, regista-se um recurso interposto ao Conselho da província por Maria Bernardina dos Remédios, após pedido de redução verbal apresentado por Maximiano António dos Remédios e não atendido, contra a Junta de Lançamento de Décimas, que desatendeu a sua reclamação em relação ao valor locativo do Hotel Boa Vista. O Conselho de Província atendeu, em 13 de Junho do mesmo ano, baixando das $750.00 para $ 500.00, por ser tratar de uma unidade hoteleira incipiente (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 3, 1995).
(2) O jornal «Hong Kong Daily Press» do dia 4 de Julho de 1890, «acaba de aparecer uma importante contribuição para as instalações hoteleiras de Macau. O Hotel Boa-Vista, belo e novo edifício com 20 quartos, situado na Baía do Bispo, (4) frente ao Mar do Sul, foi aberto a 1 de corrente… (…). Mrs Maria Bernardina dos Remédios passou a ser apenas gerente” (TEIXEIRA, Pe.M – Toponímia de Macau,  Vol. II)

 Hotel Boa Vista 1910HOTEL BOA VISTA, 1910

(3) Registo Predial N.º 5431 (Ano de 1900): prédio urbano denominado Hotel Boa Vista e dependências sito na freguesia de S. Lourenço, Rua do Tanque do Mainato,(5) tendo a sua entrada principal o n.º1 de polícia …(…) É formado principalmente , pelo Hotel Boa Vista, que abre para esta Rua do Tanque do Mainato e mais cinco terraplenos, ligados por escalas de pedra servindo de jardins, com árvores e duas casetas. Ao fundo do lado do mar tem três tanques pequenos de pedra, dos quais um está arrasado, bem assim a muralha que cercava nesse sítio a propriedade. Tem o valor venal de vinte e cinco mil patacas segundo mostra a escriptura de compra e venda donde se extraiu esta descripção a fls. 47v do Liv. 25 de notas do Tabelião em 18 de Novembro de 1899.(TEIXEIRA, Pe. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I.)
(4)”Havia a praia de Cacilhas, na base do Ramal dos Mouros, hoje totalmente coberta pelo Reservatório, a Praia da Guia onde se erguia a antiga Chácara do Leitão, a Praia do Bom Parto, a Praia do Bispo, onde nadavam os ingleses do Hotel Bela Vista, outro hotel de serviço europeu, e a Praia do Tanque do Mainato, estas duas últimas na baía do Bom Pastor que vai da curva de Bom Pastor à ponta de Santa Sancha” . ” Onde hoje está o Ténis Civil, ficava estão a Baía do Bispo.” “O Tanque do Mainato ficava entre a Baía do Bispo e a Vacaria do Vaz ou Leitaria Macaense, a qual ocupava a área atrás da antiga casa da Obra das Mães.” (TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I)
(5) O edifício do Hotel Boa Vista, depois Bela Vista, fica na rua do Comendador Kou Ho Neng antes chamada Rua do Tanque do Mainato ( durante séculos com esse nome por haver ali um tanque onde os mainatos lavavam a roupa. No próprio jardim do Hotel Boa Vista havia outrora três tanques de pedra que depois foram tapados). (TEIXEIRA, Pe. M. – Toponímia de Macau, Volume I).  Hoje, residência oficial do cônsul Geral de Portugal em Macau.

Continuação da publicação das fotografias deste pequeno álbum (1)

“SOUVENIR DE MACAU”

Souvenir de Macau 1910 Guia e o Farol“A MONTANHA DA GUIA E O FAROL” (à esquerda, em primeiro plano, a casa “Silva Mendes”)

“THE GUIA FORT

The Guia Fort is one of the most conspicuous objects in a landscape whore nearly very thing seeins conspicuous. lt crowns the Guia Hill and is approached by a zig-zag path from the Gap. Within its enclosures is an old chapel, containing old graves and opened once a year when a proces sion ascends to it. The lighthouse is also within the walls of this fort, The light is a revolving one going by clock- work, the works being wound up by two convicts, who have a cell for their incarceraton within the fort. The Guia Fort was built in A. D. 1637 and the lighthouse in 1865.There is a small chapel in the Guia Fort the ermida da nossa senhora da Guia, or Neves.”(2)

 O Farol da Guia foi custeada pela comunidade estrangeira de Macau tendo à testa o comerciante H. D. Margesson que tinha a sua firma na Rua Central n.º 17. Construído sob a direcção do governador José Rodrigues Coelho do Amaral, sendo o hábil macaense, Carlos Vicente da Rocha, o autor do engenhoso maquinismo que funcionava com um candeeiro de petróleo e acendeu-se pela primeira vez a 24 de Setembro de 1865. (3)

Souvenir de Macau 1910 Praia da Guia“PRAIA DA GUIA” (em primeiro plano, a rua empedrada que dava acesso ao Hospital Militar Sam Januário)

Ampliação Mapa 1921 -Tellurologie et ClimatologieAmpliação do mapa de 1921, anteriormente publicado (4)
Localização da Praia da Guia (C)
Outros pontos de referência no mapa: n.º 19 – Fortaleza de S. Paulo do Monte; n.º 20 – Jardim de S. Francisco; n.º 21 – Grémio Militar; n.º 22- Quartel de S. Francisco;
n.º 23: Observatório Meteorológico; n.º 24 – Farol/Fortaleza da Guia;
n.º 25: reservatório de água n.º 26: Jardim da Flora;
n.º 27: Quartel e Monumento da Vitória;
n.º 29 – Monumento e Avenida de Vasco da Gama; n.º 30 – Cemitério de S. Miguel;
n.º 31 – Cemitério dos Parses.

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/artes/
(2) BALL, J. Dyer – Macao the Holy City: the gem of the Orient Earth.1905.
(3) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol I, 1997.
(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/06/01/leitura-tellurolo-gie-et-climatolo-gie-medicales-de-macao/

Tellurologie e Climatologie CAPAPequeno opúsculo, (1) 2.ª edição, em francês, que contém o Relatório da participação médica no 4.º Congresso de Medicina Tropical do Extremo Oriente, realizado na Batávia (2), em 1921, elaborado pelo Dr. António do Nascimento Leitão (3).
Tellurologie e Climatologie 1.ª páginaEste exemplar, na segunda folha, encontra-se uma dedicatória feita pelo autor ao Senhor António d´Almeida Morais e assinado com a data de Agosto de 1921.
O autor baseando no estudo telurológico/climatológico e nosológico de Macau analisou os dados de 10 anos, os elementos climáticos/meteorológicos do território nomeadamente temperatura, pressão atmosférica, ventos, humidade e chuva. (II Capítulo).
A primeira parte do trabalho (I Capítulo) faz um resumo da Telurologia do território: situação geográfica e configuração; o solo e seu relevo, constituição geológica e mineralógica do solo; e considerações hidrológicas.
No III Capítulo, traça a situação geral dos agentes transmissores da peste.

Tellurologie e Climatologie MAPA Macau 1921Mapa de Macau de 1921 escala de 1 / 20 000
Estão assinaladas as letras: A – Praia da Areia Preta; B – Praia de Cacilhas; C – Praia da Guia; D – Praia Grande; E – Porto Interior; F – Aterros e bacia do Patane; G – Aterros em execução; I – Ilha Verde e outros 42 números correspondentes a sítios/locais/edifícios públicos/cemitérios/monumentos, etc de maior interesse.

As conclusões do trabalho científico apresentado foram:
Do estudo telurógico/climatológico e nosológico de Macau conclui-se que:

  • Durante todo o ano, o clima de Macau é salubre e refractário a certas doenças.
  • Durante a época outonal/inverno (Outubro a Março), Macau estará incluído na classificação da “Estação Climática do Mar da China”, pois que nessa época, seu clima temperado tem as características do clima mediterrâneo.”

NOTA: Telurologia é uma disciplina científica através da qual podemos identificar como é a expressão energética do nosso planeta em cada instante e como nos afecta na nossa vida quotidiana.
(1) LEITÃO, António do Nascimento – Tellurologie et Climatologie Médicales de Macao (Macao Station Climtique). Macao, Imprimerie de l´Orphelinat Salésien, 1821, 73 p. +  4 mapas + 7 fotografias; 25 cm x 16 cm.
(2) Jacarta (Indonésia). Até 1949 era Batavia, nome dado pelos holandeses quando foi fundada em 1619.
(3) António do Nascimento Leitão, médico-cirurgião, radiologista (capitão – médico; promovido a major-médico e depois a tenente-coronel médico) chegou a Macau a 1907 (destacado para Timor em 1913, esteve ali algum tempo, regressando a Macau em 1917, após especializar-se em radiologia, em França) como Médico Sanitário, nomeado director do Laboratório de Radiologia em 1922 e director do Laboratório Bacteriológico do Hospital Militar em 1919. Foi Subchefe interino dos Serviços de Saúde (nomeado em 13 de Agosto de 1926).
Era membro correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa, Membro titular da Sociedade de Radiologia Médica de França e Oficial da Ordem Militar de Avis, etc. “Homem de cem ofícios” como lhe chamou o Padre Teixeira (“Foi um dos bons médicos que conhecemos”). Faleceu em Macau no dia 15 de Maio de 1954.
TEIXEIRA, P. Manuel – A Medicina em Macau, Vol. IV, 1976.

COLOANE Mapa Turístico 1991COLOANE (路環), MAPA TURÍSTICO 旅遊地圖, (1)

A capa do folheto de 19 cm por 11 cm, editado pela Câmara Municipal das Ilhas, sem indicação de data (provavelmente de 1991).

COLOANE Mapa Turístico 1991 versoA contra-capa, com um mapa “miniatura” da ilha.

 No interior, desdobrável, um mapa da ilha com 45 cm x 35,5 cm de dimensões e pequenas fotografias dos locais a visitar.

COLOANE Mapa Turístico 1991Planta da ilhaEncontram-se sinalizados, os seis templos chineses, as Igrejas de S. Francisco Xavier e de Nossa Senhora das Dores (Ká Hó), as praias de Cheoc Van  e Hac Sá  e as respectivas piscinas e o Parque de Seac Pai Van.
Não sinalizados, mas já aparecem no mapa, os aterros de Seak Pai Van (junto ao reservatório) e de Tai Van e os aterros onde estão construídos as instalações da Central Térmica da Companhia de Electricidade de Macau (CEM).

COLOANE Mapa Turístico 1991 Resenha históricaE no verso do desdobrável, em português e chinês, um resumo histórico e indicações dos lugares turísticos. Do resumo, retiro:
Longe vão os tempos em que a ligação entre Macau e as suas ilhas se fazia de barco, travessia que tinha os seus encantos, constituindo as duas etapas do percurso (de Macau à Taipa e daí a Coloane) por si só, um excelente e repousante passeio nas águas tranquilas do rio das Pérolas. Hoje é possível, saindo de Macau, fazer-se um percurso de automóvel nas duas ilhas; em 1968 foi inaugurado o istmo que passou a fazer a ligação da Taipa com Coloane; em 1974 inaugurou-se a primeira ponte entre Macau e a Taipa e, mais recentemente em 1994, abriu ao tráfego uma nova ponte que liga a península à ilha da Taipa.”
A 23 de Dezembro de 1864, O Governador de Macau, José Rodrigues Coelho de Amaral, escrevia ao Comandante Militar da Taipa nos seguintes termos:
Tendo sido solicitado os habitantes de Coloane uma força militar para sua protecção e sendo de reconhecida necessidade este pedido, marchou hoje um destacamento de dez praças da polícia para aquela povoação, tendo ordem de se apresentar primeiro a V. Ex.ª, debaixo de cuja inspeção ficam”.
Foi assim que, em 1864, os portugueses ocuparam a ilha de Coloane.

(1) 路環mandarim pinyin: lù huàn; cantonense jyuping:  lou6 waan4.
旅遊地mandarim pinyin: lu yóu di tú; cantonense jyuping:  leoi5 jau4 dei6 tou4

Do álbum da colecção Duarte de Sousa, reproduz-se outro desenho a lápis de Macau, (do livro: “Macau, Cidade do Nome de Deus na China”), sem nome do autor, referenciados como do ano de 1831-1832. (1)

Macau Cidade do Nome de Deus na China CHINNERY Porta da Barreira“The Barrier. Macao, on the Race Course. The Cecilia Bay.”

O istmo que ligava Macau à terra chinesa, a chamada Porta do Limite ou da Barreira. O campo de corridas de cavalos mantido pelos ingleses, com apostas que atraía muita gente. À direita, a baía/praia da Areia Preta que vem referenciada como  Baía Cecília. Nunca vi referenciada esta baía/praia com este nome. Terá sido o autor induzido em erro por esta praia/baía estar em continuidade com a praia de Cacilhas?

Sobre esta região escreveu  J. Dyer Ball (2), em 1905, no capítulo “The Barrier”:
This is the division between Portuguese, and Chinese territory. It is some distance along the long isthmus which unites the peninsula of Macao to China… (…)
Just before reaching the Barrier a short distance is the bathing place, the whole coast line here forming with the sandy beach on the seaward side a magnificent roughly semi-circular bay. Many large fishing stakes are seen with the hovels of their owners perched up amongst the rocks. The whole of Macao seems dominated by forts. To the left is a large one, topping a hill, commanding the Barrier, while to the left are two small ones overlooking the sea and Cacilha’s Bay. Once on the road, leading to the Barrier, we see facing us the large gateway which marks the boundary line…”

Sobre o “hipódromo” e as corridas de cavalo na Areia Preta, uma descrição com algum pormenor de Harriet Low (3) que viveu em Macau de 1829 a 1834, no seu Diário:
5 de Novembro de 1829:“…O campo de corridas está no lugar chamado a Barreira, que impede todos os estrangeiros de passarem além. O campo mede cerca de três quartos de milha. Havia lá uma casa provisória de bambú construída para as senhoras, e posso afiançar-te, minha querida irmã, que era muito interessante comtemplar o matizado grupo abaixo de nós. Chineses de todas as descrições, enfarpelados nos seus trajos muito singulares, alguns com os chapéus da forma dum cesto, muitos de cabeça descoberta, mas empunhando uma ventoínha que os protege do sol. Alguns tinham sacos nas costas medindo cerca de meia jarda quadrada, nos quais metem os bebés. Estes pobrezinhos apanhavam chocadelas em toda a roda, no meio da multidão, como se fossem pedaços de madeira.
Portugueses e lascares andavam de mistura com chineses e, ao ouvir esta mistura de línguas – das quais nada comprendi, fez-me pensar na confusão de Babel, o que me levou a desejar que esta doida gente visesse na terra tamto tempo quanto lhe fosse permitido.
Algumas das corridas foram muito boas e fizeram-se grandes apostas.
Regressámos cerca das sete horas e tivemos uma longa discussão sobre os méritos dos ingleses…(4)

Macau Cidade do Nome de Deus na China The Race Course

“Near the Race Course. Macao”

Creio que é a mesma “paisagem” do anterior mas “vista” de mais longe, podendo distinguir melhor o istmo que ligava Macau à terra chinesa. A colina à esquerda, muito provavelmente, a de Mong Há.

Ainda sobre estas corridas de cavalos, há um ofício, de 28 de Abril de 1829, do Mandarim de Heong San ao Procurador da Cidade:
ordenando-lhe que proibisse imediatamente as corridas de cavalos com que, por divertimento, os estrangeiros residentes em Macau (ingleses) assustavam os viandantes, junto às Portas do Limite, o que constituía uma grave ofensa às leis do Império (5)
Em 1831 havia ainda a disputa/jurisdição sobre a posse de terras. Sobre umas obras na Ilha Verde, o Mandarim de Heong San, num ofício de 21 de Julho de 1831, informava:
“... Os portugueses só têm residência autorizada dentro das muralhas. A Ilha Verde está fora delas, no mar, à distância de alguns lis; por isso não é portuguesa …etc”(5)
NOTA: outra referência ao Hipodromo da Areia Preta em 1934:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/hipodromo/

(1) Ver referências em anterior “post”:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/02/21/pintura-de-macau-de-1831-1832-i-fortaleza-da-guia/   
(2) Sobre este autor e referência ao livro, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/j-dyer-ball/ 
(3) Sobre Harriet Low, ver referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/09/23/leitura-diario-de-harriet-low-tufao-de-1831/
(4) TEIXEIRA, Padre Manuel – Macau no séc. XIX visto por uma jovem americana. Direcção dos Serviços de Educação e Cultura, Macu , 1981, 59 p.
(5) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XIX, Volume 3. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1995, 467 p (ISBN 972-8091-10-9)

“Acompanhado do vice-almirante Possiet, ajudante de campo geral do Imperador da Rússia, do sr. Machin, conselheiro de estado efectivo, do capitão O´Callaghan, ajudante de campo de Sir Arthur Kennedy, Governador de Hong Kong, do sr. Tundeer, tenente da Marinha imperial e do sr. Wodehouse, funcionário do governo vizinho, chegou o Grão-Duque Alexis (1) a Macau, num sábado, dia 28 de Setembro de 1872, vindo de Cantão, no barco a vapor da carreira «Spark», que, ao passar em frente da Praia Grande, em demanda da ponte cais no Porto Interior, sustara a marcha, por pouco tempo, a fim de permitir que o Príncipe Herdeiro da Rússia e sua comitiva passassem para a galeota do Governador, momento esta em que troou pelos ares, ribombando, vibrante e alacremente, pelas quebradas dos montes e serrania das ilhas que envolvem esta península, uma salva disparada dos velhos canhões da vetusta fortaleza de S. Francisco.
Vistosamente engalanada, a galera governamental, sob o impulso de vigorosas e cadenciadas remadas de musculosos marinheiros, cortava célere as lodosas águas do delta e, num ápice, em lesta e perfeita manobra, acostou ao cais de pedra, em frente do Palácio do Governo, que estava situado no local hoje ocupado pelo edifício do Palácio das Repartições (2)
Outra salva, desta vez, disparada da fortaleza do Monte, assinalou a ocasião em que o futuro Imperador da Rússia tocou pé em terra, sendo cumprimentado, no cais do desembarque, pelo Secretário Geral do Governo, Henrique de Castro, e outras individualidades. Sua Alteza, com o seu séquito, ascendeu, depois, a rampazita do cais e franqueou a diminuta largura da avenida da Praia Grande, para chegar à porta do Palácio do Governo, frente do qual estava postada a guarda de honra, constituída por uma força do Batalhão de Infantaria, com a sua banda de música e bandeira.
Aguardava a importante personagem, à porta do palácio, o Visconde S. Januário, (3) acompanhado das pessoas mais gradas tanto do meio civil como militar.
Terminado o aparato da recepção e apresentadas as boas-vindas, o Príncipe Real ficou alojado, no Palácio do Governo, e, depois de um pequeno descanso, percorreu de carruagem, na companhia do Governador, dos ajudantes e do seu séquito, algumas das principais ruas da cidade e dos arrabaldes. (4)
Alexandre III da Rússia IAlexandre III com a sua esposa Maria Feodorovna (nascida como princesa Dagmar da Dinamarca) em 1868 (5)
(1)   O Príncipe Imperial Grão-Duque Alexis (1845-1894) viria a ocupar o trono de Czar (Imperador e Autocrata de todas as Rússias, Rei da Polónia e Grão Duque da Finlândia), em 13 de Março de 1881, com o nome de Alexandre III, sucedendo a seu pai Alexandre II, cujas tendências liberais renunciaria, para retomar as tradições absolutistas.
(2)   Sensivelmente onde está colocada, agora, a estátua de Jorge Álvares.
(3)   Januário Correia de Almeida (1829-1901), 1.º Visconde de S. Januário (atribuído a 1867), foi nomeado governador de Macau a 23 de Março de 1872. Terminou o mandato a 7 de Dezembro de 1874 (nomeado neste ano Ministro Plenipotenciário na China, Japão e Sião. O título de 1.º Conde de S. Januário foi-lhe atribuído em 1889, por D. Luís Ide Portugal.
Recordar que o início das obras de terraplanagem do planalto do até então Monte de S. Jerónimo para a construção do Hospital Militar que ficou com o seu nome,  foi a 10 de Agosto de 1972.
(4)   GOMES, Luís Gonzaga. Páginas da História de Macau. Instituto Internacional de Macau. Macau, 2010, p.357, ISBN: 978-99937-45-38-9
(5)   http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_III_da_R%C3%BAssia
CORRECÇÃO E ACTUALIZAÇÃO EM 28/09/2016
Esta postagem contém um erro que rectifico:
O grão duque Alexis que esteve em Macau não foi o Príncipe Imperial Grão Duque Alexander Alexandrovich Romanov (1845-1894), futuro czar Alexandre III (reinou de 1881 a 1894) mas sim, o seu irmão Alexis Alexandrovich Romanoff (1850-1908).  Para mais informações ver a actualização “”Notícias de 28 a 30 de Setembro de 1872 – Visita do Grão Duque Alexis “

Dentro da rubrica “AS NOSSAS GRAVURAS”, a “Revista Illustrada de Portugal e do Estrangeiro” “OCCIDENTE” (1) publicou uma gravura (“segundo uma photographia”) intitulada “ÍNDIA PORTUGUEZA – MACAU”, com a seguinte “descripção para melhor intelligencia do leitor
POSTAL DE ÍNDIA-MACAU 1890
Representa a nossa gravura a parte ocidental da cidade, principal centro de commercio, vendo-se também o seu magnifico ancoradouro no braço do rio Cantão. 
A vista que publicamos é tirada do alto da Penha; para a direita avista-se na distancia um ponto escuro que é a gruta de Camões, as montanhas que se veem ao fundo pertencem a Anção ou a Hiamxan (2) da ilha de Ngão-men, a maior do Golpho em que desagua o Cantão; para a esquerda avista-se por ordem primeiro a praia de Manduco, a Praia Pequena ao lado da qual está a povoação chineza denominada Bazar, (2) segue-se a praia do Terrafeiro. 
A pequena ilha que se vê a meio do rio é a ilha verde, que até 1762 foi propriedade dos jesuítas e onde hoje está o seminário. 
A parte principal da nossa gravura representa o centro commercial da cidade onde os edifícios são mais importantes.”
NOTA: Por desconhecimento geográfico ou falta de atenção do revisor, a legenda da “foto” está intitulada

“ ÍNDIA PORTUGUEZA – MACAU” 

A mesma “foto” foi republicada na mesma revista mas em 1897, já com a legenda:

 “ MACAU – CIDADE DO SANTO NOME DE DEUS”

POSTAL DE MACAU Publicado 1897
(1) “OCCIDENTE” n.º428 (1890)
(2) Heung-san 香山 – mandarim pinyin: xiang shan; cantonense jyutping: hoeng1 saaan1 ), a área ao sul do Delta do Rio das Pérolas na Província de Guangdong. Ver https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/21/noticia-de-1743/
(3)“O bazar é exclusivamente habitado por Chinas e fica a O. da fortaleza do Monte, na parte que se liga à aba do outeiro e extende-se à margem do porto interior, vulgarmente conhecido pela denominação de «rio de Macau». É cortado por uma infinidade de ruas estreitas e bêcos sem sahida, que constituem verdadeiros labirynthos. A qualquer hora do dia grande multidão de Chinas percorre estas vias publicas, os quaes no giro dos seus negócios fervilham de todos os lados,
O bazar é o centro commercial dos Chinas em Macau.” É lá que estão estabelecidos os mercados da carne de vaca ou de porco, das aves, do peixe, do arroz, dos legumes, hortaliças, fructas, etc.” (1)