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Extraído de «A Aurora Macaense», I- 19 de 20 de Maio de 1843, p. 85

Família HUET referenciados no livro de SANTOS, Isaú – Macau e o Oriente no Arquivo Histórico Ultramarino (Volume I), ICM, 1997, pp. 265, 412, e 539.

No dia 5 de Março de 1849 foi abolido e expulso de Macau o Hopu pequeno (alfândega chinesa), que exercia a sua jurisdição superior no Hopu da Praia Grande. Aquele era de pouca importância; porém, o segundo, conhecido pela denominação de Hopu grande, tinha o prestígio da sua antiguidade e a força de muito poderio. A Praia Pequena era o sítio hoje conhecido pelo Largo do Ponte e Horta e seus arredores.

(Anuário de Macau, 1922, p. 13)

O Governador João Maria Ferreira do Amaral (1) proibiu aos hopus (alfândega chinesa) desta cidade de cobrarem quaisquer direitos às mercadorias exportadas de Macau para os portos da China, pedindo ao Vice-Rei de Cantão que mandasse retirar aos funcionários chineses que exerciam os seus cargos em Macau, dentro do prazo de oito dias. Os hopus exerciam a sua jurisdição superior no Hopu da Praia Grande e no da Praia Pequena, sítio hoje conhecido pelo Largo da Ponte e Horta e seus arredores. (2)

 “12-03-1849 – Não tendo o Vice-Rei de Cantão ordenado a retirada dos funcionários do Hopu, o Governador João Maria Ferreira do Amaral mandou pôr travessas na porta principal do Hopu, deixando abertas as outras, para uso dos que li viviam e fez postar um piquete de soldados e uma canhoneira de mar, em frente do Hopu, para protegerem o desembarque de todas as mercadorias e viveres, acabando assim com o último vestígio da interferência chinesa na administração desta colónia.” (2)

“13-03-1849 – O Governador João Maria Ferreira do Amaral ordenou à força pública que fizesse desaparecer todos os sinais da alfândega chinesa em Macau, ordenou esta que foi cumprida, imediatamente.” (2)

(1) Já em Fevereiro desse ano, o Governador Ferreira do Amaral tinha suspendido o pagamento de foro de Macau ao Governo Imperial da China (3) e impôs deveres fiscais à população do entreposto até às Portas do Cerco. A 16 de Fevereiro, Ferreira do Amaral pede ao Vice-Rei Xu Guangjin que mande retirar o Hopu de Macau (2)

(2) SILVA; Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, pp. 115-116

(3) Na opinião do historiador A. Vasconcelos de Saldanha em “Estudos Sobre as Relações Luso-Chinesas“, (pp. 208 a 210), Ferreira do Amaral não procedeu à suspensão do foro, objectivamente o que fez foi recusar corresponder-se com o mandarim por achar que o devia fazer apenas com o Vice-Rei de Cantão. E não abrindo a correspondência, não tomou conhecimento da ordem ali expressa para pagamento do foro. (2)

NOTA: Recorde-se que o Governador Ferreira do Amaral foi assassinado a 22 de Agosto de 1849. Ver anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-m-ferreira-do-amaral/

Edital de 11 de Setembro de 1851, assinado pelo governador, Capitão de Mar e Guerra da Real Armada, Francisco António Gonçalves Cardoso – Regulamento sobre a prostituição dentro dos muros da cidade e as casas toleradas. (1) Este edital é constituído por 14 artigos sendo de destacar os seguintes:

Extraído de «Boletim do Governo da Província de Macao, Timor e Solor», Vol. 6, n.º 43 de 13 de Setembro de 1851, pp. 145-146

(1) Ver anterior postagem sobre este mesmo edital em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/09/11/noticia-de-11-de-setembro-de-1851-prostitui-cao-em-macau/

Extraído de «O Macaista Imparcial», I-80 de 13 de Março de 1837

NOTAS: O Governador de Macau era Adrião Acácio da Silveira Pinto (1837 a 1843)
A 3 de Novembro de 1828, os mandarins da Casa Branca e de Tch´in-Sán, respectivamente Lei e Chan, publicaram um edital, proibindo os chineses de causar distúrbios na cidade, por ocasião da representação dos auto chinas no Pagode da Barra A 4 desse mês, o mandarim da Casa Branca ordenou que fossem desmanchadas as barracas da Praia Pequena, Barra e outro lugares por serem coutos de maltrapilhos e publicou um edital, proibindo a construção de mais barracas nos referidos sítios (1)
Na Praia Pequena estava instalada uma alfândega chinesa (hopu grande) (2) no Pátio da Mina (freguesia de Santo António). Onde ficava o hopu grande?
A comissão do tombo das propriedades foreiras à fazenda pública, composta por Manuel Castilho, António de Azevedo e Cunha e Eduardo Marques, dizia no seu relatório de 19 de Maio de 1877:
«Julga a comissão conveniente chamar a atenção de S. Exa. o Sr. Governador (3) para o pateo da Mina que tem duas entradas pelas portas n.º B 19 e 32 na rua de N. S. do Amparo. Occupa a área que dantes constituí ao chamado Hopú grande da Praia pequena que foi derrubado por um dos governadores (4) antecessores de S. Exa…” (1)
(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol. I.  ICM, 1997
(2) O Hopu pequeno estava instalado na Praia Grande
(3) Governador Carlos Eugénio Correia da Silva –1876 a 1879
(4) Governador João Maria Ferreira do Amaral – 1846-18491

Em 23 de Setembro de chegou a Macau, na nau Rainha dos Anjos, Carlos Ambrósio Mezabarba, Patriarca de Alexandria e Legado do Papa. (1) Na mesma nau vinha uma carta de D. João V, com data de 21 de Março de 1720, recomendando ao bispo Casal (2) que recebesse bem o Legado e lhe pedisse absolviçãio das censuras.
O Legado desembarcou na Praia Pequena, no dia 26 de Setembro e foi bem recebido pelo bispo, governador, cidadãos e mais moradores da cidade. A nau «Rainha dos Anjos» regressou, em vésperas do natal de 1921, mas ardeu ao largo do Rio de Janeiro em 16 de Junho de 1722 e com ele os preciosos presente do Imperador da China para o Rei de Portugal (3)(4)
O Patriarca D. Carlos Melchior de Mezzabarba partiu de Macau a 07 de Outubro de 1720, para Cantão (de barco até à Casa Branca), a fim de seguir para Pequim. De notar que Mezzabarba foi bem recebido, ao contrário de Tournon; (5) porque Mezzabarba veio por Lisboa, mostrando que o Papa Clemente XI reconheceu os direitos do Padroado Português do Oriente, e Tournon não. (6)
(1) Carlo Ambrogio Mezabarba (1685 -1741) Ordenado padre em 1718 e consagrado Bispo em 1719. Em 18 de Setembro de 1719 foi nomeado por Clemente XI, patriarca titular de Alexandria. O pontífice enviou-o à China (Novembro de 1719) com o título de “Legato a latere” como legado pontifício a fim de resolver a questão dos ritos chineses mediando entre o imperador Kangxi de um lado e os missionários jesuítas do outro. Reuniu com o rei de Portugal em Lisboa e chegou a Macau em 1720. Esteve em Pequim de Dezembro desse ano até Fevereiro de 1721.Mezzabarba defendeu o decreto papal de 1715 e condenava os ritos o que desagradou o Imperador. Este esperava que o enviado papal pudesse explicar ao papa a posição do imperador. Mezzabarba deixou Pequim em Março de chegou a Macau em Maio de 1921.
Mezzabarba foi o sucessor de Carlo Tommaso Maillard de Tournon (legado de 1703 a 1707). (5)Mezbarba regressaria a Roma com os restos mortais de Tournon em finais de 1721). Devido ao insucesso da sua missão, esteve sete meses em Macau onde promulgou a carta pastoral aos missionários na China onde não tencionava suspender o decreto papal de 1715 mas introduzia oito permissões nos ritos. Saiu para Roma em Dezembro de 1721 via Brasil e Portugal chegando a Roma em Abril de 1723.
Em 23 de Julho 1725 foi nomeado Bispo de Lodi onde faleceu em 7 de Dezembro de 1741.
href=”https://it.wikipedia.org/wiki/Carlo_Ambrogio_Mezzabarba”>https://it.wikipedia.org/wiki/Carlo_Ambrogio_Mezzabarba
http://www.bdcconline.net/en/stories/m/mezzabarba-carlo-ambrogio.php
DUCREUX, Gabriel Marin – Continuacion a la historia eclesiástica general o Siglos del christianismo del Abade Ducreux que compreende desde o ano de 1700, em que a concluiu o autor, até ao actual Pontificado de P. Pio VI., pelos tradutores da dita obra. TOMO XIV, 1792, pp. 235-236.
CASTILLO y MAYONE, Joaquin del – Frailismonia, o grande historia de los frailes… obra escrita con toda …, 1836, pp. 129-130
(2) Anteriores referências ao Bispo D. João do Casal em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-joao-do-casal/
(3) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(4) 6-05-1721 – Chegaram a Macau os presentes enviados pelo Imperador da China a D. João V e Clemente XI, sendo recebidos por três companhias de soldados e salvados pela fortaleza do Monte. Estes presentes vieram muito bem acondicionados, em 48 caixas acharoadas de amarelo, procedendo o Patriarca D. Carlos Melchior de Mezzabarba que, regressando de Pequim, entraria, no dia seguinte, com faustosa recepção de arcos triunfais, tropas, salvas, repiques e luminárias.(6)
(5) Carlos Tomás Maillard de Tournon, patriarca de Antioquia. Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/carlos-tomas-maillard-de-tournon/
(6) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol 2, 1997)

Além dos tufões, eram os incêndios os que maiores danos materiais e humanos causavam em Macau. Assim há várias notícias nas primeiras décadas do século XIX, sobre medidas e recomendações para se evitarem os incêndios.
No dia 7 de Novembro de 1829, o mandarim tchó-t´óng, por apelido Im, com o fim de evitar incêndios, ordenou a todas as lojas que tivessem baldes com água, à porta e que fossem destruídas quaisquer barracas de palha, além de se andar de noite com lanternas, em vez de archotes. (1)
Outra notícia datada também de Novembro mas na década de 30 (século XIX) com a mesma preocupação de se evitarem incêndios:
No dia 17 de Novembro de 1834, o Procurador da Cidade, António Pereira exigiu em ofício ao mandarim Tchó- T´óng que fosse proibida a construção de barracas e casas de madeira na Praia Pequena a fim de evitar o perigo de incêndios. Em 5 de Novembro desse ano, um violento incêndio destruiu 500 moradias. (1)

chinnery-igreja-de-s-paulo-antes-do-incendio-1834Igreja de S. Paulo, antes do incêndio
George Chinnery, 1834

Relembra-se ainda um outro grande incêndio que aconteceu no ano seguinte, 1835, do dia 26 para 27 de Janeiro, com a destruição da igreja e colégio construídos pelos jesuítas da Companhia de Jesus, na segunda metade do século XVI (1594-1602) restando depois somente as ruínas: a imponente fachada e a escada de granito. (1)
Os primeiros «Serviços de Incêndios», sob a administração da Fazenda Pública datam de 1883. Antes dessa data os serviços de incêndios de Macau foram, em tempos remotos prestados pelos seus próprios habitantes e com material adquirido por particulares (2)
Assim logo que fosse dado o rebate saíam todos os “bombeiros” improvisados dos seus alojamentos que estavam organizados em grupos e o grupo que chegasse primeiro, através do dédalo das ruelas da velha cidade (o risco maior era sempre no Bazar), recebia como recompensa dos seus esforços um magnífico leitão assado e dois almudes da melhor aguardente chinesa, custeados entre os moradores da rua vitimada pelo sinistro.
“Ora o grupo mais afamado era o da fábrica de tabacos “Tchu-Tc´hèong-Kei” que mantinha um grupo privativo com o seu respectivo equipamento, o mais completo possível, pois necessitava de se prevenir contra qualquer incêndio dentro da fábrica cujo negócio era enorme.
Além do grupo de bombeiros, a fábrica obrigava todos os empregados a exercitar-se, constantemente, em destreza e acrobacia, de forma a que todos pudessem acudir pronta e eficientemente em qualquer caso de fatalidade. Estimulados com um bom salário, era nesse grupo que estavam reunidos os melhores bombeiros da cidade.
Assim que fosse dado o sinal de alarme, quer de noite ou de dia, esses valorosos mocetões saltavam imediatamente das suas camas e, num abrir e fechar de olhos, fazendo repercutir com estrépito nas pedras das vielas os seus sapatorros, chegavam ao local de desastre, no meio dum ensurdecedor estrupido de rodados e de brutais imprecações, pondo toda a rua alvoraçada numa convulsão de actividade e, em alguns minutos, dominavam com uma presteza sem igual qualquer abrasamento por mais violento que fosse.
Por este motivo, quando acontecia uma calamidade desta natureza, os ânimos pusilânimes dos moradores da rua onde se manifestava o sinistro só se asserenavam com a chegada do grupo da fábrica “Tchu-Tch´èong-Kêi”. Então, alijados do receio de o fogo se alastrar, devastando as suas casas, exclamavam jubulosos: – Já não há receio! Já chegou o grupo de “Tchu-Tch´èong-Kêi”.!
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) Ler anterior postagem sobre os primitivos bombeiros de Macau de Luís Gonzaga Gomes em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/11/01/noticia-de-1-de-novembro-de-1923-corpo-de-salvacao-publica/
(3) GOMES, Luís Gonzaga – Os Primitivos Bombeiros de Macau in Curiosidades de Macau Antiga. Instituto Cultural de Macau, 1996, 2.ª edição, 184 p. ISBN -972-35-0220-8.
Outras referências anteriores sobre este assunto:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/09/30/leitura-corpo-de-bombeiros-municipais-de-macau-em-1955/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/incendios/”>https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/incendios/ 

Em 11 de Agosto de 1727 : “Neste dia desembarcou António Monis Barreto vindo de Goa socceder no Gov.º a Ant.º da S.ª Telles por ter finalizado o seu tempo.”(1)
O Moço Fidalgo António Moniz Barreto (2) tomou posse do Governo de Macau, tendo sido um mau governador, segundo o Embaixador Alexandre Metelo de Sousa e Meneses. (2) Mandou prender o Ouvidor António Moreira de Sousa (3) com grilhões, e pondo-o incomunicável numa fortaleza, mas conseguiu não só governar durante todo o seu triénio que terminava a 11 de Agosto de 1930, como dois anos mais. (4).  Terá sido substituído depois de 14 de Dezembro de 1732. (5) (6)
(1) BRAGA, Jack M. – A Voz do Passado, 1987.
Há no entanto um erro histórico nesta informação. António da Silva Telo e Meneses (citado muitas vezes como Teles de Meneses) foi Governador de 9-09-1719 a 1722. António Moniz Barreto veio substituir António Carneiro de Alcáçova (governo de 6-09-1724 a 1727).
Capitães Gerais e Governadores de Macau: (5)
De 9 de Setembro de 1719 a 1722 – António da Silva Telo e Meneses
De 19 de Agosto de 1722 a 1723 – D. Cristóvão de Severim Manuel, (destituído em 22 de Julho de 1723) (7)
De 22 de Julho de 1723 a 1724 – António da Silva Telo e Meneses (2.º mandato)
De 6 de Setembro de 1724  a 1727 – António Carneiro de Alcáçova
De 11 de Agosto de 1727  a 1732 – António Moniz Barreto
(2) António Moniz Barreto, nasceu a 12-09-1683, em Angra de Heroísmo (Açores) , filho de Guilherme Moniz Barreto. Nomeado fidalgo a 10-06-1699. Casou em Macau. Morreu na fragata Nossa Senhora de Montalegre em 29-06-1751.
Doug da Rocha Holmes http://www.dholmes.com/rocha2.html
http://archiver.rootsweb.ancestry.com/th/read/PORTUGAL/1999-11/0941671130
(2) Alexandre Metelo de Sousa e Meneses que chegara a Macau a 10 de Junho de 1726, na nau Nossa Senhora da Oliveira (ficou hospedado na casa de Francisco Leite, que veio a ser Palácio do Governo e depois Palácio das Repartições – demolido) entregou  no dia 4 de Agosto de 1726, em Pequim, a  carta de D. João V ao Imperador da China, como embaixador de Portugal na China. Regressou a Macau no dia 08-12-1927 , para embarcar na Praia Pequena, para Lisboa a 17 de Janeiro de 1728 (chegou a Lisboa a 21 de Novembro de 1728, sendo nomeado conselheiros do Conselho Ultramarino). (4) (5)
(3) Dr. António Moreira de Sousa desembarcou em Macau do navio Sr.ª Ana e tomou posse do cargo de Ouvidor, para o qual havia sido nomeado no ano antecedente, a 3 de Agosto de 1726. O motivo da prisão terá sido o conflito entre o Ouvidor e o sargento-mor José Álvares de Queirós. Foi substituído a 7-09-1728, data em que chegou no Navio Nossa Senhora da Penha da França, vindo de Goa, António Fernandes Teixeira. (4)
Conta Fr. José de Jesus Maria entre Novembro e Dezembro de 1727: «No anno de 1727 se vio bem embrulhada esta cidade de dezunions entre as justiças, querendo não menos que prender hum ouvidor de El rey: entrava tambem o Cappitão Geral nestas tratadas; que como havia parcialidades logo se havião suscitar desordens e contendas; o embaixador que ahinda aqui se achava quiz com o seu respeito e prudencia serenar esta tormenta, mostrando a sua douta litteratura o que poidião e não podião fazer; pois que regulados não pellas leis, que ignorão, mas so pellos dictames da vontade e subornos de empenhos, sempre fazendo ao direito torto, obrarão o que quizerão…» (5)
(4) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(5) Capitães Gerais e Governadores de Macau:
De 22 de Junho 1718 a  1719 – António de Albuquerque Coelho
De 9 de Setembro de 1719 a 1722 – António da Silva Telo e Meneses
De 19 de Agosto de 1722 a 1724 – D. Cristóvão de Severim Manuel
De 6 de Setembro de 1724  a 1727 – António Carneiro de Alcáçova
De 11 de Agosto de 1727  a 1732 – António Moniz Barreto
De 18 de Agosto de 1732 a 1935  – António de Amaral Meneses (pediu para ser substituído) (5)
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 2, 1997
(6) Em 14 de Dezembro de 1732, realizou-se no Leal Senado de Macau uma sessão, para a qual foram convidados, além do capitão-governador (António Moniz Barreto), os prelados das diversas Religiões, os “homens bons” e as principais individualidades. Estava em jogo o futuro da colónia. Justificava-se a expectativa.
A situação era grave, a decadência bem evidente, o deficit temeroso. As “fintas” ou derramas que, de vez em quando, se poderiam lançar sobre os moradores, não chegariam sequer para as despesas ordinárias. Segundo vinha ditando a experiência, o comércio com os diferentes portos asiáticos vinha decaindo de ano para ano. O sândalo de Timor não rendia já o lucro de antes. Os restantes portos, frequentados pelos navios macaenses, encontravam-se em conjuntura semelhante.
Perante este horizonte nada prometedor, urgia lançar mão de novas medidas. A ideia básica seria tentar concretizar o velho sonho: impetrar a el-rei D. João V (1706-1750) a faculdade de Macau poder enviar, anualmente, um navio ao Brasil, sem ser obrigado a passar por Lisboa, para o pagamento de direitos, e de poder, no regresso, trazer prata. Era isto o que mais se desejava. Esperava-se despacho favorável a este pedido, tanto mais que a Cidade se encontrava depauperada pelas despesas havidas com a embaixada à China.
A resposta de Lisboa, porém, não fora favorável. Mantinha-se a negativa de antes. Como não ficariam os Macaenses, ao verem frustrado um plano em que tinham depositado todo o seu optimismo?
Na reunião de 14-10-1733 foi novamente o assunto ventilado, com o máximo interesse, na presença das autoridades civis e eclesiásticas e mais convidados. O bispo D. João do Casal (1690-1735), não pôde comparecer, por doença.
Publicado originalmente em: “Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa“, Jul.-Dez. 1976, pp. [117]-52.)
http://www.library.gov.mo/macreturn/DATA/PP219/PP219021.HTM
(7) Dom Cristóvão de Severim Manuel, não procedeu como devia, no governo da cidade, pois foi homem de vida dissoluta e pródigo, tendo contraído muitas dívidas, em Macau, que não pagou. Pelos motivos apontados, veio a ser destituído e o Governo foi de novo entregue ao seu antecessor, António da Silva Teles de Meneses
Ver em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/cristovao-de-severim-manuel/

Na sequência do artigo de José Torres  publicado no semanário ilustrado ” Archivo Pittoresco” de 1864. (1), num número posterior da mesma publicação, fez o mesmo autor, outro comentário a uma outra ilustração de “Macau – Porto Interior”.

ARCHIVO PITTORESCO VII-44 1864 MACAU Porto InteriorMacau – Porto Interior

Ahi fica estampada a vista da parte ocidental da cidade de Macau e o seu ancoradoiro ou porto interior, formado pelas águas de um braço do grande rio de Cantão. É aqui o centro commercial da cidade, como a parte oriental, que estampamos a pag. 345 d´este colume, se pôde chamar o centro official administrativo, mais propriamente cidadão, Estamos a contemplal-o das alturas da Penha. Ao longe, à direita , na altura em que se divisa um confuso arvoredo, é a quinta da Gruta de Camões, propriedade do comendador Lourenço Marques. As montanhas que se elevam ao fundo, à continuação da península em que Macau assenta, são da comarca de Anção ou Hiamxan, da ilha Ngão-men, a maior das que povôam o grande golpho em que desagua o rio Cantão. É ahi, sobre a esquerda, que está situada a povoação chim da Casa Branca. A primeira praia à esquerda (passando a fortaleza e pagode da barra, que ficam áquem do que descobrimos) é a chamada Manduco. Segue-se-lhe  a Praia Pequena, adjacente à qual está a povoação  chim chamada do Bazar, quasi na sua totalidade reconstruída por um plano regular, depois do grande incêndio que, em 1856, lhe devorou umas mil casas grandes e pequenas. Segue-se-lhe a praia do Terrafeiro, que é a última, na baixa ao poente da quinta da Gruta de Camões. A pequena ilha, que a pouca distancia se vê no meio do rio, é a ilha Verde, até 1762 propriedade dos jesuítas, de então até 1828 de particulares, e desde 1828 do collegio de S. José de Macau, hoje seminario diocesano.
ARCHIVO PITTORESCO VII-44 1864 Artigo MACAU Porto InteriorA parte de outra ilha, que apparece à esquerda da estampa, demarcando o ancoradoiro por este lado, é a ilha que antigamente  chamávamos dos Padres, pelas estancias que os das ordens religiosas ahi tiveram, fronteiras à cidade; ilha a que agora chamâmos da Lapa, e os chins Toi-miu-shan, em vulgar Panthera. Na praia que d´ella avistámos, e na sua continuação para barra, tivemos até princípio do seculo XVIII as estancias da Lapa, da Ribeirinha e da Ribeira Grande; e ao sair da barra as da ilha do Bugio e de Oitem.
A historia de cada parte d´este territorio, que nos pertenceu ou pertence, interessando particularmente aos portuguezes, pôde ainda assim ser para todos fonte de grandes e aproveitaveis lições. Reservâmol-a para artigo especial
                                          JOSÉ DE TORRES

NOTA: esta mesma ilustração foi inserida posteriormente no livro de Rocha Martins ” História das Colónias Portuguesas” (no meu “post” de 28-04-2015 ) (2) com a legenda (errada)  “MACAU EM 1897“. Está incorrecta a data de 1897 pois a ilustração data (pelo menos) de 1864.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/11/23/macau-em-1864-vista-da-praia-grande-do-porto-exterior/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/04/28/leitura-historia-das-colonias-portugue-sas-de-rocha-martins/

No dia 4 de Novembro de 1828, o mandarim da Casa Branca por apelido Lei, em virtude do ofício do Procurador da Cidade, ordenou que fossem desmanchadas as barracas da Praia Pequena, Barra e outros lugares, por serem coutos de maltrapilhos e publicou um edital, proibindo a construção de mais barracas, nos referidos sítios. Nesta mesma data, o mandarim de Hèong-Sán, por apelido Liu, proibiu por edital, que se continuasse a quebrar um grande rochedo na Ilha Verde. (1)

Ta-Ssi Yang-Kuo Vista do Porto Interior antes de 1847PORTO INTERIOR DE MACAU ( antes de 1847)
VISTA DA MARGEM DESDE O MATAPAO ATÉ AO ISTMO DA PORTA DO CERCO (2)

A 15 de Março desse mesmo ano, os padres do Seminário de S. José tinham comprado a Ilha Verde, a Bernardo Gomes de Lemos que com Manuel Homem de Carvalho, era o co-proprietário dessa Ilha.(1)
A escritura da compra da Ilha Verde foi feita no escritório do tabelião José Gabriel Mendes e assinada pelo Pe. Nicolau Borja por parte do Seminário de Macau, por Bernardo Gomes de Lemos, que era co-proprietário dessa ilha com Manuel Homem de Carvalho. O preço foi de duas mil patacas espanholas , nelas sendo empregue parte do dinheiro que recebeu da venda de bens da Missão Portuguesa de Pequim (3)
A Ilha media 3.300 «paos» ou «côvados» chineses, medidos por cima do alicerce do muro velho, em circuito. Tinha casas e árvores de fruto e a venda ao Seminário permitiu resguardá-la da ocupação abusiva de chineses que já por lá iam armando barracas clandestinas, ameaçando, aos poucos, tomar domínio dela.(3)

Ta-Ssi Yang-Kuo Ilha VerdeILHA VERDE (Antiga propriedade dos jesuítas)(4)

Há registos da insistência por parte das autoridades chineses sobre a autoridade na Ilha Verde e  as obras efectuadas nela.
21-07-1831 – Na correspondência entre o Mandarim de Heong-San por apelido Pao e o Procurador de Macau, o Mandarim reclamou insolentemente e por ignorância, sobre a posse («há mais de 200 anos») e contra uma obras  que se estavam efectuando na Ilha Verde. Acrescentava o Mandarim que os portugueses só têm residência autorizada dentro das muralhas e a Ilha Verde está fora delas, no mar, à distância de alguns lis; por isso não é portuguesa.(1)(3)
03-08-1831 – O mandarim tchói- t´óng de Macau por apelido do Tchau, proibiu, por edital, a construção dos muros no sítio do Bom Jesus e na Ilha Verde ameaçando os pedreiros que se incumbissem da execução de tais obras (1) (3)
(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
Luís G. Gomes nas “Efemérides” aponta duas datas para a compra da Ilha Verde: 22-02-1828 e 1503-1828. Beatriz Basto da Silva menciona somente uma:  15-03-1828 (2).
(2) Photogravura de P. Marinho, segundo uma aguarela de João d´Almeida Vieira. (Ta-Ssi Yang-Kuo, 1899)
(3) SILVA, Beatriz Basto da  – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
(4) ) Photogravura de P. Marinho, segundo uma “photographia de 188..”. (Ta-Ssi Yang-Kuo, 1899)

Em 11 de Setembro de 1851, foi regulamentada a prostituição em Macau,  limitando-se as residências das prostitutas às seguintes ruas:
A) Rua do Bazarinho, (1) Rua do Desfiladeiro, Travessa da Maria Lucinda, (2) Rua da Aleluia (3) e Rua de Mata-Tigre, todas no Bazarinho;
B) O sítio chamado Prainha ou Feitoria; (4)
C) O sítio do Chunambeiro; (5) e
D) Os sítios denominados Beco do Estaleiro, Travessa do Beco do Estaleiro, Beco da Praia pequena (6) e Beco do Armazém Velho.  (7)
GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.

(1) Rua do Bazarinho que os chineses chamam de Soi-Sau-Sai-Kai (水手西街) isto é, Rua dos Marinheiros, a oeste, para distinguir doutra Rua dos Marinheiros, que ficava a sul. Chamava-se Bazarinho para o distinguir do Bazar Grande em S. Domingos. Começa na Travessa do Mata-Tigre, ao lado do Pátio da Ilusão, e termina na Calçada de Eugénio Gonçalves , quase em frente a Rua das Alabardas (hoje Rua da Alabarda)
(2) Viela de Maria Lucinda – “No princípio desta viela estava escrito «Desfiladeiro». – E, umas três portas depois, estava escrito – «Travessa de Maria Lucinda.». Era preciso suprimir um dos nomes, e por isso fundi-os ambos em Viela de Maria Lucinda porque em verdade é mais uma viela do que uma travessa este caminho Relatório elaborado por Manuel de Castro Sampaio, chefe da Repartição de Estatística , sobre as ruas de Macau em 1866-67 e prédios nelas existentes.  NOTA do Padre Manuel Teixeira: “Ignoramos quem tenha sido esta ilustre desconhecida
(3) “Desde a Rua do chale de Simão até outra vezinha d´escada de pedra chama-se -Rua d´Alleluia – Cadastro das ruas elaborado pelo Leal Senado em 1847.
Pateo do Sal – entre a travessa da Alleluia e a rua do Manduco, na Calçada dos Remédios” –  notícia no jornal “A Voz do Crente” de 6-04-1889.
(4) Rua da Prainha – começa na Calçada de Francisco António, do lado da numeração ímpar e no Pátio de Francisco António, do lado da numeração par, e termina na Calçada da Feitoria, junto da Travessa do Cais. A Calçada da Feitoria começa na Rua de S. José junto da Rua do Barão, e termina na Travessa do Cais, junto do Pátio de Chan Loc, de um lado e junto da Rua da Prainha, do outro.
(5) Rua de Chunambeiro começa na Praça de Lobo de Ávila e termina na Calçada do Bom Parto. Em chinês chama-se Siu Fui Lou Kai (燒灰爐街) que significa Rua do Forno de Cal. Chunambo  era a cal obtida pela calcinação de concha de mariscos.
(6) A Praia Pequena ficava no Pátio da Mina da Freguesia de S. António.
(7) Travessa do Armazém Velho começa na Rua da Tercena, entre os prédios n.ºs 32 e 36, e termina na Rua das Estalagens, em frente da Travessa do Pagode. Em Chinês tem o nome de Lán Kuai Lau Hong (爛鬼樓巷)  também conhecida por Lán Kuai Lau  (ruínas da casa de estilo estrangeiro, segundo Luís G. Gomes).
TEIXEIRA; P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997