Archives for posts with tag: José M. Sarmento Beires

Apresento um folheto papel-cartão (cartolina) distribuído em Lisboa e Macau aquando do raid aéreo Lisboa-Macau-Lisboa, em Janeiro de 1987; em português e chinês Desenho de Carlos Marreiros. No local destinado a autógrafos, três assinaturas, não legíveis.

Dimensões: 39,5 cm (dobrada 28,8 cm) x 13,5 cm

O monomotor “Sagres” partiu de Lisboa a 11 de Janeiro de 1987 e chegou a Macau em 6 de Fevereiro, no Aterro da Concórdia em Seac Pai Van (Coloane). O regresso a Lisboa foi a 15 de Fevereiro do mesmo ano. (1) O avião com Jorge Cruz Galego, Arnaldo Alves Leal e Álvaro M. Prata Mendes, percorreu cerca de 15.000 Km em 27 dias (tempo total de vôo: 65H30), com 23 aterragens.(2)  

(1) VER postagem anterior de 15-02-2013 deste raid aéreo; https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/02/15/noticia-de-15-de-fevereiro-de-1987-partida-do-monomotor-sagres/

(2) VER postagem anterior de 06-02-2016: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/02/06/noticia-de-6-de-fevereiro-de-1987-autocolan-te-raid-aereo-lisboa-macau-lisboa-1987/

O Centro da Aviação Marítima de Macau foi criado pelo Diploma Executivo n. 22 de 14-06-1928 (publicado no Boletim Oficial  da Colónia de Macau, n.º 24 de 16-06-1928),  após autorização de Lisboa da passagem dos Serviços da Aviação da Marinha de Guerra (1) para a Marinha Privativa da Colónia, do material, pessoal e equipamento do anterior centro, em 1 de Maio de 1928,
O chefe dos Serviços de Marinha em 1928, apetrechou o Centro com dois aviões (Fairey equipados com motor Rolls Royce) (2) e metralhadoras antiquadas) e um quadro de pessoal europeu que nunca ultrapassou a meai dúzia (o diploma no seu artigo 3, estipulava um quadro de 8 elementos)  um piloto (o primeiro-tenente, José Cabral) (3) dois sargentos (um deles, o ajudante  de carpinteiro Joaquim Carpeita), dois cabos e um Havia ainda ao serviço, seis loucanes e um guarda africano, um cavalo e algumas cabras que quando em liberdade, insistiam em destruir as árvores e plantas do jardim da Taipa perante o desespero e indignação do comandante da Aviação Naval.(4)

A leste da Taipa Grande, onde é hoje a Avenida da Praia, esteve até 1940, estabelecida a base da aviação naval da Colónia.

(1) Em 1927, havia apenas três centros de Aviação naval dependentes do Chefe dos Serviços de Marinha de Guerra: Lisboa, Aveiro e Macau.
(2) Em abril de 1927, por necessidade de vigilância das águas territoriais, face à pirataria e às contingências da guerra civil na China, foi estabelecida uma Secção da Aviação Naval em Macau sob o comando de José Cabral, com ao três hidroaviões Fairey (um deles era o “Santa Cruz”, o F – 17 que fez a travessia do Atlântico Sul, com Gago Coutinho e Sacadura Cabral) baseados na Ilha da Taipa.O avião “Santa Cruz” regressou a Portugal em 1928. A extinção dessa unidade aviação-naval foi em Abril de 1933.

Fairey IIID

(3) José Cabral, primeiro-tenente, ex-combatente da I Grande Guerra, de “valentia indispensável para ser o único que só tinha aviões decrépitos que nunca caíram.”, em Macau de 1928 a 1931, (4)  esteve integrado inicialmente num projecto inicial de Sacadura Cabral, de viagem aérea à volta do mundo, que retomado em 1926 pelo major Sarmento de Beires (travessia aérea Lisboa-Macau, em 1924) (5)  viria a transformar-se na 1ª travessia nocturna do Atlântico Sul, mas por ter sido colocado em Macau, foi substituído pelo capitão Dovalle Portugal.
(4) , Luís Andrade de – Aviação em Macau, um século de aventuras, 1990.
(5) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-m-sarmento-beires/
Outras referências ao Centro de Aviação Naval
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/centro-de-aviacao-naval/

O “semanário de propaganda e defeza das colonias” a «Gazeta das Colonias», n.º 2 de 10 de Julho de 1924 apresentava no frontispício  como “Monumento Colonial”, as Ruínas de S. Paulo ”

GAZETA COLÓNIAS I-2 10-07-1924 RUÍNA S. PAULOMACAU – Fachada do antigo convento de S. Paulo”

No seu interior,  pp. 15-17, um artigo sobre o «raid» Lisboa – Macau (que no seu nº 1 de 19 de Junho de 1924  já noticiara) (1) e o que sobre ele disse o almirante Gago Coutinho.
“Terminada a viagem dos heroicos aviadores Brito Pais e Sarmento de Beires , mal apagadas ainda as ultimas manifestações do entusiasmo, em que o País inteiro vibrou, procurámos colher sobre o valôr do brilhante raid as impressões de alguem que pudesse dar-nos uma opinião segura , imparcialmente formada  nos moldes da técnica, liberta de quaisquer tendencias que pudessem desvirtua-la
GAZETA COLÓNIAS I-2 10-07-1924 Raid Lisboa-Macau IFoi junto do ilustre aviador, sr. Almirante Gago Coutinho …(…)
« Sairam daqui três dias depois de mim. Chegaram três dias depois de mim – e, no mesmo tempo, andaram o dobro do que eu andei…»
«Politicamenteo raid tem valôr, por elevar os Portugueses no conceito dos povos do Oriente, forçando a China a dar-nos importancia e a considerar-nos capazes de fazer o mesmo que fazem os outros europeus.
Comercialmente não se me afigura que seja grande a importancia do raid, visto no estado dos transportes para a China, tanto de passageiros como de mercadorias, por meio de vapores do que por avião.
Não há tam pouco correspondencia postal entre Lisboa e Macau que possa pagar o transporte aéreo. Isto memso se aplica às carreiras aéreas entre Lisboa e o Rio »

GAZETA COLÓNIAS I-2 10-07-1924 Raid Lisboa-Macau IIA Gazeta das Colonias presta hoje as suas sinceras homenagens aos intrepidos aviadores, majores Brito Pais e Sarmento de Beires e ao seu habil e dedicado mecânico, alferes Manuel Gouveia os quais pelo brilho e pela bravura com que empreenderam e rialisaram a travessia Lisboa-Macau foram lá longe, no Extremo Oriente, aviventar o prestigio do nome de Portugal e mostrar ao mundo que na velha Raça Portuguesa ainda perduram as virtudes que a tornaram grande

GAZETA COLÓNIAS I-2 10-07-1924 Raid Lisboa-Macau IIIAlferes Manuel Gouveia
O habil mecanico, cuja dedicação muito contribuiu para o bom exito do raid.

E terminando, Gago Coutinho disse:
« Julgo que não devemos desanimar e que convém continuar os raids aéreos, que mais nos dizem respeito, como são o triângulo Lisboa-Madeira-Açores, a travessia de África, Moçambique-Angola e vice-versa e a viagem Lisboa-Cabo Verde-Guiné -Lisboa.»
GAZETA COLÓNIAS I-2 10-07-1924 Raid Lisboa-Macau IV

Major Cifka Duarte

Ex-Director da Aeronautica Militar, o grande propagandista do «raid», que auxiliou com uma tenacidade admirável

(1) Ver: https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/08/22/macau-na-imprensa-portuguesa-de-1924-a-gruta-de-camoes-e-o-raid-aereo-lisboa-macau/

GAZETA COLÓNIAS ! 19-06-1924 OS LUSÍADASO “semanário de propaganda e defeza das colonias” a «Gazeta das Colónias», n.º 1 (ESPECIMEN) de 19 de Junho de 1924 apresentava na pág. 10 um artigo de João da Silva Correa,  intitulado “OS LUSIADAS e a politica colonial portuguesa”   com uma foto da “Gruta de Camões em Macau“.
GAZETA COLÓNIAS ! 19-06-1924 GRUA DE CAMÕES

Nesse mesmo número, apresentava na pág. 5, uma notícia sobre «O “RAID” LISBOA – MACAU»
GAZETA COLÓNIAS ! 19-06-1924 RAID LISBOA-MACAU“Quando este número da «Gazeta das Colónias» sair ao público, deve estar a terminar  essa gloriosa viagem, com que os heroicos aviadores Brito Pais e Sarmento Beires, auxiliada pelo dedicado e infatigável mecanico Manuel Gouveia, vem aumentar o brilho do Nome Português e abrir mais uma página da historia, ainda curta mas já cheia de sacrifícios e de glória, que é a da nossa Aviação ....”
NOTA:  os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais  no seu acidentado voo Lisboa – Macau, caíram, no dia 20 de Junho de 1924 em Sâm-Tchân, a 45 milhas de Macau. Foram depois trazidos pela canhoneira «Pátria» (1), chegando a Macau no dia 25.
Ver anteriores referências a este voo e  aos seus aviadores em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/06/26/noticia-de-25-de-junho-de-1924-viagem-aerea-portugal-macau/

Hoje dia 13 de Fevereiro, celebra-se o DIA MUNDIAL DA RÁDIO. (1)

Embora somente em 1933, fosse criada a primeira estação de rádio em Macau, com emissões diárias, localizada no Edifício dos Correios (2), há anteriores notícias de transmissões via rádio.

Em 20 de Julho de 1924, foi inaugurada no posto da Fortaleza de D. Maria II, a Estação Central de Broadcasting de Macau, pertencente à «Rádio Comunication Co. do Oriente», comunicando o Governador Rodrigo Rodrigues com os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais (3) que se encontravam, no Clube de Recreio de Kowloon a escutá-lo. (4)
Após os discursos, cantou o tenor Enéas Aquino. Em 11 de Fevereiro de 1926, as antenas e todos os aparelhos deste posto emissor foram adquiridos pelo governo  (5)

(1) A data foi escolhida por ser neste dia que em 1946, a Rádio das Nações Unidas emitiu pela primeira vez um programa simultâneo para seis países. A data foi declarada em 2011 pela UNESCO.
(2) Para a história da rádio em Macau, ver.
http://macao.communications.museum/por/exhibition/secondfloor/moreinfo/2_9_3_RadioMacau.html  (3) Os pilotos aviadores, Brito Pais e Sarmento de Beires que tinham chegado a Macau a 25 de Junho de 1924, a bordo da canhoneira «Pátria»  após o acidentado voo, o 1.º «raid» aéreo Lisboa Macau, partiram de Macau no dia 5 de Julho de 1924 para visitar as comunidades de Hong Kong, Cantão e Xangai, regressando depois a Portugal  via América (visitas às comunidades do Japão, Estados Unidos e Brasil).
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(4) O hélice do avião acidentado que caiu no dia 20 de Junho de 1924 em Sam-Tchan, a 45 milhas de Mcau, encontra (va)-se como relíquia no Clube Lusitano de Hong Kong.
Sobre o 1.º Raid aéreo ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/06/26/noticia-de-25-de-junho-de-1924-viagem-aerea-portugal-macau/
(5) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau,  1954, 267 p.

Trouxe a canhoneira «Pátria» (1), os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais que, no seu acidentado voo Lisboa – Macau, tinham caído, no dia 20, cerca das 15 horas , em Sâm-Tchân, a 45 milhas de Macau. Foram entusiasticamente recebidos por toda a população, desembarcando sob uma chuva de flores, entusiásticos vivas, estrepitoso estralejar de panchões e da música, dirigindo-se todos ao Leal Senado para a sessão solene. Macau esteve em festa durante dias seguidos. (2) (3)

Viagens Aeronáuticas dos Portugueses Pátria IIO Pátria II acidentado em Sâm Tchân

(1) A canhoneira «Pátria»  seguiu no dia 21 de Junho para Hong Kong. Participou no dia anterior em buscas no mar, para tentar encontrar o aparelho que se julgava despenhado na água. Dois dias depois um grupo de mecânicos foi à China desmontar o avião .
(2) O 1.º «raid» aéreo Lisboa -Macau, os pilotos aviadores, Major de Infantaria António Jacinto da Silva Brito Paes e Major de Engenharia José Manuel Sarmento de Beires, partiram de Vila Nova de Milfontes (terra natal de Brito Pais, local escolhido para a partida oficial da viagem já que o «Pátria» viera no dia 28 de Janeiro, de Amadora), no dia 7 de Abril  de 1924, depois de «um pequeno almoço composto de ovos quentes, café e pão de trigo», no «Pátria » (Bréguet 16 Bn2 – modelo militar adaptado nas oficinas de Amadora). O mecânico Alferes graduado António Manuel Gouveia, somente juntaria aos dois,  em Tunes, para onde partira sete dias antes.
O trajecto foi (devido a contrariedades várias): Vila Nova de Milfontes – Málaga – Oran-Tunes – Tripoli – Benghasi – Cairo – Rayak – Bagdade – Bushire – Bandar/Abbas – Carachi – aterragem forçada com destruição do avião perto de Jodhpur (Índia). Adquiriu-se outro avião (DH9 inglês, por quatro mil e setecentas libras) «Pátria II». A seguir Ambala – Calcutá – Akyab – Rangum – Banguecoque – Oubon – Hánoi – e China (perto de Macau).
sob o açoite furioso dos aguaceiros densos, rompemos para o istmo de Macau e passamos sobre a ilha Verde e as portas do Cerco” mas por falta de visibilidade não conseguiram aterrar em Macau, e o vento forte obrigou-os a aterrar de emergência na aldeia chinesa de Sham-Tcham, a poucos quilómetros de Hong Kong, no dia 2 de Junho. Sarmento de Beires e Brito pais foram a pé ate à fronteira da China com Hong Kong e depois de comboio a Kowloon (Hong Kong). Foram 16 380 Km voados em 115 horas e 40 minutos.(4)
(3) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p.
(4) Informações recolhidas de CORREIA, Mário – Portugal-Macau (1924) in Viagens Aeronáuticas dos Portugueses. Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, Lisboa, 1997, 220 p., ISBN 972-8325-10-X
Anterior referência a este raid em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/sarmento-de-beires/

Raid SAGRES 1987 IJorge Cruz, Arnaldo Leal e Prata Mendes,  (1) pilotando o monomotor Sagres, reeditaram o feito semelhante realizada em por Sarmento Beires, Brito Pais e Manuel Gouveia, a bordo de um «Breguet», que todavia ficou pelo caminho.(2)
Os novos heróis de hoje, percorreram no seu monomotor 30 mil quilómetros em 26 dias, (3) antes de alcançarem o seu destino final – Macau – e depois de enfrentarem diversos acidentes técnicos e dificuldades burocráticas.
A 15 de Fevereiro, o Sagres despedia-se de Macau, sobrevoando a cidade, com destino a Portugal. Mas dois dias depois, ventos fortes das montanhas de Yunan faziam estremecer o monomotor português que, também com falta de combustível, viria a cair em Luxi, na China (4)

Raid SAGRES 1987 IIRaid SAGRES 1987 III

Raid SAGRES 1987 IV

NOTAS:
1 –  A avioneta “Sagres” ficou posteriormente colocada (estará ainda ??) no Parque de Seak Pai Van (na altura chamada “Granja” em Coloane).
2 – Foi descerrada à entrada do edifício do Leal Senado, uma lápide evocativa deste feito, junto a uma outra já existente e que evoca a epopeia vivida em 1924 por Sarmento Beires, Brito Pais e Manuel Gouveia. Esta placa foi enviada de Lisboa pelo Aeroclube de Portugal com o objectivo de homenagear precisamente aqueles pioneiros da aviação portuguesa. A placa descerrada havia sido entregue ao Governador de Macau pela tripulação do “Sagres” aquando da sua chegada ao Território. Pinto Machado entendeu que “ o lugar apropriado “ para a sua colocação era o Leal Senado. (5).
3 – Jorge Cruz Galego relatou esta viagem no livro:
GALEGO, Jorge Cruz – Raid aéreo no Sagres,  de Sagres a Macau. Associação de Comandos de Macau, 1998,  158 p. : il. ; 30 cm.
4 – Poderá ver um pequeno vídeo da chegada a Macau em:
http://www.dinistel.pt/raid.htm

(1) Jorge Cruz Galego, Álvaro M. Prata Mendes e Arnaldo Alves Leal , este proprietário do monomotor “Sagres” MOONEY SUPER 21, construído em 1965.
(2) Recorda-se que no 1.º «raid» aéreo Lisboa -Macau, os pilotos aviadores, Major de Infantaria António Jacinto da Silva Brito Paes e Major de Engenharia José Manuel Sarmento de Beires e o mecânico Alferes graduado António Manuel Gouveia,  a bordo do 2.º avião “Pátria II” (o 1.º avião “Pátria” “partiu-se” numa aterragem forçada na Índia), não chegaram a Macau tendo o avião caído, no dia 2 de Junho de 1924, em Sam -Tcham, a 45 milhas de Macau. Os aviadores chegaram a Macau, trazidos pela canhoneira «Pátria».
(3) Na verdade foram cerca de 15.000 Km em 27 dias ( tempo total de vôo: 65H30) , com 23 aterragens. Foi realizado em 1987, entre Lisboa e Macau com início a 11 de Janeiro e concluído em 6 de Fevereiro, com a chegada a Coloane, no Aterro da Concórdia em Seac Pai Van.
http://foreverpemba.blogspot.pt/2009/07/diversificando-relembrando-o-raid-aereo.html
(4) Informações e fotos retiradas de «Nam Van» n.º 1, 1987.
(5) Informações recolhidas do  “Jornal de Macau” e “Tribuna de Macau” 12.3.1987

“Hoje dia 18 de Novembro do ano de 1934, aterrou cerca das 16.30 horas, no hipódromo  da Areia Preta, o tenente-aviador  Humberto da Cruz que, com o seu mecânico , 1.º Sargento Gonçalves Lobato, efectuou o voo Lisboa- Dili.” (1)
A viagem de 42670 Km foi de Lisboa (partida: Amadora) a Timor e depois na volta, Macau, índia até  Lisboa. Decorreu entre 25 de Outubro a 21 de Dezembro de 1934.
O Tenente-Aviador Humberto da Cruz publicou as peripécias da viagem num livro “A Viagem do Dilly” (2)

Por sorte nossa marcávamos, na Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, a primeira aterragem dos portugueses, entre lágrimas e sorrisos, entre «vivas» e palmas, entre abraços e saudações, saltámos do avião para todos recebermos num primeiro abraço que era, para eles, o abraço que lhe iamos levar. Sua Ex.ªa o Sr Governador ali estava, e com êle quanta gente!…(…)
Abrigado o avião no hangar improvisado, feito de panos de tenda, fômos para a cidade, onde nos queriam receber no Leal Senado . na sua sala nobre, repleta de gente, tanta quanta coube, foram-nos dadas as boas vindas pelo presidente, Sr. Dr. Luiz Nolasco da Silveira,…(2)

A aterragem em Macau foi na verdade a primeira a ser efectuada por um avião de Portugal já que os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais que efectuaram a anterior viagem aérea de 1924, chegaram a Macau por barco (3)
                             Macau visto de bordo do “Dilly” (4)

(1) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p., 18 cm x 12 cm
(2) CRUZ, Humberto da – A Viagem do “Dilly“. Edição especial, de 100 exemplares, em papel de luxo (que não foi posta à venda). Impressão Sintra Gráfica, de António Medina Júnior, 1935, 271 p., 28 cm x 18,5 cm.
(3) “25-06-1924 – Trouxe a canhoneira Pátria os aviadores Sarmento Beires e Brito Pais que, no seu acidentado voo Lisboa – Macau, tinham caído, no dia 20, cerca das 15 horas , em Sàm-Tchân, a 45 milhas de Macau. Foram entusiasticamente recebidos por toda a população, desembarcando sob uma chuva de flores, entusiásticos vivas, estrepitoso estralejar de panchões e da música dirigindo-se todos ao Leal Senado para a sessão solene. Macau esteve em festa durante dias seguidos” (1)
(4) Esta foto foi realizada por José Neves Catela.
No dia seguinte, de manhã, por indicação de Sua Ex.ª o Governador, fui com o fotógrafo Catela – um artista no género – já consagrado por diversos trabalhos de vulto, dos quais podemos citar algumas fotografias de Macau que estiveram na Exposição Colonial do Pôrto, tirar algumas «fotos» de Macau e das ilhas. Levou com ele quatro boas máquinas e fez 180 impressões. Bom trabalho resultou desse voo.” (2)
NOTA: Sobre o fotógrafo José Neves Catela (1902-1951):
A partir dos anos 20 e 30, a fotografia começou a fazer parte do quotidiano de Macau. O fotógrafo português José Neves Catela viveu em Macau entre 1925 até 1941, Foi um fotojornalista de vários jornais e revistas e estabeleceu o seu próprio estúdio. E, deixou um espólio fotográfico de grande valor que documenta vários aspectos da cidade, sobretudo as antigas embarcações de Macau.”
http://www.mam.gov.mo/showcontent.asp?item_id=20111217010200&lc=2
Mais informações ainda em:
http://caderno-do-oriente.blogspot.pt/2011/02/ano-novo-chines-fotografias-de-jose.html

CORRECÇÃO EM 08-12-2014:
José Neves Catela faleceu aos 49 anos de idade, em Macau, a 1 de Fevereiro de 1951. Natural de Alpiarça, onde nasceu em 1902, encontrava-se em Macau desde 1921 sendo funcionário da Secção de Propaganda de Macau. (informação da revista MOSAICO)