Archives for posts with tag: José Joaquim Monteiro / J. J. Monteiro

… Continuação (1) (2) (3)

Quanto à bibinca de rábano,
Depois de estar preparada
Fica uma massa compacta
E é-nos servida à talhada…

Faz-se com rábano ou nabo,
Farinha de arroz, presunto,
Cebola, carne de porco
E um pedacinho de unto.

Bicho-bicho são também
Pequenos bolinhos fritos;
Leva sal, farinha e ovos
E açúcar aos quadraditos.

Fula-fula é um bolinho
De arroz seco e amendoim.
Bolo-menino: uma espécie
De bolacha ou coisa assim.

Chá gordo é refeição lauta
Que alguns costumam a dar,
(Passada a hora do chá)
Horas antes do jantar.

Saran surabe: outro bolo,
Mas este, tipicamente
Macaense, e é tão gostoso
Que até nos «regala o dente»…

Só de farinha de trigo
E pó de feijão torrado,
«Corn-starch», ovos e coco,
Este bolo é preparado.

Aluar: bolo festivo
E muito tradicional …
De farinha, coco, amêndoa,
Que se faz pelo Natal.

Além destas iguarias,
A outras se hão-de dar vivas.
Quando expostas, sobre a mesa,
À gula dalguns convivas.

Se não houver convidados,
(O que é raro acontecer)
Ou sozinhos ou em família,
Come-se com igual prazer
…………………………………. continua
                                     J.J. Monteiro
MONTEIRO, J. J. – Macau Vista por Dentro. Edição da Direcção dos Serviços de Turismo, Imprensa Nacional de Macau, 1983, 385 p.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/10/25/gastrono-mia-macaense-em-verso-i-j-j-monteiro/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/10/26/gastrono-mia-macaense-em-verso-ii-j-j-monteiro/
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/11/02/gastronomi-a-macaense-em-verso-iii-j-j-monteiro/
NOTA: sublinhei a «negrito/bold» as iguarias.

… Continuação de (1) (2)

Bagi: s´pécie de arroz doce
Que se come com deleite,
Frito (dizem) simplesmente,
De arroz pulú, coco e leite.

Porco bafá-assá: de porco,
Carne comprada no talho,
Com muito açafrão, pimenta,
Sal, cebola verde e alho.

Galinha frito amarelo
Galinha ou galo capão,
Com pimenta, sal e alho,
Cebola seca e açafrão.

Dodol: doce de perada,
Farinha de arroz pulú,
Amêndoas, coco, manteiga,
Jagra, (ficando um beijú).

Chau-chau lacassá: de arroz,
Massa, (a mais fina que há)
Com porco, ovos, gengibre;
Servido à ceia ou ao chá.

Ladu é também um doce
Que entra em muita refeição,
Feito só de jagra e coco,
Farinha e pó de feijão.

Peixe depinado; quando
Já cozido e desfiado,
Num tachozinho a fritar
Desta forma é preparado.

– Põe-se-lhe manteiga e alho,
Sal, pimenta, «balichão»,
Umas gotas de vinagre,
Malagueta até mais não.

Caldo di carne com lula:
De tão forte, causa arrotos
E é feito de lulas secas,
Com porco e raiz de lótus.

Barbá: espécie de doce
A que apreço se consagra,
Feito apenas com manteiga,
Farinha de arroz e jagra.
…………………………………..continua
                                   J.J. Monteiro
MONTEIRO, J. J. – Macau Vista por Dentro. Edição da Direcção dos Serviços de Turismo, Imprensa Nacional de Macau, 1983, 385 p.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/10/25/gastrono-mia-macaense-em-verso-i-j-j-monteiro/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/10/26/gastrono-mia-macaense-em-verso-ii-j-j-monteiro/
NOTA: sublinhei a «negrito/bold» as iguarias.

…  … … … Continuação (1)

Minxi é carne tenra e magra
De porco ou vaca trilhada,
Com sutate doce e branco,
Banha e cebola picada.

Brêdo raba-raba: várias
Hortaliças misturadas,
Só com banha e «balichão»,
Num tacho ao lume fritadas.

Diabo: ovos, porco assado,
Caril de vaca estufada,
Mostarda, azeite, tomate,
Presunto e galinha assada.

Leva ainda esta comida,
Batatas e outras misturas:
Um prato de arrebentar
Mesmo ao diabo as costuras!

Tamarinhada: um guisado
De camarões com cominhos,
Açafrão, salsa, cebolas,
Malaguetas, tamarinhos.

Galinha chau-chau parida:
(Outro prato de «arrebenta»!)
Galinha, açafrão, gengibre,
Vinho chinês, sal, pimenta.

Apa bico: bolos feitos
Com farinha de arroz, banha,
Porco, hortaliça salgada …
(Mimo de quem os apanha!)

Goiabada: um doce feito
De goiaba (o que mais há),
Havendo ainda a perada
Outro doce de «alto lá»

Capela é carne de porco
Moída e no forno assada,
Com ovos, queijo, pimenta,
Sal e amêndoa pisada.

Vaca cabad: um pratinho
Todo de origem indiana,
Próprio para parturientes,
Como fina «comezana».
…………………………………..continua
                                  J.J. Monteiro
MONTEIRO, J. J. – Macau Vista por Dentro. Edição da Direcção dos Serviços de Turismo, Imprensa Nacional de Macau, 1983, 385 p.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2015/10/25/gastrono-mia-macaense-em-verso-i-j-j-monteiro/
NOTA: sublinhei a «negrito/bold» as iguarias. 

E não há no mundo inteiro
Melhor mesa nem cozinha
Que a dos nossos macaenses
mesmo em casa pobrezinha

É um prazer assistir
Aos seus jantares e festas,
Onde há boas iguarias,
Levezinhas e indigestas.

E até o mais exigente,
Lambareiro ou comilão,
Gosta dum bom chau-chau pele
Com molho de balichão.

Minxi, brêdo raba-raba,
Diabo, tamarinhada,
Galinha chau-chau
Apa bico, goiabada.

Capela, vaca cabad,
Bagi, porco bafá-assá,
Galinha frito amarelo,
Dodol, chau-chau lacassá.

Ladu , peixe depinado,
Caldo de carne com lula,
Barbá, bibinca de rábano,
Bicho-bicho, fula-fula.

Chá gordo, bolo menino,
Saran surabe, aluar;
Doces, manás, acepipes,
Que são de nos consolar|

Comeres deliciosos
E também nada baratos;
Mas vejam mais ou menos
De que constam estes pratos:

Chau-chau pele; pel´de porco,
Pé, costeletas com molho,
Chouriço, pato salgado,
Galinha e couve repolho.

Balichão é um molho , feito
De camarão miudinho
Em pó, com folhas de louro
E pimenta em grão e vinho
…………………………………………continua
                                         J.J. Monteiro (1)

(1) MONTEIRO, J. J. – Macau Vista por Dentro. Edição da Direcção dos Serviços de Turismo, Imprensa Nacional de Macau, 1983, 385 p.

José Joaquim Monteiro (1913-1988)  o «poeta-soldado»  de verso popular com vários livros publicados: «A Minha viagem para Macau» (1939); «História de um soldado» (1940) (3 edições posteriores:1952, 1963 e 1983), «De volta a Macau» (1957 e 1983) «Macau vista por dentro» (1983) »Anedotas Contos e Lendas» (1989- após morte do autor).
NOTA: sublinhei a «negrito/bold» as iguarias.

Saco de compras de plástico de cor verde da Companhia Nam Kwong (1) (59 cm x 30,5 cm) publicitando

NAM KWONG TRADING COMPANY
EXHIBITION HALL
  貿     (2)

Nam Kwong Trading Co. I

Esta “sala de exibição/exposição” ficava no 2.º andar do Banco “Nam Tung”

NAN TUNG BANG BUILDING (3)
Rua da Praia Grande, 65-A, 2.º andar, MACAU (4)

Nam Kwong Trading Co. IIDo outro lado, sem impressão.

Nam Kwong Trading Co. III(1) “Em 1949, o Ministério do Comércio Externo da China continental cria, em Macau, a sociedade comercial Nanguang (南光Luz do Sul) para controlar o comércio entre Macau e a China continental e os comerciantes locais, na sua maioria sinófonos.”
FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas relações luso-chinesas 1945-1995. Fundação Oriente, LIsboa, 2000, 850 p. , IISBN – 972-785-015-4
  mandarim pinyin: nán guang; cantonense jyutping: naam4 gwong1.
Nam Kwong (Group) Co. Ltd. is an enterprise directly under the central government based in Macao. Founded on August 28, 1949 as Nam Kwong Trading Company by Mr. O Cheng Peng on the commission of China, the Group is the first Chinese-funded institution in Macao with its 60 odd years of history. In the course of development, the older generation of pioneers represented by Mr. O Cheng Peng devoted themselves to the painstaking endeavors for the inception, development and growth of Nam Kwong and made remarkable contributions to the prosperity and stability of Macao.
Ler “History of Nam Kwong” em
http://www.namkwong.com.mo/en/aboutnamkwong/History.html
(2) 南 光 貿 陳 列 mandarim pinyin: nán guang mào yi gong si chén lié  shi; cantonense jyutping: naam4 gwong1 mau6 ji6 gung1 si1 can4 laat6 sat1.
(3) O banco “Nam Tung Lda.”, fundada em 1950, no ano de 1987 foi autorizado a mudar de nome para “Banco da China – Filial Macau” (Bank of China Macau Branch) sendo na altura a 9.ª filial do Banco da China, no estrangeiro.
A propósito do Banco “Nam Tung” na Rua de Praia Grande, relembro que o prédio ocupou o espaço que era do Hotel Riviera, à frente do Banco Nacional Ultramarino.
Não resisto a passar parte do poema “Macau Ontem e Hoje (1960-1984)” no tom humorístico de J. J. Monteiro: (5)


O progresso, sempre forte
Vencedor de velharias,
Destruiu o Riviera
Como bom hotel que era,
Só porque não teve a sorte
De David contra Golias

Sumiu-se p´ra dar lugar
Àquele não pequenino
Mas gigantesco edifício,
Com um lato frontispício,
Bem trabalhado, a brilhar,
Frente ao Banco Nacional Ultramarino

«Nam Tung» é o nome dado
Ao edifício em questão,
com seu rico Banco China
Que em frente ao nosso empina
Pomposamente instalado
Logo ali no rés-do-chão

(4) 地 址: 澳門南灣街 65號A南通银行大廈 二樓 電話 84255 (10) 84252
mandarim pinyin: di zhi: Ào mén  nán wan jié     65 hào A     nán tòng yin hàng dà xià èr lóu    diàn huà: 84255 (10) 84252; cantonense jyutping: dei6 zi2: Ou3 mun4 naam4 waan1 gaai1 65 hou4 A naam4 tung1 ngan2 hong4 daai6 haa6 ji6 lau4 din6 waa2: 84255 (10) 84252.
(5) MONTEIRO, J. J. – Macau vista por dentro. Edição da Direcção dos Serviços de Turismo, 1983, 385 p.