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Efeméride desta data, referente a Camilo Pessanha que este ano se comemora os 150 anos do seu nascimento, em 7 de Setembro.
19-02-1909 – Fim da licença concedida ao Conservador do Registo Predial (1) desta Comarca, Dr. Camilo d´Almeida Pessanha”. (2)

Rosas de Inverno
 
Corolas, que floristes
Ao sol do inverno, avaro,
Tão glácido e tão claro
Por estas manhãs tristes.
 
Gloriosa floração,
Surdida, por engano,
No agonizar do ano,
Tão fora da estação!
 
Sorrindo-vos amigas,
Nos ásperos caminhos,
Aos olhos dos velhinhos,
Às almas das mendigas!

Desse Natal de inválidos
Transmito-vos a bênção,
Com que vos recompensam
Os seus sorrisos pálidos.
Camillo Pessanha (3)

1) Camilo Pessanha foi nomeado Conservador do Registo Predial, por decreto de 16 de Fevereiro de 1899, tenho tomado posse desse cargo em 23 de Junho de 1900, abandonando o professorado (veio para Macau em 1894, para professor da 8.ª cadeira, Filosofia Elementar do Liceu Nacional de Macau – nomeado em 18 de Dezembro 1893 – e do Instituto Comercial anexo). Esteve de licença desde 27 de Abril de 1905 pela junta médica de Macau porque sofria de anemia – muito provavelmente devido a um tumor hemorroidário de que veria a ser operado em Novembro de 1907 no Hospital do Carmo na cidade do Porto – e concede-lhe tratamento por 90 dias (que vão sendo prolongados em Junta médica em Portugal) partindo para Portugal a 2 de Agosto. Só regressaria em 15 de Janeiro de 1909 (data de partida com chegada a Macau a 18 de Fevereiro) reassumindo o seu cargo de conservador do Registo Predial.
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 4, 1997.
(3) O poema «Rosas de Inverno» reelaborado por Camilo no ano de 1901, foi publicado mais tarde no jornal de Hong «O Porvir» em 21 de Dezembro de 1901 e foi recitado por uma criança num sarau realizado a 15 de Dezembro de 1901 no Teatro D. Pedro V.
poesia-rosas-de-inverno-camilo-pessanha-ipoesia-rosas-de-inverno-camilo-pessanha-iiEncontra-se na Biblioteca Nacional de Portugal, (4) um manuscrito deste poema com a seguinte nota:
“1.º v.º : «Corollas, que floristes». Letra do punho de Alberto de Serpa. Com a indicação de ter sido publicado na página literária de «O Primeiro de Janeiro», Porto, 15 Ago. 1962, junto ao artigo de Guilherme de Castilho. Reunido em «Clepsidra e outros poemas». “
(4) Biblioteca Nacional de Portugal (http://purl.pt/14589)

1899-com-joao-vasco-pereiraCamilo Pessanha e o colega do Liceu, João Pereira Vasco em 1899
Fotografia de MAN-FOOK, MACAO

Anteriores referências neste blogue a Camilo Pessanha em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/camilo-pessanha/
Para melhor informação ver «Cronologia da Vida e Obra de Camilo Pessanha» em:
http://purl.pt/14369/1/cronologia1894.html
e sobre a Bibliografia do poeta em:
http://cvc.instituto-camoes.pt/sabermaissobre/cpessanha/06.html

Duas notícias do dia 8 de Novembro referentes ao Colégio de Santa Rosa de Lima:
A primeira, do dia 8 de Novembro de 1846, data em foi reorganizado o Colégio de Santa Rosa de Lima para educação de meninas (1)
A segunda, do dia 8 de Novembro de 1876, por Decreto, o governo da Metrópole com os rendimentos do recolhimento de S. Rosa e do Mosteiro de S. Clara constitui uma doação para o Colégio de S. Rosa de Lima, que tinha o valor aproximado de cem mil patacas, incluindo todos os edifícios, propriedades, foros e capitais, que foram destinados à sustentação do colégio (2)
No ano anterior (1875), o Convento de Santa Clara (onde funcionava desde 1857 o Recolhimento de Santa Rosa) fundiu-se com o Recolhimento de Santa Rosa, com o nome de Colégio de Santa Rosa de Lima.

colegio-de-s-rosa-de-lima-1907-man-fookColégio de Santa Rosa de Lima em 1907
Atribuída ao fotógrafo Man Fook

Entre estas duas datas, alguns apontamentos mais importantes:
21-12-1848 – As Filhas de Caridade de S. Vicente de Paula, que se estabeleceram em Macau devido aos esforços do Bispo D. Jerónimo José da Mata, assumiram a direcção do Recolhimento de Santa Rosa de Lima, destinado à educação de meninas. O recolhimento funciona a partir de 1849 até 1857 no extinto Convento de Santo Agostinho, sob a direcção do Prelado da Diocese. (1)
02-10-1856 – Foi ordenado por decreto que o recolhimento para a educação das pessoas do sexo feminino, denominado de Santa Rosa de Lima e estabelecido no edifício do extinto convento de Santo Agostinho fosse anexado ao Mosteiro de Santa Clara. (1)
22-01-1857 – Provisão do Bispo D. Jerónimo José da Mata reorganizando o Recolhimento de Santa Rosa de Lima para a educação de meninas pobres anexando-o ao Mosteiro de Santa Clara de acordo com o Decreto anterior. (1)
06-07-1857 – Tendo sido transferido para o Convento de Sta Clara a escola de meninas que funcionava no convento de S. Agostinho, foi este transformado em Hospital Militar até 1872, ano em que foi construído o Hospital Conde de S. Januário. O convento foi depois comprado por Artur Basto que o transformou em sua residência. Com a morte foi adquirido pela Companhia de Jesus e, sob o nome de Residência de Nossa Senhora de Fátima serve de casa de repouso aos jesuítas. (1)
30-1-1875 – A Portaria Provincial n.º 19 desta data determina a incorporação na Fazenda, segundo a lei dos bens móveis e imóveis do Convento de Sta Clara, por ter falecido a última religiosa. (3)
Os Estatutos do Colégio foram publicados em Fevereiro de 1875 e em 4-03-1875 foi nomeada regente do colégio D. Theresa da Annunciação Danemberg, senhora de esmerada educação e muitas virtudes e para professoras sras. D. Lydia Francisca da Santa Cruz e D. Leonidia Maria da Conceição. Estas três senhoras residiam há muitos anos no convento e viram-se sem amparo com a morte da última freira. (2)

colegio-de-s-rosa-de-lima-directoria-1934O Colégio de Santa Rosa de Lima, em 1934

(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(2) TEIXEIRA, Padre Manuel – A Educação em Macau, 1982.
(3)  Por Portaria Provincial n.º 19 de 30 de Janeiro de 1875, o governador José Maia Lobo d´Ávila determinou o seguinte:
Tendo falecido a ultima religiosa do convento de Santa Clara, (4) e devendo pelas leis em vigor serem incorporadas na fazenda todos os bens pertencentes ao mesmo convento, e sendo necessário proceder a um inventário geral dos mesmos bens: hei por conveniente nomear para este efeito uma comissão composta do secretário da Junta de Fazenda João Correa Paes d´Assompção, do delegado interino do Procurador da Coroa e Fazenda, o advogado Albino António Pacheco e o P. Capelão Vicente Victor Rodrigues Esta Comissão em 15 de Março de 1875 tomou posse de todos os bens móveis e de raiz, e da administração do mesmo extinto convento num valor total de $ 77.983,25.”
(4) Em 1834, pelo decreto de Joaquim António de Aguiar, foram extintos os conventos em Portugal . Esta lei teve a sua repercussão no ano seguinte em Macau, em 1835, mas o governo local continuou a respeitar a existência das Claristas, mantendo-as no seu convento de Sta. Clara até à morte da última religiosa que faleceu a 18 de Fevereiro de 1875.

5 de Agosto de 1835, data do tufão (1) que fez tantos estragos na Sé Catedral que a catedral foi provisoriamente transferida para a Igreja de S. Domingos  em 3 de Agosto de 1836” (2).
A cerimónia de Sagração do novo Bispo,  D. Jerónimo José de Matta em 1846, já se realizou na Igreja de S. Domingos.(2)
A reconstrução da Sé Catedral, dedicada à Natividade de Nossa Senhora, foi iniciada pelo Bispo D. Nicolau Pereira da Borja (3) em 1844. Por sua morte, em 1845, o novo Bispo, D. Jerónimo da Mata (4) tratou de continuar e concluir a construção da catedral cuja consagração foi feita em 19 de Fevereiro de 1850.(5)

Sob o Olhar de Á MÁ - SÉ CATEDRAL Man Fook 1907Vista lateral da Igreja/ Sé Catedral
Atribuída a Man Fook, 1907

(1) “De acordo com os mapas de Piddington o tufão atravessou a ilha de Mindoro na direcção SE-NW e foi sentido pelo navio “Lady Hayes” que estava a Sul de Macau” (NATÁRIO, Agostinho Pereira – Tufões que Assolaram Macau, 1957.
O navio “Lady Hayes” está referenciado como um navio construído na Índia, em 1931, comprado  pela empresa  “Jardine Matheson & Co.” de Hong Kong em 1833 para  o transporte do ópio entre a Índia e a China.
(2) “03-08-1836 – Por a igreja da Sé ter ficado muito danificada com o tufão, a catedral foi provisoriamente transferida para a Igreja de S. Domingos” (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954)
A autorização do cabido para a transferência provisória da Catedral para a Igreja de S. Domingos foi a 29 de Fevereiro de 1844. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995).

D. Nicolau Rodrigues Pereira de Borja 1841-1845Bispo Nicolao Rodrigues Pereira de Borja.(5)

(3) D. Nicolao Rodrigues Pereira de Borja (1841-1845), sacerdote da Congregação de Missão, Mestre na Sagrada Theologia no Real Colégio de S. José da Cidade de Macau, foi eleito Bispo em 25 de Novembro de 1841, confirmado aos 19 de Junho de 1843 e tomou posse do Bispado aos 14 de Novembro do mesmo ano. Não chegou a ser sagrado  (marcado para 8 de Setembro de 1844) encontrando-se para esse fim já em Macau D. Fr. Tomás Badia mas este falece a 1 de Setembro de 1844 e o Bispo Borja falece a 29 de Março de 1845 (antes de ser sagrado), com 68 anos de idade. Foi sepultado no interior da Capela do cemitério de S. Paulo. (5) Transladado depois para debaixo do altar principal da Sé Catedral.

D. Jerónimo José da Mata 1804-1865Bispo D. Jerónimo José da Mata (5)
No pergaminho sustentado pelo Prelado lê-se:
Plano da Igreja Cathedral de Macau – J. Thomas d´Aquino – 1845 (6)

(4) D. Jerónimo José da Mata (1804 – 1865)  foi admitido no seminário aos 18 anos de idade e chegou a Macau em 24 de Outubro de 1826, tendo concluído os estudos no Real Colégio de S. José em 1827. Em 1829, recebeu o diaconado e presbiterado em Manila (não havia Bispo em Macau para essa ordenação). Voltou a Macau, continuando os seus estudos em Matemática e  astronomia com a fim de passar para o Tribunal das Matemáticas em Pequim, o que não se concretizou por ordem imperial de não admitir ali mais padres. De 1837 a 1843 esteve no reino  e foi nomeado coadjutor do Bispo de Macau (D. Nicolau Rodrigues Pereira de Borja, com estado precário de saúde. Voltou a Macau em Maio de 1844,  confirmado pela Santa Sé em 17 de Junho de 1844, com o título de Altobosco. Com o falecimento do bispo Borja, foi sagrado Bispo de Macau, em 21 de Dezembro de 1846, na igreja de S. Domingos. Renunciou o cargo em 25 de Setembro de 1862 Faleceu em Campo Maior (Portugal) em 5 de Março de 1865.(5)
(5) TEIXEIRA, P. Manuel  Macau e Sua Diocese Vol II, 1940
(6) José Tomás de Aquino foi o arquitecto da reconstrução da Sé Catedral (incluída na lista dos monumentos históricos do “Centro Histórico de Macau”, por sua vez incluído na Lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO). Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-tomas-de-aquino/
Referências anteriores às  Igrejas de S. Domingos e Sé Catedral, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/se-catedral/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/igreja-de-s-domingos/

19-02-1852 – Concluído o fortim novo, sobranceiro à Praia de Cacilhas, tomou este o nome de D. Maria II, (1) segundo a «Ordem à Força Armada n.º 9» que por este motivo, ordenou o desmantelamento do Forte de Mong-Há, por se encontrar em ruínas e desnecessário, em virtude da construção do novo fortim.” (2)
No entanto, o Forte de Mong Há foi reconstruído e reactivado mais tarde. (3)

Ta-Ssi Yang-Kuo Fortim de D. Maria II (1899)FORTALEZA DE D. MARIA 2.ª E LAZARETO
Photograv. de P. Marinho, segundo uma photographia do sr. Carlos Cabral (1899)
(Ta-Ssi Yang-Kuo, Vol. I/II)

De acordo com a ordem n.º 19 do quartel General Militar, de 17 de Fevereiro de 1852, este forte foi ocupado militarmente, nessa data com a intenção de substituir o forte de Mong-Ha, apesar da localização deste último ser de longe superior. Foi edificado sob a direcção do oficial engenheiro Major António de Azevedo e Cunha. (1)
Em 1872, na Fortaleza de D. Maria 2.ª, «fizeram-se nesta fortaleza todos os concertos e reparos de que precizamos; nas muralhas, no terrapleno; no quartel do destacamento; no paiol; e na ponte levadiça junto da entrada, fazendo-se de novo para esta, um molinete» (4)

FORTIM DE D. MARIA II 2015Portal da entrada do Forte de D.Maria II /馬交石炮台 como está actualmente, vendo-se o local onde estava a ponte levadiça. Observar o parapeito saliente, onde se encontram ameias que serviam para o defesa do portal de entrada.
(Foto de https://pt.wikipedia.org/wiki/Fortifica%C3%A7%C3%B5es_de_Macau)

O forte de D. Maria II, bem como o de Mong Há e o  da Taipa são as últimas fortalezas  construídas pelos portugueses em Macau (todas já do século XIX) e têm uma função  diferente das primitivas Já não serviam para se defenderem dos ataques dos estrangeiros e piratas mas para defenderem de eventuais ataques vindas do continente chinês, após o trágico assassinato de Ferreira de Amaral
A casamata deste forte foi destruída por uma bomba durante o bombardeamento americano a Macau em 16 de Janeiro de 1943. (5)

MACAU PASSADO E PRESENTE 1907-1999 Colina , Forte de D. Maria IIFORTE DE D. MARIA II no topo,  o LAZARETO mais abaixo e a antiga Estrada de D. Maria II.
Foto de Man Fook (1907) (6)

O Fortim está classificada como património arquitectónico, paisagístico e cultural desde 1984 e mantido sempre este estatuto nas sucessivas revogações, a última em 2013 (Lei n.º 11/2013 da RAEM de 22 de Agosto – Lei de Salvaguarda do Património Cultural).
Hoje recuperado, no entanto, não é visitável o seu interior; o parque que o rodeia é um lugar aprazível com uma boa vista para o reservatório  e o Porto Exterior.
馬交石炮台- mandarim pinyn: mǎ jiāo dàn bāo tái; cantonense jyutping: maa5 gaau1 daam3 baau1 toi4.
(1) “Este forte está localizado no cume da colina de D. Maria II, com uma altitude de 47 metros, a dominar a baía de Cacilhas e o Istmo da Península de Macau. Objectivo: apesar da sua posição estratégica ser inferior, foi construído para substituir o forte de Mong-Ha. Mais tarde  a sua missão principal foi a de reforçar e fornecer fogo de cobertura ao forte de Mong-Ha e, assim, funcionava como posição auxiliar. Tinha também a função de cobrir a Baía de Cacilhas afim de proteger as suas margens. Por isso, a sua única arma era rotativa num arco de 360.º. Apesar de tudo, este forte nunca deve ter sido muito eficiente.”
GRAÇA, Jorge – Fortificações de Macau , Concepção e História, 198?
(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954.
(3) “Os trabalhos de fortificações na colina de Mong-Ha foram iniciados pelo Governador Ferreira do Amaral em 1849 como uma medida preventiva de defesa contra uma temida invasão chinesa, mas não foram concluídas devido ao seu assassinato.”  Foram retomados em 1850, mas em 1852 estavam praticamente reduzidas a ruínas. Em 1864  foi reconstruído o forte  por ordem do Governador Coelho do Amaral e ficou concluído em 1866.”(1)
Carlos José Caldeira a propósito da visita do Governador Francisco António Gonçalves Cardoso (chegou a Macau 26-01-1851 e tomada de posse a 3-02-1851) às fortalezas de Macau: « Em todas as fortalezas poucas peças estavam em estado de fazer fogo e não continuado; no já quasi desmoronado forte de Mohá (feito haveria pouco mais de um anno) n´um dos canhões principais, dirigido sobre a Porta do Cerco, no ouvido faziam as lagartixas seu sossegado ninho; as poucas munições estavam fechadas num caixão do qual se perdera a chave havia tempos, etc, etc, etc… Sirva isto só de dar idêa de todas outras misérias. E, no entanto que faziam os governadores de fortalezas, e o major de engenheiros, todos com denominações alti-sonantes, e bons soldos gratificações?. Tratavam das suas hortas, ou passavam vida airada e folgasã…
O major  de engenheiros, mandado de Portugal pelo Egipto com avultada despesa, recebia mensalmente em Macau 116 patacas»
CALDEIRA, Carlos José – Apontamentos d´uma viagem de Lisboa à China e da China a Lisboa , 1852.
(4) Relatório o Director das Obras Públicas, Ten-Cor. Francisco Jerónimo Luna, relativo a 1871-1872 in TEIXEIRA, Pe. Manuel – Os Militares em Macau, 1975.
(5) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/01/16/noticia-de-16-de-janeiro-de-1945-bombarde-amentos-em-macau/
(6) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/05/01/noticia-de-1-de-maio-de-1911-epidemia-de-peste-bubonica/
Referências anteriores a este fortim:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fortaleza-de-d-maria-ii/

Carlos José Caldeira no Boletim do Governo, 28 de Junho de 1851, p.102, explica que a Missa de Acção de Graças é a mais antiga cerimónia histórica ligada ao local, porque tem a sua 1.ª edição no próprio ano da invasão, 1622, por voto tomado em Sessão e Termo na casa da Câmara. Cerca de 1844, a Missa passou a ser celebrada na Capela da Guia mas o Senado, mesmo assim, usava dar cinco patacas de esmolas e as crianças levavam flores e bandeiras ao local, também conhecido por Campo dos Arrependidos.

 Monumento da Vitória 1907 Man Fook MACAU PASSADO E PRESENTEMonumento da Vitória ao fundo da Avenida Vasco da Gama
(Foto de Man Fook de 1907)

 Do Boletim da Província de Macau e Timor, Vol. XVI.N.º 26 de 27/7/1870:
“Collocou-se, no dia 23 do corrente às 6 horas da manhã, a primeira pedra do alicerce sobre que hade alevantar-se um padrão de gloria, que recorde à posteridade um dos mais brilhantes feitos dos nossos maiores.
Foi S. Ex.a o Governador (1) celebrar esta cerimonia e vio à roda de si quasi todos os funcionarios civis e militares, que anuiram solicitos ao convite de S. Exa.; patenteando assim a sua veneração por tudo que signifique gloria das armas portuguezas, desde tanto acostumadas a vencer.
Teve lugar a solemnidade na Praça da Victoria, (2) junto da Flora Macaense, na estrada quepor S. Lazaro,conduz à porta do Cêrco.
Depois de leitura do auto que foi assignado por todos os funcionários presentes foi elle encerrado num cofre com as moedas nacionaes como é d´uso praticar-se nestes actos.
Em seguida S. Ex.a o Governador deitou a primeira colher de cal para segurar ao solo a pedra fundamental de todo o alicerce – e apoz elle algumas outras autoridades praticaram egual cerimonia.
Foi uma festa toda patriótica e que assignalou um dia nunca esquecido pelo povo de Macau.
No sitio destinado a receber o monumento já existia uma pilastra de pedra, que commemorava o feliz resultado da brava peleja, travada ali pelos moradores de Macau no dia 21 de junho do anno de 1622 contra uma expedição hollandeza, que tentava assenhorar-se desta cidade, como que desconhecendo quanto valor e brio usam os portuguezes mostrar sempre que o amor da patria os incita as mais arrojadas empresas para defesa da sua nacionalidade, e revindicação de seus sagrados direitos.
O monumento foi mandado construir em Lisboa por iniciativa do leal senado, e ouvimos que se espera no primeiro transporte vino d´aquella cidade. (3)

 Monumento da Vitória 1939 IO MONUMENTO DA VITÓRIA
Festividades no dia 24 de Junho de 1939

 O texto do auto depois de assinado, foi depositado num cofre assim como moedas nacionais, sendo posteriormente soldado e depositado na cavidade da pedra fundamental do monumento. Uma cópia do auto foi guardada no arquivo do Leal Senado.
O monumento da Vitória foi construído com um fundo originalmente destinado a um monumento a S. João Baptista mas “por escrúpulos, receio de melindres e divergências de alguns vogais”, por proposta do Presidente do Leal Senado da Camara e concordância do Governador, “as $ 400 e seus juros foram entregues ao Cidadão Lourenço Marques, que ficou encarregado de mandar vir o Monumento.
O monumento foi inaugurado no dia 26 de Março de 1871. (4)

Monumento da Vitória 1939 II O MONUMENTO DA VITÓRIA
Festividades no dia 24 de Junho de 1939

 (1) Sobre António Sérgio de Sousa (1809-1878), governador de Macau de 1868 a 1872, ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-sergio-de-sousa/
(2) Local onde antes estivera uma cruz (de que provavelmente já só restava a pilastra vertical, o braço caiu por um tufão) em memória dos acontecimentos de Junho de 1622, com os holandeses.
Carlos José Caldeira in Boletim do Governo, 28 de Junho de 1851, p.102, explica que a Missa de Acção de Graças (esta missa chamava-se de Vitória) é a mais antiga cerimónia histórica ligada ao local, porque tem a sua 1.ª edição no próprio ano da invasão, 1622, por voto tomado em Sessão e Termo na casa da Câmara. Cerca de 1844, a Missa passou a ser celebrada na Capela da Guia mas o Senado, mesmo assim, usava dar cinco patacas de esmolas e as crianças levavam flores e bandeiras ao local, também conhecido por Campo dos Arrependidos.
Campo dos Arrependidos, “pois era ali que noutros tempos, os condenados iam expiar no patíbulo, os seus crimes (Luís Gonzaga Gomes) (3) ou segundo Beatriz Basto da Silva “A zona chamava-se, por ter sido o recuo dos holandeses, o «Campo dos Arrependidos»”(5)
(3) GOMES, Luís Gonzaga – Páginas da História de Macau. Instituto Internacional de Macau, 2010, 357 p., ISBN: 978-99937-45-38-9.
(4) Sobre o Monumento ver:
http://nenotavaiconta.wordpre HYPERLINK “https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/monumento-da-vitoria/”ss.com/tag/monumento-da-vitoria/
(4) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XIX, Volume 3. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, Macau, 1995, 467 p (ISBN 972-8091-10-9)

Epidemia de peste bubónica – “A Junta de Saúde, em vista do aumento de casos de peste em Hong Kong, propõe-se que pelo Hospital Chinês (Hospital Kiang Wu) seja feita uma barraca-lazareto (1)  na Lapa e que os comandantes dos navios chegados declarem a existência de doentes a bordo. Resolve-se que a barraca só será construída quando não baste o edifício já existente. Perguntando o Governo se não era preferível a visita de saúde aos navios, a Junta pronuncia-se pela pouca conveniência desta medida.” (2)

Recorda-se que nas primeiras décadas do século XX, houve várias grandes epidemias no sul da China desde os grandes portos do mar abertos à navegação até os mais recônditos portos fluviais do rio Si-Kiang, (3) mantendo-se endémica durante 20 anos, entretida e agravada por frequentes importações do morbo. Esses picos quase sempre nos meses de Abril: em 1901, em 1909 (grande epidemia de peste bubónica) e  em 1913 (epidemia de cólera e peste). Pelas condições explicadas pelo capitão médico Peregrino da Costa e/ou por milagre (?) tiveram consequências mínimas em Macau (4)

(1) Lazareto – estabelecimento existente junto aos portos, onde se recolhiam os viajantes suspeitos de doenças contagiosas ou provenientes de países com epidemias para aí despistar a doença (quarentena). Em Macau designava-se também lazareto, o hospital onde se recolhiam os leprosos (existiram lazaretos na Colina de D. Maria II, na Ilha de D. João e em Coloane (Ka Hó), este o último a fechar.

Lazareto de D. Maria II 1907

A colina de D. Maria II com o seu forte e o lazareto
(Arquivo Científico Tropical: http://actd.iict.pt/view/actd:AHUD6899)
Foto atribuída a Man-Fook e possivelmente de 1907

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(3) Si Kiang / Xi Jiang / Hsi Chiang 西江 (mandarim pinyin: xi jiang; cantonense jyutping: sai1 gong 1 – rio do Oeste. Este rio (juntamente com o Bei Jiang 北江 (mandarim pinyin: bèi jiang; cantonense jyutping: baak1 gong1) – rio do Norte e Dong Jiang 東江 (mandarim pinyin: dong jiang; cantonense jyutping: dung1 gong1) – rio do Oriente formam o Zhu Jiang, 珠江 (mandarim pinyin: zhū jiāng; cantonense jyutping: zyu1 gong1 – rio Pérola, banhando toda a região denominada do Delta do Rio das Pérolas. Terceiro rio chinês em comprimento, embora não tão largo como o rio Amarelo – Huang He 黄河 (mandarim pinyin: huang he; cantonense jyutping: wong4 ho4) e o rio Yangtze- Chang jiang 长江 (mandarim pinyin: cháng jiang; cantonense jyutping: zoeng2 gong1), é contudo o segundo em caudal.
(4) Em relação à peste “Constata-se que, ao passo que em Hong Kong, a duração do período epidémico atinge em quási tôdas as recrudescência 6 a 7 meses, com casos esporádicos durante todo o ano, em Macau êste período atinge raras vezes 4 meses, decorrendo o seu período inter-epidémico na mais completa acalmia, o que faz crer na existência de condições naturais, climáticas ou outras e que se mostram eminentemente desfavoráveis à persistência do morbo ou à sua difusão. Constata-se também, que ao passo que em Hong Kong, apesar de persistentes e enérgicas medidas empregadas em debelar a peste, só ainda há bem pouco tempo, em 1923, se vê livre da endemia, Macau comparticipando em um agrande parte das mesmas condições nosológicas e mantendo com essa colónia uma comunicação por assim dizer permanente, não regista, desde 1915 um só caso de peste, causando êste facto a admiração das próprias autoridades sanitárias da colónia vizinha
COSTA, Peregrino da  –Epidemiologia de Macau in Anuário de Macau, 1927.

Foi inaugurado a 6 de Janeiro de 1933, o «Novo Asilo dos Órfãos», sob o patrocínio da Associação Pública de Protecção aos jovens Pobres e Órfãos, alimentada com cotas mensais, sessões  de animatógrafo e outras representações de benefício. Faltava um prédio adequado, porque o 1.º, ao Tap Seac, passou a ser o Liceu Central de Macau (1). Com a ajuda de muitas almas boas, entre elas o arquitecto Keil do Amaral e o Dr. Gustavo Nolasco da Silva (2), impulsionados por Pedro Paulo Ângelo, o Asilo foi instalado na Travessa dos Santos n.º 2 e encontrou quem lhe permitisse continuar. (3) (4).

Asylo dos ÓrphãosAsylo dos Orphãos na Rua Conselheiro Ferreira de Almeida (Tap Seac) (5)

O Asilo dos Órfãos foi criado em 1900 (Boletim Oficial n.º 15 de 14-04-1900), pelo Provedor da Santa Casa da Misericórdia, Pedro Nolasco da Silva tendo ficado a cargo da mesma Santa Casa e instalado em edifício próprio, ao Tap Seac.  A instituição foi extinta por medidas económicas em 1918, tendo recolhido e educado  ao todo 182 rapazes, alguns dos quais atingiram lugares inportantes dentro e fora de Macau. Um dos ex-protegidos, Pedro Paulo Ângelo, então fazendo parte da Mesa Directora da Sta. Casa, resolveu reerguer o Asilo e, após proposta em sessão, foi a mesma aprovada por unanimidade.

Assim em 14 de Julho de 1931, Pedro Paulo Ângelo inicia uma subscrição pública para reerguer o «Asilo dos Órfãos”.  Em 13 de Agosto de 1932, os Estatutos foram aprovados pela Portaria n.º 936 do Governo de Macau. Com a subscrição e mais algumas achegas finais, adquiriu-se uma soma de 10 mil patacas.

(1)   O Governo de Macau compra o edifício do Hotel Bom Vista, em 1923, à Santa Casa de Misericórdia por 82 585 patacas. O Liceu de Macau que estava funcionando neste edifício até aí, vai mudar-se para o Tap Seac.
Em 12 de Julho de 1924, o Liceu Central de Macau instala-se no prédio n.º 89 da Rua Conselheiro Ferreira de Almeida (Tap Seac). E aí ficará até à mudança para o novo Liceu (entretanto, em 1937, seria denominado Liceu Infante D. Henrique) construído no aterro da Praia Grande, junto da antiga Avenida Dr. Oliveira Salazar e inaugurado a 2 de Outubro de 1958.
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
Posteriormente com a inauguração do novo Liceu, o edifício passou a Repartição Provincial dos Serviços de Saúde e a Delegacia da Saúde, e depois Serviços de Saúde de Macau. Presentemente este é o Edifício do Instituto Cultural do Governo da  R.A.E.M. (Praça do Tap Seac)
Anteriores referências ao Liceu, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/liceu-nacional-infante-d-henrique/
(2)   Gustavo Nolasco da Silva (1909-1991), filho de Luis Gonzaga Nolasco da Silva (7.º filho de  Pedro Nolasco da Silva e proprietário da «Casa Branca», posteriormente Convento da Órdem do Precioso Sangue) era licenciado em Direito. Foi conservador do Registo Predial de Macau. Foi advogado da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia  (Cartório da Santa Casa).
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/09/postais-macau-artistico-iv/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/05/06/personalidade-pedro-nolasco-da-silva/
(3)   GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(4)   Uma entrada de Abril de 1936, na “Cronologia “ citado em (1) da Dra. Beatriz Basto da Silva, refere ainda nesta data, a localização do Asilo na Travressa dos Santos. No entanto já tinha projecto de construção do edifício destinado a esta obra de assistência. O projecto foi feito gratuitamente pelo arquitecto Keil do Amaral sendo-lhe destinado um espaço cedido gratuitamente por diligência do Governador Interino, Dr. João Ferreira Barbosa.
(5) Foto de Man-Fook.  Retirado do Arquivo Científico Tropical:
http://actd.iict.pt/view/actd:AHUD6878

Como de costume, toca amanhã, dia 12 de Junho de 1929, quarta-feira, na Avenida Vasco da Gama, a Banda Municipal, sob a regência do sr. João Franco. A Banda Municipal actuará o seguinte programa:

PROGRAMA

1.ª Parte

1. Marcha, The N. C.1 … … … … … … … … …  Bigelar
2. La Paloma … … … … … … … … … … … … Yradier
3. Selecção Havaiana … … … … … … … … …  Lake
4. Geraldina, Valsa … … … … … … … … … …. Lodge

2.ª Parte

5. Comédia Francesa, Abertura … … … … … … Keler-Bela
6. Chacone… … … … … … … … … … … … … Durand
7. Selecção de Melodias Espanholas … … … … Meyrelles
8. Dew-dew-dewy-day, Fox-trot … … … … … … Johnson

Man Fook Coreto 1907O Coreto da Avenida Vasco da Gama (Foto de Man Fook c. 1907)

No mesmo jornal (1), anunciava-se na coluna “Echos e Notícias
” E em vez de tocar neste sábado, dará no domingo imediato uma audição no adro da igreja de Sto. António, executando, sob a regência do seu director, sr. C. J. da Silva, um programa especial, que no proximo número publicaremos.
– Esta banda foi autorizada a adquirir um xilofone, devendo esta despesa sair da verba respectiva e não do fundo da Banda.”

(1) Jornal de Macau, 11 de Junho de 1929
NOTA: O “Jornal de Macau” iniciou a sua publicação a 02-05-1929, três vezes por semana.   Terminou em Setembro de 1931 (continuado pela “Voz de Macau”
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p., ISBN 972-8091-11-7

“A via pública, que principia no sítio onde se cruzam as Ruas da Praia Grande, Santa Clara e Formosa, e termina entre a Avenida Conselheiro Ferreira de Almeida e Rua Ferreira do Amaral, ao fundo da Calçada do Poço, é vulgarmente designada como o nome de Rua do Campo, por ter sido este o caminho que ia dar ao terreno aberto que ficava outrora fora das muralhas da cidade.
Os chineses chamam a essa rua Sôi-Hâng-Mêi (Extremo do Regato), nome que evoca, porventura, o facto de ter havido noutros tempos, algum fio de água que vertia pela encosta do Monte abaixo.

                          FOTO DE MAN FOOK – RUA DO CAMPO 1907

Ora contam que nessa rua existia um enorme casarão com um grande jardim, sendo seu dono um abastado chinês, mas depois da época de kuâi-tchân-ôk (os demónios abalam as casas), isto é, em que Macau foi visitada por uma assustadora série de abalos sísmicos, porém sem graves consequências , nunca mais ninguém ousou lá habitar, vindo o jardim desta vasta propriedade a ser aproveitado para se fazer o jardim de S. Francisco, que ficou separado do edifício por uma rua lateral.

                         HOSPITAL S. RAFAEL NA DÉCADA DE 60

A entrada principal do enorme casarão (1) ficava em frente do Hospital São Rafael (2) e o seu proprietário, que enriquecera com o negócio do sal, quando o mandou construir, julgou poder manter unida a sua família através de seis gerações. Infelizmente, à quarta geração, os seus descendentes foram obrigados a dispersar-se e a abandonar aquele casarão sem poderem satisfazer os desejos do seu ilustre ascendente.
O casarão possuía ao todo cinco entradas e trinta e um quartos e ninguém ousava habitá-lo por ser verificado que nele viviam vinte e oito almas penadas.
Como com o tempo, fosse aumentando o número dos espíritos da sombra, as pessoas incumbidas de tomar conta daquele inútil casarão, espalharam por todas as salas mil e um feitiços e pregaram e penduraram por todas as paredes inúmeros amuletos, a fim de ver se conseguiam, desta forma, evitar que o malfadado prédio continuasse a ser visitado por tão terríveis entes.
Efectivamente, durante algum tempo, os espíritos deixaram de aparecer mas, assim que descobriram a forma de anular os efeitos dos feitiços e amuletos, passaram outra vez a residir no casarão, tornando-o inabitável para os mortais.
Os herdeiros daquele casarão, que nada rendia, não olharam então a dinheiro e convidaram os mais afamados exorcistas e bonzos de todos as seitas, para celebrarem complicados esconjuros e encantações e entoarem demorados ensalmos, mas tudo foi baldado. Os bonzos acabaram por recomendar aos descorçoados proprietários para atravessarem a viga mestra do corpo principal do edifício com um espigão de ferro de oito braças de comprimento das quais seis deveriam ficar a descoberto no interior do edifício.
Este recurso também não deu resultado, pois, mal se escondia o sol, lá se ouvia por todos os cantos e recantos o perturbante mussitar dos fantasmas que decerto andavam segredando malévolos planos ou concertando misteriosas diabruras, e, na calda da noite, surgiam por entre a escuridade dos sobrados, estranhos vapores que se iam adensando, palatinamente, formando grossos novelos de impenetrável fumo que impediam a entrada de qualquer ousado visitante…” (3)
…………………………………………………………………..continua
(1) O casarão foi demolido.
(2) Hoje Consulado-Geral de Portugal.
(3) GOMES, Luís Gonzaga – Lendas Chinesas de Macau. Notícias de Macau, 1951, 340 p. ; 19 cm.
Este conto está também inserido no livro,  (CÉSAR, Amândio – Literatura Ultramarina, Os Prosadores. Sociedade de Geografia de Lisboa, Semana do Ultramar, 1972, 197 p., 20,5 cm x 15 cm.), já referenciado em post anterior:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/03/02/leitura-literatura-ultramari-na-dentro-do-barco-da-velha/