Continuação da apresentação da colecção de 12 postais (18,5 cm x 12,7 cm) com fotografias do fotógrafo Lei Iok Tin, editada pela Fundação Macau e Centro UNESCO de Macau (1)
Mais duas fotografias, datadas de 1958 e 1960
Continuação da apresentação da colecção de 12 postais (18,5 cm x 12,7 cm) com fotografias do fotógrafo Lei Iok Tin, editada pela Fundação Macau e Centro UNESCO de Macau (1)
Mais duas fotografias, datadas de 1958 e 1960
Colecção de 10 postais (postal: 16 cm x 11 cm) intitulada
“澳門老照片 / Fotografias Antigas de Macau / Old Photographs of Macao”
emitido em Setembro de 2009 pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. de Macau/Museu de Macau (1), com legendas no verso de cada postal em chinês, português e inglês. Separação de cores e impressão na Tipografia Seng Si Lda.
Preço: 25 patacas. Esta minha, comprada no Museu de Macau
No interior da contracapa a fotografia do Museu de Macau com indicação da morada. Praceta do Museu de Macau, n.º 112, telefone (853) 28357911 Fax: (8539 28358503 e horário de funcionamento: 10h00 – 18h00, excepto às segundas-feiras
(1) 澳門老照片 / Fotografias Antigas de Macau / Old Photographs of Macao. Instituto Cultural do Governo da R. A. E. de Macau/Museu de Macau, Setembro de 2009 , 1.ª edição, ISBN 978-99937-0-113-2
澳門老照片– mandarim pīnyīn: ào mén lǎo zhào piān,; cantonense jyutping: ou3 mun3 lou5 ziu3 pin3
O primeiro postal:
燒灰爐 /Àrea do Chunambeiro /Chunambeiro area
澳門十九世纪九十年代/Macau – década de 1890/ Macao – 1890s
A área do Chunambeiro era o antigo lugar de Macau, próximo da fortaleza de Bom Parto, no extremo sul da baía da Praia Grande. Nesse local havia antigamente fornos de cal de ostras, e também foi o local da antiga fundição de artilharia e casa de pólvora de Manuel Tavares Bocarro no século XVII (1) (2) (3)
Nessa altura para vir da Barra à Praia Grande era necessário atravessar a colina pois a marginal terminava no Chunambeiro. (4) O projecto do primeiro lanço de 135 metros da extensão da muralha de Bom Parto e aterro marginal da Praia Grande do Chunambeiro à Fortaleza do Bom Parto foi aprovado em 17 de Janeiro de 1873. (5)
O aterro do Chunambeiro foi iniciada em 1871 sob a direcção de Vicente de Paulo Portaria e continuada no mesmo ano pelo tenente Henrique Augusto Dias de Carvalho, condutor das Obras Públicas, segundo ele diz no seu relatório de 30 de Junho desse ano. (3)
(1) BOXER, Charles Ralph (anotada por) – Ásia Sínica e Japónica, Vol II. Instituto Cultural/Centro de Estudos Marítimos de Macau, 1988, 245 p.
(2) Existia no Chunambeiro a fundição de artilharia de bronze de Manuel Tavares de Bocarro de 1625 a 1656. Foi capitão-geral ou governador desta cidade de 1657 a 1664. Faleceu em Macau ou em Goa (3)
Segundo Marques Pereira in Ta-Ssi-Yang Kuo III (edição 1984), p.126, nota 2:
“Manuel Tavares Bocarro fundiu peças em Macau desde 1626 a 1631.É possível que depois fosse para a India onde fundiu em 1641 a peça existente no Museu de Artilharia ou foi fundida mesmo em Macau por ordem do governador da Índia, Telles de Menezes?”
(3) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997.
(4) Chunambeiro de chunambo ou chuname (6) que significa no Oriente cal de ostra – e por haver neste sítio antigamente em Macau também fornos para a queima desse marisco.
Existe presentemente a Rua do Chunambeiro (existia nos fins do século XIX ou princípios do Século XX o Largo do Chunambeiro) que começa na Praça de Lobo de Ávila e termina na Calçada do Bom Parto. Em chinês chama-se Siu Fui Lou Kai (7) que significa Rua do Forno do Cal.
(5) Em 1 de Outubro de 1869, o major de artilharia, Francisco Maria da Cunha, inspector das Obras Públicas, informava que em 1 de Julho a 30 de Setembro se fizera uma casa da guarda em S. Sancha «pela necessidade de estabelecer uma estação de polícia em um dos sítios mais isolados da cidade, mais importante pelas casas de campo que ali existem, e ponto quási obrigatório da passagem da povoação da Barra para a Praia Grande, atravessando a montanha intermédia».
Boletim da Província de Macau e Timor, XVI, n.º 3 de 17-01-1870.
(6) “Chunambeiro – forno para fabricação de chunambo ou local onde se fabricava chunambo.
Chunambo– cal obtida pela calcinação de conchas de ostras.”
BATALHA. Graciete – Glossário do Dialecto Macaense, 1977, pp. 144/145.
Charles Boxer (in Àsia Sinica e Japónica, Vol II, p. 234, nota 7) (1) refere: “Xinamo, Chunname ou Chunambo como cal obtida pela calcinação de conchas de mariscos. O motivo de admissão do termo indiano é que a cal da Ásia se faz de outro material. O étimo é o maliada Chunnambra, relacionado com o neo-arcaico chunã, sânscrito churna.”.
7) 燒 灰 爐 街 – mandarim pīnyīn: shāo lú huī jiē; cantonense jyutping: siu 1 fui1 lou4 gaai1
Em 11 de Setembro de 1851, foi regulamentada a prostituição em Macau, limitando-se as residências das prostitutas às seguintes ruas:
A) Rua do Bazarinho, (1) Rua do Desfiladeiro, Travessa da Maria Lucinda, (2) Rua da Aleluia (3) e Rua de Mata-Tigre, todas no Bazarinho;
B) O sítio chamado Prainha ou Feitoria; (4)
C) O sítio do Chunambeiro; (5) e
D) Os sítios denominados Beco do Estaleiro, Travessa do Beco do Estaleiro, Beco da Praia pequena (6) e Beco do Armazém Velho. (7)
GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(1) Rua do Bazarinho que os chineses chamam de Soi-Sau-Sai-Kai (水手西街) isto é, Rua dos Marinheiros, a oeste, para distinguir doutra Rua dos Marinheiros, que ficava a sul. Chamava-se Bazarinho para o distinguir do Bazar Grande em S. Domingos. Começa na Travessa do Mata-Tigre, ao lado do Pátio da Ilusão, e termina na Calçada de Eugénio Gonçalves , quase em frente a Rua das Alabardas (hoje Rua da Alabarda)
(2) Viela de Maria Lucinda – “No princípio desta viela estava escrito «Desfiladeiro». – E, umas três portas depois, estava escrito – «Travessa de Maria Lucinda.». Era preciso suprimir um dos nomes, e por isso fundi-os ambos em Viela de Maria Lucinda porque em verdade é mais uma viela do que uma travessa este caminho ” – Relatório elaborado por Manuel de Castro Sampaio, chefe da Repartição de Estatística , sobre as ruas de Macau em 1866-67 e prédios nelas existentes. NOTA do Padre Manuel Teixeira: “Ignoramos quem tenha sido esta ilustre desconhecida”
(3) “Desde a Rua do chale de Simão até outra vezinha d´escada de pedra chama-se -Rua d´Alleluia“ – Cadastro das ruas elaborado pelo Leal Senado em 1847.
“Pateo do Sal – entre a travessa da Alleluia e a rua do Manduco, na Calçada dos Remédios” – notícia no jornal “A Voz do Crente” de 6-04-1889.
(4) Rua da Prainha – começa na Calçada de Francisco António, do lado da numeração ímpar e no Pátio de Francisco António, do lado da numeração par, e termina na Calçada da Feitoria, junto da Travessa do Cais. A Calçada da Feitoria começa na Rua de S. José junto da Rua do Barão, e termina na Travessa do Cais, junto do Pátio de Chan Loc, de um lado e junto da Rua da Prainha, do outro.
(5) Rua de Chunambeiro começa na Praça de Lobo de Ávila e termina na Calçada do Bom Parto. Em chinês chama-se Siu Fui Lou Kai (燒灰爐街) que significa Rua do Forno de Cal. Chunambo era a cal obtida pela calcinação de concha de mariscos.
(6) A Praia Pequena ficava no Pátio da Mina da Freguesia de S. António.
(7) Travessa do Armazém Velho começa na Rua da Tercena, entre os prédios n.ºs 32 e 36, e termina na Rua das Estalagens, em frente da Travessa do Pagode. Em Chinês tem o nome de Lán Kuai Lau Hong (爛鬼樓巷) também conhecida por Lán Kuai Lau (ruínas da casa de estilo estrangeiro, segundo Luís G. Gomes).
TEIXEIRA; P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997
Livro de poesia de Fernando Sales Lopes (1), de 1997, com poemas do autor escritos entre 1986 e 1991, (2) Ilustrações de José Rodrigues.
Prefácio da Y. K. Centeno , de 1992:
“Pescador de margem é um livro que se ocupa precisamente de marcar a diferença. E não apenas isso: integra-a, torna-a inseparável da memória da vida. A vida do autor tem decorrido nas margens de um oriente que se revelou ao mesmo tempo geográfico, histórico e mítico. Talvez a distância venha a ser, como se adivinha nos poemas, uma aprendizagem e um caminho, para não dizer mesmo um modelo de vida ... ”
São 51 poemas mais dois (um dedicado à Yvette Centeno e outro ao José Rodrigues) e nas últimas páginas (pp. 83-93), tradução para chinês de 7 poemas por Wang Wei. (2)
Este livro de poemas “Pescador de Margem” receberia o prémio Camilo Pessanha 1996/1997, do Instituto Português do Oriente (IPOR).
PESCADOR DE MARGEM
Ah quem me dera
estar aí
ter um rio
só para mim
lentamente
armar a rede
e içar a esperança
Firme
sem estar em terra
Estendido na água
sem andar à deriva
E viver!
De coisas voltadas
como tu
Fernando Sales Lopes
Barraca de pesca, em frente da Praça de Lobo de Avila (1958)
POSTAL / FOTO: Lei Iok Tin
(Edição Fundação Macau/Centro Unesco de Macau)
PESCADOR DE MARGEM – Pescador solitário que constrói a sua cabana junto dos paredões, pescando com a típica rede de abater (aguchão). O aparelho é suspenso por quatro varas de bambú, sendo a rede manobrada, através duma roldana, de dentro da própria cabana. (Glossário do livro).
(1) Fernando Sales Lopes é licenciado em História, mestre em Relações Interculturais, e jornalista profissional. Nasceu no Barreiro e reside em Macau desde 1986.
Em Portugal desenvolveu a sua actividade profissional na imprensa escrita, rádio e televisão. Em Macau foi director de programas de rádio e televisão da Teledifusão de Macau (TDM), sub-director do Gabinete de Comunicação Social (GCS), director-executivo da Revista Macau (I série), analista de imprensa e coordenador de diversas edições.
Autor, entre outros, do romance juvenil “Terra de Lebab” (2008), do poema “Flor de Lótus”, letra do hino de encerramento da Sessão Cultural da Transferência de Administração de Macau para a China Música de Rão Kyao(1999); do livro de poemas “Não-Ser” (1999); “Geo Metria & Exercícios em Busca da Perfeição” (2014)
(2) Nota do autor na p. 16: “circunstâncias várias só agora permitira, que ele viesse à luz do dia”
(3) LOPES, Fernando Sales – Pescador de Margem. Colecção Extratextos/Livros do Oriente, 1997, 99 p., ISBN 972-9418-51-9, 21 cm x 21 cm.