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Em honra do Senhor Ministro do Ultramar, Comandante Sarmento Rodrigues, na sua visita a Macau em Junho de 1952, realizou-se no dia 20 de Junho um grandioso desfile militar, na qual participaram todas as forças de terra e mar que desfilaram perante a tribuna de honra (colocada à frente do Palácio do Governo), com grande variedade de viaturas, material pesado e outros engenhos bélicos. (1)
À esquerda da tribuna ministerial estava formada a guarda de honra, uma companhia do Batalhão de Caçadores n.º 1, sob o comando do capitão Marques de Carvalho e a banda de música da Polícia de Segurança Pública.
DESFILE MILITAR 20JUN1952 IÀ chegada do Ministro do Ultramar, a um toque de clarim, a guarda de honra apresentou armas e a banda musical tocou “A Portuguesa”.
DESFILE MILITAR 20JUN1952 IIO Comandante Sarmento Rodrigues acompanhado pelo Comandante Militar , tenente-coronel António Cyrne Pacheco.
DESFILE MILITAR 20JUN1952 III                                              … passou revista à guarda de honra.
Às 9,30 horas começou o desfile.
DESFILE MILITAR 20JUN1952 IVA um toque de clarim começou a marcha pela Rua da Praia Grande, abrindo com dois castelos da Mocidade Portuguesa com os respectivos estandartes.
Seguia depois um carro militar com o comandante das forças em parada, que parrou em frente à tribuna.
DESFILE MILITAR 20JUN1952 XIO comandante das forças em parada, o tenente-coronel de artilharia, Acácio V. Neves e Castro e adjunto tenente-miliciano de artilharia, Francisco F. Novo, prestaram a continência pedindo autorização para o desfile, após o que se colocaram à esquerda da Tribuna Ministerial juntamente com o ordenança, clarim e estafeta.
DESFILE MILITAR 20JUN1952 XIIDesfilou então a parte apeada com uma companhia da Marinha de Guerra com bandeira, sob o comando do 2.º tenente Caldeira Saraiva.
Depois vinha a Banda de Corneteiros composta por pessoal indígena dos batalhões de Caçadores 1 e 2. Seguidamente a Bandeira Militar tendo como porta-bandeira o tenente de artilharia Álvaro Manuel V. Cepeda e a respectiva escolta constituída por um sargento, um furriel e um 1.º cabo; um Batalhão de Caçadores sob o comando do major de infantaria, Mário dos Santos Anino, tendo como adjunto um capitão, um sargento (como porta-guião do batalhão) e uma ordenança. Depois, a 1.ª Companhia de Atiradores sob o comando do capitão Carlos Eduardo Campelo de Andrade Bandeira de Lima; a 2.ª Companhia de Atiradores a quatro pelotões, sob o comando do capitão de infantaria, Pedro de Barcelos; a 3.ª Companhia de Atiradores, a quatro pelotões, sob o comando do capitão de infantaria, Miguel Ângelo Cambraia Duarte e a 4.ª Companhia de Atiradores a quatro pelotões, sob o comando do capitão de infantaria Carlos da Costa Campos de Oliveira.
Seguiu-se a Polícia Marítima, a um pelotão sob o comando do chefe Joaquim Baptista e a Polícia de Segurança Pública, a uma companhia a três pelotões , com bandeira sob o comando do tenente José da Conceição Miguel.
Seguiu-se depois a parte motorizada.
DESFILE MILITAR 20JUN1952 VIIUma coluna sob o comando do capitão de infantaria, Mário Gustavo de Araújo Barata da Cruz, tendo como adjunto um capitão de infantaria com ordenança-estafeta; Companhia Anti-Carro, do Batalhão de Caçadores sob o comando do capitão de infantaria João Melo de Oliveira, um corneteiro e um estafeta;
DESFILE MILITAR 20JUN1952 VIII1.º Pelotão Anti-Carro a quatro secções, sob o comando do tenente miliciano de infantaria Carlos Fernandes Camacho, o 2.º pelotão Anti-Carro, a quatro secções, sob o comando do alferes miliciano de infantaria, José F. Lino.
Seguia-se o Agrupamento de Baterias de Artilharia, sob o comando do capitão de artilharia Eduardo Afonso S. Salaviza, com um 1.º sargento, porta guião e um estafeta-moto;
Bateria de Artilharia Ligeira 8,8 n.º 1, sob o comando do capitão de artilharia Adriano Vítor Hugo Landercet Cadima, a duas divisões e quatro secções;
Bateria de Artilharia Ligeira 8,8 n.º 2, sob o comando do tenente de artilharia, Joaquim Humberto da Silva Porto Oneto, a duas divisões e quatro secções;
Bateria de Artilharia Anti-Aérea de 4 cm, sob o comando do tenente de artilharia, Domingos Sebastião Gama de Câmara Stone, a duas divisões e quatro sessões.
Bateria de Artilharia Anti-Aérea de 7,5 cm, sob o comando do capitão de artilharia, Maurício Martins Lopes, a duas divisões e quatro secções.
DESFILE MILITAR 20JUN1952 IXDesfilou a seguir o Esquadrão Motorizado sob o comando do capitão de cavalaria, José Carlos Sirgado Maia, com um 1.º sargento porta-guião, clarim e estafeta-miliciano.
Depois, o Pelotão de Auto-Metralhadoras, sob o comando do alferes miliciano de cavalaria, Mário António de P. Valente;
DESFILE MILITAR 20JUN1952 XIIIo Pelotão de Metralhadoras-Auto (Brens), sob o comando do alferes miliciano de cavalaria, Rui Ferreira, pelotão auto T. T., sob o comando do alferes miliciano de cavalaria, Jácome Saavedra de O. Bruges;
Desfilou depois a Companhia de Engenharia, sob o comando do capitão de engenharia, Henrique Pedro Daniel e Aranda, com um 1.º sargento porta-guião, clarim e um estafeta -moto; Pelotão de Sapadores sob o comando do tenente de engenharia Manuel Mesquita Borges e um Pelotão de Transmissões, sob o comando do alferes miliciano de engenharia, Fernando José Brochado de Miranda;
Um pelotão de Motociclistas da Polícia de Segurança Pública e seis “jeeps”, sob o comando do tenente Francisco Maria Candeias, e uma Companhia de Bombeiros Municipais sob o comando de chefe Manuel Dimas Pina, fecharam a parada.
Dirigiu a parada o capitão Alberty Correia, subchefe do Estado Maior.
(1) Segundo testemunhos dos militares radicados em Macau, terá sido o maior desfile militar até então e nunca mais repetido nessa grandeza, quer em termos humanos quer em meios utilizados. As tropas tinham a testa da formação, junto do antigo Palácio das Repartições (depois Tribunal); as forças motorizadas e corporações militarizadas estendiam-se até ao Porto Exterior, ao longo da Avenida então chamada Dr. Oliveira Salazar.
Informações de BARROTE, David (coordenação) – A Visita do Ministro do Ultramar a Macau em Junho de 1952. Editado pela Repartição Central dos Serviços Económicos, Secção de Propaganda, 328 p.
Referências anteriores ao comandante Sarmento Rodrigues e à sua visita a Macau em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/manuel-m-sarmento-rodrigues/

A cerimónia da entrega do soldo de Santo António, realizada no dia 18 de Junho de 1955, (1) revestiu-se de especial significado militar, em homenagem ao «Capitão da Cidade», patente que foi dada, em Macau, ao Santo Taumaturgo.(2)
O comandante Militar , coronel Rui Pereira da Cunha e sua esposa, o Chefe do estado maior, major José Alberty Correia e a Comissão Administrativa do Leal Senado, representada pelo Vice -Presidente Dr. José Marcos Batalha, pelo secretário Sr. Veríssimo do Rosário, pelo Tesoureiro, Sr. Mário de Barros Pereira, entregou ao Pároco , Rev. Cónego Manuel Pinto Basaloco, à porta da igreja, a importância de $ 1.200,00, soldo simbólico anual do «Capitão da Cidade»
Esta cerimónia que inicialmente se revestia de maior importância, pois o pároco descia até à porta da igreja de capa magna e debaixo do pálio, foi restaurada novamente em 1951,  quando era pároco interino, o Rev Padre Benjamin Pires Videira, S. J. (3)

No dia 19, realizaram-se missas celebradas desde o alvorecer e missa solene, cantada bem como para as cerimónias da tarde. Procissão presidida (4) pelo Bispo de Macau, Ex.º Rev. mo, D. Policarpo da Costa Vaz” (5)

Segundo Leonel Barros (6), “o dinheiro recolhido pelo pároco era depositado no cofre do “Pão dos Pobres”, obra de beneficiência que, durante muitos anos, teve a seu cargo a distribuição de arroz e esmola por mais de duas centenas de pobres da freguesia de Santo António, no primeiro sábado de cada mês. A cerimónia decorria no adro da Igreja de Santo António, com toda a pompa e circunstância. Durante o acto, via-se grande número de paroquianos, bem como muitos oficiais do Exército, trajando a rigor, um pelotão de soldados armados e corneteiros comandados por um sargento, com o fim de prestar “homenagem de ordenança” ao santo. No momento da chegada dos representantes do Leal Senado, ouvia-se o toque de sentido, seguindo de repiques dos sinos da igreja.A entrega do soldo ao páraco era executada no altar onde se encontra a imagem de Santo António. Após a entrega do cheque, a retirada do sacerdote era assinalada solenemente por novo toque de sentido pelos corneteiros de serviço”
António Rodrigues Baptista no seu livro ” A Última Nau – Estudos  de Macau” (7) refere o seguinte:
“Frisemos que Santo António em Macau, como noutras partes da diáspora lusitana, tem sido considerado o “capitão” da cidade tendo-lhe por isso, até sido atribuído um soldo anual conforme nos dão conta diversos documentos. Desta feita, pelo que a Macau concerne, consta que o Nosso Santo foi alistado como soldado em 1623, ano em que veio de Goa para Macau o primeiro presídio militar, com o primeiro Governador, D. Francisco de Mascarenhas. Em 1780, ter-lhe-á sido suspenso tal soldo; mas, três anos depois, ou seja, em 17 de Setembro de 1783, o Senado mandou-lhe pagar os atrasados, promovendo-o nessa altura a “Capitão”. O montante do salário tem variado com os anos….(…) Em 1975, o Leal Senado pagou 6 mil patacas de soldo anual a Santo António e que, em 1995, o Presidente do Leal Senado entregou 40 mil patacas ao “Santo Capitão”  do Município de Macau.
O Pão dos Pobres foi instituído em 1903, por diligências do pároco de então Dr. António José Gomes. Os benfeitores contavam-se tanto em Macau como em Hong Kong, Xangai e Cantão, principalmente. Digamos ainda que os primeiros vinte e oito anos desta instituição, isto é, de 1903 até 1930, O Pão dos Pobres distribuiu em Macau o elevado número de 7 374 picos de arroz. Em 1931 matava a fome a 200 famílias com a distribuição mensal de 22 picos de arroz, ou seja, se não erramos 1 342 quilos de arroz por mês.”
 
Na nave principal da Igreja de Santo António está colocada uma estátua do St. António com o Menino Jesus ao colo
 
(1) Anualmente e até 1999 (ano da transferência da soberania de Macau para a China) , esta cerimónia (interrompida durante alguns anos e restaurada  em 1951) era habitualmente realizada no dia 13 de Junho (data da festa de S. António) – desconheço porque nesse ano (1955) foi no dia 18 de Junho.
(2) Taumaturgo = o que faz milagres. Santo António é um santo “militar” e “Capitão” de Exército Português. A cerimónia em que o Presidente do Leal Senado lhe entregava o soldo remonta como soldado desde 1623 e como capitão desde 1780,  segundo Leonel Barros:
“soldado em Macau desde que houve presídio (1623) e Capitão da Cidade desde 1780, por decisão do Leal Senado” (6)
(3) Nesse ano, 1955, o Padre Benjamin Videira Pires era  capelão militar nesta Província.
(4) A imagem do Santo era levada em procissão ao redor da Igreja de Santo António até ao Largo de Camões.
(5) Macau, Boletim Quinzenal, Ano II, n.º 46
(6) BARROS, Leonel in JTM 14 JUN 2009
               http://www.jtm.com.mo/view.asp?dT=318202002
(7) BAPTISTA; António Rodrigues – A última nau: estudos de Macau. Macau: Edição do Autor, 2000, 382 p., 23 cm.
Citado por Jorge Rangel in JTM de 11 -JUN 2007:
               http://www.jtm.com.mo/view.asp?dT=248302004