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O infantário de “Nossa Senhora do Carmo”, na Ilha da Taipa, a cargo do Pároco o Concelho das Ilhas era uma das mais interessantes obras de assistência social de Macau.
O Infantário foi uma obra missionária criada pelo reverendo Pároco das Ilhas (na altura), cónego António André Ngan. (1) Abrigava os filhos da população operária da Vila da Taipa que vivia na grande maioria do fruto do seu trabalho nas fábricas de panchões. Estas empregavam frequentemente, em diferentes misteres, toda uma família: pai, mãe e filhos maiores de 14 anos, ficando então os mais pequenos entregues aos cuidados do pessoal do Infantário, desde as sete horas e meia da manhã às oito da noite.
Inaugurado oficialmente em 8 de Junho de 1952 recolhia diariamente umas 120 crianças divididas em duas secções: infantil e dos bebés. Na primeira eram recebidas as crianças de 2 a 6 anos, mediante a quantia de dez avos que lhes dava direito a uma merenda de tarde, e na segunda os bebés com menos de 2 anos de idade, pagando os pais uma diária de vinte avos para ajudar a despesa feita com o leite que lhes eram administrados durante o dia.
Outra obra do mesmo Pároco – Asilo dos Velhinhos – tinha por fins auxiliar as pessoas mais idosas que, por terem ninguém de família, se veriam na contingência de estender as mãos à caridade, quando despedidas ou impossibilitadas de trabalhar.
De facto, as fábricas de panchões estabelecidas na Ilha da Taipa, uma vez paralisadas ou obrigadas a reduzirem o seu pessoal, despediam, como era óbvio, em primeiro lugar, os velhinhos que, nesta conjectura, iriam recorrer ao Asilo onde receberiam gratuitamente alimentação e alojamento por tempo indeterminado. Aqueles que veriam a conseguir depois, novamente o trabalho, podiam continuar internados, pagando, nesse caso, uma pequena quantia estabelecida de acordo com as suas possibilidades.
O Infantário e o Asilo recebiam os benefícios e o auxílio da Comissão Central de Assistência Pública de Macau, (2) nomeadamente um subsídio anual de $675,00 e $ 1.200,00 respectivamente.

Edifício onde estava instalada a então nova Maternidade da Ilha da Taipa

(1) Cónego (depois Monsenhor) António André Ngan Im Ieoc (1907-1982) foi governador do bispado em 1966 e vigário-geral em 1966-1975 sendo o primeiro padre chinês a ocupar estes cargos na Diocese de Macau. Foi também professor de Música no Seminário S. José (foi professor do Padre Áureo Castro) e publicou dois manuais para ensino do português: “Método de Português para uso nas escolas estrangeiras” (1944) e “Método de Português para uso das escolas Chinesas” (1945), usados durante 50.
Anos, na escola primária, principalmente para as crianças chinesas e na década de 70 n no Instituto D. Melchior Carneiro.
Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/padre-antonio-andre-ngan-im-ieoc/

A sala de partos da Maternidade da Ilha da Taipa

(2) A Comissão Central de Assistência Pública de Macau apoiava (anualmente tinha inscrita anualmente no seu orçamento uma verba) além destas duas instituições, outras na Ilha da Taipa nomeadamente a Maternidade da Junta Local das Ilhas, (prestava assistência gratuita às parturientes declaradamente pobres da Vila da Taipa); as Leprosarias de Ká-Hó e Seac Pai Van (a de Ká-Hó para mulheres albergava cerca 30 leprosas; a de Seac Pai Van, para homens , albergava cerca de 28 doentes e nesse ano (1956) nela estavam também  os que vieram da China transferidos de um prédio isolado na Ilha Verde); O Lar dos Pobrezinhos (instalado num prédio da Vila de Coloane, na Rua dos Cordoeiros), destinada a recolher as criancinhas pobres e desvalidas do Concelho das Ilhas; e um bloco com 6 casas económicas edificadas em 1952 que foram distribuídas, para habitação a pobres mais necessitados da mesma ilha.
Extraído de «Macau Boletim Informativo», IV-78,1956.

Hoje comemora-se o centésimo aniversário do nascimento do Padre Salesiano César Brianza, (1) professor de Música e de Religião e Moral no Colégio D. Bosco. (2) Formado pelo Conservatório Nacional de Lisboa, fundou em 1959 o coral dos “Pequenos Cantadores do Colégio D. Bosco” (3) dirigindo-o durante 16 anos.
Em 1962, juntamente com o Padre Áureo Castro, fundou a “Academia de Música de São Pio X”. O Padre César Brianza também foi orientador artístico da Banda da Polícia de Segurança Pública entre 1966 e 1980.
Em sua homenagem recupero um artigo (não assinado) publicado na Revista “Macau – Boletim de Informação e Turismo, (4) acerca da viagem do Coro «Os Pequenos Cantores» às Filipinas, nos últimos dias do mês de Janeiro e primeiros dias de Fevereiro   de 1976.
Nas Filipinas repetiram os mesmos êxitos. Se bem que com menos demora por estas terras intimamente ligadas à história deste nosso território, as suas qualidades artísticas e particularmente a sua preparação como conjunto coral foram motivos de estranheza admirativa da numerosa assistência que as descobriu nos concertos a que teve oportunidade de assistir. E os aplausos com que sublinhavam o seu entusiasmo e a sua admiração, traduziam o testemunho duma autêntica consagração dos nossos jovens intérpretes duma arte que vence os limites de todas as fronteiras nacionais… (…) que nos pode representar em qualquer parte do mundo…(…)

Os «Pequenos Cantores» na execução dum concerto nas Filipinas

Claro que um bom escultor consegue transformar uma pedra tosca, bruta, dura e informe numa obra prima capaz a de desafiar os séculos e os mais desencontrados gostos humanos. E o padre Brianza, maestro do conjunto, da matéria impreparada que lhe colocaram entre mãos, teve a habilidade de a converter em vozes harmoniosas que arrebatam, com todo o seu poder de emoção, uma assistência inteira… (…)
E as nossas autoridades diplomáticas que, com compreensiva modéstia, se haviam referido ao Grupo, porque não o conheciam, convenceram-se, perante o comprovado nível artístico dos concertos executados, que tínhamos em Macau um conjunto musical de elevada categoria. (…)

Os «Pequenos Cantores» confraternizam com estudantes filipinos, na sua embaixada de arte e amizade.

(1) Foto de «JTM », Uma Vida Ligada à Música, 4 de Abril de 2014
http://jtm.com.mo/local/uma-vida-ligada-a-musica/
(2) “O Padre César Brianza iniciou os seus estudos de piano em Hong Kong sob a égide do conhecido maestro Elisio Gualdi. Partiu depois para Xangai, onde recebeu lições de Kostevich, outro grande maestro, até partir para Lisboa, em 1954, onde tirou o curso de piano no Conservatório Nacional. Dois anos mais tarde partiu para Viena, para um estágio de três meses no Augarten Palaiso, o que lhe permitiu assistir frequentemente aos ensaios do aclamado grupo coral «Viena Boys Choir» “. (1)
(3) “A sua dedicação ao grupo dos Pequenos Cantores em Macau, que fundou em 1959, teve um grande impacto não só nos próprios jovens, como também no território. Conhecido pela sua dedicação, o Padre Brianza conseguiu transmitir aos jovens do Colégio Salesiano Dom Bosco uma confiança na procura de atingir a perfeição, merecendo rasgados elogios em cada actuação. Levar os Pequenos Cantores ao Japão foi um sonho tornado realidade para o padre, mas não se ficou por aqui, havendo outras digressões às Filipinas, Portugal, Singapura e Malásia.” (1)
(4) Macau B. I. T. XI-1-2,1976
Anteriores referências a este sacerdote e à deslocação dos «Pequenos Cantores» ao Japão em:
https://www.google.pt/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-#q=nenotavaiconta+C%C3%A9sar+Brianza&*

Realizou-se no dia 31 de Janeiro de 1973, a festa escolar do Festa Escolar do Colégio Dom Bosco, (1) destinada, particularmente, à distribuição de diplomas aos finalistas e de prémios aos alunos que mais se distinguiram no ano lectivo findo.

macau-b-i-t-viii-11-12-jan-fev-1973-festa-escolar-d-bosco-iO Revdo Pe. Ramiro Pereira Galhispo, director do Colégio fez um breve discurso sobre a juventude e os seus problemas nesta conjuntura do mundo actual.macau-b-i-t-viii-11-12-jan-fev-1973-festa-escolar-d-bosco-iiUm aspecto da assistência, com a presença do governador e esposa

macau-b-i-t-viii-11-12-jan-fev-1973-festa-escolar-d-bosco-iiiO programa de variedades agradou, salientando-se pela sua graciosidade e originalidade a «Dança das Vassouras» executada pelos mais miudinhos.
macau-b-i-t-viii-11-12-jan-fev-1973-festa-escolar-d-bosco-ivOs pequenos cantores do Colégio D. Bosco deliciaram a assistência com a execução dum variado e aliciante reportório de canções portuguesas e estrangeiras, salientando-se uma composição de Áureo Castro «A Menina de Olhos Verdes» sobre uma poesia lírica de Camões.
macau-b-i-t-viii-11-12-jan-fev-1973-festa-escolar-d-bosco-vAos finalistas foram impostos os distintivos do Antigo Aluno Salesiano, que os vinculam para sempre às instituições salesianas espalhadas por todo o mundo.
(1) No ano lectivo 1971/1972 funcionaram as seguintes classes:
Pré-primária com 15 alunos; Quarta classe, com 133 alunos; Curso preparatório para o ensino secundário 71 alunos; Curso Profissional (Mecânica) 44 alunos; Secção preparatória para os Institutos Industriais 9 alunos.
Fotos e reportagem (não assinada) retirada de “MACAU B.I.T., 1973”.

Integrada nas comemorações do IV Centenário da publicação de «Os Lusíadas», realizou-se na noite de 13  do Novembro de 1972,  no ginásio do Liceu Nacional Infante D. Henrique, uma manifestação músico-literária com a presença do Governador, José Nobre de Carvalho e sua Esposa. Estiveram também presentes as principais autoridades civis, militares e eclesiásticas da província, além de numeroso público, constituído na sua maioria por familiares dos alunos, que encheu por completo o ginásio.
O recinto encontrava-se decorado, notando-se um friso de painéis de temática camoniana – elaborados pelos alunos – que cobriam três das quatro paredes do ginásio. E a novidade , o palco quadrado colocado no meio da sala, de concepção inédita em Macau e constituindo uma solução extremamente feliz que se adaptou perfeitamente ao tipo de manifestação que ali se desenrolou.
MACAU B.I.T. VIII.9-10 1972 LNIDH IInaugurou a sessão um grupo coral de meninas do Liceu Nacional Infante D. Henrique (ensaiados pelo antigo professor de Canto Coral do Liceu, António Freira Garcia) que entoou com entusiasmo e alegria o velho e infelizmente esquecido hino do Liceu.
MACAU B.I.T. VIII.9-10 1972 LNIDH IISeguidamente, o Reitor Dr. Túlio Tomás, após as referências e agradecimentos tradicionais, pronunciou a conferência tendo por tema “Os Lusíadas» e a Ciência do Renascimento“.
O programa continuou com a apresentação de:
– Três números corais pelo grupo coral há pouco referido. O Padre Áureo de Castro compôs expressamente para a festa a música de uma das canções entoadas pelo grupo coral «Menina de olhos verdes»
MACAU B.I.T. VIII.9-10 1972 LNIDH III– Distribuição dos prémios aos alunos que mais se distinguiram no ano lectivo.
– Um número de ginástica rítmica,
– Declamação por um aluno do poema ” Oh gruta de Macau, soidão querida” de Almeida Garrett,
– Declamação em conjunto de um poema de Afonso Lopes Vieira, «Pinhal do Rei»,
MACAU B.I.T. VIII.9-10 1972 LNIDH IV– Representação de uma cena «O Serão da Infanta»,
– Uma aluna do ciclo preparatório cantou duas canções populares chinesas.
A festa encerrou com o Hino Nacional entoado pelo coro da alunas do Liceu.
Fotos e informações de “Macau B. I. T.,1972″.

O Infante D. Henrique morreu a 13 de Novembro de 1460.
Em 1960, Macau comemorou o V Centenário da sua morte, como Ano Henriquino, com actividades e celebrações  ao longo do ano (1)
As comemorações Henriquinas em Macau foram promovidas pela Comissão Administrativa do Leal Senado da Câmara de Macau, de que era presidente o Dr. Pedro José Lobo, vice-presidente o capitão José Francisco de Azevedo Fernandes Basto e vogais, Jaime Robarts, Engo. José Maria Paulo Rodrigues e Joaquim Morais Alves.
As Comemorações iniciaram-se no dia 4 de Março de 1960 com o hastear das bandeiras Nacional e da Cruz de Cristo em todos os edifícios públicos e às 11.00 horas,o “Te Deum Laudamos”  na Sé Catedral, presidida pelo Bispo D. Policarpo da Costa Vaz.
Na tribuna dos cantores, as vozes da «Capela da Santa Cecília»., do Seminário de S. José e da «Scola Cantorum» da Sé, sob a regência do Pe. Áureo da Costa Nunes e Castro.
Às 16.30 horas, no Salão Nobre do Leal Senado, sessão solene em honra do Infante. Discursou o Dr. Pedro José Lobo, estando presentes na mesa, o Governador da Província, o Bispo de Macau, o Meritíssimo Dr. Juiz de Direito e o Comandante Militar.

O orador da conferência, foi o Dr. José Tertuliano Cabral, reitor do Liceu Nacional Infante D. Henrique.

Nesse ano, realizou-se em Portugal, o “Acampamento Internacional Infante D. Henrique” (6 a 16 de Agosto) tendo uma delegação da Mocidade Portuguesa de Macau (2)  participado com dez filiados. A delegação partiu  para Hong Kong, no dia 31 de Julho, efectuando-se o embarque na Ponte N.º 16, às 22.00 horas, seguindo de avião, no dia 1 de Agosto, para Lisboa aonde chegaram, no dia 3 do mesmo mês. O regresso foi a 8 de Setembro.
Para que se  conste, os filiados de Macau foram: (3)
Fernando Airosa Branco, José António de Melo, João Baptista Lam e Ernesto Basto da Silva do Liceu Nacional Infante D. Henrique;
Rogério Máher Mendes e Luís da Silva Pedruco, da Escola Comercial;
Alberto Pais de Assunção e Mário José do Rosário, do Colégio D. Bosco; e Lísbio Maria Couto e Tomás Ferreira de Almeida, do Seminário de S. José
           LEGENDA: Alguns dos filiados de Macau, confratenizando com os da “metrópole”

(1) Em 16-01-1960, o Governador da Província, tenente-coronel de Corpo do Estado-Maior, Jaime Silvério Marques determinou em despacho que se compilasse um opúsculo contendo as principais actividades e celebrações levadas a efeito, nesse Ano Henriquino. O opúsculo donde se retirou as informações, tem 417 p. e tem edição do Leal Senado da Câmara de Macau. Foi publicada em Dezembro de 1960, com impressão da Tipografia da Missão do Padroado.
(2) Nessa data, o Comissário Provincial da Mocidade Portuguesa era o Pe. Júlio Augusto Massa e o instrutor, Fausto Afonso Branco.
(3) Dos que conheço, um grande abraço ao Ernesto Basto da Silva e saudosa memória do Dr. João Lam  e Lísbio Couto.