Archives for posts with tag: Manuel Pereira Coutinho

 Neste dia, 12 de Agosto de 1732, chega a Macau o navio «Corsário» trazendo o novo governador desta cidade, o Moço-Fidalgo António de Amaral e Meneses, (1) que tomaria posse do Governo a 18 de Agosto de 1731. Veio render a António Moniz Barreto.(2)

Ephemerides da semana” in «BGM», XII- 34, 20 de Agosto de 1866, p.137

(1) “18-08-1732 – Toma posse e exerce o cargo de Governador e Capitão-Geral de Macau, António de Amaral Meneses. Chegara a 12 do mês no navio Corsário. Já o pai, Belchior Amaral Meneses ocupara o mesmo cargo de 1682 a 1685. Natural de Goa, além de militar, era tanador-mor (3) com provas dadas. Teve que resolver problemas internos que foi encontrar em Macau e sentiu-se espartilhado pelos “Privilégios” concedidos ao Senado por D. Rodrigo da Costa, que o impediam de exercer autoridade junto dos Vereadores, com quem teve, assim como com o Ouvidor, várias discórdias. Em 1733 pede ao Vice-Rei da Índia que o substitua, por demais desgostoso com o governo. O pedido foi aceite em 1734 (Janeiro), data em que, não tendo sido nomeado substituto, foram abertas vias de sucessão. O governo ficou entregue ao Bispo de Macau, D João de Cazal (4) (5)

(2) António Moniz Barreto, natural de Angra de Heroísmo, Açores, filho de Guilherme Moniz Barreto. Conflitos com o Ouvidor, António Moreira de Sousa, a quem mandou prender. Levou um mandato de seis e não de três anos, (de 11 de Agosto de 1727 a 1731) como habitual, e teve sempre o apoio de Goa. (5)

O Moço Fidalgo António Moniz Barreto tomou posse do Governo de Macau, tendo sido um mau governador, segundo o Embaixador Alexandre Metelo de Sousa e Meneses. Mandou prender o Ouvidor António Moreira de Sousa com grilhões, numa fortaleza, mas conseguiu não só governar durante todo o seu triénio como dois anos mais.” (GOMES, Luís G. –Efemérides da História de Macau, 1954)

(3) No dicionário de Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo, não existe a palavra tanador mas sim tanadar – funcionário português que, na Índia, arrecadava as rendas das gancarias (assembleia de gancares – cultivadores de terras bravias na Índia Portuguesa)

(4) Um novo governador só é nomeado a 22 de Abril de 1738, tenho tomado posse a 25 de Agosto de 1738, Manuel Pereira Coutinho, natural de Goa. Não teve alterações notáveis no desempenho do seu mandato em Macau, deixando o cargo em 1743 e a cidade em 1744. (5)

Ephemerides da Semana” in «B.G.M.», XII-35, 27de Agosto de 1866, p. 142

(5) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol I, 3.ª edição, 2015.

Chegada a Macau do novo Bispo D. Fr Hilário de Santa Rosa (1) no dia 5 de Novembro de 1742-, segundo documento da época:
«De acordo em distancia de sete legoas, tendo a Nau dado fundo com vento contrario defronte da Ilha dos Ladroens, escreve S. Exa. ao guardião de S. Francisco avizando.-o que no seu Convento inteiramente se desejava recolher, e como chegasse primeiro a bordo dum escaler, ou escucha dos Padres da Companhia a buscar para terra quatro Padres seus que vinhão no mesmo navio, persuadido por elles S. Exa. se embarcou também, e por ser já tarde quando chegarão pernoitamos todos no Collegio de São Paulo, adonde S. Excia. Foi com todo o applauzo recebido, sem que a tarde a noite fosse impedimento para o Governador desta Praça, Manuel Pereira Coutinho (1738-1743), lhe ter prevenido na praia uma companhia de soldados, e o seu Palanquim que não aceitou por hir com os padres; ao mesmo tempo se deu salva de artelharia.
No dia seguinte e sedo se recolheu oculto ao Convento de S. Francisco, adonde foi comprimentado de todas as Relligioens, Clero, Senado e Nobreza desta Cidade. Esteve nelle perto de três semanas primorosamente assistido, em quanto se lhe preparavam casas para residir»  (2)
Frei Hilário de Santa Rosa foi nomeado Bispo de Macau em 1739, e chegou ao território em 1742, tomando posse da Diocese. O rei D. João V em 1744 dá ao Fr. Hilário o Paço Episcopal. Durante o seu episcopado, mandou reparar a Sé Catedral deixando um fundo ao Cabido e foi muito crítico do costume local da compra das crianças. Regressou a Portugal em 1750 tendo resignado ao bispado em 1752. Faleceu em 1764. Consta-se que não lhe encontraram nenhum tostão na sua posse, pois dava tudo aos pobres.
(1) “14-03-1742 – Frei Hilário de Santa Rosa, O. F.M., embarca em Lisboa na fragata S. Pedro e S. João, de que era Capitão de mar-e guerra João Pereira de Carvalho. Vinham na mesma fragata 4 jesuítas (um deles o famoso Padre Montanha) e 2 franciscanos. Os 2 franciscanos eram Fr. Albino de Assunção e Fr. José de Jesus Maria; este, nos poucos anos que aqui se demorou (1742-1746), escreveu a preciosa obra «Azia Sinica e Japonica», que C. R. Boxer publicou com anotações, em 2 volumes. (2)
“12-11-1742 – O Bispo D. Fr. Hilário tomou posse da diocese por procuração, sendo procurador o P.e José de Almeida, cura da Sé. A 13, o bispo informa o Senado que no dia 17, sábado, pelas 3 horas da tarde «determina dar entrada publica, na forma costumada, deste Convento para a Sé, esperando em tão benignos e atenciosos ânimos obrem o que em tal occazião com os mais bispos se pratica». (2)
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 2, 1997.
Anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/d-frei-hilario-de-santa-rosa/