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«TSYK» I-33, 19 de Maio de 1864,.

NOTA: Nesta data, o Governador Coelho do Amaral encontrava-se ausente do território., Partiu em missão diplomática, a 26 de Abril de 1864 como Ministro Plenipotenciário  para Tientsin para a troca das ratificações do tratado (Tratado de Tianjin -天津 条约), de 13 de Agosto de 1862 (assinado pelo ministro plenipotenciário e anterior governador do território, Isidoro Francisco Guimarães). No dia 14 de Maio, partiu de Shanghai para Tientsin. Os plenipotenciários chineses declararam em Tientsin a intenção do seu Governo de não o ratificar. Coelho do Amaral protestou, em 18 de Junho, contra a recusa nomeadamente as objecções dos delegados chineses relativamente à interpretação do artigo nono. Eles defendiam que Macau não podia deixar de ser considerado um território chinês, Coelho do Amaral regressou a Macau, sem o ratificar.
Sobre o Governador José Rodrigues Coelho do Amaral,  de  22 de Junho de 1863 a 25 de Outubro de 1866, ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-rodrigues-coelho-do-amaral/

No dia 24 de Abril de 1864, virou-se, no rio de Macau, a barca portuguesa «Tremelga», por estar à cunha e sem lastro a bordo (1)
A barca Tremelga de 371 ton., comandado por G. Marques, deu entrada a 25 de Junho de 1863 no porto de Macau, vindo de Singapura, tenho ancorado no rio. O consignatário da barca era L. Marques.

TSYK, I-30, 28 de Abril de 1864

O relatório do sinistro elaborado em 3 de Maio pelo Capitão do Porto de Macau, João Eduardo Scharnichia (2) de 1864 e dirigido ao Presidente do Conselho do Governo, Dr. João Ferreira Pinto (3) foi publicado no «Boletim Governo de Macao», X-19 de 9 de Maio de 1864, p. 75.

O mesmo Boletim traz o “Expediente Geral” n.º 124, assinado pelo secretário do Governo, Gregório José Ribeiro, de 4 de Maio de 1863 (sic) que confirma a recepção do relatório e aprova as medidas que foram tomadas por João Eduardo Scharnichia desde que o sinistro teve lugar até que o navio voltasse à sua posição natural, bem como louvar os indivíduos indicados no ofício.

«TSYK» I-36 de 9 de Junho de 1864

(1) GOMES. Luís G. – Efemérides da Historia de Macau, 1952.
(2) Ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-eduardo-scarnichia/
(3) Na ausência do Governador José Rodrigues Coelho do Amaral (de 22-06-1863 a 25-10-1866) que partiu de Macau a 26 de Abril de 1864, para Tientsin, (4) como Ministro Plenipotenciário Enviado Extraordinário de Portugal na China, na intentada missão das ratificações do tratado de 13 de Agosto de 1862, o Conselho do Governo foi chefiada pelo Dr João Ferreira Pinto, como aconteceu anteriormente aquando da partida do anterior governador Isidoro Francisco Guimarães em 30 de Janeiro de 1863 até à chegada do governador Coelho do Amaral em 22 de Junho de 1863.
Sobre o governador José Rodrigues do Amaral, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-rodrigues-coelho-do-amaral/
(4) O Conselheiro Isidoro Francisco Guimarães, governador de Macau de 1851 a 1863 presidiu à missão diplomática que partiu de Macau em 23 de Abril de 1862, chegando a Xangai a 3 de Maio e a Tien-Tsin a 26 do mesmo mês. O Tratado de Tien-Tsin (天津 条约 – Tratado de Tianjin) foi assinado a 13 de Agosto. Regressou a Macau em 9 de Setembro.

No dia 19 de Novembro de 1864, foi entusiasticamente recebido e com grandes festejos o Corpo do Voluntários Artilheiros de Hong Kong, (1) armados e com artilharia, (fizeram exercício no campo de S. Francisco) sob o Comando do Coronel Lindesay Brine. (2) Durante os três dias de permanência (chegou a 19 e partiu a 21) fizeram-se em Macau grandes festas, reinando a melhor camaradagem e cordialidade entre portugueses e ingleses. (3) (4)

“Visit of the Hong-Kong Volunteer Corps to Macao, the Parade in Front of the Pavilion” (4)

Após esta visita, o Corpo de Voluntários de Hong Kong, no dia 24 de Junho de 1866, ofereceu em Macau uma espada ao Governador José Rodrigues Coelho do Amaral como sinal de reconhecimento, pela cordial recepção que teve nesta cidade nessa visita. (5) (6)
Esta mesma visita mereceu também uma referência na “Carta da Tia Pancha a Nhim Miquela” escrita em «3 de janero de 1865» (7):
Outro dia Voluntario inglez d´Hong Kong já vem Macáo! Qui lai di bonito! eu já vai olá também. Macáo parece França, tudo gente fallá. Tem tifin (8), revista di tropa, salva de vinte un há tiro, balsa (9) à note qui bonito, gastá cô tudo aquelle flamancia três mil fóra pataca. Algum gente qui nunca gostá assilai cuza, (10) já vai olá cova de Sam Francisco Xavier (11) eu tamêm muito querê pra santo, mas nunca vai“
(1) O Regimento de Hong Kong, também conhecido como “Os Voluntários”(“The Royal Hong Kong Regiment (The Volunteers) –  皇家香港軍團(義勇軍”), foi formado em Maio de 1854 aquando da redução militar da guarnição inglesa em Hong Kong devido à Guerra da Crimeia. Devido aos frequentes ataques dos piratas na costa da China, para manutenção da ordem, foram chamados voluntários para incorporação num regimento. No total de 99 europeus foram recrutados, a maioria de nacionalidade britânica, mas também portugueses, escandinavos e alemães. O regimento foi desmobilizado e reactivado conforme as necessidades até que em 1878 definitivamente se institui uma força militar denominada “Hong Kong Artillery and Rifle Volunteer Corps” e depois em 1917 como “Hong Kong Defence Corps”- a única força militar existente em Hong Kong durante a I Grande Guerra.
https://en.wikipedia.org/wiki/Royal_Hong_Kong_Regiment
http://www.rhkr.org/history/
(2) Almirante Lindesay Brine (1834-1906) oficial da Armada Real Britânica. Tenente em 1854, “Commander” em 1862, “Captain” em 1868, Vice Almirante em 189. Retirado em 1894. Foi depois nomeado Almirante em 1897. Nomeado comandante da canhoneira “Opossum” que estava em serviço nas águas da Índias Orientais e China, em 1 de Maio de 1860 e depois colocado em Hong Kong, no Corpo de Voluntários. Em 27 de Maio de 1865 nomeado comandante do  “HMS Racer” estacionado no Mediterrâneo.
É autor do livro “The Taeping Rebellion In China; A Narrative Of Its Rise And Progress, Based Upon Original Documents And Information Obtained In China
(3) GOMES, Luís G – Efemérides da História de Macau, 1954)
(4) Ver anterior postagem sobre esta mesma visita “Notícia da visita a Macau do dia 19 a 21 de Novembro de 1864 do Corpo de Voluntários de Hong Kong”, publicada no suplemento do dia 21 de Janeiro de 1865 do jornal «The Illustrated London News»”, em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/01/19/noticias-de-19-a-21-de-janeiro-de-1865-visita-do-corpo-de-voluntarios-de-hong-kong-a-macau/
(5) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 3, 1995.
(6) Ver anterior postagem em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/06/24/noticia-de-24-de-junho-de-1866-oferta-duma-espada-ao-governador-coelho-do-amaral/
(7) Ta-Ssi-Yang –Kuo  Tomo I. p. 324.
(8) Tifin – o mesmo que “lunch”
(9) Balsa – fogo de artifício chinês, muito comum em Macau até à década de 20 (séc. XX) depois caiu em desuso. Este fogo de artifício era chamado porque os foguetes eram colocados em balsas ou baldes Construía-se uma armação em bambu, espécie de torre de dois ou três andares, e em cada andar punha-se uma balsa de foguetes. Acendia-se a primeira, esta ao explodir pegava fogo à segunda e assim sucessivamente. (BATALHA, Graciete Nogueira – Glossário do DIalecto Macaense. Coimbra, 1977).
(10) Assilai cuza – duma tal coisa.
(11) Cova de Sam Francisco Xavier – refere-se à antiga sepultura do Santo na Ilha de Sanchoão e à peregrinação que os macaenses fizeram a essa ilha em Novembro de 1864.
Ver anterior postagem em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/12/03/noticia-de-3-de-dezembro-de-1866-a-cruz-dos-macaenses-na-ilha-de-sanchoao

Extraído do «B. G. M.», XII-43, 1866.

No dia 24 de Agosto de 1866, o Corpo de Voluntários de Hong Kong ofereceu em Macau uma espada ao Governador José Rodrigues Coelho do Amaral como sinal de reconhecimento, pela cordial recepção que tiveram nesta cidade, na sua visita em 19 de Novembro de 1864. Na mesma ocasião foi entregue ao Sr. Presidente da Câmara Municipal uma escrivadinha de prata que pelo mesmo motivo foi oferecida à municipalidade.(1)
B. G. M. XII-26 , 1866,

(1) Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/01/19/noticias-de-19-a-21-de-janeiro-de-1865-visita-do-corpo-de-voluntarios-de-hong-kong-a-macau/

Continuação da publicação dos postais constantes da Colecção intitulada “澳門老照片 / Fotografias Antigas de Macau / Old Photographs of Macao”, emitida em Setembro de 2009 pelo Instituto Cultural do Governo da R. A. E. de Macau/Museu de Macau (1)
Em 1864 forma demolidos o convento e a igreja de S. Francisco. Esta demolição fora autorizada por portaria do Ministro da Marinha e Ultramar de 30 de Março de 1861, para se construir ali um quartel para o Batalhão de 1.ª linha. O desenho do quartel e do forte de S. Francisco, no lugar do antigo edifício são da autoria do Governador José Rodrigues Coelho do Amaral que também dirigiu as obras. (2)
A 1 de Janeiro de 1976, foi ali instalado o Comando das Forças de Segurança.
加思欄兵營 – mandarin pīnyīn: jiā sī lán bīng yíng; cantonense jyutping: gaa1 si1 laan4 bing1 jing4
澳門十九世纪九十年代 – mandarin pīnyīn: ào mén shí jiǔ  shì jì jiǔ shí nián dài; cantonense jyutping: ou3 mun4  sap6 gau2 sai3 gei2 gau2 sap6 nin4 doi6
(1) Ver anterior referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/04/15/postais-coleccao-%E6%BE%B3%E9%96%80%E8%80%81%E7%85%A7%E7%89%87-fotografias-antigas-de-macau-old-photographs-of-macao-i/
(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. III, 1995.

Notícia da visita a Macau do dia 19 a 21 de Novembro de 1864 do Corpo de Voluntários de Hong Kong, publicada no suplemento do dia 21 de Janeiro de 1865 do jornal “The Illustrated London News”.

VISIT OF THE HONG KONG VOLUNTEER CORPS TO MACAU.
THE PARADE IN FRONT OF THE PAVILLON

O jornal “Echo do Povo” no seu n.º 68 de 15-07-1860 clamava o seguinte:
Mandam para Africa umas 50 mil patacas tiradas da caixa pública de Macau; empregam uma 25 mil patacas para edificar um palácio para o governador (1) e falla-se já em gastar mais de 50 mil para construir um novo quartel (2), e não querem gastar nem um real para a instrução da colónia, donde procede todo esses dinheiros!!! — Esta injustiça clama aos céos”.
Em 24 de Março de 1861, o mesmo jornal voltava a debruçar no lastimoso estado em que se acha a instrucção publica em Macao”.
E acrescentava:
As cincoenta mil patacas que mandaram para Angola, não eram mais que bastantes para dotar um collegio (havendo já edifício adequado para tal fim) tal qual Macao precisa? Extranhamos por certo a apathia e o indesculpável desleixo de S. exa. O Sr. Governador Guimarães e de dois seus antecessores, o sr Adrião e o sr Pegado, em cujo tempo a caixa publica tinha para dispender. A esses senhores cabe toda a responsabilidade do estado de embrutecimento, em que se acham hoje os mancebos de Macao. Temos vitos filhos de pessoas de alta classe da sociedade, vadiando, ou quando muito, tornarem-se locheiros, soldados de policia, chuchaeiros (3) e abraçarem as cupações ruins d´esta classe, por falta de prestimo (causada pela falta de ensino) para ocupar cargos honrosos”.
Finalmente por iniciativa particular, o capitalista macaense Visconde do Cercal (então Barão do Cercal) resolveu promover meios para fundar uma escola. Para esse fim fez correr uma circular com data de 15 de Fevereiro de 1861, em que expunha o plano da projectada escola, solicitando ao mesmo tempo a coadjuvação pecuniária do público. Conseguiu-se em poucos meses obter um capital de mais de vinte mil patacas, e, em pouco tempo, foram mandados vir de Portugal dos professores das línguas portuguesa, francesa e latina e de Inglaterra um professor Inglês (“um bom mestre da língua inglesa, que é mesmo tempo da religião católica e natural de Londres”) (4)
A escola “Nova Escola Macaense” foi inaugurada no dia 5 de Janeiro de 1862, à 1 hora da tarde, nas “cazas de Escola, na Rua Central, – vasto edifício muito acertadamente escolhido”. A cerimónia constou de um pequeno discurso lido pelo secretário da Comissão Directora da Escola, António Marques Pereira, (5) por parte da mesma Comissão; de uma larga oração, também lida, pelo Padre António Vasconcellos, professor da Escola; (6) e de uma falado Juiz de Direito de Macau, findo o que o Barão do Cercal declarou inaugurada a Escola. Terminada a cerimónia, deu o Barão de Cercal um lauto almoço, durante o qual a banda do batalhão de linha tocou escolhidas peças de música. Assistiram a esta festa, o governador, algumas senhoras e muitos funcionários e principais cavalheiros de Macau.

(Boletim do Governo de Macau, Anno VIII, n.º 6, 1862)

Mas a Escola foi de curta duração pois a 21 de Outubro de 1867, era encerrada. A 29 de Setembro de 1867 reuniram-se os subscritores desta escola para deliberar sobre a aplicação a dar ao dinheiro, visto que em 21, mês seguinte expirava o contrato feito por 5 anos com os professores da mesma. (7)
Retirado de TEIXEIRA, Padre Manuel – A Educação em Macau, 1982.
(1) O antigo Palácio do Governo na Praia Grande foi construído por Isidoro Francisco Guimarães, Visconde da Praia Grande e Governador de Macau (1851-1863).
(2) Foi José Rodrigues Coelho do Amaral, Governador de Macau (1863-1866), que executou esse plano: em 1864 mandou demolir o convento e a igreja de S. Francisco para construir ali o Quartel de S. Francisco.
(3) Chuchaeiros = porqueiros. Do chinês (cantonense) “chu-chai”, 豬仔 – pequeno suíno, isto é leitão, (segundo Padre M. Teixeira na obra consultada). Mas poderá ser também referente ao trabalhador ou “cule” chinês, antigamente embarcado, teoricamente sob contrato, de Macau, Hong K).ng e outros portos do Sul da China, para a América Central, mormente Cuba, e outras terras distantes (BATALHA, Graciete – Glossário do Dialecto Macaense, 1977.
(4) Terá sido o inglês Arthur R. Montgomery que em 1867, no mesmo dia do encerramento da escola, em 21 de Outubro de 1867, colocou um anúncio no «Boletim da Província de Macau e Timor», XII-n.º 42 : “informar ao publico de Macau que elle se acha prompto a dar lições em cazas particulares, ou em sua própria residência, em qualquer hora que fossem convenientes”
(5) O discurso foi publicado no Boletim do Governo de Macau, VIII n.º 6, 1862.
(6) O discurso do Padre Vasconcelos foi publicado no Boletim do Governo de Macau, nos n.ºs 7 e 8 do ano VIII.
O Pe António Augusto Maria de Vasconcelos veio para Macau em 1862 como professor da Escola Macaense, Foi dado o seu nome a uma rampa existente na Guia, um pouco além do início da Estrada de Cacilhas, “Rampa do Padre Vasconcelos”.
Ver anterior referência em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/rampa-do-padre-vasconcelos/
(7) O capital remanescente dos fundos da “Nova Escola Macaense” na importância de $ 9 417,53 foi entregue por Alexandrino António de Melo à Associação Promotora da Instrução dos Macaenses para a fundação de um colégio para instrução dos macaenses – Collegio Comercial – e que viria depois a ser denominado “Escola Comercial”.

No dia 26 de Dezembro de 1865, o Governador José Rodrigues Coelho do Amaral presidiu, em Hong Kong, à festa solene da colocação da primeira pedra do edifício do Clube Lusitano, situado em «Shelly Street». (1)
O Boletim do Governo de Macau (2) de 1 de janeiro de 1866 noticiava o nascimento do Clube Lusitano:

«Club Lusitano» no cruzamento da «Shelley Street» e «Elgin Street».
http://www.clublusitano.com/history/

(1) O Clube Lusitano em Hong Kong foi inaugurado um ano depois, a 17-12-1866, pelo Governador José Maria da Ponte e Horta. A sede em «Shelly Street» duraria até 1920, ano em que foi transferida para «Ice House Street». Foi seu 1.º Presidente Francisco José Vicente Jorge.
Sobre o Clube Lusitano de Hong Kong ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/clube-lusitano-de-hong-kong/
http://www.clublusitano.com/history/
(2) Extraído de «Boletim do Governo de Macau» XII-n.º 1, 1866.

O novo governador, José Maria da Ponte e Horta (1) que tomou posse a 26 de Outubro de 1866 substituindo o anterior, José Rodrigues Coelho do Amaral, visitou os estabelecimentos públicos do território, na semana de 5 a 9 de Novembro de 1866, conforme notícia publicada no Boletim do Governo de Macau (2)
Visitou no dia 5 de Novembro, o palácio episcopal e o “asylo” dos pobres; no dia 6, a Nova Escola Macaense, o Seminário Diocesano e o Colégio da Imaculada Conceição; no dia 8, a Repartição dos incêndios e os quartéis de polícia de mar e terra; e no dia 9, o Mosteiro de Santa Clara.
Em relação aos estabelecimentos visitados e durante o curto mandato deste governador foram emitidos os seguintes despachos: (3)
Nova Escola Macaense: o governador nomeou em 26 de Novembro de 1866, uma comissão composta por Francisco de Assis e Fernandes, presidente; cónego António Marai de Vasconcelos, secretário; João Eduardo Scarnichia, Gregório José Rodrigues e Francisco Joaquim Marques para elaborar um projecto de Regulamento para a Nova Escola Macaense. Infelizmente por falta de meios para a sustentar a Nova Escola Macaense foi encerrada a 21 de Outubro de 1867.
Seminário Diocesano: foi autorizada por Portaria Régia de 21 de Abril de 1868, a fundação duma escola de português para chineses, paga pelo cofre do Seminário Diocesano e superintendida pelo reitor do mesmo.
Colégio da Imaculada Conceição: pela Portaria Provincial n.º 1 de 7 de Janeiro de 1868, foi permitido ao Colégio da Imaculada Conceição continuar aberto enquanto os seus meios o viabilizarem, regendo-se, nesse caso, pelos estatutos que datava de 26 de Dezembro de 1863.
Repartição dos incêndios: em 18 de Março de 1867, foram aprovados provisoriamente, por Portaria Régia, algumas providências do governo de Macau sobre o serviço de incêndios.
Quartéis de polícia de mar e terra: o Batalhão de Macau tomou posse a 30 de Dezembro de 1866 do seu novo quartel construído no lugar do antigo Convento de S. Francisco (desenho e sob a direcção do antigo governador Coelho do Amaral); o Corpo de Polícia de Macau foi, por Portaria de 18 de Outubro de 1867, mandado instalar no Convento de S. Domingos.
(1) José Maria da Ponte e Horta (1824- 1892) foi nomeado governador de Macau em 17-07-1866 (Decreto Régio da mesma data em que é exonerado o governador Coelho do Amaral) e chega a Macau, vindo de Hong Kong a bordo da canhoneira «Camões» em 26 de Outubro de 1866. Acumulou o cargo de enviado extraordinário e ministro plenipotenciário junto dos imperadores da China e Japão e rei do Sião sendo condecorado, a 16-12-1867, por este último com a insígnia do “Elefante Branco.” Por Decreto Régio de 16-05-1868, é exonerado, a seu pedido, e sido substituído pelo Vice-Almirante António Sérgio de Sousa que só chegou a Macau a 1-08-1868 e tomado posse a 3 de Agosto de 1868. Ponte e Horta partiu para Hong Kong a 6 de Agosto de 1868, no «White-Cloud» e dali para a Europa, a 7 no «Malaca».
Foi depois nomeado governador de Cabo Verde em Fevereiro de 1870 e governador de Angola entre 1870 e 1873.
(TEIXEIRA, Padre Manuel – Toponímia de Macau, Volume II, 1997)
Outras referências anteriores deste governador neste blogue:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-maria-da-ponte-e-horta/
(2) Do «Boletim do Governo de Macau» XII-46 de 12/Novembro /1866 p. 188.
Por Decreto de 26 de Novembro de 1866, a cidade de Macau e o território português da  Ilha de Timor passaram a constituir uma só província denominada de «Província de Macau e Timor». Os Boletins no entanto, só passaram a serem designados: «Boletim da Província de Macau e Timor» a partir do ano XIII, n.º 7 de 18 de Fevereiro de 1967.
(3) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, 1995.
NOTA: O «Diário Illustrado» de 17 de Março de 1892, aquando do falecimento deste governador, a 9 de Março, vítima de uma “paralysia”, referia o seguinte:
O finado era cavalheiro muito conhecido em Lisboa pela sua vasta erudição de que falam bem alto os muitos trabalhos literários e scientíficos que deixou.
“Matemático distincto, regia na escola polytecnica de Lisboa a quarta cadeira d´esta sciencia.
Desde 1880 que tinha assento na camara dos pares, onde a sua voz, por vezes, se fez ouvir. Era actualmente vice-presidente da academia real das sciencias, onde fez varias conferencias, sendo umas das mais notáveis a que teve por titulo ”Conferência acerca dos infinitamente pequenos (publicado em livro em 1884). Era general de divisão reformado e condecorado com várias ordens militares …”
Em Macau, ficou a recordá-lo na toponímia, a Praça de Ponte e Horta – 柯邦迪前地 (nome oficial) mas mais conhecido em Macau por 司打口 –.“Si Tá Hau”, (4) situada entre as Rua das Lorchas, do Bocage e do Tesouro, (data de 1867, os últimos aterros que iam das Portas do Cerco até à Barra, nomeadamente o aterro dos canais que existiam nessa zona) local onde havia um Porto-cais de Colecta de Impostos a todos os produtos importados, alguns exclusivos para a importação do ópio (e onde estava a “Fábrica do Ópio”)
(4) 柯邦迪前地 – mandarim pīnyīn: kē bāng dí qián dì; cantonense jyutping: o1 bong1 dik6 cin4 deng6.
司打口mandarim pīnyīn: sī dá kǒu; cantonense jyutping: si1 daa2 hau2 – tradução literal: entrada/porta de controle/colecta.