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NOTÍCIA DA VIAGEM, Que fez do Rio de Lisboa na Nau Europa a 23 de Fevereiro de 1752 até à Praça de Macau, onde chegou a 5 de Agosto, o Doutor FRANCISCO XAVIER DE ASSIS PACHECO, E SAM PAYO, Cavaleiro da Ordem e Cristo, Ministro do Concelho Ultramarino E Embayxador Extraordinario de Sua Magestade Fidelissima ao Imperador da China. Dada em huma carta por huma pessoa da sua comitiva” (1)

Título dum livro escrito em Macau a 20 de Novembro de 1752, publicado no ano de 1753, com 16 páginas em que narra a viagem do embaixador Francisco de Assis Pacheco e Sampaio, do Rio de Janeiro à Praça de Macau (a data de chegada sendo outras fontes é a 11-08-1752) (2) e depois à corte do Imperador Chinês Qianlong 乾隆 (reinado: 1735-1796)

Extraí deste livro as páginas referentes a Macau (7-9)

(1) http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasraras/bndigital0418/bndigital0418.pdf

Ainda sobre esta embaixada, está disponível para leitura “Carta ao muito Reverendo Padre Procurador em Roma pela Congregação Provincial do Japão”, escrito em Macau no dia 11 de Novembro de 1753, pelo jesuíta francês J. S. de Newietelhe (assistente do Colégio de Macau) http://purl.pt/12029/5/hg-5911-12-p_PDF/hg-5911-12-p_PDF_24-C-R0150/hg-5911-12-p_0000_rosto-16_t24-C-R0150.pdf

(2) 11-08-1752Chegou a Macau a embaixada de Francisco de Assis Pacheco de Sampaio. (Luís G. Gomes – Efemérides da História de Macau; Beatriz Basto da Silva – Cronologia da História de Macau; Bento da França – Macau e os seus habitantes)

“A chegada da nau N.ª Sr.ª da Conceição e Lusitânia com o embaixador Francisco de Assis Pacheco de Sampaio deu novos ânimos aos moradores, Ao entrar na barra a cidade saudou o acontecimento com entusiasmo e tiros de canhão da fortaleza do Monte.” (Maria Helena do Carmo – Os Mercadores do Ópio, p. 132)

Outras datas marcantes desta embaixada em Macau.

23-02-1752 – D. José mandou à China Francisco Xavier Assis Pacheco de Sampaio que embarcou em Lisboa na Nau N. Srª da Conceição e Lusitânia, nesta data. Chegou a Macau a 11 de Agosto, mas só desembarcou a 15. O fim da embaixada era «cultivar por este modo a amizade do Imperador actual, promover a conservação e aumento das missões do mesmo império, restabelecimento do Real padroado e outros interesses políticos». (3)

20-08-1752 – Foi lida uma carta régia trazida pelo Embaixador Francisco Xavier Assis Pacheco de Sampaio sobre as fragatas de Goa fazerem a s viagens de Timor e Goa; como isto era contra os interesses dos barcos de Macau, o Senado reclamou contra esta medida (3)

14-11-1752 – Chapa mandarínica publicada em Macau, declarando que Assis Pacheco de Sampaio não é embaixador Tributário da China, devendo-se-lhe todas as cortezias. (3)

20-12-1752 – Parte de Macau a embaixada de Francisco de Assis Pacheco de Sampaio. (3)

20-12-1752 – O Embaixador trouxe de Lisboa uma carta de recomendação da Rainha Ana de Áustria para o Padre Agostinho Hallerstein, que veio de Pequim a Macau esperá-lo para depois o acompanhar. O Embaixador saiu de Macau em 20 de Dezembro de 1752. Sampaio confessa que a prudência o aconselhou a não falar ao Imperador sobre as Missões: «mandei para este fim pedir a cada um dos padres o seu parecer por escrito sobre o que prudentemente poderia tratar-se nesta embaixada em benefício da Santa lei: recebi os votos, e nelles o desengano que já premeditava ao tempo que os pedia». Pode dizer-se que foi uma embaixada simpática … mas Macau gastou com ela 22 000 taeis arrancados à miséria em que, na altura, se vivia. (3)

 (3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 2, 1997)          

O recente lançamento do novo livro de Maria Helena S. R. do Carmo (1), leva-me a aconselhar a leitura – ficção que se lê com interesse com dados históricos rigorosos da evolução de Macau nessa época – do seu  anterior romance: «Uma Aristocrata Portuguesa no Macau do século XVII – Nónha Catarina de Noronha» (2)

Uma Aristocrata no Macau séc. XVII CAPA

Apoiado numa exaustiva e rigorosa investigação histórica, esta obra de ficção histórica é um contributo singular para o conhecimento de um tema quase nunca tratado – a presença e a situação da mulher na expansão portuguesa”(3)

Uma Aristocrata no Macau séc. XVII CONTRACAPARetiro informação da  contra-capa:
«Partindo de um quadro central – a vida de uma figura feminina, D. Catarina de Noronha, a Autora recria em pormenor a vida de Macau seiscentista, o relacionamento de Macau com os mandarins e a China imperial, a organização do comércio português no Extremo Oriente, nomeadamente nas ilhas de Timor, os hábitos alimentares, costumes, festividades e religião das populações que tinham contacto com os portugueses, enfim, é o século XVII macaense, com todas as suas envolvências, que perpassa pelo nosso olhar. Um trabalho de grande fôlego, sem dúvida, com a originalidade de se debruçar sobre um tema – a mulher na expansão portuguesa – muito difícil de tratar por escassez de elementos de informação. A Autora fala, aliás, das «poucas referências a seu respeito» da figura principal da narrativa, o que levou a recorrer a uma obra de ficção para nos descrever a sua vida e o quotidiano macaense que encontrou, tendo obtido informação «por vias transversais, através de dados referentes a familiares de linha masculina, únicos dignos der menção e registo na época»

(1) Maria Helena S. R. do Carmo é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fez o Mestrado em Língua e Cultura Portuguesa – variante de História, na Universidade de Macau, com uma dissertação sobre os interesses portugueses em Macau na primeira metade do séc. XVIII. É autora de vários trabalhos relacionados com a história de Macau (ver o livro” Mercadores do Ópio) (4). Lançou recentemente, ”Bambu Quebrado”, biografia romanceada do Governador João Maria Ferreira do Amaral.
(2) CARMO, Maria Helena S. R. do – Uma Aristocrata Portuguesa no Macau do Século XVII – Nónha Catarina de Noronha. Editorial Inquérito/ Fundação Jorge Álvares, Colecção Jorge Álvares n.º 2, 2006, 335 p.,  ISBN: 972-670-430-8
Entrevista dada pela autora ao JTM de 27 de Novembro de 2009, disponível em:
http://arquivo.jtm.com.mo/view.asp?dT=332801001
http://arquivo.jtm.com.mo/view.asp?dT=332801002
(3) http://www.jorgealvares.com/conteudo. 
(4) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/27/leitura-mercadores-do-opio/
NOTA: sobre a mesma personagem, Nónha Catarina de Noronha, recomendo também a leitura do trabalho «Redes Sociais e Poder em Macau no Século XVII: O Caso de Francisco Vieira de Figueiredo e de Dona Catarina de Noronha» de Elsa Penalva disponível em
http://www.cham.fcsh.unl.pt/ext/files/activities/C_SPEMElsaPenalvaI.pdf
Resumo: O mercador Francisco Vieira de Figueiredo, na oposição que empreendeu contra a presença holandesa no Sueste Asiático, manteve-se fiel à tradicional parceria entre as elites mercantis e a Companhia de Jesus. Falecido em 1667 deixou sua mulher, Dona Catarina de Noronha, numa posição difícil pelo facto de ter legado aos jesuítas uma avultada quantia. É objectivo desta conferência problematizar esta questão, inserindo-a no contexto das redes sociais no Extremo Oriente, a partir de documentação em que o sujeito principal é a sua viúva na qualidade de armadora.