Archives for posts with tag: Museu de Arte Sacra e Cripta-capela

Outro postal da colecção (1) de seis da Ilha da Taipa e dois da Ilha de Coloane, da década de 90 (século XX), com edição da Câmara Municipal das Ilhas. Indicações em português, chinês e inglês. Fotografia de Fong Kam Kuan.
Este é referente também à ilha de Coloane, nomeadamente ao antigo jardim, hoje Largo Eduardo Marques, onde está um monumento, (2) com uma lápide decorado com balas de canhão e correntes de ferro, evocativo dos combates contra os piratas nos dias 12 e 13 de Julho de 1910, e atrás, erigido mais tarde, a Igreja de S. Francisco Xavier (3)

Igreja de S. Francisco Xavier e obelisco comemorativo, Coloane
路環聖方濟各教堂反紀念碑– (4)
St. Francis Xavier´s Church and a memorial obelisk – Coloane.

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/10/26/postal-da-ilha-da-taipa-da-decada-de-90-seculo-xx-iv-avenida-da-praia/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/10/17/postal-da-ilha-da-taipa-da-decada-de-90-seculo-xx-iii-mosteiro-de-pou-tai/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/10/10/postal-da-ilha-da-taipa-da-decada-de-90-seculo-xx-ii-biblioteca-do-carmo/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/10/08/postal-da-ilha-da-taipa-da-decada-de-90-seculo-xx-i/
(2) Ver anteriores referências:
nenotavaiconta.wordpress.com/tag/monumento-de-13-de-julho-coloane/

O largo Eduardo Marques em 1940.

(3) A Igreja de São Francisco Xavier (estilo barroco) foi construída e sagrada pelo então bispo de Macau D. José da Costa Nunes em 1928, para evangelizar e servir a pequena comunidade católica em Coloane.
Ela é a igreja matriz da Missão de São Francisco Xavier, que engloba toda a ilha de Coloane. A igreja foi ampliada em 1962 e depois restaurada em 2013, por parte do Instituto Cultural.
Estavam na igreja os ossos dos ”mártires do Japão e Vietnam” (5) que foram depois transferidos (alguns) para o Museu de Arte Sacra (nas Ruínas de S. Paulo), em 1996, e outros após escolha “devolvidos” ao Japão (6) e o relicário de prata que é um osso do braço de S. Francisco Xavier, que foi transferido para a Igreja de S. José.
Anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-francisco-xavier
(4) 路環聖方濟各教堂反紀念碑 mandarim pīnyīn: lù huán shèng fāng jì gè jiāo táng fǎn jì  niàn bēi; cantonense jyutping: lou6 waan4 sing3 fong1 zai2 gok3 gaau1 tong4 faan1 gei2 nim6 bei1
(5) Estavam anteriormente na Igreja de S. Paulo, depois no Seminário de S. José e em 1978 transferidas para esta Igreja.
(6) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/martires-japoneses/

https://en.wikipedia.org/wiki/Coloane#/media/File:Macau_coloane_village_1.jpg

A revista «MACAU B. I. T.» em Março de 1976 (1) chamava a atenção para a necessidade da criação de um Museu de Arte Religiosa, em Macau, aproveitando os artigos religiosos, estátuas  e outros artigos relacionadas com as Missões em Macau e que se encontravam acumuladas na Igreja de S. Domingos.

MACAU B.I.T. XI, n.º1 e 2 MAR-ABR 1976 ~Igreja de S. DomingosIGREJA DE S. DOMINGOS, 1976

É natural que numa cidade de tão acentuadas tradições religiosas muito tenha ficado a testemunhar esta vivência, aqui às portas da China. Muitos que demandam esta nossa terra, sentem-se, sem dúvida, curiosos em verificar o que neste campo temos para lhes oferecer, levando-os a percorrer, através dos testemunhos presentes, etapas tão dilatadas como sugestivas.
Se não estamos em erro, muitos dos artigos, estátuas e outros, encontram-se acumulados na vestuta igreja de S. Domingos, um templo que fica num lugar muito acessível e para o qual poderiam ser conduzidos, com mais frequência, grupos de turistas. Nada perderiam, porque a sua arquitectura, se bem que bastante simples, não deixa de revelar certo recorte artístico…(…)
Supomos que nas dependências daquela veneranda igreja, que testemunhou a intensa actividade missionária de tantos religiosos dominicanos, se encontra lugar muito apropriado para a montagem dum museu, enquadrando-o num ambiente de certa religiosidade, em harmonia com o carácter dos objectos expostos…” (1) 

MACAU B.I.T. XI, n.º1 e 2 MAR-ABR 1976 ~Tesouros de Arte SacraSra. da Boa Viagem, 1976

NOTA: Hoje os artigos religiosos, estátuas  e outros artigos relacionadas com as Missões em Macau, encontram-se, desde 1997 (após restauro da Igreja e seus anexos)  no Tesouro de Arte Sacra, localizado no campanário e torre sineira da Igreja de S. Domingos ocupando três andares, desde 1997. ÁLBUM 2005 - TESOUROS DA ARTE SACRA II

Tesouro de Arte Sacra, Igreja de S. Domingos, 2005

O Tesouro de Arte Sacra é um espólio constituído por cerca de 300 artefactos religiosos, dos séculos XVII a XIX. O acesso a esta torre faz-se através de um corredor situado do lado direito da nave da igreja. Na década de 90 do século XX, o Instituto Cultural financiou a recuperação e o restauro da Igreja para permitir a instalação deste Tesouro, num espaço que foi aberto ao público em 23 de Novembro de 1997.
ÁLBUM 2005 - TESOUROS DA ARTE SACRA III

Tesouro de Arte Sacra, Igreja de S. Domingos, 2005

Fazem parte deste espólio, objectos sacramentais em prata, bronze e ouro, estátuas em madeira, gesso e marfim, pinturas a óleo, entre as quais uma do século XVII retratando Santo Agostinho, gravuras com cenas bíblicas, vestimentas litúrgicas, etc. Em exposição estão dois sinos do século XIX.
ÁLBUM 2005 - TESOUROS DA ARTE SACRA I

Tesouro de Arte Sacra, Igreja de S. Domingos, 2005

A Igreja de São Domingos está  incluído na Lista dos monumentos históricos do “Centro Histórico de Macau”, e incluído na Lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO.
Existe ainda presentemente outro espaço em Macau, dedicado à Arte Sacra: o  Museu de Arte Sacra localizado  nas traseiras (cripta/capela) das Ruínas de S. Paulo, após a sua recuperação e musealização entre 1990 e 1995. Aqui encontra-se uma selecção de pintura, escultura e alfaias litúrgicas representativas das igrejas e conventos da cidade.
(1) Artigo não assinado e fotos (a preto e branco) retirados de «MACAU B. I. T.»de 1976.

A igreja principal é a Sám-Pá (São Paulo), que fica a nordeste  de Macau, encostada a uma montanha e tendo de altura vários tch`ân (2,64 metros). Na parte lateral do edifício, abrem-se portas feitas com estreitas e compridas pedras esculpidas e incrustadas com ouro azulado, que brilham fulgurantes. A parte superior parece-se com um docel voltado. Os lados são rendilhados, encontrando-se espalhados neles admiráveis jaspes. Aquela que dizem ser a Mãe do Céu chama-se Maria. A sua figura é de uma jovem abraçando uma criancinha que se chama Jesus Senhor do Céu. O fato não é cosido e cobre todo o corpo que, desde a cabeça, é revestido duma simples pintura e dum véu esmaltado. Em se olhando para ela, dir-se-ia que foi moldada. Ao lado, encontram-se trinta figuras. A sua mão esquerda segura a esfera armilar. Os quatros dedos da direita fazem lembrar o gesto de quem discursa. Os cabelo e as sobrancelhas são hirtos como se estivesse zangada. As orelhas são caracterizadas por pesados lóbulos; o nariz alto; os olhos  como se estivessem a contemplar qualquer cousa distante; a boca, com a atitude de quem quer falar.
Na parte superior do templo há uma casa onde guardam os instrumentos musicais. Tem uma torre de marcação de tempo com um enorme sino. Génios voadores (anjos), instalados nos cantos da torre vão de encontro ao sino, sendo movidos por um maquinismo, e, conforme a hora, fazem soá-lo” (1)

As ruínas da Igreja de S. Paulo, 1870 (2)

Recorda-se que o incêndio da Igreja construída em 1602, contígua ao Colégio jesuíta de S. Paulo ocorreu a 26 de Janeiro de 1835. A igreja era feita de taipa e madeira estava ricamente decorada e mobilada, de acordo com os relatos de viajantes da época. 
Padre Manuel Teixeira na sua obra: “A Educação em Macau” (3) descreve:
Tinham soado as 18 h. quando o fogo começou de atear-se no Colégio de S. Paulo e no primeiro quarto depois das 20 h., aquela  grandiosa fábrica -igreja e colégio – não era mais que u montão de cinzas. Ficou apenas de pé a imponente fachada e os paredões laterais.
O ministro protestante George Smith informa ” Durante os primeiros anos da minha residência em Cantão, foi infelizmente tudo destruído pelo fogo, excepto a fachada, descrita pelos visitantes da Índia como a mais imponente e bela de todas as igrejas do Oriente, sem exceptuar as de Goa, capital da Índia Portuguesa. A fachada (4) ainda está de pé mui pouco danificada. A catedral (aliás Igreja) erguia-se num alto à sombra das paredes da fortaleza do Monte e levavam a ela 130 degraus de granito duma largura de 20 a 80 pés, e estes estão como antes.”
A igreja media 160 palmos de comprimento e 84 de largura, e as paredes 50 palmos de altura, sendo construída sobre o modelo de S. Paulo  de Goa.
Existe uma inscrição da pedra da esquina ocidental da fachada mostra que a igreja era dedicada a Madre de Deus.
Veneravam-se na igreja de S. Paulo as seguintes relíquias:
 – O úmero do braço de S. F. Xavier, que hoje está na igreja de S. Francisco Xavier em Coloane,
 – Um crucifixo de prata com relíquias de S. lenho, da túnica do Senhor e da lança,
 – Uma cruz de cristal com o santo lenho e a assinatura de S. Inácio,
 – O relicário e cálix de S. F. Xavier.
Todas, excepto o primeiro, arderam no incêndio.
Havia ainda 15 caixões de relíquias dos que deram a vida pela fé no Japão, China e Cochinchina, incluindo André, proto-mártir da Cochinchina; estas conservaram-se em 18 caixas na Sé Catedral, sendo a 5-10-1974, transferidos para a igreja de S. Francisco Xavier em Coloane (5)”

Ruínas de S. Paulo, 1955 (?) (6)

Sobe-se hoje à imponente Fachada por uma escadaria de 8,10 m, com um total de 68 degraus. A Fachada mede 18,30 m de altura; acrescentando 1.74 da cruz com a sua base, que encima o tímpano, temos um total de 20, 40 m; de largura mede 19.30m” (3)
 (1) OU-MUN KEI-LÉOK Monografia de Macau por Tcheong-U-Lam e Ian-Kuong-Iâm. Tradução do chinês por Luís G. Gomes. Editada pela Repartição Central dos Serviços Económicos- Secção de Publicidade e Turismo, Macau. Imprensa Nacional, 1950, 252 p.
NOTA :  Mais informações do livro OU-MUN KEI-LEOK, ver anterior post:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/08/09/leitura-ou-mun-kei-leok-monografia-de-macau/
(2) Foto de John Thomson (1837-1921), retirada de Wellcome Collection:
http://catalogue.wellcome.ac.uk/search/a?SEARCH=thomson%2C+j+john&searchscope=5&submit.x=29&submit.y=12
(3) TEIXEIRA, Padre Manuel – A Educação em Macau. Direcção dos Serviços de Educação e Cultura, 1982, 422 p + |10|
(4) A fachada de pedra trabalhada foi construída entre 1620-27 por cristãos japoneses expulsos do Japão e artistas locais sob a orientação do jesuíta italiano Carlo Spinola.
(5) Posteriormente algumas dessas relíquias (ossos dos mártires do Japão e Vietname) foram transferidas para o Japão e o restante, foram transferidos para o Museu de Arte Sacra e Cripta-capela construída no espaço outrora  ocupado pela capela-mor da igreja e localizada actualmente no recinto interior da ruínas de S. Paulo, aberto ao público em 1997. Esses ossos encontram-se em relicários abertos  nas paredes laterais.
(6) Foto retirado do livro “”Macau, terra de lendas“; ver anterior post:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/03/17/leitura-macau-terra-de-lendas/