Plano Geral dos arruamentos e das novas avenidas a construir na parte norte da cidade de Macau, apresentado pelo engenheiro director das Obras Públicas, coronel Adriano Augusto Trigo, ao Conselho Técnico, em sua sessão de 15-09-1921. (1)
«Anuário de Macau de 1924», p. 198
(1) “Macau Renascente” in «Anuário de Macau de 1924» pp.194-200
“SEXTA feira passada 31 de Março principiaraõ as chuvas, e pela madrugada houve huma de pedra, acompanhada com grandes trovões e raios, que prejudicaraõ a alguas propriedades, e no Mahá (Mong Há) foraõ mortos por hum raio hum china, e hum caõ. O tempo continua chuvoso e Thermometro 70 graos.”
Extraído de «O Macaísta Imparcial» I- 86 de 6 de Abril de 1837, p. 344
Extraído de “Leal Senado, Uma Experiência Municipal (1989-1997) ”, p. 45
O parque urbano municipal de Mong Há conhecido oficialmente como parque municipal da colina de Mong Há (1), na Avenida do Coronel Mesquita, foi inaugurado em Junho de 1997, após uma primeira fase da recuperação daquele espaço com projecto da arquitecta Maria José de Freitas. Era a concretização de um velho projecto do Leal Senado que remontava de 1991 e que viria a ser recuperado em 1994.
A primeira fase da recuperação daquele espaço (cerca de 60 mil metros quadrados) ficou com circuitos de manutenção, uma praça central com fontanário, uma estufa, um largo artificial, escadarias, parque infantil e uma casa de chá. Destaque ainda para a recuperação do antigo forte militar de Mong Há. (2)
ttps://www.iam.gov.mo/p/facility/content/garden
Posteriormente estariam programadas as segunda e terceira fases do projecto com a colocação de uma escada rolante, uma galeria de arte na zona dos antigos estábulos e um elevador panorâmico.
(1) O Forte de Mong Há, situado na colina do mesmo nome, no lado norte de Macau, é uma fortaleza mais moderna, construída por precaução contra uma possível invasão chinesa na sequência da guerra Sino-Inglesa em 1841. Foi concluída em 1866 e manteve-se ao serviço activo até à década de 1960 quando foi desactivada. Hoje em dia toda a área foi transformada num parque com canteiros floridos, rampas relvadas e caminhos pedonais que contornam as velhas muralhas. É um agradável refúgio para os habitantes da vizinhança, com uma bela vista sobre a cidade. https://www.macaotourism.gov.mo/pt/sightseeing/gardens/mong-ha-hill-municipal-park
Continuação da postagem anterior (1) sobre um suplemento de 80 páginas dedicado ao Império Colonial Português e às comemorações nas Províncias Ultramarinas dos Centenários da Fundação e da Restauração de Portugal, nomeadamente à parte referente a Macau. (2)
MACAU – Parte sul da península macaísta, p. 63.
Macau, sentinela lusitana às portas da China, p. 64
Portugal Ultramarino 1940- MACAU – Edifício do Liceu , p. 54
Portugal Ultramarino 1940 – MACAU-Condução de hortaliças para o mercado , p. 57
Extraído de «BOGPM», n.º 8 de 20 de Fevereiro de 1926, p. 121
Comparando com os mesmos sinais de 1966 – postagem de 18-04-2012 (1) – os sinais procedidos de dois tiros de peça dados da mesma fortaleza, em 1926, passaram a ser procedidos de toques de sereia, em 1966, e os sinais nocturnos assinalados pelas disposições de uma a três “bolas” (em 1926) passaram a ser sinalizados pela disposição vertical, por lâmpadas de cores (combinação de amarelo e vermelho).
Incêndio dum barco com palha encalhado na praia de Mong Há, sinal de fogo no Patane por aviso da Fortaleza do Monte, na madrugada do dia 11 de Novembro de 1863. O fogo ainda se propagou a duas outras embarcações mas a polícia daquele distrito conseguiu extinguir o fogo.
Há 22 anos, em 1998, neste dia de 13 de Outubro, foi lançado em Macau, um novo livro do escritor e advogado Henrique de Senna Fernandes, intitulado “MONG-HÁ” (1)
Edição do Instituto Cultural de Macau, 14.º livro da sua colecção “Rua Central”, com a direcção gráfica e capa de Victor Hugo Marreiros e imprimido na Tipografia Hung Heng.
Na contra capa: “Mong Há, hoje descaracterizada pelo avanço implacável de cidade, a caminho do norte do Território, é uma vasta área que, grosso-modo, se estende da zona de Flora e de Montanha Russa até o Porto Interior, confinada à esquerda para quem desce, pela Avenida Horta e Costa, o Patane e o bairro do San Kio, cercando, doutro lado, a Colina dos Diabos Pretos, até a Areia Preta e a zona das Portas do Cerco e Ilha Verde. (…)” (2)
“ O leitor poderá estranhar o título da obra, pois aparentemente não parece relacionado com qualquer das estórias que se seguem, senão uma ténua referência. No entanto, a sua gestação nasceu precisamente na Pousada de Mong-Há, encravada na colina do mesmo nome e conhecia pelos chineses por Hak-Kai-Sán, a Colina dos Diabos Pretos, por a guarnição da fortaleza ser constituída por soldados landins de Moçambique. Aconteceu numa tarde quando, em roda de amigos, se festejava a vinda dum visitante que há muito jáo não se via, com uma mesa repleta do presunto, enchidos de porco – salpicão, chouriço de sangue, morcela e alheiras – queijos e vinho tinto a rodos. Isto,à distância de dois lustros, pelo menos. Tarde memorável aquela, em que, de conversa em conversa, se falou de tudo. Política, bocados de má-língua, alguma literatura e cinema, mulheres, anedotas de padre e de alentejano, recordações e experiências de Macau. Como que uma tertúlia palreira e alegre, emque cada um contribui com a sua verve e o seu comentário. Quando saímos, íamos confortados, mas nostálgicos. Alguém tocou-me no braço e sugeriu: – Porque não escreve aquilo que nos contou? Publique, ajuntando o que se acha espalhado nos jornais e revistas e os manuscritos que envelhecem no escuro da gaveta”. . (…)
Que título, porém ia dar ao acervo de estórias que escrevera ou juntara? Rabisquei vários e não gostei. De súbito, lembrei-me magicamente do local em que brotara o primeiro impulso da sua feitura. Mong-Há! E MONG-HÁ ficou. ” (1)
“… um conjunto de recordações, experiências pessoais entremeadas de ficção onde a temática Macau está sempre. São histórias onde aparece sempre o Henrique Senna Fernandes, vivências e observações de aspectos da realidade de Macau onde a ficção surge para dar um maior interesse àquilo que eu conto” (3)
(1) FERNANDES, Henrique de Senna – Mong Há. Instituto Cultural de Macau, 1998, 275 p., ISBN-972-35-0269-0
Mais dois “slides” digitalizados da colecção “MACAU COLOR SLIDES – KODAK EASTMAN COLOR” comprados na década de 70 (século XX), se não me engano, na Foto PRINCESA. (1)
Pormenor do templo de Kun Iam – mesa de pedra
No jardim, anexo ao templo de Kun Yâm ou Kwan Yin existe uma mesa de pedra, na qual se diz ter assinado, a 3 de Julho de 1844, o primeiro tratado Sino-Americano, por Ki-ying, governador -geral de Kuangtung (Cantão), ministro e comissário extraordinário do imperador da China e Caleb Cushing, comissário, enviado extraordinário e ministro plenipotenciário dos Estados Unidos na China.) Este tratado ficou conhecido como Tratado de Wang-hia ou Whangshia (望廈條約), nome do local em mandarim, em cantonense, Mong há (望廈)
A Gruta foi adquirida pelo Conselheiro Manuel Pereira; pela morte deste em 1826, foi herdada pelo seu genro Lourenço Marques, que ali colocou o busto do poeta entre três rochedos, um disposto horizontalmente sobre os outros dois,. Em 1885, ele vendeu-a ao Governo por 30 mil patacas.
«As 5.35 horas da manhã de 13 de Agosto de 1931, (1) explodiu o Paiol da Flora, (2) devido aos grandes calores estivais. A explosão causou a morte das seguintes pessoas: 1.º sargento António Sousa Vidal, Henrique Ciríaco da Silva, funcionários das obras públicas, João Córdova, Natércia Duarte, criança de 11 anos, um filhinho do chefe da Polícia Carlos A. da Silva, um soldado africano e 15 pessoas chineses, sendo os feridos cerca de 50.(3) O Palacete da Flora ficou reduzido a um montão de escombros; as casas fronteiriças, escalavradas; muitas casas arruinadas e muitíssimas com as janelas, portas e vidros partidos. Nas três casas Canossianas houve muitos vidros partidos e algumas portas quebradas, mas não houve ferimentos, pois, sendo Verão, tanto as educandas como as órfãs chinesas estavam fora a passar as férias. Uma bomba incendiária fez uma visita à Casa Canossiana de Mong Há: entrou por uma janela, forçando-a, pois, estava fechada, girou em volta da luz eléctrica, e saiu por outra janela do dormitório ds educandas, sem causar dano algum, além dum grande susto a uma rapariga, que naquela noite havia dormido ali. Atribui-se à protecção de Maria, de quem a pequena era muito devota, o não ter sido vítima do acidente. (4)
Outros estragos materiais mais significativos referenciados, para além das casas próximas do jardim que ficaram danificadas: a casa que Sun Fo tinha construído para a sua mãe, a casa memorial “Sun Yat Sen” na Av. Sidónio Pais: o coreto do jardim de Lou Lim Ioc que se encontrava em lugar diferente do actual, tinha a porta virada Av. Conselheiro Ferreira de Almeida.
A propósito dessa explosão, conta o Padre Teixeira (4) o seguinte episódio: Nessa manhã, alguém telefonou da Taipa para Macau. – Ouviu-se aqui um grande «estâmpido». Que aconteceu? – O paiol da Flora foi pelos ares. – Houve vítimas? – 22 mortos e 50 feridos. – Safa. Que «estâmpido» tremendo! O caso do «estâmpido» passou de boca em boca e, durante vários dias, era «estâmpido» sem parar. Nós tínhamos leitura no Seminário, durante as refeições. Sucedeu que o leitor foi o José Dias Bretão. Apareceu essa palavra no livro e ele, com ouvir tantas vezes pronunciar «estâmpido»., já estava um pouco confuso e leu assim mesmo. Gargalhada geral! O prefeito mandou que repetisse. E ele «estâmpido». Por fim, mandou-o sair da estante, ameaçando-o com um castigo, pois julgava que estava a brincar. Só lhe levantou o castigo ao verificar que o rapaz tinha lido a sério. Resultado: ficou sempre com a alcunha de «estâmpido».
(1) O Conselho do Governo destinou uma verba de 300 mil patacas destinado a ocorrer ao pagamento das despesas resultantes da destruição do Paiol Militar da Flora e à construção de um novo paiol nas Ilhas. Boletim Oficial da Colónia de Macau de 14 de Agosto de 1931 – Suplemento ao n.º 32 Nomeação de uma comissão para propor as medidas a adoptar para se socorrer as vítimas da explosão do Paiol da Flora. Boletim Oficial da Colónia de Macau de 14 de Agosto de 1931 – Suplemento ao n.º 32. (2) “Década de 20 – Posteriormente, no início de 20, procedeu-se à construção de um complexo sistema de túneis de características militares, que atravessam o subsolo da Colina da Guia, tendo sido instalado, na propriedade, um paiol que em 13 de Agosto de 1931, explodiu provocando a destruição do palacete da Flora “(ESTÁCIO, A. J. E e SARAIVA, A. M. P. – Jardins e Parques de Macau, p.30”
Em 28 de Junho de 1919, o governador aprovou o projecto da Repartição dos Serviços de Obras Públicas para a construção do novo paiol militar junto da Colina da Guia.
O Paiol da Flora estava situado num terreno por detrás do “Ténis da Flora” sensivelmente por detrás do actual Jardim Infantil D. José da Costa Nunes).
(3) O número de mortos e feridos variam conforme as fontes: “Em 13 de Agosto de 1931, explodiu o paiol militar situado na Fonte de Inveja, causando 41 mortos, nos quais 7 foram crianças, e danificando um grande número de casas nos locais próximos. A explosão causou uma perda económica no valor de 400,000.00 dólares de Hong Kong para os proprietários e habitantes dos locais adjacentes” http://www.archives.gov.mo/pt/featured/detail.aspx?id=106
“11-08-1931 – Uma explosão no Paiol Novo da Flora provocou 24 mortos e 50 feridos e destruiu completamente o palacete da Flora. Várias casas ficaram em ruínas ou danificadas num raio de 3500 metros.” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997) Boletim Oficial da Colónia de Macau, n.º 33 de 15 de Agosto de 1931
(4) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, pp. 221-222
O jardim do Palacete da Flora. Construção antiga melhorada em 1914-1915
1915, Fotógrafo: M. Russel, Copyright: Arquivo Histórico Ultramarino, https://actd.iict.pt/view/actd:AHUD7626
No dia 13 de Dezembro de 1784, o Senado protestou para Goa (1) contra a ordem para o governador presidir a todos os actos do Senado com ingerência em todas os assuntos da fazenda real (2) até agora administrados pelo Senado (3) (4) e pediu para Goa instruções sobre a forma como deveria proceder, no caso de qualquer agitação chinesa, em consequência das alterações introduzidas, como seja a criação da nova alfandega e o envio de mais tropas de Goa para Macau (5) (6)
(1) “13-12-1784 – O Senado não podendo suportar a sua subordinação ao governador escreve ao Governo da Índia:
«Recebemos carta em que V. Exa. Nos ordena que o governador desta Cidade presida neste Senado e nele tenha intendência em tudo quanto respeita a Fazenda real que ate agora administramos, sem embargo do Alvara Regio que V. Exa. Há por declarar que dispõe e determina o contrario. Há 226 anos que os moradores desta Cidade estabeleceram e conservaram esta terra d Sua Magestade e sem dependência dos governadores dela este Senado a tem governado ainda em ocasiões das maiores controvérsias que se ofereceram entre os chinas e holandeses. Os mesmos moradores a resgataram e remiram por varias vezes das dividas que a necessidade contraiu em diferentes tempos com os Reis de Sião, Camboja e Batavia. Eles a sua custa fizeram ir embaixadores a presença do Imperador da China, em que gastaram grossas quantias para efeito da conservação deste Estabelecimento. Eles a defenderam no ano de 1622 contra o poder dos holandeses que nesta cidade desembarcaram com tropas regulares. Eles socorreram em artilharia de bronze e dinheiro o Rei D. João IV, de feliz memoria, no ano de 1641. Eles tem sofrido os maiores trabalhos e perseguições de China pela conservação da Cristandade neste Imperio. Enfim, eles tem com o seu zelo aumentado os cabedais que hoje se conservam nesta terra pertencentes a Sua Magestade; e tudo sem dependência dos governadores dela, nem protecção alguma, mais do que o seu negócio, apesar das Nações Estrangeiras que opor muitas vezes tem intentado contrastar-lhe. (…) Roga este Senado a V. Exa. Lhe declare a jurisdição que presentemente pertence a este Senado, porque o Governador actual em tudo se tem intrometido e não sabemos o que nos é concedido enquanto Sua Magestade não nos deferir a nossa representação que lhe fazemos para conservação dos nossos privilégios» (6)
(2) Acerca da Fazenda Real – extraído de (7) (3) “28-07-1784 – São aplicados em Macau as célebres Providências em que o Ministro das Colónias, Martinho de Melo e Castro, por instigação do ex-Governador das Índias, Salema e Saldanha, reformou o poder dos governadores. Entre outros poderes, o Capitão-Geral, ou melhor o Governador, tinha o direito de intervir em todos os negócios concernentes ao bem estar da Colónia, e o de impor o veto sobre qualquer moção senatorial, só com o seu voto. A Guarda Municipal foi então substituída por uma guarnição de cipaios composta de 100 mosqueteiros e 50 artilheiros.
Foi Bernardo Aleixo de Lemos e Faria o primeiro Governador com estes novos poderes.
O Bispo D. Alexandre de Gouveia, que chegou a Macau nesta data, vinha incumbido duma dupla missão, segundo as «Providências» que D. Maria I enviara a Macau em 4-04-1783, a saber:
Pôr termo às dissenções ocasionadas pela sagração em 1780 do italiano João Damasceno Salusti como Bispo de Pequim e sustentar os direitos do Padroado.
Pôr termo às extorsões e vexações dos mandarins contra Macau e às medidas por eles adoptadas contra a soberania portuguesa e contra a Religião Católica, expressos num arrazoado de 12 articulados, gravados numa pedra do Senado e noutra em Mong Há.
Naturalmente o Senado «que a tudo era superior», (4) ressentiu-se ao ver-se apeado da peanha onde se instalara dois séculos antes e ao receber o epíteto de ignorante. Toda esta bilis extravasava num «memorial da Câmara Municipal» de 5-02-1847, que dizia:
«Em 1784, por efeito de falsas informações, apareceram as funestas Providencias da Corte, datadas de 1783, que introduziram o governador no Senado com voto de tal peso, que empatava o de todo o Senado». (8)
(4) Acerca do poder da Câmara de Macau: Extraído de (7) (5) Chegou a Macau a 28-07-1784, um batalhão de 150 cipaios que veio da Índia para substituir a guarnição e a polícia de Macau. Passaram a efectuar patrulhamentos e tarefas de protecção da cidade, tomando sobre si a defesa da mesma.
Os cipaios ou sipaios também designados lascarins eram os naturais da Índia recrutados para as forças regulares do exército português, “Sipai, cipai – Soldado indígena disciplinado e fardado quási à europeia, na Índia e África Portuguesa; fâmulo fardado, que acompanha ou faz recados. Do persa sipahi (soldado). O termo aparece registrado a partir de 1728, equivalendo aos mais antigos lascarim e peão.DALGADO, Sebastião Rodolfo. Glossário luso-asiático. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1919-1921.
(6) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau 1954.
(7) “Revista litteraria: periódico de litteratura, philosophia, viagens, sciencias, e bellas-artes” Volume 4, 1839.
(8) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 2. 1997.