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“O ano de 1932, tão sombrio em tantos aspectos, teve também as suas compensações, principalmente no campo artístico e do espectáculo. A companhia portuguesa Grande Tournée Teatral às colónias continuou a dar as suas representações (…)”

“O cinema continua a ser o divertimento favorito da população, mas a comunidade portuguesa tem entre si uma novidade. É a visita da Tournée Teatral Portuguesa às Colónias que, depois de se exibir em África e em Goa, chega a Macau. O grupo é constituído pelas actrizes Eveline Correia, Dolores d’Almeida e Salete Barros e pelos actores Manuel Correia, José de Arêde Soveral, Carlos Barros e Artur d’Almeida. Propõe-se dar uma série de representações e “A Voz de Macau” anuncia que tem a colaboração activa do Grupo de Amadores de Teatro e Música e mais das Mlles. Edith da Costa Roque e Maria da Costa Roque.

O teatro D. Pedro V tem uma temporada que reputamos de ouro. O mês de Fevereiro é praticamente preenchido pelas representações da Tournée que foi muito aplaudida, muito apoiada, deixando uma larga lembrança em Macau, pois nunca mais nos visitou qualquer outro grupo de teatro português. Os nossos hóspedes estreiam-se com o teatro do Largo de Santo Agostinho literalmente cheio, com a deliciosa opereta “A Mouraria“. (1) É um êxito. Dos amadores locais, intervêm Mlle. Edith da Costa Roque, Henrique Machado e Danilo Barreiros. A direcção musical ficou a cargo de Bernardino de Senna Fernandes, do Grupo dos Amadores de Teatro e Música. Estamos a 11 de Fevereiro.

No dia seguinte, representa-se a revista “No Balão” e em 17 apresenta-se o drama “Um Milagre de Fátima“, muito apreciado e louvado pela gente devota da terra. Ainda no mês de Fevereiro, exibir-se-ão a revista “Jardim da Europa“, a comédia “A Boneca Alemã“, a opereta “João Ratão” e a revista “Estava Escrito!”. Os membros da Toumée eram bons actores, pisando o palco com extraordinário à vontade. Foram eles que muito ensinaram os amadores de teatro que uns anos mais tarde formariam a Academia de Amadores de Teatro e Música, com os irmãos Carvalho e Rego, Henrique Machado, Lucília e Mário de Campos Néry, Vizeu Pinheiro, Jaime Bellard e outros.” (2)

(1) A opereta “Mouraria”, foi estreada em Portugal, em 1926, com texto de Lino Ferreira, Silva Tavares e Lopo Lauer, sendo a música do maestro Filipe Duarte. Foi encenada por Francisco Ribeiro, no Teatro Apolo (Lisboa). Ficou marcada por um assinalável triunfo da actriz e cantora Adelina Fernandes na personagem da Cesária.

2) FERNANDES, Henrique de Senna – Cinema em Macau III (1932-36)

(3) Fado da Cesária, Filipe Duarte, Silva Tavares, Adelina Fernandes, Opereta Mouraria, 1º acto, Teatro Apollo, Sassetti & C.ª Editores, s/d. http://www.icm.gov.mo/rc/viewer/30023/1797 (3) https://www.museudofado.pt/colecao/partitura/fado-da-cesaria-filipe-duarte-silva-tavares-adelina-fernandes-opereta-mouraria-1o-acto-teatro-apollo-sassetti-ca-editores-sd

16-11- 1915Aforamento de um terreno com a área de 4.000 m2 sito na Estrada dos Parses, a pedido de Francisco Xavier Anacleto da Silva. Ali mandou construir uma das mansões actualmente classificadas como património arquitectónico de Macau, Vila Alegre, hoje Colégio Leng-Nam”. (1) Idêntico pedido de aforamento de um terreno sito na colina de S. Januário em nome de Francisco Xavier Anacleto da Silva, consta no Processo n.º 42 do A. H. M. de 06-19-1916. (2)

Postal de c. 1920 – Vivendas no Monte da Guia (LOUREIRO, João – Postais Antigos Macau, 2.ª edição, 1997, p. 40)

A construção do palacete Vila Alegre, hoje escola “Leng Nam” bem como a Casa Branca ou casa Nolasco da Silva, sua vizinha, hoje Autoridade Monetária e Cambial, iniciaram se em 1917. Foram mansões residenciais respectivamente dos advogados macaenses Francisco Xavier Anacleto da Silva e Luiz Nolasco da Silva construídos mais propriamente na encosta da colina de S. Jerónimo., segundo um projecto do Eng. John Lamb, de Hong Kong. (1) (3)

A Vila Alegre só foi concluída em 1921, porque a mulher do proprietário, que tão entusiasticamente tinha escolhido as linhas arquitectónicas de uma casa que apreciou em Xangai- e que mandou fotografar – faleceu de parto e as obras foram suspensa. (1) Em 1937, a mansão senhorial de Francisco Xavier Anacleto da Silva – Vila Alegre – deu lugar à instalação da Escola Secundária Leng Nam/Ling Nam (posteriormente ampliada com um edifício anexo (1)

POSTAL de c. 1920 – Vista da Rada do Farol da Guia (Lei Kun Min; Lei Fat Iam – Macau em Bilhetes Postais do Séc. XIX e XX, p. 45.

Nota à foto anterior: o porto exterior ainda sem os aterros de 1923 com o sudeste da Colina da Guia (à direita) banhado pelo mar. Moradias: dt para esq. No sopé da Guia, a casa de Silva Mendes; a casa Nolasco da Silva e a seguir, Vila Alegre na encosta da colina de S. Jerónimo, em 1920 e no topo desta colina, o Hospital Militar São Januário (inaugurado em 1874)

Francisco Xavier Anacleto da Silva, (1883-1946) que teve como seu padrinho de baptismo, o Cónego Francisco Xavier Anacleto da Silva (1815-1888), estudou no Liceu de Macau e iniciou a sua vida na carreira de intérprete sinólogo. (4) Fez depois exame para advogado provisionário. (5) Foi Presidente do Leal Senado, (08-01-1921 – 14-06-1922; 02-04-1928 – 15-01-1930), (6) vogal do Conselho Legislativo, do Conselho Inspector da Instrução Pública e do Conselho da Administração das Obras do Porto. Comendador da Ordem de São Gregório Magno, da Santa Sé (7) e senador por Macau durante a 1.ª República. (8) Viúvo de Maria Bernardina dos Remédios, casou em Macau (2.ª núpcias) a 29-V-1920, com Leolinda Carolina Trigo (1891 – 1983), filha de Adriano Augusto Trigo, Director das Obras Públicas entre 1919 e 1925. (9)

(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Vol. 4 (1997) e Volume III, 3.ª edição, 2015,  pp. 33, 85, 96, 175, 256, 288)

(2)06-09-1916 – Processo n.º 42 – Série A – Pedido de Francisco Xavier Anacleto da Silva, do aforamento de um terreno sito na colina de S. Januário (Boletim do Arquivo Histórico de Macau, Tomo I (Janeiro/Junho de 1985), p. 167) – A.H.M.-F.A.C.P. n.º 37 – S-A

(3) Na 1.ª edição do Volume 4 da “Cronologia da História de Macau” (1997), p. 138, informação de que o projecto da mansão “Vila Alegre” poder ter sido do Engenheiro macaense José da Silva, mas essa informação não surge na edição reformulada e aumentada de 2015 (1)

(4) “18-01-1909 – Nomeação de Francisco Xavier Anacleto da Silva, intérprete-tradutor de 2.ª classe da Repartição do Expediente Sínico, para, durante o impedimento do respectivo titular, desempenhar o lugar de Professor da cadeira da língua Sínica do Liceu Nacional” (1)

(5) REGO, José Carvalho e – Notícias de Macau 7-04-1968 inTEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol. II, 1997, p. 437)

(6) “11-01-1916 – Nomeação do Presidente do Leal Senado da Câmara, Francisco Xavier Anacleto da Silva, para desempenhar as funções de Administrador do Concelho de Macau, durante o impedimento do proprietário Daniel da Silva Ferreira júnior” (A.H.M.-F.A.C.P. n.º 356 –S-N)-Arquivos de Macau, Boletim do Arquivo Histórico de Macau, Tomo I (Janeiro/Junho de 1985) , p.195.

(7) “28-10-1925 – Festa importante da entrega da Comenda da Ordem de S. Gregório Magno, concedida por S. S. o Papa Pio XI ao macaense Sr. Francisco Xavier Anacleto da Silva, Senador por Macau. (1)

(8) 1949 – Francisco Xavier Anacleto da Silva é o 1.º macaense a ter «assento em S. Bento». Esta a referência colhida em Macau na V Legislatura da Assembleia de Nacional, 1949-1953», Macau, U.N., 1953, pág 23, a propósito da eleição de António Maria da Silva, irmão do primeiro e que igualmente vem a ser eleito Senador da Republica (1)

(9) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Vol II, 1997, p. 434)

 “A mesma Primavera (1934) trouxe também outro acontecimento, este, de grande importância para a vida cultural e artística de Macau – a aprovação dos estatutos da Academia dos Amadores de Teatro e Música. Daí por diante Macau tinha uma agremiação destinada especificamente para a arte musical e cénica. A Grande Tournée Teatral às Colónias, que partira em 1932, deixara raízes e havia grande entusiasmo entre certos amadores para a arte de representar. Isto, principalmente, porque ficara entre nós um dos actores, José de Arede Soveral, agora funcionário público, depois que bebera a “água do Lilau”.

1-09-1934 – Quanto à vida artística, preparava-se para a estreia das actividades da Academia de Amadores de Teatro e Música. Durante o verão, porque a agremiação ainda não possuía instalação própria, os ensaios realizavam-se na casa de Bernardino de Senna Fernandes, à Praia Grande. Em dias marcados da semana, enchiam-se as salas de sócios, em serões onde o sério se misturava com o bom humor e vontade de cumprir. Chamou-se sarau à estreia da Academia, que teve lugar no dia 1 de Setembro. Foi uma noite admirável e inesquecível de arte, contribuindo todos os participantes com o melhor do seu esforço para o êxito da empresa. Eram cerca de cinquenta os amadores. Houve uma parte cénica e outra musical. Na parte teatral apresentaram-se duas peças de um acto cada. Quanto à parte musical, houve solos de violino, canto e violoncelo, conjuntos corais e de orquestra, um trio que tocou o “Trio Opus 49” de Mendelssolm. Os amadores que se responsabilizaram pela parte cénica foram: Lucília de Campos Néry, Maria Helena de Menezes Ribeiro, José de Arede e Soveral, D. João de Vila Franca, Mário de Campos Néry, os irmãos José e Francisco de Carvalho e Rego, Henrique Teixeira Machado e Henrique de Serpa Pimentel.

A orquestra teve a seguinte composição: Regência – Bernardino de Senna Fernandes; piano – Maria de Natividade de Senna Fernandes; violinos – Joseph Pasquier, Luís Baptista, Alberto Barros Pereira, Francisco Freire Garcia, Carlos de Mello e Jorge Estorninho; violoncelos – Cipriano Bernardo e Evaristo Carvalho; flauta – Edmundo de Senna Fernandes; saxofone – Emídio Tavares; cornetins -Alberto Ângelo e Pedro Coelho; trombone – Jacinto Azinheira; contra-baixo – Lúcio Carion e bateria – Fernando de Albuquerque.

Os coros eram formados por: Arcádia Borges, Arminda Borges, Amália Rodrigues, Eduarda Amaral, Maria Helena de Menezes Ribeiro, Júlia Maria Garcia, Lília Mello, Lucília de Campos Néry, Maria Amália de Carvalho e Rego, Maria José Amaral e Renée de Senna Fernandes, Amadeu Borges, Cláudio Vaz, Eduardo da Silva, Francisco de Carvalho e Rego, José Freire Garcia, Henrique Teixeira Machado, Henrique de Serpa Pimentel, José de Arede e Soveral, José de Carvalho e Rego, D. João de Vila Franca, Luís Gonzaga Gomes, Mário de Campos Néry e Pedro Ângelo Jr.

Um dos números mais aclamados pela sensibilidade dos artistas foi o trio que tocou a obra de Mendelssolm. Esse trio era composto por Maria Amália de Carvalho e Rego (piano), Bernardino de Senna Fernandes (violino) e Cipriano Bernardo. O êxito foi um impulso para que os amadores continuassem na sua obra artística e educadora. Daí que, imediatamente, se prepararam para levar à cena, a primeira peça de fôlego do seu programa “O Poço do Bispo.”

FERNANDES, Henrique de Senna  – Cinema em Macau (1932-1936). Revista de Cultura N.º 23 (II Série) Abril/ Junho 1995. Instituto Cultural de Macau, pp. 133-170.

Com uma assistência relativamente, diminuta, calculada em pouco mais de 200 pessoas, realizou-se na tarde de sábado findo, 16 do corrente, no Teatro Apollo, gentilmente cedido, a anunciada Exibição de Ginástica, promovida pelo Sr. Veríssimo do Rosário Jr. (1) em benefício do Natal das Crianças Pobres de Macau, benemérita organização do Sr. Comissário da Polícia.
Factores vários, alheios à vontade dos organizadores contribuíram infelizmente para que o festival não tivesse alcançado o sucesso que se esperava, o que porém não estranhamos num meio tacanho como o nosso onde as melhores intenções e as mais belas iniciativas costumam ser apoucadas, quando não de todo destruídas, pela baixa intriga e politiquice bairrista.
Assim com a colaboração sincera e desinteressada dum brioso núcleo de atletas locais e de algumas agremiações de cultura física existentes nesta cidade, conseguiu entreter o público durante duas horas, com um programa ameno e variado, de números curtos e agradáveis de seguir.
A Escola de Educação Física «Rosário» (2) apresentou uma exibição de pirâmides e no levantamento olímpico de pesos e alteres, em que os Srs. José Victor do Rosário, Francisco Hagatong Jr. e Reinaldo Ângelo se revelaram atletas de primeira categoria…(…); o conhecido mestre de “Sá Kong Fu” Chu Chuo Kai e os seus jovens discípulos patentearam um conjunto harmónico de equilíbrio, destreza, desembaraço e agilidade, na exibição das mais curiosas modalidades da exótica ginástica oriental, tendo uma interessante luta de tracção simulada entre uma mulher e um homem provocado, pelo seu “pitoresco”, e hilaridade geral; o quarteto constituído pelos srs. Francisco Noronha, João da Silva, Cham Pen In e Chan Kai Tong ofereceram ginástica de argolas por sinal ainda pouco desenvolvida entre nós… (…); o sr Abel Chun, representando o novel, Associação dos Jovens de Macau, mostrou-se com agrado geral um exímio ginasta das barras paralelas, e o Sr. Artur da Silva, um compatriota nosso de Hong Kong com 60 anos de idade, na exibição de contracção de músculos, parece que convenceu os presentes de que a ginástica metódica e perseverante dá mocidade e vigor à própria velhice.
Por especial deferência do seu presidente, Sr. Estanislau Alberto Carlos, abrilhantou a sessão, animando os intervalos, o simpático grupo “Euterpe” que executou com equilíbrio e correcção vários trechos populares da música ligeira americana.” (3)
(1) Sobre Veríssimo do Rosário Jr. Ver anterior referência em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/verissimo-do-rosario/
(2) O Ginásio da Escola de Educação Física “Rosário” estava na Estrada da Vitória. A escola fechou quando o Prof. Veríssimo ingressou no ensino oficial.
(3) Artigo de José Carvalho e Rêgo publicado no jornal «A Voz de Macau» de 17.06.1944 e retirado de RÊGO, José de Carvalho e – Figuras Desportivas do Passado, 1996.

Nos enleios subtis de fantasia,
Florido é o jardim da vida bela!
Quantos há que, sonhando, vivem nela
De doces ilusões em prenhe orgia!
 
Por longes terras, leda correria,
Libando em cada flor, em cada estrela,
Não temem o perigo de perdê-la.
Que ditoso sonhar, doce magia!
Mas não é de sensatos tal viver,
Pois a vida não é flor, é amargura
E a ilusão do  prazer mui pouco dura.
 
Na vida é mor fortuna mais sofrer;
Ter espinhos, martírios suportar.
Que prazeres e gozo é vão sonhar!

Rolando das Chagas Alves (1)
O Clarim“, 1950

(1) Poema de Rolando das Chagas Alves incluído nas duas antologias : “Trovas Macaenses” (1992), p. 163 e “Antologia de Poetas de Macau” (1999), p. 93.
Rolando das Chagas Alves, nasceu em Macau em 1923. Foi funcionário dos Serviços de Saúde e do Banco Nacional Ultramarino em Macau. Um dos fundadores do jornal «O Clarim» (2) e colaborador em vários jornais de Macau, nomeadamente «O Clarim», «Notícias de Macau» e «Gazeta Macaense»
É seguramente, um dos melhores poetas da sua geração e de até ao tempo actual, nada justificando o semi-anonimato em que permanece a sua poética, de tão impressiva como genuína qualidade.
Poeta de grande sensibilidade e de observação impressionista, tem-se por grande pesar não haver ainda publicado em forma de livro, o melhor da sua poesia“(REIS, João C. – Trovas Macaenses, 1992.)
(2) O jornal “O Clarim” que iniciou como semanário, a sua publicação em 2 de Maio de 1948 , só apareceu quando um grupo de jovens católicos (composto por José Patrício Guterres, Herculano Estorninho, José Silveira Machado, Abílio Rosa, Gastão de Barros, José de Carvalho e Rego, Rui da Graça Andrade e Rolando das Chagas Alves) apresentou aos padres Fernando Leal Maciel e Júlio Augusto Massa a ideia de publicarem um jornal.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Clarim_(Macau)
Anterior referência em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/rolando-das-chagas-alves/

Cerimónia da entrega dos prémios  do melhor atleta de 1954 realizado no dia 11 de Fevereiro, pelas 18 horas, no salão de actos do Seminário de S. José.
A eleição do melhor atleta de 1954 foi resultado dum concurso organizado pela secção desportiva do bissemanário católico «O Clarim», tendo-se apurado um total de 4 448 votos, distribuídos por atletas de diferentes modalidades.
Por sufrágio dos leitores de referido jornal, foi eleito «O melhor» o conhecido jogador de basquetebol Francisco Mazo (1) que somou 2.059 votos. Mazo que também praticava natação, pólo aquático e badminton, era natural do México e tinha 38 anos de idade.
Em 2.º lugar na classificação geral, ficou Henrique Leigh, pugilista de valor incontestável,  em 3.º Herculano da Rocha, a «alma do Hóquei Clube de Macau» (2) e em 4.º o correctíssimo futebolista Carlos Paulo, conhecido no meio desportivo local da época como o exemplo de jogador correcto.
Aos quatro primeiros classificados foram atribuídos prémios, oferecidos pelo bissemanário organizador, sendo destinada ao atleta eleito como «o melhor dom ano» a Taça «O Clarim Desportivo» (3)
(1) “Francisco Mazo «Paco» , natural do México, mas cresceu, casou e viveu quase toda a vida em Macau. Pertencia ao Grupo Desportivo Macaense e o «Paco» orientava, presidia, treinava e tudo fazia por amor ao desporto em Macau. Praticava o basquetebol, a sua equipa macaense conseguiu tardes de verdadeira glória vencendo grandes equipas chinesas e lutando de igual para igual contra as mais afamadas equipas de Hong Kong. Organizava também as equipas femininas. Além do basquetebol era um bom jogador de voleibol e um exímio nadador (muitas vezes arrecadou valiosos troféus em provas de natação)” (RÊGO, José de Carvalho e – Desportistas do Passado, 1996).
(2) “Herculano da Rocha, «Josico» jogador muito correcto em campo, durante anos na selecção de Macau em hóquei em campo (além de ser um bom elemento atacante «Josico» tinha a rara qualidade de saber cobrir a sua área de defesa) e depois pertenceu a várias direcções do  Hóquei Clube de Macau.  Pessoa prestável «Josico » servia para tudo e para todos. Assim frequentemente lhe pediam para tratar de vários assuntos”. (RÊGO, José de Carvalho e – Desportistas do Passado, 1996).
(3) Informação retirada de  “MACAU Boletim Informativo, 1955″.

Na sua passagem por Hong Kong, vindo de Taipé, o célebre pugilista do Estados Unidos, Joe Louis, (1) concedeu uma entrevista ao representante do “Notícias de Macau”, sr. Veríssimo do Rosário, (2) professor de educação física das Escolas Primárias Oficiais, declarando ser grande admirador de Portugal e da sua gloriosa história.” (3)

MOSAICO III-17-18 1952 - Joe Louis em HK IO ex-campeão de pesados apertando a mão ao representante do “Notícias de Macau”

MOSAICO III-17-18 1952 - Joe Louis em HK IIJoe Louis à direita de vários professores de educação física de Hong Kong e Macau.

Joe Louis em 1941
(1) Joe LouisJoseph Louis Barrow (1914 –1981) foi um pugilista norte-americano. É considerado um dos maiores pugilistas de todos os tempos, Louis manteve o título dos pesos pesados durante doze anos (1937-1948), defendendo-o em 26 lutas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Joe_Louis
(2) Veríssimo Francisco Xavier do Rosário Jr (1921 – ? ) filho de Veríssimo Francisco Xavier do Rosário que foi durante mais de duas décadas (50 e 60 do século XX), Chefe de Secretaria do Leal Senado, foi um conhecidíssimo professor de ginástica e fundador da Escola de Educação Física «Rosário», com o seu irmão José Victor do Rosário, também este um excelente atleta de ginástica e exímio no hóquei em campo. Foi depois “convidado para professor das escolas Primárias realizando um trabalho muito apreciável e durante vários anos apresentou, nos festivais realizados no Campo da Caixa Escolar, os seus pupilos com enormes enchentes por parte do público que não se cansava de aplaudir os executantes das suas lições.  Mais tarde foi para a Escola Comercial, onde realizou trabalho de relevo pois nunca deixou de apresentar as suas classe de ginástica nos festivais da comemoração da data da fundação da Escola – de cuja Associação de Instrução dos Macaenses o seu pai fazia parte. Mais tarde o Prof. Veríssimo concorreu a uma vaga de professor de Educação Física do Ultramar, sendo colocado em Lobito (Angola)(4)
A Escola de Educação Física “Rosário” que funcionava na Estrada da Vitória fechou quando o Prof. Veríssimo ingressou no ensino oficial. Numa exibição de ginástica, realizada no Teatro Apollo, em 16 de Junho de 1944, em benefício do Natal das Crianças Pobres de Macau, “a Escola do Professor Veríssimo apresentou uma exibição de pirâmides e no levantamento olímpico de pesos e alteres, em que os srs José Victor do Rosário , Francisco Hagatong Jr. e Reinaldo Ângelo se revelaram atletas de primeira categoria…(…); o quarteto constituído pelos srs. Francisco Noronha, João da Silva, Cham Pen In e Chan Kai Tong ofereceram ginástica de argolas por sinal ainda pouco desenvolvida entre nós… (…); o sr Abel Chun mostrou-se com agrado geral um exímio ginasta das barras paralelas… (4)
(3) Informação retirada da revista «Mosaico», 1952
(4) RÊGO, José de Carvalho e – Figuras Desportivas do Passado, 1996.
NOTA: No Blogue «Crónicas Macaenses» de Rogério P. D. Luz,  do arquivo de Rigoberto Rogério do Rosário (irmão de Veríssimo e José Victor) apresenta um fotografia do Grupo Juvenil Juniores de Hóquei em Campo de 1934 onde está  Veríssimo do Rosário representando o  Externato do Seminário de São José.
http://www.memoriamacaense.org/id229.html.

Cartas da China I

Cartas da China IILivro de Francisco de Carvalho e Rêgo, publicado em Macau, no ano de 1949 e impresso na Imprensa Nacional. (1)

Cartas da China IIITraz na 1.ª página, um ex-libris : Francisco Penajoia.
Francisco Penajóia é o pseudónimo que o autor utilizou em alguns artigos na imprensa, como por exemplo, sobre “Camilo Pessanha”  (2)

Ao estilo de correspondência, são 18 cartas escritas por Francisco de Carvalho e Rêgo  e endereçadas À Exma. Senhora Dona Isabel Gorjão de Almeida, a quem o autor dedica o livro.

Cartas da China IV

São cartas onde o autor pretende ir contando  o muito que tenho de dizer-lhe, muito que será recolhido do que tenho lido, do que me têm contado e do que tenho observado”  (p. 13), nessa cidade (Macau), onde estava há cerca de quarenta anos.
Na 1.ª carta, anota interessantes opiniões sobre Camilo Pessanha e Manuel Mendes:
Quem há em Portugal, por exemplo, como ilustre sinólogo, como profundo conhecedor dos mais recônditos meandros da China?
Ora Camilo Pessanha conhecia mal a língua chinesa, quer escrita quer falada, sendo rudimentaríssimos os seus conhecimentos de tudo quanto é chinês.
Que deixou Camilo Pessanha escrito a China?
Nada, ou quase nada.
Com o auxílio de um intérprete-sinólogo que, por sua vez, trabalhava auxiliado por um chinês, mestre na língua de Confúncio, ouviu a narração de algumas elegias e deixou as traduções temperadas por uns restos da sua veia poética, já gasta e descolorida.
Mas, é assim, de resto, que trabalha a grande maioria dos sinólogos, que não consegue jamais visível independência num idioma, que parece  impenetrável… (…)”
“…Eu conheci em Macau, muito de perto, Camilo Pessanha e Manuel da Silva Mendes, dois estudiosos, que se interessaram por coisas da China.
O primeiro foi um sonhador, um fantasista, que paradoxalmente viveu a China em todo o seu materialismo, valor que se perdeu em conversas, aliás interessantíssimas, nada, ou quase nada, deixando à posteridade.
O segundo, mais profundo em conhecimentos que o primeiro, escondia uma alma de artista num corpo estruturalmente plebeu, temperando a sua prosa, sempre correcta, com humerismo, que chega a tocar as raias da irreverência.
Trabalhei com ambos e a ambos dei a minha modesta colaboração, sendo ainda hoje admirador de segundo qa quem presto aqui sentida homenagem à sua memória, lembrando com saudade e reconhecimento, as salutares lições que dele recebi.
Deixou uma obra pequena, obra que poderia ter sido maior, se falsos amigos, vencidos pela inveja, não tivessem faltado às suas promessas.
Para estes vai o meu maior desprezo… (…)

NOTA: Francisco Ernesto Palmeira de Carvalho e Rêgo, era o 5.º filho do Dr. José Maria Ernesto de Carvalho e Rêgo (1860-1917- bacharel em Direito em 1882, veio para Macau em 1908, como magistrado. Depois, delegado do Procurador da Coroa e Fazenda, Procurador Administrativo dos Negócios Sínicos, e após aposentação, advogado) e de Joana Alexandrina Palmeira de Carvalho e Rêgo (1860-1934).
Francisco veio para Macau com 10 anos de idade, em 1908, com os pais e irmãos (o irmão mais velho: José de Conceição Ernesto Palmeira de Carvalho e Rêgo, autor do livro “Figuras d´Outros Tempos”) (3).

(1) RÊGO, Francisco de Carvalho e – Cartas da China. Macau, 1949.
(2) PENAJÓIA, Francisco – Camilo Pessanha in Homenagem a Camilo Pessanha / org., pref. e notas de Daniel Pires. Lisboa, Instituto Português do Oriente; Macau, Instituto Cultural, 1990. – p. 40-44.
(3) RÊGO, José de Carvalho e – Figuras d´Outros Tempos. Instituto Cultural de Macau, 1994, 408 p., ISBN-972-35-0144-9.

Obras de Francisco de Carvalho e Rêgo:
O caso do tesouro do templo de A-Ma. Macau, Imprensa Nacional, 1949, 87 p. (Novela)
Da virtude da mulher. Macau, Imprensa Nacional, 1949, 219 p. (Ensaio)
Momentos musicais. Macau, Imprensa Nacional de Macau, 1949, 121 p. (Artes/Música). Sobre este livro, consultar o artigo de António Alexandre Bispo em:
http://www.revista.akademie-brasil-europa.org/CM03-02.htm
Macau. Macau, Imprensa Nacional, 1950, 13 p. c/ fotos  (História)
Lendas e contos da velha China. Macau, Imprensa Nacional, 1950, 120 p. (Uso e Costumes /China)
Mui Fá: versos chineses. Macau Imprensa Nacional, 1951, 175 p. (Poesia)

Manuel Silva MendesReproduzo aqui outro trecho (1) sobre a personalidade do Manuel da Silva Mendes:

“Quando dissertava sobre qualquer assunto, especialmente da sua paixão, ninguém o interrompesse, porque não conseguia alhear-se do assunto em que estava interessado. E foi assim que, num dia em que meu irmão Chico e eu o tínhamos ido visitar, e se falou de pintura, a propósito de um quadro de um pintor  célebre que tinha na sala, que era um verdadeiro museu, faz rodar a sua cadeira, e para ali nos conduziu, continuando a sua prelecção em frente desse magnífico quadro.
Acontece, porém, que, a certa altura, entra o criado com um cartão numa salva de prata, e entregou-lho. O Dr. Silva Mendes lê o cartão e diz ao criado:
– Leva lá acima, por ser este cartão, de certeza, para o sr. capitão. Eu não conheço.
O capitão era o genro, casado com sua filha Manuela (2), que conhecemos desde pequenina, que ali também viviam. Volta o criado e diz que o cartão era para o sr. doutor. Novamente interrompido, lê novamente o cartão e diz
– Se eu não o conheço!.
Durante  todo este tempo, o portador do cartão aproximou-se até à porta da sala, e nós que o vimos dissemos: Olhe doutor, está ali à porta. O Dr. Silva Mendes olhou, e disse:
– O que é?.
Aproximando-se e apresentando-se, muito fino e muito distinto, declarando a sua identidade, respondeu:
–  Sou o comandante Murinello, cheguei ontem a Macau no navio de guerra e trago pra V. Ex.ª cumprimentos do médico Dr…..
E, como pela recepção que lhe havia sido feita, se sentiu absolutamente deslocado já não atinando como o nome do amigo que lhe tinha pedido para visitar o Dr. Silva Mendes. E então nós é que lhe  lembrámos de que teria sido o Dr. Salgueiro, que havia estado em missão num navio de guerra da Armada e dissemos:
–  Dr. Salgueiro!
de que o comandante Murinello, retorquiu
– Exactamente o Dr. Salgueiro, que envia os cumprimentos.
– Está bem, está bem,  diz o Dr. Silva Mendes.
– Estão entregues.
Voltando para nós, continuou a sua prelecção; «
– Como eu ia dizendo, este pintor …..
E então, nessa altura, o comandante  Murinello, muito vexado, deu as boas tardes e saiu. Neste momento apareceu a senhora  D. Helena que tinha assistido a esta cena por entre a porta que dava para  sala de jantar e disse:
–  Ó Manel…Ó Manel! Parece impossível! Então tu recebes dessa forma este oficial que teve a gentileza de aqui vir-te fazer uma visita, e nem sequer o mandas sentar, falando com ele!
– Olha, ele disse que vinha trazer cumprimentos do Dr. Salgueiro; e disse que estavam entregues. Então não está bem?
Nós então dissemos:
– Desculpe doutor, mas não está bem. Trata-se de um oficial superior da Armada que teve a gentileza de vir aqui trazer-lhe os cumprimentos de um amigo.
O Dr. Silva Mendes reconsiderou e viu que tinha andado mal!……”

(1) RÊGO, José de Carvalho e – Figuras d´Outros Tempos. Instituto Cultural de Macau, 1994, 408 p. +  |2|, ISBN-972-35-0144-9
(2) Maria Helena Manuela Domke da Silva Mendes nasceu em Macau (S. Lourenço) a 06-10-1903 e faleceu em Lisboa a 29-03-1993. Casou em Macau (Sé) a 19-11-1922 com João Carlos Guedes Quinhones de Portugal da Silveira. Tenente em Macau (na altura desta “história” já era capitão) e reformado em general. No posto de brigadeiro exerceu as funções de Comandante Militar de Macau, acumulando as funções de Encarregado de Governo, quando o Governador Marques Esparteiro regressou definitivamente à Metrópole.
FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume III. Fundação Oriente/Instituto Cultural de Macau, 1996, 1085 p.  ISBN -972-9440-62-X (FO)

Mais informações sobre Manuel da Silva Mendes em meus anteriores “posts”:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/manuel-da-silva-mendes/

 
Quarta-feira atenção!
Há hoje muitos pedidos!
Não percam a ocasião
E apurem vossos ouvidos!
 
Todos querem ser chamados
pela voz da estação!
Até os mais acanhados,
enviam o seu cartão!
 
Quanto a nomes o que há
de melhor na colecção!
Uma surpresa ao papá,
parabéns ao tio João!
 
Festa grande. Aniversário
em casa do Barnabé!
Pede um tango o Januário,
uma rumba o mano Zé!.
 
O Tony, todo lampeiro,
pede p´ra miss Lulu,
que mora na Chunambeiro
a canção “Because of you”! (1)
 
Sábado continuação!
“Request” mais variado!
Prestem todos atenção,
o caso há-de ser falado!
 
Rose, Maggie, Julie, Dora,
pedem p´ra o primo Dôdie,
sem falta, marcando a hora,
“Play a simple melody” ! (2)
 
Lulie, Bela, e Leonor,
pedem para sua tia
que vai partir p´ra Timor,
o tango “Adios Pampa Mia”! (3)
 
Humberto, Neca e Diana
pedem p´ra “Temptation” ! (4)
Rosa, Baby e Juliana,
requerem o “Congratulation” !
 
De Mary, Nora e Betinho,
Titina, Lúcia, e Matias,
para o primo Luisinho,
que fez anos há dois dias.
 
De Déty, e Anastácia,
e Regina, sua irmã,
para a tia Bonifácia,
que faz anos amanhã,
 
De Carlota do Rosário,
p´ra Generoso e Bábu
pelo seu aniversário,
Happy Birtthday to You!

José de Carvalho e Rego (Publicado no semanário Clarim em 1951) (5) (6)

(1)BECAUSE OF YOU
Composição de Arthur Hammerstein and Dudley Wilkinson de 1940
Utilizado para o  filme de 1951 “I Was an American Spy“,
Tony Bennet gravou em 4 de abril de 1951 –  o primeiro grande êxito da sua longa carreira
               http://www.youtube.com/watch?v=fd5Id_1Y5_0
Teve muitas versões: recordo ouvir a versão de Connie Francis (gravada em 1959 – compare ouvindo-a em
               http://www.youtube.com/watch?v=nE2cHsGNiGo
Tony Bennet recentemente fez nova versão cantando com K. D. Lang no álbum mais recente em>”DUETS”
               http://www.youtube.com/watch?v=SqQ-6chkmsA
(2) “PLAY A SIMPLE MELODY
Canção de 1914 dum musical americano (“Watch Your Step“), música e letra do grande Irving Berlin. Popularizado pelo mundo, num disco de Bing Crosby (em dueto com Gary Crosby) em 1950. (Terá sido a versão focado nos versos).
Após isso foi incluído no filme de 1954 “There´s No Business Like Show Business
               http://en.wikipedia.org/wiki/Play_a_Simple_Melody
Poderá ouvira a versão de Bing Crosby em
               http://www.youtube.com/watch?v=kxWC3ZTki2A
(3)ADIÓS PAMPA MIA
Composição: Ivo Pelay, Francisco Canaro e Mariano Mores, cantado por Carlos Gardel
Versão de Jorge Negrete e letra da música  no
               http://www.vagalume.com.br/carlos-gardel/adios-pampa-mia.html
Existem versões posteriores de Júlio Iglesias, Gigliola Cinquetti, José Mendes, James Last, etc,  todos disponíveis no Youtube.
(4)  “THE TEMPTATIONS
Grupo vocal americano (do afamado Motown Records) com  sucesso nas décadas de 60 e 70.
               http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Temptations
Várias actuações disponíveis no Youtube
(5) José de Carvalho e Rego, poeta popular, produtor radiofónico, deixou uma colaboração vastíssima. Colaborou (um dos impulsionadores da publicação)  para o semanário “Clarim” (em 1951 semanário, passou a bissemanário em 1955)  com o pseudónimo “Mefistófeles”. Colaborou com a Gazeta Macaense (crónicas publicadas sobre os maiores desportivas que nasceram e viveram em Macau foram reunidas num livro) (7)
(6) Retirado do livro de João C. Reis
REIS, João C. Trovas Macaenses. Mar-Oceano Editora, Macau, 1992, 485 p. + |10|
(7) REGO, José de Carvalho e – Figuras Desportivas do Passado. Fundação Oriente: Instituto Cultural: Instituto dos Desportos, 1996. 366 p. – ISBN 972-9440-45-X