Publiquei em 17-04-2017 uma postagem acerca do Padre César Brianza e a deslocação dos «Pequenos Cantores» do Colégio de D. Bosco às Filipinas nos últimos dias do mês de Janeiro e primeiros dias de Fevereiro de 1976. (1)
No dia 2 de Fevereiro de 1976, que deveria ser um día de descanso com a visita do grupo coral ao Vulcão NAYON, foram pelo contrário, cantar para a primeira dama das Filipinas.
Os «Pequenos Cantores» e seus dirigentes foram recebidos por Imelda Romualdo Marcos, (2) no Palácio Presidencial, numa sala ao lado da do Presidente Marcos (3) (que não esteve presente por ter tido outras audiências nesse dia) e após discurso e apresentação do grupo coral e seus dirigentes, foi pedida licença para cantar algumas canções.
A Senhora Marcos não só deixou cantar o grupo como ela mesmo uniu a sua voz à dos «Pequenos Cantores», cantando em espanhol e em filipino.
Teve depois palavras de grande elogio para com o Maestro Padre César Brianza e rapazes.
Uma caneta «Parker» foi a lembrança que deu a todos. (4)
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/04/17/noticia-de-17-de-abril-de-1917-padre-cesar-brianza/
(2) Imelda Remedios Vicitacion Romualdez Edralin Marcos (1929) mulher do presidente Ferdinando Marcos.
(3) Ferdinand Emmanuel Edralin Marcos (1917-1989) foi presidente das Filipinas de 1965 a 1986.
(4) Extraído de «Macau B. I. T. » XI-1-2, 1976
Extraído de BGC XXVI- 310, Abril de 1951.
Hoje comemora-se o centésimo aniversário do nascimento do Padre Salesiano César Brianza, (1) professor de Música e de Religião e Moral no Colégio D. Bosco. (2) Formado pelo Conservatório Nacional de Lisboa, fundou em 1959 o coral dos “Pequenos Cantadores do Colégio D. Bosco” (3) dirigindo-o durante 16 anos.
Em 1962, juntamente com o Padre Áureo Castro, fundou a “Academia de Música de São Pio X”. O Padre César Brianza também foi orientador artístico da Banda da Polícia de Segurança Pública entre 1966 e 1980.
Em sua homenagem recupero um artigo (não assinado) publicado na Revista “Macau – Boletim de Informação e Turismo, (4) acerca da viagem do Coro «Os Pequenos Cantores» às Filipinas, nos últimos dias do mês de Janeiro e primeiros dias de Fevereiro de 1976.
“Nas Filipinas repetiram os mesmos êxitos. Se bem que com menos demora por estas terras intimamente ligadas à história deste nosso território, as suas qualidades artísticas e particularmente a sua preparação como conjunto coral foram motivos de estranheza admirativa da numerosa assistência que as descobriu nos concertos a que teve oportunidade de assistir. E os aplausos com que sublinhavam o seu entusiasmo e a sua admiração, traduziam o testemunho duma autêntica consagração dos nossos jovens intérpretes duma arte que vence os limites de todas as fronteiras nacionais… (…) que nos pode representar em qualquer parte do mundo…(…)
Os «Pequenos Cantores» na execução dum concerto nas Filipinas
Claro que um bom escultor consegue transformar uma pedra tosca, bruta, dura e informe numa obra prima capaz a de desafiar os séculos e os mais desencontrados gostos humanos. E o padre Brianza, maestro do conjunto, da matéria impreparada que lhe colocaram entre mãos, teve a habilidade de a converter em vozes harmoniosas que arrebatam, com todo o seu poder de emoção, uma assistência inteira… (…)
E as nossas autoridades diplomáticas que, com compreensiva modéstia, se haviam referido ao Grupo, porque não o conheciam, convenceram-se, perante o comprovado nível artístico dos concertos executados, que tínhamos em Macau um conjunto musical de elevada categoria. (…)
Os «Pequenos Cantores» confraternizam com estudantes filipinos, na sua embaixada de arte e amizade.
(1) Foto de «JTM », Uma Vida Ligada à Música, 4 de Abril de 2014
http://jtm.com.mo/local/uma-vida-ligada-a-musica/
(2) “O Padre César Brianza iniciou os seus estudos de piano em Hong Kong sob a égide do conhecido maestro Elisio Gualdi. Partiu depois para Xangai, onde recebeu lições de Kostevich, outro grande maestro, até partir para Lisboa, em 1954, onde tirou o curso de piano no Conservatório Nacional. Dois anos mais tarde partiu para Viena, para um estágio de três meses no Augarten Palaiso, o que lhe permitiu assistir frequentemente aos ensaios do aclamado grupo coral «Viena Boys Choir» “. (1)
(3) “A sua dedicação ao grupo dos Pequenos Cantores em Macau, que fundou em 1959, teve um grande impacto não só nos próprios jovens, como também no território. Conhecido pela sua dedicação, o Padre Brianza conseguiu transmitir aos jovens do Colégio Salesiano Dom Bosco uma confiança na procura de atingir a perfeição, merecendo rasgados elogios em cada actuação. Levar os Pequenos Cantores ao Japão foi um sonho tornado realidade para o padre, mas não se ficou por aqui, havendo outras digressões às Filipinas, Portugal, Singapura e Malásia.” (1)
(4) Macau B. I. T. XI-1-2,1976
Anteriores referências a este sacerdote e à deslocação dos «Pequenos Cantores» ao Japão em:
https://www.google.pt/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-#q=nenotavaiconta+C%C3%A9sar+Brianza&*
…..continuação de (1)
Diário 17-04-1974
Cidade de Nagasaki. Outro centro urbano querido ao coração dos portugueses. Marca o lugar do primeiro contacto com o povo japonês , na aurora das relações internacionais com o Oriente. Aqui realizaram-se três concertos, um dos quais executado junto do monumento consagrado aos mártires católicos desta cidades, interpretando trechos de música religiosa.
Junto do monumento aos mártires de Nagasaky
Apresentaram-se, também, no Liceu, colaborando na audição o coro deste estabelecimento de ensino, onde decorreu um diálogo aberto entre os presentes. assistiu o nosso embaixador tendo os jovens cantores sido distinguidos com a oferta da miniatura da estátua da Paz, que se ergue na cidade, flagelada pela explosão da bomba atómica lançada pelos americanos na última conflagração mundial.
Na «NBD»de Nagasaky realizaram o último concerto do programa, promovido pela Sociedade de Amizade Luso-Japonesa, coincidindo com a entrega de condecorações a várias entidades japonesas, distinguidas pelo Governo português.
Diário 18-04-1974
Regresso a Fukuoka e daqui para Tóquio
Outro aspecto de um dos passeios
Diário 19-04-1974
Visita à fábrica de cortiça, onde deram um pequeno concerto para os operários. Partida de Hong Kong
Diário 20-04-1974
Regresso a Macau, onde foram recebidos entusiasticamente pelos seus familiares e por outras pessoas que os quiseram saudar pelo êxito da sua digressão entre o povo japonês, ao qual ficaram profundamente agradecidos , pela recepção que sempre e em toda a parte lhes tributou.
Os «Pequenos Cantores» na execução do concerto no «Fumon Hall», em Tóquio
NOTA FINAL: Os rapazes do «Pequenos Cantores» foram recebidos nos vários sítios com “ramos de flores frescas, cravos vermelhos“, talvez prenúncio ao que haveria de acontecer dias depois à chegada a Macau, no dia 25 de Abril, a Revolução dos Cravos.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/pequenos-cantores-do-c-d-b/
(2) Reportagem não assinada em «MACAU B. I. T.1974.»
……continuação de (1)
Diário 13-04-1974
Partida para Kobe. Uma viagem de barco, em que seguia um grupo de cerca 300mperegrinos para os quais os «Pequenos Cantores»n executaram algumas cações.
Em Kobe, realizaram um concerto na Fonte Luminosa, que cria um espectáculo surpreendente cuja intensidade da luz e volume de água coincidem com a intensidade da voz. Fica na encosta duma montanha, constituindo uma maravilha de arte, de sedução, de beleza fascinante, construída pelo homem para o homem.
Ali se erguia a bandeira portuguesa, num gesto de presença e de lembrança, como em todas as manifestações olarizadas em volta dos «Pequenos Cantores».
Uma numerosa assistência honrou a audição, o que prova o sucesso alcançado pelo nossos rapazes.
Outro aspecto da amizade que predominou entre os jovens visitantes e a
juventude japonesa, em Kobe
Diário 14-04-1974 – Dia de Páscoa
O coro macaense fez-se ouvir, em música sacra, na igreja «Jamate», de Kobe. O nosso embaixador encontrava-se presente, juntamente com outros estrangeiros. A impressão que deixou foi das melhores, na afirmação do diplomata português.
Diário 15-04-1974
Partida para Osaka. Hospedaram-se no Hotel Plaza, onde eram um concerto por ocasião da entrega do diploma de cônsul efectivo ao cônsul honorário de Portugal nesta cidade. Entre a assistência contava-se o embaixador da Espanha. Quando ouviu a execução de «Valencia» não pode conter o entusiasmo que o dominava e rebentou num forte e emocionado «mui bien» na sua vigorosa língua nativa, ao mesmo tempo que elogiava uma iniciativa deste género que merecia a pena apoiar.
Dedicaram ao mesmo diplomata espanhol a canção «Vaya com Dios», que lhe arrancou sentidas lágrimas, não fosse ele um latino de alma e coração.
Um aspecto de um dos passeios que os rapazes gozaram no Japão
Diário 16-04-1974
Em Fukuoka, cantaram no Hotel, onde foram obsequiados com um almoço.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/pequenos-cantores-do-c-d-b/
(2) Reportagem não assinada em «MACAU B. I. T. ,1974»
……continuação de (1)
Diário 11-04-1974
Na fábrica da Toyota que visitaram tiveram contacto com o trabalho que aqui se executa na fabricação de automóveis, uma operação em série, ininterrupta, numa perfeita divisão de trabalho, em que tudo se encontra perfeitamente calculado.
Num sorriso franco, aberto cordial desta jovem japonesa, Hara, para com os hóspedes do seu país.
Diário 12-04-1974
Encontram-se agora em Tokushima, grata ao coração dos portugueses. Aqui se ergue uma estátua ao escritor português Venceslau de Morais, que viveu e morreu entre o povo japonês, cuja alma soube compreender e admirar, deixando na literatura que nos legou os traços mais elucidativos do temperamento nipónico, da sua vida, dos seus costumes.
Além do concerto que realizaram no Rotary Club, executaram outro no «Hall de Tokushima», gravando também para a Televisão Portuguesa e para um filme de 55 minutos.
O Coro feminino de Tokushima associou-se a esta audição, interpretando algumas canções do seu reportório, oferecendo no final do acontecimento um cravo a cada um dos nossos rapazes…. (…)
Na assistência, embora de certo modo heterogénea, predominava a juventude, distinguindo-se a presença do cônsul de Portugal, na referida cidade, que obsequiou os visitantes com um jantar. (2)
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/pequenos-cantores-do-c-d-b/
(2) Foto e reportagem não assinada em «MACAU B. I. T. 1974.»
…..continuação de (1)
Diário: 9-04-1974
Agora, na cidade de Kyoto. Na universidade deste importante centro urbano, com largos recursos turísticos, apresentaram-se os jovens cantores macaenses em coincidência com as tradicionais cerimónias da abertura das aulas. Entre estudantes e os visitantes criou-se, sem qualquer constrangimento, um ambiente de forte amizade, num perfeito e natural à-vontade. ..(…)
Um passeio pela cidade e pelos arredores, com a visita ao Jardim do Imperador, e um almoço, oferecido pelo cônsul de Portugal, de ementa chinesa, onde cantaram a canção «Sakura», (2) ocupou o tempo da estadia dos visitantes em Tóquio.
Confraternização dos rapazes macaenses com estudantes japoneses
Diário: 10-04-1974
Partida para TOYOTA num magnífico autocarro da empresa internacionalmente conhecida do mesmo nome. Impressionou agradavelmente a organização que tudo previu até ao mínimo pormenor, em que nada faltava nem era improvisado, porque os japoneses não gostam de improvisos, nem muito de surpresas, porque estão afeitos à disciplina e ao método.
Ficaram hospedados no «Kuragarke Lodge», luxuoso, que a organização “Toyota” construiu, mas que entregou à Câmara Municipal, tendo como logradouro um vastíssimo parque.
O concerto foi realizado no «Hall Municipal», com numerosa assistência predominando a juventude, como em todos os precedentes concertos, porque se mostra sempre a mais receptiva, a mais entusiástica por estes contactos juvenis, em que se encontram rapazes e raparigas de diversas nacionalidades, com os seus costumes, com os seus hábitos, com as suas tendências específicas.
Confraternização dos rapazes macaenses com estudantes japoneses
Falou o cônsul de Portugal, um simpático velhinho de 80 anos, que lembrou muito comovido, a sua viagem a Portugal, referindo-se com muito acarinho ao nosso país.
À porta do hotel, onde foram depois do concerto, para o almoço, tiveram a agradável surpresa de serem recebidos pelo Coro da Cidade de Toyota, com a interpretação de diversas canções. Trata-se dum agrupamento que ganhara uma competição de cânticos regionais recentemente organizada.
O presidente da Câmara Municipal teceu algumas considerações sobre o significado da visita que estava a decorrer , enaltecendo o espírito que a ditou, um espírito dominado pelas mais nobres intenções, como seja a amizade entre dois povos, revigorada, principalmente, entre os jovens.
A apoteose deste encontro surgiu quando às vozes dos «Pequenos Cantores» se juntou o entusiasmo do Coro da Cidade, na execução, emocionalmente sentida, do «Sakura», perante uma assistência empolgante de entusiasmo.
Os jovens macaenses receberam cada um, um rádio transístor «Nacional», oferecidos pela «Toyota» e o Coro da Cidade levou a sua gentileza a acompanhar os visitantes até ao autocarro, cantando, gesto que os nossos rapazes sentiram no fundo das suas almas. (3)
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/pequenos-cantores-do-c-d-b/
(2) さくらさくら – Sakura, Sakura, (Flor de cerejeira) é uma canção do folclore japonês muito popular, com origem no período Edo 1603 -1868. (https://en.wikipedia.org/wiki/Sakura_Sakura)
Algumas versões desta canção:
https://www.youtube.com/watch?v=jqpFjsMtCb0
https://www.youtube.com/watch?v=utPawQuu-GI
https://www.youtube.com/watch?v=2GxUa69laLc
https://www.youtube.com/watch?v=Kh5GmbpAY70
(3) Reportagem não assinada em «MACAU B. I. T. , 1974.»
…… continuação (1)
Diário: 7-04-1974
A cidade de Tóquio é das maiores do mundo, com uma população das mais elevadas. Subjuga todo o visitante. Os «Pequenos Cantores» foram distinguidos com um passeio que lhes ofereceu a «Teikoku Kando». Visitaram a Praça do Imperador e estiveram na torre de Tóquio, uma réplica da Torre de Eifell, de Paris. Aqui improvisaram um concerto, enquanto oa operadores da Televisão, que sempre os acompanharam, captavam todas as imagens desta digressão que certamente não será olvidada com facilidade.
Os «Pequenos Cantores» na Torre de Tóquio, acompanhados dos operadores da Televisão
Muitos que adregaram subir àquelas alturas naquela ocasião, ficaram surpreendidos com a presença dos jovens cantores, particularmente quando os ouviram interpretar a célebre canção japonesa «Sakura», com uma cidade a seus pés..(…)
No mesmo dia, participaram num programa para a Televisão dedicado às crianças, juntamente com outros artistas, a que assistiram cerca de 2 000 pessoas, tendo os «Pequenos Cantores» interpretado entre outras a canção portuguesa «Rosmaninho». que os presentes acompanharam com palmas, juntamente com os cantores.
À saída do templo budista, vendo-se uma parte dos fiéis.
Diário: 8-04-1974
Neste dia, realizou-se o espectáculo mais emocionante de toda a direcção pelas diversas cidades japonesas: a participação numa cerimónia, num grandioso templo budista de Tóquio, comemorativo do nascimento do Buda, com a assistência de 7 a 8 mil fiéis desta religião que edificaram os nossos rapazes pela sua compostura e sobretudo pela fé revelada no fervor com que seguiram todo o cerimonial litúrgico.
À saída do templo budista, vendo-se uma parte dos fiéis.
Os «Pequenos Cantores» foram apresentados aos fiéis que os receberam com calorosas palmas, pois estes acontecimentos de verdadeiro e muito simpático ecumenismo, embora deixassem já de ser inéditos como manifestação de aproximação religiosa, despertam sempre uma intimidade humana que dispõe ao entendimento universal.
Executaram, nesta ocasião, dois cânticos religiosos apropriados ao ambiente em que se encontravam e outros em língua japonesa a exprimir sentimentos sobre a natureza perfeitamente adequados à alma budista que se dilata sobre o mundo criado, onde palpita a vida e se exteriorizam anseios.
Todos os nossos rapazes foram convidados a lavar a cabeça do Buda, que constitui o ritual de purificação individual, delicadeza que traduz uma alma nobre e um gesto digno dos responsáveis pelo templo, que foi muito apreciado, como não podia deixar de ser.
No «Fumon Hall», dos budistas, realizou-se o último concerto em Tóquio. Um complexo imponente, luxuoso, dotado de todos os modernos requisitos de som. A assistência era constituída por fiéis do culto budista, numerosos, interessados e receptivos, sem preconceitos, abertos a toda a influência que exprima humanitarismo e convivência social. Os «Pequenos Cantores» sentiram este calor à sua volta, tanto no concerto que deram, como no almoço que lhes foi oferecido no refeitório do mesmo edifício. (2)
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/pequenos-cantores-do-c-d-b/
(2) Reportagem não assinada em «MACAU B. I.T., 1974»
Os «Pequenos Cantores» do Colégio D. Bosco deslocaram-se Japão, numa embaixada de arte e de boa-vontade. Levaram nas suas vozes o coração da sua terra natal, que historicamente se encontra ligada aquele país por laços muito antigos, que é preciso não só manter como estreitar para que deste facto resultem as mais benéficas consequências. A viagem foi patrocinada pelo Governo da Província e outras organizações locais, designadamente a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau.
Acompanhados do seu maestro, o Padre César Brianza, (alma dinâmica de todo o conjunto) de alguns superiores do estabelecimento a que pertencem, o grupo aterrou no aeroporto de Tóquio, no dia 5 de Abril de 1974, onde foram distinguidos com uma recepção amistosa.
Diário: 05-04-1974
Viam-se operadores de Televisão, raparigas com ramos de flores frescas, cravos vermelhos… (…)
Ficaram hospedados o hotel budista «Dansan Kaikan» destinado a peregrinos, mas dotado dos melhores e das mais confortáveis comodidades. Ficaram a servir os jovens, tratando sobretudo da roupa, um grupo de jovens japonesas que para este serviço se ofereceram voluntariamente, num gesto magnífico de amizade para corresponder à mensagem de boa vontade trazida de Macau pelos componentes do grupo musical, o que mostra o alto e refinado civismo da juventude japonesa … (…)
A Sociedade Luso-Nipónica teve uma parte importantíssima na recepção carinhosa que em todas as cidades japonesas foi tributada aos artistas visitantes, honrando desta maneira as suas tradições no fomento da amizade entre os dois países, entre os dois povos.
As raparigas que voluntariamente cuidaram dos «Pequenos Cantores»
Diário: 06-04-1974
O primeiro concerto, que marcou a primeira comunicação artística com o povo japonês, e sobretudo com a sua esperançosa juventude, realizou-se na Universidade de Rokkyo, protestante, com uma assistência que ocupava literalmente a sala de espectáculos, predominando a juventude feminina. os aplausos entusiásticos que sublinharam cada interpretação traduzem o agrado de todos perante a audição, o que dispensa mais comentários. Esteve presente o Dr. Manuel Coutinho, embaixador de Portugal no Japão, que empenhadamente se interessou para que da missão dos «Pequenos Cantores» resultassem os maiores benefícios para as relações entre os dois povos.
No refeitório da universidade, onde foi servido o almoço, o coro desta escola superior entoou o «Laudate, pueri, Dominum», letra em latim, o que é interessante verificar num país tão afastado da cultura latina.
Seguiu-se, da parte da tarde, o converto organizado pela Associação da Indústria Corticeira, aproveitando-se a oportunidade para se proceder à entrega de condecorações a várias entidades japonesas, das ordens portuguesas, impostas pelo Dr. Manuel Coutinho.
Este organismo importa de Portugal toda a cortiça com que negoceia, tendo os «Pequenos Cantores» visitando a sua fábrica no último dia da sua estadia em Tóquio, uma fábrica de magnífica instalações e moderníssimo equipamento.
O concerto teve a presença duma selecta assistência , predominado os elementos ligados à Associação , que primou para que os visitantes fossem envolvidos numa recepção amiga, num ambiente de quente fraternidade
………………………………………………………….continua
Reportagem não assinada e fotos de «MACAU B. I. T.urismo, 1974»