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Cumprimentos ao Governador comandante Albano Rodrigues de Oliveira, no Palácio do Governo pela Associação Comercial de Macau, por altura do novo ano chinês que nesse ano de 1950 foi em 17 de Fevereiro (início do Ano do Tigre/Metal)

Foto extraído de «BGC», XXVI-298, Abril de 1950, pp. 178 -181

A Associação Comercial Chinesa de Macau foi fundada em 1913. Em 1950 Ho Yin (He Xian) e Ma Man Kei (Ma Wanqi) foram escolhidos para presidente e vice-presidente, respectivamente. A sede da Associação Comercial de Macau, no Largo de S. Domingos foi inaugurada em 21 de Fevereiro de 1932. A partir da implantação do regime comunista em 1949, a Associação Comercial tornou-se informalmente na embaixada informal da China comunista em Macau pelo menos da comunidade sinófoba alinhada com Pequim. Em 1950, nos Corpos gerentes estavam já os homens que durante muitos anos foram os interlocutores com o governo, Hó Yin, Má Man Kei e Chui Tak Kei (FERNANDES, Moisés Silva – Macau nas Relações Sino-Portuguesas, 1949-1979 in Administração XII-46, 1999,p. 994)

Extraído de «BGC», XXIV-277, Julho de 1948, p.170

Notícia de Janeiro de 1945 revela que “à revelia dos tratados sino-portugueses vigentes e numa tentativa para obliterar no terreno o regime de extraterritorialidade portuguesa na China, as autoridades chinesas de Chongqing (重慶) detêm o macaense Lourenço Osvaldo Sena, antigo agente do corpo da PSP de Macau, sob suspeitas de ter ligações com os japoneses e com o cônsul britânico e por outros actos praticados em Macau no exercício das suas funções policiais.” (1)  

E neste dia de 16 de Janeiro de 1945, ás 9 horas da manhã, teve lugar o primeiro bombardeamento aéreo de Macau por uma esquadrilha de três aviões da «Carrier Task Force 38», da Força Aérea dos EUA, sob o comando do almirante William Halsey. (2)  O alvo principal do ataque aéreo era a destruição dos depósitos de combustível existentes no hangar do extinto Centro de Aviação Naval de Macau, construído em 1938 e situado no Porto Exterior . (1)

Recordações do Padre Teixeira desse dia:

Nam Van” n.º 10 de 1 de Março de 1985, pp.23-25

Em 1945 começou a guerra civil na China, Chiang Kai-shek –
蔣介石(1887 –1975, em mandarim como Chiang Chieh-shih ou Jiang Jieshi) lançou um golpe em Shanghai , desfazendo a aliança entre o seu partido , o Kuomitang, (國民黨), e o Partido Comunista. O conflito terminou com a vitória da facção de Mao Zedong (毛泽东) e o estabelecimento da República Popular da China em 1949. O governo de Chiang Kai-shek fugiu de Xunquim (Chongqìng) (4) em 1949 após a derrota na Guerra Civil Chinesa.

(1) (FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas Relações Luso-Chinesas 1945-1995 Cronologia e Documentos, 2000. Pp. 27-28.

(2) A força naval “Carrier Task Force 38”, formada pelos aliados para dar batalha à Esquadra Japonesa do Sul, sob o comando do almirante William Halsey, tinha como núcleo, oito grandes porta aviões: Yorktoun, Hancock, Ticonderoga, Essex, Wasp, Hornet, Enterprise e Lexington; e seis porta aviões mais ligeiros como apoio: San Jacinto, Monterey, Cowpens,langley , Cabot e Independence. Estes porta aviões que levavam 850 aviões dirigiram-se para o mar da China do Sul em 10 de Janeiro de 1945 para atacar os navios e os aviões japoneses . A 14 desse mês atacaram a baía de Cam-rahn e o porto de Saigão; mas os coraçados japoneses não estavam lá; estavam em Singapura. A Task Force 38 dirigiu-se para o norte para atacar os aeródromos na costa da China do Sul, de Yulin, na ilha de Hainão até Swatow. Foi designado o Grupo 5 da Task Force 38, conhecido por T. F. 38.5 para atacar os navios e aeródromos japoneses na proximidade do Estuário do Rio das Pérolas. Isto significava ataques aso aeródromos do Hong Kong, Cantão, e infelizmente, Macau. (3)

(3) Na data desta entrevista (1985), o liceu que ficava no Tap Seac, era o edifício da Delegacia de Saúde. Hoje Instituto Cultural. TEIXEIRA, P.e Manuel – Bombardeamento de Macau 16 de Janeiro de 1945 in Nam Van” n.º 10 de 1 de Março de 1985, pp.23-25.

(4) Xunquim (重慶 ; mandarim pinyin: Chóngqìng) é uma cidade no sudoeste da China. Administrativamente, é um dos quatro municípios sob administração direta do governo central da República Popular da China (os outros três são Pequim, Xangai e Tianjin) e o único município localizado longe da costa. É a cidade mais populosa do mundo. Em 1901, criou-se uma colônia japonesa na cidade. Em 1938, Xunquim transformou-se na capital provisória da China Nacionalista durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, (1937-1945), depois da queda de Nanquim (Nanjing). Xunquim foi gravemente bombardeada pelas tropas japonesas durante esse período. https://pt.wikipedia.org/wiki/Xunquim

Anteriores referências aos bombardeamentos de Macau, na Guerra do Pacífico: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/01/18/noticias-de-16-e-20-janeiro-de-1945-bombardeamento-aereo-de-macau/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/01/16/noticia-de-16-de-janeiro-de-1945-bombarde-amentos-em-macau/

No dia 25 de Fevereiro de 1945, efectuou-se o segundo bombardeamento aéreo americano a Macau. Pela 11h05, um quadrimotor americano bombardeia a área perto do hipódromo, onde um avião japonês tinha feito uma aterragem de urgência e sido detido, uns dias antes.
Embora o bombardeamento não atinja os alvos, abre fogo sobre o navio mercante a vapor «SS Masbate» (1) registado com a bandeira panamiana (país neutral) e um navio desmantelado «Tung wei» que servia de alojamento para refugiados. Atingiram ainda  outras embarcações atracadas no Porto Interior, o Bairro Tamagnini Barbosa/Toi SanBairro Nossa, a casa dos pobres de Nossa Senhora de Fátima, o estádio e a esquadra da PSP, situados nas imediações da Porta do Cerco, e o Bairro 28 de Maio/Fai Chi Kei, resultando na destruição dos pavimentos das ruas e na rede de distribuição de electricidade. Quatro pessoas morreram  e várias ficaram feridas, entre as quais um súbdito norueguês, Tygve Jorgensen, comandante do «SS Masbate». (2)
Recorda-se que o primeiro bombardeamento aéreo de Macau por esquadrilhas da Força Aérea dos EUA foi a 16 de Janeiro de 1945. (3)
(1) Devido á falta de alimentos em Macau durante a guerra, o navio «Masbate» de742 ton de bandeira panamiana, propriedade dum chinês que estava ancorado no Porto Interior, foi utilizado por ordem de Salazar após auscultar a diplomacia nipónica, para efectuar uma viagem à Indochina. Em 23 de Dezembro de 1943, por pressão dos japoneses, o navio «Masbate» foi rebaptizado «SS Portugal» e assim, em 1944 (Março-Abril), o «SS Portugal/Masbate» efectuou a viagem e regressou da Indochina com carvão e alimentos (favas/feijões). Segundo a “Cronologia” publicado no livro ”Wartime Macau”, o segundo bombardeamento danificou uma escola católica e atingiu o «Masbate». O «Masbate» foi novamente atingido pelas bombas americanas em 11 de Junho de 1945 e ainda, em 5 de Julho de 1945, novo «raid» aéreo à ilha de Coloane embora sem estragos. A 6 de Agosto, deste ano, foi a destruição de Hiroshima pela bomba atómica.
GUNN, Geoffrey C. – Wartime Macau in the Wider Diplomatic Sphere, in Wartime Macau, under the Japanese Shadow”,HKU Press 2016, pp. 36 e 166-67
(2) FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas Relações Luso-Chinesas 1945-1995 Cronologia e Documentos, 2000, p. 28/29.
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/01/18/noticias-de-16-e-20-janeiro-de-1945-bombardeamento-aereo-de-macau/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/02/26/noticias-na-imprensa-em-portugal-dos-dias-26-de-fevereiro-e-6-de-marco-de-1945-novo-bombardeamento-aereo-de-macau/

Notícia com este título “MACAU – SOBERANIA PORTUGUESA E A GUERRA CIVIL NA CHINA” foi publicada no «Boletim Geral das Colónias» em Dezembro de 1949 (1)
Esta mesma notícia foi republicada no número seguinte do mesmo Boletim mas com o título “MACAU E OS ACONTECIMENTOS NA CHINA”.
NOTA 1 – “Zhou En Lai, Primeiro – Ministro da China, entre 1949 e 1976, e Ministro dos Negócios Estrangeiros, entre 1049 e 1958, reconhece que é inútil tomar pela força Macau, como exigiam alguns radicais maoístas e os soviéticos, pois seria pernicioso para os interesses da China (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.
NOTA 2 – “1 de Novembro de 1949 – Com a queda da cidade de Shiqui, capital do distrito de Zhongshan, território contíguo a Macau, nas mãos do Exército Popular de Libertação, é criada a junta militar comunista do distrito, chefiada por Wang Zhu (Uóng Iôk).
O ministro de Portugal na China, J. B. Ferreira da Fonseca que chegou a Macau no dia 29 de Outubro no vapor da carreira Chien Mien, é «chamado em serviço» a Lisboa. O embaixador do Reino Unido em Lisboa, Sir Nigel Ronald, apresenta um memorando ao Palácio das Necessidades expondo a posição do governo britânico acerca do reconhecimento de jure da República Popular da China (FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas Relações Luso – Chinesas, 1945-1995, 2000, p.74)
“10-11-1949 – O Exercito Popular de Libertação (EPL) toma pela força o Forte do Passaleão a norte das Portas do Cerco e sob instruções do general Wang Zhu (Uóng Iôk), comandante militar de Zhongshan e dum quartel próximo de Macau o comissário-adjunto da alfândega do porto da Ilha da Lapa (ocupada pelo EPL em 4 de Novembro), Carlos Basto (1909-1986), cidadão português, é enviado a Macau para informar o governador e o encarregado de negócio (primeiro secretário) da legação de Portugal na China, João Rodrigues Simões Affra (que chegou a Macau a 24 de Outubro, com o ministro de Portugal na China) de que as autoridades comunistas respeitarão a neutralidade de Macau e nenhum elemento do exército vermelho procura entrara na colónia uniformizado e armado…” FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas Relações Luso – Chinesas, 1945-1995, 2000, p.76)
(1) «BGC», ANO XXV -294, Dezembro de 1949.
(2) «BGC», XXVI – 295, Janeiro de 1950.

O diário britânico The Guardian publica uma notícia que revela que as autoridades portuguesas mantiveram sigilo sobre o macabro achado de quatro corpos decapitados, aparentemente de agentes sul-coreanos em Agosto de 1986, na Ilha de Coloane. Segundo o diário londrino, as autoridades portuguesas acreditam que se trata de um ajuste de contas entre agentes dos serviços de informações das duas Coreias e que quem avisou as autoridades policiais portuguesas da ocorrência do incidente foram agentes dos serviços de informações da Correia do Norte.”
FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas Relações Luso-Chinesas 1945-1995 Cronologia e Documentos, 2000. (p. 430)
NOTA: Como responsável do Serviço de Medicina Legal do Hospital Central Conde de S, Januário, para onde eram transferidos todos os corpos não identificados ou aqueles que resultaram de homicídio, suicídio ou acidente (autos da Polícia Judiciária), posso afirmar que no mês de Abril de 1987, não deu entrada no serviço “corpos decapitados” pelo que oficialmente não houve processo legal aberto. Somente constou-se na altura o “boato” do aparecimento de corpos mutilados na praia de Coloane. Aliás, esses boatos eram frequentes em Macau desde o período da Revolução Cultural na China, quando eram frequentes encontrarem-se corpos de chineses, nas águas de Macau nomeadamente na ilha de Coloane. Constava-se que muitos deles eram enterrados pertos das praias sem mais formalidades. Penso que neste caso, a ser verdade, terão as entidades oficiais “desembaraçados” dos corpos por razões diplomáticas.

 

A 13 de Abril de 1987, na presença de Deng Xiaoping e Li Xiannian, reuniam-se no salão nobre do Palácio do Povo, em Pequim, os primeiros- ministros Aníbal Cavaco Silva e Zhao Ziyang para a assinatura da Declaração Conjunta Luso- Chinesa que ditaria os termos da transferência da soberania de Macau entre Portugal e a China. Os responsáveis pelos governos da República Portuguesa e da República Popular da China terminavam, deste modo, quase um ano de negociações entre Pequim e Lisboa.
Entre as 50 personalidades de Macau e Hong Kong convidadas pelo governo chinês para estarem presentes na cerimónia, apenas duas são macaenses_ Carlos d´Assumpção, presidente da Assembleia Legislativa e Henrique de Senna e Fernandes, advogado e escritor

Assinatura da Declaração Conjunta Luso-Chinesa, no salão nobre do Palácio do Povo, em Pequim.

Com início a 18 de Março de 1987 e terminando a 23, teve lugar em Pequim, a quarta e última reunião plenária luso-chinesa sobre Macau, sendo as delegações chefiadas por Zho Nan e Rui Medina e no dia 26 de Março é rubricado o texto da Declaração, em Pequim, pelo vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Zhou Nan, e pelo chefe da delegação portuguesa às negociações, Rui Medina.
Na mesma data, a agência noticiosa Nova China, Xinhua She divulgava o texto do documento. Salientava os seguintes:
– Até 1999, Macau manterá o seu estatuto de Território chinês sob Administração Portuguesa.
– Em 20 de Dezembro de 1999, nascerá a Região Administrativa Especial de Macau, da República Popular da China. Será regida por uma Lei Básica que cobrirá todas as políticas e garantias fundamentais consagradas na Declaração Conjunta Luso-Chinesa, e que serão mantidas inalteráveis por um período de cinquenta anos.
De 11 a 17 de Abril, o primeiro-ministro português Cavaco Silva visita oficialmente a China, fazendo-se acompanhar pelo ministro dos Negócios estrangeiros, Pires de Miranda. No dia 12 teve um encontro com Zhao Ziyang. Em Pequim visita o Cemitério de Chala. De 15 a 17 Cavaco Silva e comitiva, acompanhados por Zheng Toubin, ministro chinês das Relações Económicas e Comerciais Externas, realizaram uma digressão pelas cidades de Xian, Shanghai, Fuzhou, Guangzhou e Zhuhai.
Após esta visita, o primeiro-ministro Cavaco Silva realizou uma visita oficial a Macau de 17 a 20 de Abril, a primeira de um chefe de Governo em exercício de funções.
Informações recolhidas de FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas Relações Luso-Chinesas 1945-1995 Cronologia e Documentos, 2000. (pp. 429 e 430)

Informações da Imprensa estrangeira «France Presse» e «Reuter» acerca dos acontecimentos na China (guerra civil) e seu reflexo em Macau que o «Boletim Geral das Colónias» publicou em duas notícias semelhantes em Dezembro de 1949 (1) e em Janeiro de 1950 (2)

Foi a 9 de Novembro de 1949 que o general Wang Zhu, máximo responsável militar na área, declarou taxativamente que «a posição da vizinha Macau será absolutamente respeitada» Garantias nesse sentido foram secretamente transmitidas às autoridades portuguesas dois dias depois. (PEREIRA, Bernardo Futscher – Crepúsculo do Colonialismo. A Diplomacia do Estado Novo (1949-1961), 2017)

NOTA: A República Popular da China, na sequência da vitória de Mao Zedong (Mao Tse Tung – 1893 – 1976- 毛澤東) sobre o Kuomitang de Chiang Kai-Shek (Jiang Jieshi – 蔣介石1887-1975) que se retira para a Ilha Formosa (Taiwan) foi fundada a 1 de Outubro de 1949. Zhou Enlai (Chu En Lai – 周恩来 – 1898-1976), Primeiro Ministro entre 1949 e 1976, também Ministro dos Negócios Estrangeiros entre 1949 e 1958, publicou um comunicado expressando a intenção de abrir relações diplomáticas entre o seu Governo e os Governos de todas as nações, com base na igualdade e no mútuo respeito (excepto com Taipei).

Zhou Enlai – 周恩来 em 1946
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zhou_Enlai

Zhou Enlai  enviou um ofício ao ministro de Portugal na China a exprimir a vontade do novo regime chinês. Mas António Salazar rejeitou tal opção.
Sobre Macau, Zhou Enlai reconheceu ser inútil tomar Macau pela força, como exigiam na altura alguns radicais maoístas e os soviéticos, pois seria pernicioso para os interesses da China. Em 1952 aquando do conflito militar às Portas do Cerco, José Estaline (Josef Stalin – líder da União Soviética) ao querer inteirar-se sobre Macau, Zhou Enlai respondeu-lhe “Macau continua, como anteriormente, nas mãos de Portugal”.
Apesar de oficialmente não haver relações diplomáticas entre Portugal e a RPC,  em Macau, a diplomacia paralela ia funcionando com os intermediários:  O Lon (director clínico do Hospital Kiang Wu; 1.º secretário da cédula do Partido Comunista em Macau transferido para Cantão em 1951 , o seu irmão O Cheng Peng (Ke Zhengping) que em Agosto de 1949 funda a Sociedade Comercial Nam Kwong (no fundo o governo sombra da RPC em Macau até 1999); e Ho Yin, o líder da comunidade chinesa até à sua morte em 1983.  (dados recolhidos de SILVA, Beatriz Basto da Silva – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997 e FERNANDES, Moisés Silva – Macau nas Relações Sino-Portuguesas, 1949-1979. Administração XII-46, 1999.
(1) «BGC» XXV  – 294, Dezembro de 1949.
(2)  «BGC» XXVI – 295 , Janeiro de 1950.

No dia 1 de Novembro de 1955 deveria ter dado início às Comemorações do IV Centenário de Macau 1555 -1955, programadas para serem realizadas durante o mês de Novembro de 1955.
Sobre este cancelamento, comenta o investigador Moisés Silva Fernandes (1):
“Graças a pressões públicas e particularidades exercidas por círculos nacionalistas macaenses, a administração portuguesa de Macau, foi persuadida a comemorar o 4.º centenário de Macau, em Novembro de 1955. A China não reagiu bem às comemorações e fez saber a nível particular e em público o seu desagrado. Zhou En Lai interviu pessoalmente na matéria e a administração portuguesa viu-se na necessidade (2) de cancelar as comemorações para evitar a deterioração da situação política”
programa-das-comemoracoes-do-iv-centenario-capaO programa estabelecido pela Comissão (submetido em 2 de Março de 1955, mas sujeito a alterações) (3) iniciava essas Comemorações no dia 1 de Novembro de 1955 (Terça-feira), às 6.00 horas, com alvorada e hasteamento da bandeira nacional nas fortalezas, navios de guerra e edifícios públicos e terminava no dia 30 de Novembro (Quarta-feira), as 21.00 horas com a sessão solene do encerramento das Comemorações, falando o Governador da Província, o Presidente da Comissão das Comemorações e o Representante da Comunidade Chinesa.

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A maioria das cerimónias programadas foi cancelada e mesmo a pequena cerimónia marcada para o dia 20 de Novembro em que se assinalava os quatro séculos da presença portuguesa em Macau e que constava de uma Procissão da Sé Catedral para as Ruínas e S. Paulo não se realizou.
Estava também prevista para o dia 1 de Novembro, o lançamento de 4 selos postais comemorativos do 4.º centenário. (4)
Estava também prevista a publicação de uma edição popular da História de Macau. (5)

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O Grande Prémio de Macau que estava integrado no programa, realizou-se no dia 5 de Novembro, com provas de automobilismo (prova para principiantes, prova para senhoras) às 10.00 horas e às 15.00 horas e no domingo, dia 6 com a realização do II Grande Prémio de Macau (6) pelas 12.00 horas. O circuito nesse ano foi alargado em diversos pontos e asfaltado nos troços que eram ainda de areia. Atraiu cerca de 30 mil espectadores. Entre os 12 concorrentes (de Singapura, Hong Kong e Macau) alinhados na grelha da partida, foi vencedor Robert Ritchie, ao volante de um «Austin-Healey», completando as 60 voltas do circuito em 3h, 55m e 55,7 s. Nessa noite pelas 20.00 horas realizou-se o Jantar e distribuição de Prémios das Provas de Automobilismo, no Clube de Macau.
programa-das-comemoracoes-do-iv-centenario-comissaoA Comissão das Comemorações do IV Centenário de Macau, nomeada por Portaria de 8 de Janeiro de 1955 era composta pelas seguintes individualidades:
Presidente – Dr. Pedro José Lobo, chefe dos Serviços Económicos
Secretário – Luís Gonzaga Gomes, professor e sinólogo
Vogais – António Magalhães Coutinho, presidente do Leal Senado da Câmara e chefe dos Serviços dos C.T.T.
Engenheiro José dos Santos Baptista, chefe da Repartição Técnica das Obras Públicas
Intendente do distrito José Peile da Costa Pereira, chefe dos Serviços de Administração Civil
Capitão de artilharia João Vítor Teixeira Bragança
Padre Manuel Pinto Basaloco
Ho Yin, presidente da Associação Comercial de Macau
José Maria Braga, publicista e historiador
Primeiro-tenente da Administração Naval Manuel António Lourenço Pereira

programa-das-comemoracoes-do-iv-centenario-posse-iO Governador, Almirante Joaquim Marques Esparteiro proferindo o discurso no acto da posse da Comissão das Comemorações do IV Centenário de Macau

A posse da Comissão realizou-se no dia 14 de Janeiro numa cerimónia pública na Sala Verde do Palácio do Governo na Praia Grande e a que presidiu o Governador Almirante Joaquim Marques Esparteiro. A este acto, assistiram o Prelado da Diocese, D. Policarpo da Costa Vaz, o Meritíssimo Juiz de Direito da Comarca, Dr. Alberto Rafael Marques Mano, o Comandante Militar, Coronel Rui Pereira da Cunha, membros do Conselho do Governo e do Corpo Diplomático, chefes de serviço e outros funcionários superiores, elementos da Comunidade Chinesa, representantes da Imprensa e numerosas pessoas. (7)

programa-das-comemoracoes-do-iv-centenario-posse-iiO Sr. Pedro José Lobo, Presidente da Comissão, pronunciando o seu discurso.

(1) FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas Relações Luso-Chinesas, 1945-1995: Cronologia e Documentos. Fundação Oriente, Lisboa, 2000, 849 p. + |Documentos LIX|
(2) Zhou Enlai – 周恩來 (Chu En Lai) (1898- 1976) vice-presidente do partido Comunista Chinês de 1956 a 1966, primeiro-ministro de 1949 até à sua morte e de 1949 a 1958 também ministro dos Negócios Estrangeiros.
(3) Programa das Comemorações do IV Centenário de Macau 1555-1955. Comissão das Comemorações do IV Centenário de Macau, Macau-Ásia, 1955, 9 p., 26,5 cm x 19,5cm.
(4) Macau Boletim Informativo, Ano III, 1955.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/02/selos-postais-comemorativos-da-fundacao-de-macau-1955/
(5) “8-01-1955 – Comemorações do IV Centenário do estabelecimento português em Macau (B. O. n.º 2) Entre os eventos e acções previstos conta-se com a publicação de uma edição popular da História de Macau… A Comissão nomeada dá uma ideia das «eminentes» personalidades de então (B. O. n.º 25, de 18 de Junho)” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 5, 1998).
(6) Ver anteriores referências a este Grande Prémio em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/11/05/noticia-de-5-de-novembro-de-1955-ii-grande-premio-de-macau/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/11/06/noticia-de-6-de-novembro-de-1955-ii-grande-premio-de-macau/
(7) Macau Boletim Informativo, Ano II, 1955.

MOSAICO IV 21-22 1952 Director Gral do Ensino INo dia 23 de Maio de 1952, o Governador de Macau, Comandante Joaquim Marques Esparteiro, homenageou o Director Geral do Ensino do Ultramar, Dr. Vítor Manuel Braga Paixão com um jantar no Palácio de Santa Sancha, para o qual foram convidadas as mais altas individualidades civis e militares da Província

MOSAICO IV 21-22 1952 Director Gral do Ensino IIO Dr. Braga Paixão agradecendo o convite

 O Director Geral do Ensino do Ultramar que veio a Macau, em serviço de inspecção, visitou durante a sua estadia em Macau, numerosas escolas, a fim de tomar contacto directo com a forma como estão funcionando os serviços de instrução em Macau.

Na Escola Primária Oficial:

MOSAICO IV 21-22 1952 Director Gral do Ensino IIIO Inspetor do Ensino Primário de Macau Dr. Adelino da Conceição, apresentando as boas vindas ao Director Geral do Ensino do Ultramar, na Escola Primária Oficial
MOSAICO IV 21-22 1952 Director Gral do Ensino IVO Sr. Dr. Braga Paixão agradecendo a recepção que lhe foi feita pelos professores e alunos das Escolas Oficiais Primárias.

Na Escola Primária Oficial Luso Chinesa Sir Robert Ho Tung:

MOSAICO IV 21-22 1952 Director Gral do Ensino VO Inspector Geral do Ensino do Ultramar entre os professores daEscola Primária Luso- Chinesa Sir Robert Hó Tung

Na Escola Infantil “D. José da Costa Nunes”:

MOSAICO IV 21-22 1952 Director Gral do Ensino VIO Sr. Dr. Braga Paixão no meio de professores e criancinhas da Escola Infantil “D. José da Costa Nunes”.

Na escola da Casa da Beneficência:

MOSAICO IV 21-22 1952 Director Gral do Ensino VIIO Sr. Dr. Braga Paixão falando aos pequenos estudantes da Casa de Beneficência

No Colégio do Sagrado Coração de Jesus:

MOSAICO IV 21-22 1952 Director Gral do Ensino VIIIO Director Geral do Ensino do Ultramar dirigindo-se às alunas do Colégio do Sagrado Coração de Jesus.

NOTA: Foi durante a visita do Director Geral a Macau, mais precisamente a “21 de Maio de 1952 que se registaram os confrontos armados junto à Porta do Cerco envolvendo, por erro, uma canhoneira do Exército Popular de Libertação da China comunista e uma lancha da Polícia Marítima e Fiscal de Macau. O Incidente teve inicio quando soldados chineses, situados junto à Porta do Cerco, abriram fogo sobre um barco de pesca que, alegadamente, tinha entrado em águas territoriais chinesas. Por outro lado, a tripulação de uma canhoneira chinesa, que se deslocou rapidamente para perto do incidente, pensou que estava a ser atacada por uma lancha da Polícia Marítima e Fiscal de Macau, que navegava nas imediações. A situação confusa resulta na troca de fogo entre ambas as partes” (FERNANDES, M. S. – Sinopse….p. 106) (1)

Reportagem e fotos de “MOSAICO”, VOL IV, n.º 21/22, 1952.
(1) FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas Relações Luso-Chinesas, 1945-1995: cronologia e documentos. Lisboa: Fundação Oriente, 2000, 850 p.

Saco de compras de plástico de cor verde da Companhia Nam Kwong (1) (59 cm x 30,5 cm) publicitando

NAM KWONG TRADING COMPANY
EXHIBITION HALL
  貿     (2)

Nam Kwong Trading Co. I

Esta “sala de exibição/exposição” ficava no 2.º andar do Banco “Nam Tung”

NAN TUNG BANG BUILDING (3)
Rua da Praia Grande, 65-A, 2.º andar, MACAU (4)

Nam Kwong Trading Co. IIDo outro lado, sem impressão.

Nam Kwong Trading Co. III(1) “Em 1949, o Ministério do Comércio Externo da China continental cria, em Macau, a sociedade comercial Nanguang (南光Luz do Sul) para controlar o comércio entre Macau e a China continental e os comerciantes locais, na sua maioria sinófonos.”
FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas relações luso-chinesas 1945-1995. Fundação Oriente, LIsboa, 2000, 850 p. , IISBN – 972-785-015-4
  mandarim pinyin: nán guang; cantonense jyutping: naam4 gwong1.
Nam Kwong (Group) Co. Ltd. is an enterprise directly under the central government based in Macao. Founded on August 28, 1949 as Nam Kwong Trading Company by Mr. O Cheng Peng on the commission of China, the Group is the first Chinese-funded institution in Macao with its 60 odd years of history. In the course of development, the older generation of pioneers represented by Mr. O Cheng Peng devoted themselves to the painstaking endeavors for the inception, development and growth of Nam Kwong and made remarkable contributions to the prosperity and stability of Macao.
Ler “History of Nam Kwong” em
http://www.namkwong.com.mo/en/aboutnamkwong/History.html
(2) 南 光 貿 陳 列 mandarim pinyin: nán guang mào yi gong si chén lié  shi; cantonense jyutping: naam4 gwong1 mau6 ji6 gung1 si1 can4 laat6 sat1.
(3) O banco “Nam Tung Lda.”, fundada em 1950, no ano de 1987 foi autorizado a mudar de nome para “Banco da China – Filial Macau” (Bank of China Macau Branch) sendo na altura a 9.ª filial do Banco da China, no estrangeiro.
A propósito do Banco “Nam Tung” na Rua de Praia Grande, relembro que o prédio ocupou o espaço que era do Hotel Riviera, à frente do Banco Nacional Ultramarino.
Não resisto a passar parte do poema “Macau Ontem e Hoje (1960-1984)” no tom humorístico de J. J. Monteiro: (5)


O progresso, sempre forte
Vencedor de velharias,
Destruiu o Riviera
Como bom hotel que era,
Só porque não teve a sorte
De David contra Golias

Sumiu-se p´ra dar lugar
Àquele não pequenino
Mas gigantesco edifício,
Com um lato frontispício,
Bem trabalhado, a brilhar,
Frente ao Banco Nacional Ultramarino

«Nam Tung» é o nome dado
Ao edifício em questão,
com seu rico Banco China
Que em frente ao nosso empina
Pomposamente instalado
Logo ali no rés-do-chão

(4) 地 址: 澳門南灣街 65號A南通银行大廈 二樓 電話 84255 (10) 84252
mandarim pinyin: di zhi: Ào mén  nán wan jié     65 hào A     nán tòng yin hàng dà xià èr lóu    diàn huà: 84255 (10) 84252; cantonense jyutping: dei6 zi2: Ou3 mun4 naam4 waan1 gaai1 65 hou4 A naam4 tung1 ngan2 hong4 daai6 haa6 ji6 lau4 din6 waa2: 84255 (10) 84252.
(5) MONTEIRO, J. J. – Macau vista por dentro. Edição da Direcção dos Serviços de Turismo, 1983, 385 p.