Data de 15 de Agosto de 1791, o Édito de Quianlong (1) aos mandarins para que pedissem auxílio a Macau contra a pirataria.
Neste dia, que era 13 da sétima lua do ano 56 do Imperador Kien Long (Kien-Lung), o mandarim de Ansan (Heong-San) escreveu uma chapa ao Senado pedindo auxílio contra os piratas. O Governador Capitão Vasco Luís Carneiro de Sousa e Faro, (2) no Conselho do Senado de 25 de Agosto de 1791, disse: «Que reflectindo no principal ponto de prezente Chapa, que hé limpar estes mares de Piratarias, considerava, que a nossa introdução neste vasto Imperio, não fora senão por outra semelhante cauza, que felizmente conseguindo os nossos primeiros Portuguses (sic) destruírem os ladroens que naqueles princípios infestavam, e perturbavão o socego publico nos permitirão o estabellecimento desta cidade, com taes vantagens, q´já nestes infelizes tempos se vêm sprimidas, e cada vez absorvendo a malícia indecorosamente os nossos antigos privilégios, que ganhamos com trabalho, vendo tudo na mais decadente situação, experimentando de continuo reiterados insultos: Que não achava outro caminho, nem outro meyo mais efficaz para conseguirmos o nosso primitivo domínio, e ainda explendor que dirigirmos as nossas idêas por aquella mesma porta, que nos facilitou a entrada, para termos áquella mesma firme constancia, e senhorio, que possuiamos, e perdemos insencívelmente, e que com bem magoa o sentimos, já sem remedio. Em huma palavra: Que era de parecer; que se desse o socorro que pedia, debaixo das condiçoens, que lhe ocorria se pudesse ser … (…)…» (3)
O mesmo Governador encarregou-se de responder ao Mandarim que era autorizada o socorro se fosse restituído os privilégios antigos concedidos pelo Imperador.
Passaram os meses sem que os Chineses nada resolvessem, mas no dia 6 de Fevereiro do ano seguinte, 1792, o Senado recebia novas chapas sínicas a pedir socorro a esta Cidade «…de duas Embarcações para compreender os Ladroens, que se achão nas Ilhas vizinhas desta Cidade…».
No Conselho de Estado reunida a 15 de Fevereiro de 1792, o Procurador Joaquim Carneiro Machado propôs que fossem fornecidos dois navios, por o mandarim ter prometido que os restituiria, logo que fosse apresadas duas ou três embarcações de piratas, bem como a concessão dos privilégios que haviam sido concedidos pelos imperadores passados e que pareciam andar esquecidos dos presentes.
Não sei se foram enviadas as duas embarcações mas em 8 de Julho de 1793, outro Conselho de Estado dava o parecer de envio de três embarcações: Manuel Vicente Roza de Barros «offerece a chalupa Effigenia com todos os seus preparos, artelharias, e todas as mais Armas defensivas, …»; Januário Agostinho de Almeida «offerece o seu Navio declarando estar seguro em quarenta mil patacas, com a condição de suspender ancora deste Porto para Benagalla…» e Jozé Nunes da Silveira «offerece a chalupa Activa, no cazo q´possa servir….»(3)
(1) O Imperador Qianlong (乾隆 Qiánlóng) (Hongli (弘历) (1711 – 1799) foi o quinto imperador manchu da Dinastia Qing, e o quarto imperador Qing da China. Quarto filho do imperador Yongzheng, ele reinou oficialmente a partir de 18 de outubro de 1735 até 9 de fevereiro de 1796, quando abdicou em favor de seu filho, Jiaqing.
(2) D. Vasco Luiz Carneiro de Souza e Faro, governador de Macau de 29-07-1790 a 26-07-1793.
(3) «Arquivos de Macau», 3.ª série, Vol IV, n.º 5 Novembro de 1965.1965.
Archives for posts with tag: Manuel Vicente Roza de Barros
NOTÍCIA DE 15 DE AGOSTO DE 1791 – SOCORRO PEDIDO PELOS MANDARINS CHINAS CONTRA OS PIRATAS
15/08/2017 //
0
Etiquetas 1701-1800, Januário Agostinho de Almeida 1759-1825, Jozé Nunes da Silveira, Manuel Vicente Roza de Barros, Transportes marítimos, Vasco L. C. de Sousa e Faro, Xiangshan 香山- Heong Sán/香山
Categorias Governadores e Capitães Gerais, Notícias, Piratas, Transportes