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A pedido dos mandarins, em 27 de Setembro de 1564, os habitantes de Macau (entre 250 aa 300) aceitaram ajudá-los a combater os marinheiros da armada imperial chinesa estacionada Che lin (Dongguan) (1) nos arredores de Cantão que se revoltaram em Abril desse ano. (2) (3)

 Assim, cerca de 300 mercenários portugueses, a 7 de Outubro, partiram do porto de Macau com artilharia em juncos chineses. (4)

(1) “Numa carta oficial enviada ao governador Wu e referente a «uma armada de guerra com o fim de lançar o ataque sobre os rebeldes – a carta referia-se à revolta de Che-lin – o comandante Yu mencionava a presença de navios estrangeiros de Macau na frota que reprimira a rebelião” (2)

(2) FOK Kai Cheong – Estudos Sobre a Instalação dos Portugueses em Macau. Museu Marítimo de Macau/Gradiva, 1996, pp. 76-77 e 87.

(3) “Abril de 1564 – Rebelião interna nas costas da China-Guangdong. Questões de salário fizeram amotinar as tropas em Zhelin e estas, unidas a traficantes de sal e piratas de Hainan, moveram corso no litoral e saque a Cantão. A resolução de tão grave perturbação coube à conjugação de esforços das autoridades militares de Guangdong e à artilharia naval dos portugueses de Macau. A vitória foi alcançada a 7 de Outubro seguinte. “ (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 64)

(4) “1564-1565 – Os portugueses de Macau recebem um agradecimento formal pela ajuda prestada na luta contra a rebelião de 1564, mas não se livram de pagar 20.000 taiés de prata pela ancoragem dos seus navios, nem do “foro do chão” pelo uso da terra e do porto de Macau, que já vinha de 1559/ 1560 (500 taiés só para o foro). Recebem ainda a promessa de caso cumpram os direitos alfandegários, não lhes terem “tolhidos” os mantimentos, antes “dobrados”. Trata-se do fecho e abertura das “Portas do Cerco”. 1564 é, entretanto, o primeiro acontecimento documentado em que as autoridades chinesas se referem ao “estatuto de Macau” (Cfr Fok Kai Cheong, The Macao Formula…).” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, 3.ª edição p. 64)

NOTA: Sobre este episódio histórico, aconselho a leitura da crónica de José Simões Morais, publicada no «Hoje Macau» em 11-11-2019: https://hojemacau.com.mo/2019/11/11/derrota-das-amotinadas-tropas-chinesas/

Extraído de «BPMT», XIII-29 de 13 de Julho de 1872, p. 129

Um edital do Governo da Província, datado de 3 de Janeiro de 1849, fixava o lugar para o enterramento dos chineses em geral. O presente edital do Leal Senado de 10 de Julho de 1872 determinou que o Cemitério Chinês de S. Lázaro se fundisse no de S. Miguel (inaugurado em 1854) (1), onde desde essa data, passaram a enterrar-se todos os cadáveres dos finados católicos chineses e não chineses de Macau. Mas só em Maio de 1910 se fez a transladação dos restos mortais das 220 pessoas (pertencentes a 50 apelidos ou famílias), enterradas, entre os anos de 1849 e 1872, pelo menos, nesse Cemitério, que ficava entre a Rua de Volong e a da Horta da Companhia e ainda agora é recordado pelo nome de Estrada do Repouso. (2) (3) (4)

(1) “14-11-1854 – Inaugurou-se o cemitério de S. Miguel com o enterro do primeiro cadáver. Até aí os enterramentos dos católicos faziam-se nas paredes arruinadas da igreja de S. Paulo “ (Anuário de Macau, 1922, p. 33)

(2) Estrada do Repouso – “Este nome traz-nos à lembrança o antigo cemitério de S. Lázaro, fundado em 1849, que ficava entre a Rua do Volong e a da Horta da Companhia. Este cemitério serviu até 1873 pelo menos.” (2)

(3) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997, p. 271-272

(4) “Devido aos cristãos chineses levarem os mortos e pessoas gravemente doentes para a Capela de S. José, o padre de S. Lázaro queixou-se ao Bispo que, em 26 de Maio de 1847, oficiou o Provedor da Santa Casa. Assim se conseguiu um novo terreno onde se construiu uma escola e um necrotério, dependente da Capela de S. José. Dois anos depois foi aberto o Cemitério de S. Lázaro onde 220 cristãos chineses estiveram sepultados até 1910, quando foram transladados para o de S. Miguel Arcanjo, inaugurado em 1854, no outro lado da Estrada do Cemitério.” (MORAIS, José Simões – O sentir de aldeia no Bairro de S. Lázaro, publicado na Revista «Macau”, Agosto de 2014 e disponível para leitura em: https://www.revistamacau.com.mo/2014/08/20/o-sentir-de-aldeia-no-bairro-de-s-lazaro/

Continuação da divulgação dos postais da colecção “A Harmonia das Diferenças” – fotografias do princípio aos meados do século XX (1902 -1950) – publicados pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. M / Arquivo Histórico de Macau, em 2015. (1)

Hoje, duas fotografias referentes ao ano de 1926, especificamente relacionadas à Exposição Industrial e Feira de Macau, projectada pelo Governador de Macau Dr. Rodrigo Rodrigues (1923-1924) já em 1923, mas que por vicissitudes várias só permitiram a sua concretização em 1926.. Esteva aberta de 7 de Novembro a 12 de Dezembro de 1926, quando o Director da Construção do Porto, Hugo de Lacerda, estava em funções como Governador Interino. (2)

Entidades no acto inaugural da Feira Industrial de Macau de 1926. “No estrado central tomaram assento o Governador da Colónia, tendo à sua direita o Governador do Bispado, Reverendo A. J. Gomes, o Presidente do Leal Senado Damião Rodrigues e à esquerda, o Presidente da Comissão da Exposição, o Engenheiro Carlos Alves, o Professor Chan, representante da Associação Comercial Chinesa e o Sr, Frederick Gellion, manejante da Macau Electric.”(3)
Verso do postal
Pavilhões das escolas de Macau na Feira Industrial de Macau, de 1926
Verso do postal

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/03/12/postais-coleccao-macau-a-harmonia-das-diferencas-i/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2020/03/16/postais-coleccao-macau-a-harmonia-das-diferencas-ii/

(2) Ver anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/exposicao-industrial-e-feira-de-macau/

Outras referências: MORAIS, José Simões – A Exposição Industrial de Macau de 1926. HojeMacau de 4-11-2016 https://hojemacau.com.mo/2016/11/04/a-exposicao-industrial-de-macau-de-1926/ BOTAS, João – A Primeira Feira Industrial de Macau (1926). JTM de 20-11-2014 https://hojemacau.com.mo/2016/11/04/a-exposicao-industrial-de-macau-de-1926/

(3) https://hojemacau.com.mo/2016/11/11/discurso-de-abertura-da-exposicao-industrial-de-macau/