“Hoje dia 18 de Novembro do ano de 1934, aterrou cerca das 16.30 horas, no hipódromo  da Areia Preta, o tenente-aviador  Humberto da Cruz que, com o seu mecânico , 1.º Sargento Gonçalves Lobato, efectuou o voo Lisboa- Dili.” (1)
A viagem de 42670 Km foi de Lisboa (partida: Amadora) a Timor e depois na volta, Macau, índia até  Lisboa. Decorreu entre 25 de Outubro a 21 de Dezembro de 1934.
O Tenente-Aviador Humberto da Cruz publicou as peripécias da viagem num livro “A Viagem do Dilly” (2)

Por sorte nossa marcávamos, na Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, a primeira aterragem dos portugueses, entre lágrimas e sorrisos, entre «vivas» e palmas, entre abraços e saudações, saltámos do avião para todos recebermos num primeiro abraço que era, para eles, o abraço que lhe iamos levar. Sua Ex.ªa o Sr Governador ali estava, e com êle quanta gente!…(…)
Abrigado o avião no hangar improvisado, feito de panos de tenda, fômos para a cidade, onde nos queriam receber no Leal Senado . na sua sala nobre, repleta de gente, tanta quanta coube, foram-nos dadas as boas vindas pelo presidente, Sr. Dr. Luiz Nolasco da Silveira,…(2)

A aterragem em Macau foi na verdade a primeira a ser efectuada por um avião de Portugal já que os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais que efectuaram a anterior viagem aérea de 1924, chegaram a Macau por barco (3)
                             Macau visto de bordo do “Dilly” (4)

(1) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p., 18 cm x 12 cm
(2) CRUZ, Humberto da – A Viagem do “Dilly“. Edição especial, de 100 exemplares, em papel de luxo (que não foi posta à venda). Impressão Sintra Gráfica, de António Medina Júnior, 1935, 271 p., 28 cm x 18,5 cm.
(3) “25-06-1924 – Trouxe a canhoneira Pátria os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais que, no seu acidentado voo Lisboa – Macau, tinham caído, no dia 20, cerca das 15 horas , em Sàm-Tchân, a 45 milhas de Macau. Foram entusiasticamente recebidos por toda a população, desembarcando sob uma chuva de flores, entusiásticos vivas, estrepitoso estralejar de panchões e da música dirigindo-se todos ao Leal Senado para a sessão solene. Macau esteve em festa durante dias seguidos” (1)
(4) Esta foto foi realizada por José Neves Catela.
No dia seguinte, de manhã, por indicação de Sua Ex.ª o Governador, fui com o fotógrafo Catela – um artista no género – já consagrado por diversos trabalhos de vulto, dos quais podemos citar algumas fotografias de Macau que estiveram na Exposição Colonial do Pôrto, tirar algumas «fotos» de Macau e das ilhas. Levou com ele quatro boas máquinas e fez 180 impressões. Bom trabalho resultou desse voo.” (2)
NOTA: Sobre o fotógrafo José Neves Catela (1902-1951):
A partir dos anos 20 e 30, a fotografia começou a fazer parte do quotidiano de Macau. O fotógrafo português José Neves Catela viveu em Macau entre 1925 até 1941, Foi um fotojornalista de vários jornais e revistas e estabeleceu o seu próprio estúdio. E, deixou um espólio fotográfico de grande valor que documenta vários aspectos da cidade, sobretudo as antigas embarcações de Macau.”
http://www.mam.gov.mo/showcontent.asp?item_id=20111217010200&lc=2
Mais informações ainda em:
http://caderno-do-oriente.blogspot.pt/2011/02/ano-novo-chines-fotografias-de-jose.html

CORRECÇÃO EM 08-12-2014:
José Neves Catela faleceu aos 49 anos de idade, em Macau, a 1 de Fevereiro de 1951. Natural de Alpiarça, onde nasceu em 1902, encontrava-se em Macau desde 1921 sendo funcionário da Secção de Propaganda de Macau. (informação da revista MOSAICO)