Archives for posts with tag: Padre Jorge António Lopes da Silva

Faleceu o Pe. Jorge António Lopes da Silva, nascido em Macau, em 8 de Maio de 1817. Foi muito estimado por toda a população, tendo recebido, em Manila, aos 24 anos de idade a sagrada ordem de Presbítero. De volta a Macau, regeu a cadeira de português no Colégio de S. José e abriu, em sua casa, uma escola donde saíram alguns padres e muitos guarda-livros. (1) (2)

(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 193. (2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/07/14/noticia-de-14-de-julho-de-1870-falecimento-do-padre-jorge-antonio-lopes-da-silva-e-a-escola-principal-de-instrucao-primaria/

Extraído de «BPMT», XVI-30 de 25 de Julho de 1870, p. 128

O Governador José Maria da Ponte e Horta decretou, por prejudicial aos costumes da sociedade, a abolição da Roda dos expostos da Santa Casa de Misericórdia de Macau e proibiu a esta instituição o recolhimento das raparigas abandonadas.
Em 1 de Janeiro de 1857, existiam 45 expostos e, em 31 de Dezembro de 1866, 107. O movimento total, nos dez anos, foi de 2.286 expostos. O presidente da comissão encarregada de estudar as  necessidades da Santa Casa, P.e Jorge António Lopes da Silva (1)  diz, no seu relatório:
A sua mortalidade é tão extraordinário  que aparece não ter exemplo em parte alguma pois, nos dez últimos anos, a mortalidade foi de 95,5 por cento, quase todos chineses» (2)
O Decerto entrou em vigor a 8 do mesmo mês e ano, devendo no entanto a Santa Casa continuar a tratar dos enjeitados que tinha a seu cargo nessa data. Como a Portaria não conseguiu deter a prática, a «Roda» deixou de existir mas as crianças abandonadas à porta da Santa Casa continuaram a ser recebidos. (3)
De 1855 a 1866 foram admitidas na Roda, em Macau, 2.241 criança expostas, morrendo 2.151. Em Dezembro de 1866 havia 79 crianças para amamentar e 29 desmamadas (3)

Portaria n.º 11 de 2 de Fevereiro de 1867

Extraído do «Boletim do Governo de Macau» XIII-6. 11 de Fevereiro de 1867

Portaria n.º 16 de 8 de Novembro de 1866

Extraído do «Boletim do Governo de Macau» , XII-46 de 12 de Novembro de 1866.
(1) Anterior referência à “Roda dos expostos”:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/04/01/noticia-de-1-de-abril-de-1929-poema-santa-infancia/
(2) Anteriores referências ao Padre Jorge António Lopes da Silva que foi governador do Bispado de 1866 a 1870 durante o período da vacatura do bispado em Macau de  1857-1877:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/padre-jorge-antonio-lopes-da-silva/
(3) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol 3, 1995.

Celebra-se hoje, dia 19 de Março o Dia do Pai. Celebra-se no dia de São José, (José de Nazaré ou José, o carpinteiro), santo popular da igreja católica, marido de Santa Maria e pai terreno de Jesus Cristo.
Neste dia de 1868, a festa de S. José foi celebrada “com pompa e explendor na igreja do Seminário Diocesano”. Relato da notícia do «Boletim da Província de Macau e Timor»: (1)
NOTA: Em 1868, durante a vacância do Bispado em Macau (1857 a 1877), o governador do bispado era o Padre Jorge António Lopes da Silva (nomeado a 5 de Fevereiro de 1866-1870) (2)
O Governador era o major de artilharia José Maria da Ponte e Horta (26 de Outubro de 1866 a 13 de Maio de 1868, data da tomada de posse como governador, do Vice-Almirante António Sérgio de Sousa; no entanto este só chegou a Macau a 3 de Agosto de 1868). Por isso, num “ Directório” desse ano, em inglês, o Conselho do Governo que tinha a seguinte composição e apresentava o Governador como “ausente”.
O Juiz de Direito nesse ano era João Ferreira Pinho e o Comandante do Batalhão de Macau o tenente-coronel Vicente Nicolau de Mesquita
Quanto ao maestro Luigi Antenori, tenor Pizzioli e o barítono Reina ver anteriores referências em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/10/17/leitura-a-vida-em-macau-no-ano-de-1872-ii-17-de-outubro/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/04/01/noticia-de-1-de-abril-de-1867-espectaculo-de-opera-italiana-no-teatro-d-pedro-v/
(1) «Boletim da Província de Macau e Timor» XIV,  n.º 12, 23 de Março de 1868, p. 61
(2) Ver anterior referência em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/07/14/noticia-de-14-de-julho-de-1870-falecimento-do-padre-jorge-antonio-lopes-da-silva-e-a-escola-principal-de-instrucao-primaria/

Faleceu a 14 de Julho de 1870, dum ataque repentino que o privou dos sentidos, o padre Jorge António Lopes da Silva, nascido em Macau, em 8 de Maio de 1817. Foi muito estimado por toda a população, tendo recebido, em Manila, aos 24 anos de idade a sagrada ordem de presbítero. Na volta a Macau, regeu a cadeira de Português, no Colégio de S. José e abriu, em sua casa, uma escola, donde saíram alguns padres e muitos guarda-livros. Foi depois convidado, pela Câmara Municipal para exercer a cadeira de professor de liceu, que fora então aberto, em Macau (1)
Não foi professor de liceu pois não havia ainda liceu em Macau. O Senado de Macau convidou a 14 de Abril de 1847 o Padre Jorge António Lopes da Silva para ser um dos primeiros mestres da futura Escola Principal de Instrução Primária. (2) O Padre respondeu a 27 do mesmo mês que aceitava ser um dos mestres das primeiras letras com o ordenado de 350 patacas anuais, pondo no entanto as seguintes condições: 1) levar consigo os meninos que estudavam em sua casa; 2) os requerimentos para admissão deveriam ser dirigidos não a ele, mas ao Senado; 3) que se alterasse o horário de inverno, pois o tempo do meio-dia às 2 horas lhe parecia curto para descanso de professores e alunos”, O Senado concordou e o Padre Jorge foi nomeado director e mestre da Escola Principal de Instrução Primária que foi inaugurada a 16 de Junho de 1847. A Escola ficou instalada em metade das casas do Recolhimento de S. Rosa de Lima. (3) (4)
A 14 de Junho de 1847, dois pretendentes oficiaram ao Senado: José Vicente Pereira oferecendo-se para mestre de inglês e francês dessa escola e John Hamilton pedindo-lhe um lugar de professor; a 22 de Novembro de 1847, o Senado comunicou ao Padre Jorge a nomeação de José Pereira e perguntando-lhe se carecia de mais outro professor. A Escola compreendia 3 cadeiras: uma de ensino primário, a cargo de Joaquim Gil Pereira, outra de português a cargo do Padre Jorge Lopes da Silva e outra de inglês e francês a cargo de José Vicente Pereira (3)
Apesar do seu limitado pessoal chegou a ter mais de 300 alunos.
Em fim de 1853, o Padre Jorge António Lopes da Silva pediu a demissão de director e mestre da escola. (5) Para a direcção da Escola foi nomeado o Padre Vitorino José de Sousa Almeida (6) que ficou só um ano pois o Senado teve de o despedir, ou por ter achado nele inaptidão ou por sua severidade pois que no cabo de um ano, estava deserta a aula das línguas portuguesas e latina.

Planta da Colónia Portuguesa de Macau
1870
Desenhada  por M. Azevedo Coutinho (7)

(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954
(2) A 27 de Janeiro de 1847, o Senado de Macau oficiou a José Vicente Jorge, Francisco António Pereira da Silveira, Francisco João Marques e Padre António José Victor, comunicando-lhes que haviam sido nomeados para fazer parte duma comissão a fim de elaborar um plano de educação para a mocidade deste estabelecimento. A Escola Principal de Instrução Primária foi fundada pelo Senado de Macau por meio de uma subscrição pública. O  Senado comunicou a João Maria Ferreira do Amaral, governador de Macau entre 1846 e 1849, a 17 de Fevereiro de 1847 que
deliberou com os eleitos das freguesias  solicitar dentre os moradores abastados desta Cidade
Huma subscrição, cujo produto incorporado ao Capital agora existente de $ 5 000 (doado pelo inglês James Matheson feita a Adrião Acácio da Silveira Pinto, governador de Macau de 1837 a 1843), constitua hum fundo capaz de produzir hum rendimento, que junto  ao que este Senado agora despende com a sua escola de primeiras letras seja sufficiente para cubrir as despezas de huma Escola Principal de Instrução Primária: e na qual … se ensine também as línguas Ingleza e Franceza, cujo conhecimento he hoje reconhecidamente de suma utilidade, senão indispensável neste pais”. (3)
(3) TEIXEIRA, Padre Manuel – A Educação em Macau, 1982
(4) Em Abril de 1849, a escola foi transferida para o Convento de S. Francisco; mas a 28 do mesmo ano, o Conselho de Governo comunicou ao Senado que, tendo de aquartelar nesse convento a força auxiliar vinda de Goa, a escola devia ser mudada para outro lugar; regressou então ao Recolhimento. (3)
(5) Segundo artigo publicado no «Echo do Povo» n.º 68 de 15-07-1960, o Padre Jorge Lopes da Silva deixou a direcção que ocupava porque obrigaram-no a aceitar o vicariato de S. Lourenço. Foi portanto, nomeado pároco de S. Lourenço e a 5 de Fevereiro de 1866, foi nomeado Governador do Bispado. O Padre Jorge Lopes da Silva foi nomeado em 1867 presidente duma comissão encarregada de estudar as necessidades da Santa Casa de Misericórdia, nomeadamente do recolhimento das raparigas abandonas à porta da Santa Casa, que levou posteriormente ao decreto do Governador José Maria da Ponte e Horta à abolição da Roda dos Expostos da Santa Casa, a 2 de Fevereiro de 1867.
(6) Padre Vitorino José de Sousa Almeida chegou a Macau a 2 de Janeiro de 1832 no Novo Paquete. Foi pároco de S. Lourenço de 1842 a 1852. (3)
(7) Ver referência a este Capitão em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/08/22/noticia-de-agosto-de-1952-clube-militar/