Extraído do «BPMT», XIII-40 de 7 de Outubro de 1867, pp. 237-238
NOTA 1 – “01-10-1867 – Macau foi visitado por um tufão que causou vários estragos, arrancando as árvores da Praia Grande e uma parte da muralha deste local. As fortalezas e alguns edifícios públicos, como o Hospital Militar, a igreja de Sto. Agostinho, o teatro D. Pedro V e outros ficaram muito maltratados.” (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954).
Extraído de «BPMT», XIII-38 de 23 de Setembro d 1867, p. 226
“O Governador Coelho do Amaral (1863-1866), ilustre engenheiro militar (Tenente Coronel graduado em Coronel e depois Coronel do Corpo de Engenheiros e General) deu condições de salubridade, fez a demolição de parte da muralha, abriu estradas e pavimentou ruas, construiu o primeiro farol a costa da China, plantou árvores da Praia Grande e jardins, mandou construir o quartel para o batalhão de 1.ª linha no lugar do antigo convento e igreja de S. Francisco, desenvolveu e ampliou a cidade. Novos contingentes militares chegaram para renderem ou reforçarem o Batalhão (em 1863, em 1866,em 1868 e em 1874) e, em 1864, foi organizada a Companhia de Enfermeiros. Em 1869 são reorganizadas as forças do Ultramar.” (CAÇÃO, Armando A. A. – Unidades Militares de Macau, 1999, p. 21
No dia 3 de Setembro de 1887, o governador de Cantão veio a Macau, acompanhado de uma força armada, e apresentando-se inesperadamente no Palácio do Governo, convidou o governador Firmino José da Costa a ir no dia seguinte visitá-lo ao seu navio. Este assim fez; o mandarim informou-o de que viera examinar o território de Macau, o qual não se estendia além das antigas muralhas. Costa respondeu que eles não eram as pessoas idóneas para tratar desse assunto (1) e assim se encerrou o incidente.
Ljungstedt, no seu “Historical Sketch”, p. 31, informa: «A oriente da cidade há um «Campo», que pode dizer-se que se estende até à fronteira da península.» A lembrar esse Campo temos o toponímico da Rua do Campo.
A cidade era amuralhada e os chineses afirmavam que a jurisdição portuguesa não se estendia além das muralhas da cidade. Ora a muralha ia da Guia à Fortaleza do Monte e ao Patane. Nesta muralha havia duas aberturas, chamadas Portas de S. António e Portas do Campo que se fechavam ao cair da noite e se abriam ao romper da aurora. (informação extraída de TEIXEIRA, Pe. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, pp. 454)
(1) “1-12-1887 – O ex-Governador de Macau e Ministro Plenipotenciário de Portugal – Tomás de Souza Rosa e o Príncipe Ch´ing com o Ministro Sun-iu-Ven assinam conjuntamente o “Tratado de Pequim”, 54 artigos, e uma “Convenção” sobre ópio com 3 artigos, sendo que no 2.º a China confirma o “Protocolo de Lisboa” que consigna a perpétua ocupação e governo de Macau por Portugal, que confirma o seu compromisso de não alienar Macau sem acordo prévio da China. “ (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 277)
Extraído de «BGPMTS» I-34 de 9 de Junho de 1855 p-135
O procurador era Lourenço Caetano Cortela Marques mais conhecido pelo nome de Lourenço Marques (1811-1902). (1) Exerceu o cargo de Procurador do Leal Senado de 1851 a 1856 e de 1859 a 1865; em 1865 foi eleito vice-presidente do Leal Senado e em 1871 Presidente do mesmo
Hoje, 17-04-2020, o «Jornal Tribuna de Macau» noticia(1) que “O Corpo de Polícia de Segurança Pública encontrou uma réplica de canhão numa obra de canalização, no Porto Interior. A obra já foi suspensa. Funcionários dos Serviços de Alfândega, Instituto para os Assuntos Municipais e Instituto Cultural já estiveram no local para avaliar a situação.”
De Macau, informam-me que o “achado” foi localizado na Zona do Patane. O canhão estará relacionado com o Forte do Patane (também conhecido como Palanchica) ? E/ou às docas de embarcações que existiram nessa zona? (2)
Pormenor de Mapa de Macau Vista da Lapa de «Ou-Mun Ke- Leok, 1979» p.97
O forte estaria situado perto da Calçada da Palanchica, (3) na pequena elevação do Patane, junto à capela dedicada a Sto. António? (Igreja de N.S. do Amparo?) e tinha como “missão” proteger a cidade de uma invasão do Continente. Segundo Jorge Graça (4), o forte tinha “3 plataformas, cada qual provida de uma peça de artilharia. O acesso à esplanada superior era efectuado por meio de uma escada que a ligava com a de baixo. Estava ligado à fortaleza de S. Paulo (5) por uma secção da muralha Nordeste da cidade, na encosta ocidental da colina de S. Paulo e ao Porto Interior por outra secção desta muralha. Não é conhecida a data certa da sua construção, mas parece ser a mais antiga das fortificações do Macau primitivo. Estava provido com peças de artilharia retiradas dos barcos de comércio do Japão. Foi demolida juntamente com a muralha da cidade que ligava a fortaleza de S. Paulo ao Porto Interior em 1640 por exigência chinesa. “
Segundo Padre Teixeira, o chamado Forte da Palanchica sobre o montículo de Patane não tem História, “ porque os únicos documentos que encontrou sobre Patane: ambos afirmam que se construiu um muro que ia desde S. Paulo a Patane e se tentou construir um forte neste lugar, mas gorou-se esta tentativa devido à oposição chinesa.”(6) Esta também foi a opinião do historiador Ljungstedt: (7) «Parece que em 1925 se tentou construir um forte num lugar chamado Patane a fim de ligá-lo por meio duma cortina com o Monte. Mas os chinas fizeram um tal resistência que se abandonou a obra, e a cortina mudou-se em muro do Jardim, que se estende até um braço do Porto Interior»
Era nessa zona designada por Patane ou Chão do Campo dos Patanes ou Campos de Patane que “corria um importante veio de água potável (Ribeira do Patane), suficiente não só para dessedentar a povoação mas ainda para o fornecimento da aguada aos juncos e mais barcos de cabotagem que já concorriam ao porto. Era por isso a zona que servia não só para abrigo e aguada, mas também servia de doca para reparação das naus da carreira do Japão, ou naus da prata, enquanto aguardavam a monção para prosseguir viagem.A Ribeira do Patane veio com o andar do tempo, após o inquinamento completo das suas águas pelas várzeas que o foram marginando, a converter-se num colector de esgoto que ainda não há muitos anos se via a descoberto e que era conhecido pelo canal de San Kiu” (6)
Planta de Macau, anónimo, Pedro Barreto de Resende no Livro das Plantas de Todas as Fortalezas, Cidade e Povoações do Estado da Índia Oriental de António Bocarro, c 1635
(4) GRAÇA, Jorge – Fortificações de Macau, Concepção e História. ICM, 1985, p.99
(5) “D. Francisco Mascarenhas, governador de Macau (1623-1626) mandou construir uma muralha de 500 barças, que se estendia desde a Fortaleza de S. Paulo ao Patane. Os Chineses objectavam que, estando esta muralha voltada para a China, era contra eles que se dirigia e não contra os inimigos de fora, e, por isso, exigiram a sua demolição. Mascarenhas opôs-se, mas o Senado cedeu às exigências chinesas e revoltou-se contra o governador em Outubro de 1624 e demoliu essas 500 barças de muro em Março de 1625. D. Francisco Mascarenhas, para evitar efusão de sangue, engoliu em seco esta amarga pílula” (6)
(6) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I. ICM, 1997, pp. 36-37
Neste dia, 27 de Julho de 1862 (ver também anterior postagem de 27-07-2012) (1) perderam-se 40.000 vidas em Cantão, Hong Kong, e Macau, devido a um horrível tufão.
Retirei este extracto – descrição do temporal e os estragos – do «Boletim do Governo de Macau», VIII- n.º 35 de 2 de Agosto de 1862.
A espaldas ressoava A ressaca Do assédio: Exausta Na muralha Errática Do império
José Augusto Seabra (1)
POSTAL – Secção das Antigas Muralhas de Defesa
Foto de Kenneth Lei
Postal da colecção “Macau Património Mundial” da Associação dos Embaixadores do Património de Macau, editado por ”Create Macao Co. Limited”. Comprado em Abril de 2015 na Casa do Mandarim.
(1) SEABRA, José Augusto – Poemas do Nome de Deus. Instituto Cultural de Macau, 1990.
Artigo publicado no «Notícias de Macau» por Luís G. Gomes (1) (1) Reproduzida depois no «Boletim Geral das Colónias», Ano XXIV, Maio de 1948, n.º 275 pp. 216-218.
Continuação da publicação das fotografias deste pequeno álbum (1)
“SOUVENIR DE MACAU”
ESTRADA DO HOSPITAL MILITAR
“Military Hospital From forts it is an easy transition to the Military Hospital of San Janario, which, erected in 1873, is built on a most commanding and healthy site fronting the sea. It is on the slope of the hill, just below the old fort of San Joao and just above the San Francisco Barracks, being one of the first objects that the visitor to Macao sees from the deck of the steamer. It is named after the Viscount S. Januario, a former Governor of the Colony, during whose term of office it was built, the former military hospital being in the old Convent of San Augustino. The site was that of an old gunpowder manufactory. The model for the construction of the building was the Hospital of San Raphael in Belgium. It cost $38, 500, and covers 75 metres by 34. The building consists of a main body facing the sea with several wings running back from it. In the front are the Entrance Hall, the porter’s Lodge, the Quarters for the Chief Hospital Attendant and his Assistant, and the stairs to the Secretary’s Office in the upper story. In the Northeast part there are apartments for the Physician, the Chaplain, a room containing surgical instruments, the Dispensary, and the ChapeL while in the South-west portion of the building there are Quarters for the Officers, Bath-rooms, and the Linen Stores. The upper storey contains the Committee Room, Secretary’s Office, and the Director’s Office. The wings contain Surgical and other wards for Sergeants and Reserved Ward, Accountant’s Quarters, and a Hall for Surgical Operations, Cells, and Quarters for Military Servants. The Mortuary, Room for Post Mortem Examinations and Room for the Collection of Soiled Linen are in a separate building some four or five metres distant from the main building and still further distant in the same direction is the Guard House. There is a garden to the South-west for the use of convalescents and there is also a tower for an Observatory. (2)
O HOSPITAL MILITAR
“Tivemos ocasião de observar o inteligente aproveitamento das ruínas da muralha, para consolidar os vastos taludes que limitam a esplanada e as suas estradas que circundam o outeiro. Estes taludes também estão recobertos por uma vegetação própria para dar coesão às terras, e cortados por sulcos convenientemente dispostos para o escoamento das águas, de modo que a perfeição da obra não tem nada a temer da impetuosidade das chuvas. Do alto da esplanada descobre-se uma das vistas mais extensas e formosas de que é possível gozar em Macau” (3)
(1)https://nenotavaiconta.wordpress.com/category/artes/
(2) BALL, J. Dyer – Macao: the Holy City, the Gem of the Orient Earth, 1905
(3) Parte do artigo de Henrique Carvalho na Gazetta de Macau e Timor in TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol II, 1997.