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António Manuel Couto Viana, 17.07.1986 (1)

(1) In «Macau», suplemento da revista «Via Latina», Maio 1991, p. 60

Anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-couto-viana/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/

“Slide”digitalizado da colecção “MACAU COLOR SLIDES  KODAK EASTMAN COLOR” comprado em finais da década de 60 ou princípio de 70 (séculoXX), se não me engano, na Foto Princesa (1) Foi inaugurada a 16 de Setembro de 1954, em Macau, no então recente aterro da Praia Grande, em frente do antigo Palácio das Repartições Públicas o pedestal e a estátua que foi feita em pedra liós, da autoria do escultor Euclides Vaz, ao primeiro português que veio à China, Jorge Álvares. (2) (3)
O Engenheiro José dos Santos Baptista, Chefe da Repartição Técnica da Obras Públicas discursou, tendo salientado:
“ … após abertura do concurso promulgado pelo Ministro do Ultramar , o júri do concurso classificou , em primeiro lugar, o trabalho do escultor Euclides Vaz, a quem, em Setembro de 1953 , foi feita a adjudicação da obra. Em Maio deste ano (1954) chegaram a Macau, no paquete «Índia», todas as peças do monumento.
Elaborado o projecto da sua localização e montagem pela Repartição Técnica das Obras Públicas, é a respectiva execução posta a concurso e, depois, adjudicada ao empreiteiro Vá San. A montagem foi iniciada em fins de Julho e ficou concluída em fins de Agosto…. (…)
Falou de seguida, o Presidente do Leal Senado, António de Magalhães Coutinho, que traçou resumidamente a biografia de Jorge Àlvares.
Finalmente o Governador, Almirante Joaquim Marques Esparteiro usou da palavra, enaltecendo profundamente o acto. Saliento uma pequena passagem:
“A viagem de Jorge Álvares e a documentação que lhe confirma o lugar de pioneiro nos contactos do Ocidente com o Imperio Celeste não foram completamente esclarecidos senão há cerca de 20 anos, conservando-se o seu nome injustamente esquecido durante mais de quatro séculos. Diversas causas para tal contribuíram, salientando-se dentre elas os terramotos de Janeiro de 1531 e de Novembro de 1755 que destruíram boa parte dos arquivos de Lisboa sobre os nossos feitos na ìndia e terras do Oriente e que dificultaram consequentemente trabalho de estudiosos e investigadores.
Por sua vez, o autor Ljungstedt, que escreveu o «Esboço histórico dos Estabelecimentos Portugueses na China» – obra editada em Boston em 1836 – prestou-nos muito mau serviço pelos erros e incorrecções que deixou escrito a nosso respeito que infelizmente fizeram escola por esse mundo fora. Segundo Ljungstedt fora o português Rafael Perestrelo quem primeiramente tinha chegado à China embora se saiba que só aqui esteve pelo menos um ano mais tarde… (…)”
Findo os discursos, a esposa do Governador, D. Laurinda Marques Esparteiro puxou o laço que prendia a Bandeira Nacional descerrando assim a estátua de Jorge Álvares.
Numa das faces de pedestal estão gravadas a profecia que sobre Jorge Álvares nos deixou o cronista João de Barros:
«E peró que aquela região de idolatria coma o seu corpo, pois por honra de sua pátria em os fins da terra pôs aquele padrão e seu descobrimento, não comerá a memória da sua sepultura, enquanto esta nossa escritura durara»
Recorda-se que em 1513, Jorge Álvares que largara algum tempo antes de Malaca num junco tendo a bordo o seu filho, aportava ao largo da barra do Rio cantão e lançava ferro no ancoradouro da Ilha de Tamão (Jack Braga identificou-a como a Ilha de Lintin) que nessa época era o centro de todo o comércio da China com o exterior.
Faleceu na Ilha de Tamão na sua quarta viagem para estas paragens, tendo desembarcado em Cantão onde ficou pouco tempo, no regresso à Ilha de Tamão faleceu, a 8 de Julho de m 1521, oito anos depois de ali ter aportado, ficando ali sepultado junto do padrão que ele havia levantado e ao lado do filho que aí falecera em 1513.
NOTA: A cerimónia da inauguração da estátua Jorge Álvares foi filmada por uma equipa técnica da empresa cinematográfica «Eurásia Filmes, Limitada» (4) sob a direcção de Eurico Ferreira para um documentário, que não sei se foi exibido mas que se perdeu a cópia.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/foto-princesa/
(2) «MACAU Boletim Informativo», Ano II, n.º 28 de 30-09-1954.
(3) Ver referências anteriores a este navegador, nomeadamente à inauguração da estátua:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estatua-de-jorge-alvares/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/06/22/leitura-caminhos-do-futuro-dos-horizontes-da-nacao-ii/
(4) Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/23/noticias-23-11-1955-caminhos-longos-uma-iniciativa-arrojada-da-eurasia-filmes/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/09/03/filme-caminhos-longos-de-1955-artistas-chineses-de-cinema/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/07/noticia-filme-caminhos-longos/

Jorge Álvares morre nos braços do seu grande amigo Duarte Coelho, na tarde do dia 8 de Julho de 1521: « … e foi enterrado ao pé de hum padrão de pedra com as Armas deste Reyno, que elle mesmo Jorge Àlvares alli puzera hum ano ante que Rafael Perestrello fosse aquellas partes no qual ano que ali esteve, ele tinha enterrado hum seu filho que lhe faleceo…» (1)
« … Estando os nossos no qual trabalho em perigo, em vinte e sete de Junho de quinhentos e vinte e um, chegou Duarte Coelho em um junco seu aperecebido, e com êle outro dos moradores de Malaca. O qual, tanto que soube dos nossos o estado da terra, e como o Itau, que era Capitão-mor do Mar, os cometera já por vezes, quisera-se logo tornar a sair; mas, vendo que os nossos não estavão apercebidos pera isso, po-los ajudar a salvar, ficou com êles. E principalmente por amor de Jorge Álvares, que era grande seu amigo, o qual estava tam enfêrmo, que da chegada dêle, Duarte Coelho, a onze dias, faleceu e foi enterrado ao pé de um padrão de pedra com as armas dêste reino, que êle mesmo Jorge Álvares ali pusera um ano ante que Rafael Perestelo fêsse àquelas partes; no qual ano que ali esteve, êle tinha enterrado um seu filho que lhe faleceu…» (2)
Numa postagem anterior sobre Jorge Álvares (3) sublinhei o seguinte:
Por falar em Jorge Álvares, consta-se que foi Sarmento Rodrigues, nessa viagem a Macau, em 1952, quem mandou erguer uma estátua a Jorge Álvares. Coincidência ou não… eram ambos de Freixo de Espada à Cinta.
Ora este Jorge Álvares embora venha mencionado em muitos trabalhos como natural de Freixo de Espada à Cinta, não há documento que comprove tal facto.
Artur Basílio de Sá, autor do livro “Jorge Álvares”, (2) retrata não o Jorge Álvares (cuja naturalidade não se conhece) escrivão, por mercê do capitão de Malaca e modesto armador de um junco, primeiro europeu a aportar a China por via marítima em 1513 mas outro Jorge Álvares, este sim, natural de Freixo de Espada à Cinta, abastado mercador e capitão de um navio, homem do mar, navegador por vocação, primeiro cronista do Japão, grande amigo do padre Mestre Francisco Xavier, a quem tanto procurou auxiliar nos seus trabalhos apostólicos, pondo ao serviço do santo o seu navio, o seu saber e a sua fé de zeloso e instruído cristão.
Assim mesmo na Introdução, o mesmo autor escreve:
“Com sobejos motivos e fundamentos se interessou pois, o Sr. Comandante Sarmento Rodrigues quando ainda Ministro do Ultramar, por uma justa consagração daquele seu conterrâneo na sua vila natal. E para que naquela terra transmontana se pudesse erguer um condigno monumento ao insigne navegador dos ares do Oriente e primeiro cronista do Japão, teve intervenção decisiva e generosa o Sr. Governador de Macau, contra-almirante Joaquim Marques Esparteiro, concedendo para esse efeito um subsídio, retirado da verba destinada ao levantamento em Macau da estátua do outro Jorge Álvares, o primeiro navegador ocidental que foi à China e cuja naturalidade ainda se não conhece.”
Cita o mesmo autor: “ … no período situado entre 1511 e 1550, o nome de Jorge Álvares aparece-nos a designar alguém que desempenha ofícios vários em datas diferentes:
– Em 1511, o escrivão da nau «S. João Rumessa» chamava-se Jorge Álvares
-Em 1514, o primeiro português qua vai à China como feitor da fazenda de el-rei embarcada no junco do bendara de Malaca, chamava-se Jorge Álvares.
-Em 1518, o homem de armas que sabia a língua malaia e traduziu três cartas dos reis das Moluscas tinha igualmente o nome de Jorge Álvares.
– Finalmente, em 1548, um dos grandes amigos do Padre Mestre Francisco chama-se também Jorge Álvares., que Fernão Mendes Pinto diz ser natural de Freixo de Espada à Cinta.”
A estátua que está em Freixo de Espada à Cinta (foto anterior) é deste navegante (e não o da China) embora a escultura dele seja de Euclides da Silva Vaz (1916), o mesmo escultor que fez a estátua do Jorge Álvares colocada em  Macau (foto seguinte).

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_%C3%81lvares

A estátua foi colocada frente ao edifício das Repartições, na então zona de aterro da baía da Praia Grande, a 16 de Setembro de 1954 (data do descerramento)
(1) BARROS, João de – Da Ásia (edição de 1777), Década III, Liv VI, Cap. II in KEIL, Luís – Jorge Álvares O Primeiro Português que foi à China (1513). Instituto Cultural de Macau, 1990.
(2) SÁ, Artur Basílio de – Jorge Álvares, Quadros da sua biografia no Oriente. Agência Geral do Ultramar, 1956, 143 p.
(3) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/01/07/noticia-de-7-de-janeiro-de-1514-leitura-jorge-alvares-o-primeiro-portugues-que-foi-a-china-1513/
Anteriores referências a Jorge Álvares
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/

Faz precisamente hoje, 500 anos, o início da aventura desafortunada de Tomé Pires como 1.º embaixador enviado à China e que só terminaria com a sua morte em 1524 (1) (2)
Em 17 de Junho de 1517, saiu de Malaca com destino à China a frota de Fernão Peres de Andrade enviada pelo Governador da Índia Lopo Soares de Albergaria, transportando o boticário e naturalista Tomé Pires como embaixador e o já experiente Jorge Álvares. (3) A frota chegaria a Tamão /Tamau (Lintin, Ilha de Lingding / 內伶仃㠀) a 15-08-1517, onde se encontrava Duarte Coelho que a procedera, e, em fins de Setembro, a Cantão. Tendo conseguido permissão para Tomé Pires seguir para Pequim, Fernão Peres de Andrade fez-se de vela de regresso a Malaca, em fins de Setembro de 1518. Tomé Pires aguardou viagem em Lantao (Ilha de Lantau /大嶼山)

https://en.wikipedia.org/wiki/Zhengde_Emperor

Devido as delongas do cerimonial chinês, Tomé Pires parte de Cantão e depois de demorada estadia em Nanquim, chega a Pequim em 11 de Janeiro de 1521. Com a morte do Imperador Zhengde / 正德  (1506-1521) a embaixada de Tomé Pires foi convidada a sair de Pequim para Cantão onde as autoridades locais já tinham recebido ordens para prenderem todos os membros da mal-aventurada embaixada devido aos desacatos praticados por Simão Peres de Andrade, na Ilha de Tamau. Chegou a Cantão, a 22-09-1521 e como os portugueses não quisessem obedecer à ordem de abandonar o Império Chinês foram roubados e presos Tomé Pires, Vasco Calvo e António de Almeida, tendo este morrido à entrada da cadeia, devido aos tormentos das algumas e outras torturas. Tomé Pires morreria em 1524 na China. (4)
(1) A embaixada de Tomé Pires não é considerada por alguns autores como a 1.ª por ter sido enviada de Goa. A 1.ª embaixada enviada pelo Rei D. Manuel (que morreu em 1521) e relatada por João de Barros e Fr. Luís de Sousa, teve como embaixador, Martim Afonso de Melo Coutinho que saiu de Malaca a 10 de Julho de 1522 com 300 homens em 6 navios. Também esta embaixada foi mal sucedida não tendo Martim Afonso passado para além de Tamão, onde foram mal recebidos pelos chineses com uma batalha naval. Perdeu-se dois navios portugueses e 42 homens foram capturados. Martim Afonso voltou para Malaca em Outubro de 1522 e chegou a Lisboa em 1525. Ver anteriores referências a Tomé Pires em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/tome-pires/
Sobre esta matéria sugiro leitura de
* Jin Guo Ping e Wu ZhiliangUma Embaixada com Dois Embaixadores – Novos Dados Orientais Sobre Tomé Pire se Hoja Yasan,” publicada na Revista Administração n.º 60, vol. XVI, 2003-2.º, 685-716, disponível em:
file:///C:/Users/ASUS/Downloads/Uma%20Embaixada%20com%20dois%20Embaixadores%20%E2%80%94%20Novos%20dados%20orientais%20sobre%20Tom%C3%A9%20Pires%20e%20Hoja%20Yasan.pdf
* “As Navegações Chinesas e Portuguesas; A Presença Portuguesa em Macau”
http://www.macaudata.com/macaubook/book091/html/0021001.htm#0021005
(2) Segundo Armando Cortesão morreu cerca de 1540 deixando uma filha, Inês de Leiria. Tomé Pires nasceu cerca de 1465. Foi autor da Suma Oriental (1515) a primeira descrição europeia da Malásia e a mais antiga e extensa descrição portuguesa do Oriente.
(3) Jorge Álvares foi mandado de Malaca à China em 1513. Levantou o Padrão do seu Rei na Ilha de Tamão (hoje Lintin) e, como o filho lhe morreu durante essa visita, sepultou os seus restos mortais junto do padrão. Em 7 de Janeiro de 1514, Tomé Pires escreveu de Malaca comunicando ao Rei de Portugal, que um junco de Sua Majestade, comandado por Jorge Álvares, que seguiu com outro para a China, a fim de buscar mercadorias, tendo regressado a Malaca entre Abril e Maio de 1514. Jorge Álvares após essa deslocação de 1517, ainda regressaria à China em 1521 falecendo a 8 de Junho de 1521 sendo sepultado junto do filho em Tamão.
Ver anteriores referências de Jorge Álvares em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/
(4) Informações colhidas de GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau, 1954 e SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 1997.

No dia 11 de Setembro de 1509, chegou Diogo Lopes de Sequeira (1) a Malaca com instruções de D. Manuel, para colher com minúcia quantas informações pudesse sobre os chineses que apareciam a negociar em Malaca e de tudo quanto que a respeito deles fosse de interesse. Sequeira encontrou quatro juncos chineses mas não conseguiu cumprir plenamente a missão de que ia incumbido, devido à hostilidade dos malaios. (2) (3)

Mapa de Fernão Vaz Dourado ca 1576Atlas atribuído a Fernão Vaz Dourado, ca 1576 (9)

Em 1509, Ruy d´Araújo, escreveu da prisão, em Malaca, a Afonso de Albuquerque, fazendo descrições do local e referindo-se aos «chins». Envolvido num traiçoeiro ataque contra o primeiro português que pisou as ilhas Léquias (Liu-Kiu), (4) deu ainda notícias dessas ilhas cujos habitantes eram chamados gores ou gaores sendo esta a primeira referência europeia a tais nomes.
Em 1510, Afonso de Albuquerque conquista Goa e em 1 de Julho de 1511, ancorou em Malaca (5) para conquistar a cidade. Afonso de Albuquerque requereu  que lhe fossem entregues os prisioneiros portugueses. Devido ao insucesso do pedido, tomou a cidade a 15 de Agosto de 1511).(6)
Os chineses de 5 juncos, que foram detidos pelo Rei de Malaca com o fim de se servir deles contra o Rei de Daru, indignados, ofereceram-se para auxiliar os portugueses na conquista de Malaca, oferta que Albuquerque recusou, por motivos políticos e porque desejava que os chineses fossem testemunhas do valor português no ataque à cidade. Aceitou porém os juncos, para desembarque dos seus homens. Os chineses encantados com Albuquerque (7) ofereceram-se para transportar até ao Sião, nos juncos de regresso à China, os seus embaixadores; e tão boas informações prestaram a respeito dos portugueses que o Imperador da China fez-se surdo ao pedido do embaixador de Malaca, de auxílio contra os portugueses.(2)
(1) O Rei D. Manuel de Portugal mandou Diogo Lopes de Sequeira, em 1508, «descobrir» Malaca e «perguntar pelos chins»” (8)
(2) GOMES, Luís G. –  Efemérides da História de Macau, 1954.
(3) Para evitar a sua captura, teve de fugir apressadamente, regressando a Portugal em 1510.  Alguns portugueses, contudo, ficaram realmente presos em Malaca. (8)
(4) “A forma Lequios (do chinês Liu-Kiu, equivalente ao japonês Ryukyu, não é só plural do gentílico mas também usada como topónimo para se referir a uma ilha e um arquipélago. Por “léquios” Jaime Cortesão reconhece a Formosa e Riukiu. Os léquios eram referidos também pelo termo “gores” para designar os habitantes do arquipélago Riukiu com a Formosa” (RODRIGUES, Afonso X. C. – As Viagens de Mendes Pinto: guia para um mapa.
https://books.google.pt/books?id=1b-riejt4pAC&pg=PA65&lpg=PA65&dq=ilhas+l%C3%A9quias+liu+kiu&source
(5) A importância de Malaca fora reconhecida nas instruções que D. Manuel dera aos comandantes das frotas que largaram de Lisboa em 1509 e 1510, embota tivesse cabido a Albuquerque realizar a conquista”. (BOXER, C. R. – O Império Marítimo Português 1415-1825. Edições 70.
(6) Entre os oficiais de Albuquerque encontrava-se Jorge Álvares, capitão do «San Juan Rumessa».(8)
(7) Afonso de Albuquerque escreveu ao Rei de Portugal em 1 de Abril de 1513, mencionando, entre outras coisas, que «Malaca é o terminal dos comerciantes da China»“(8)
(8) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 1, 1997
(9) Sobre Fernão Vaz Dourado ( 1520-1580) e mapas a ele atribuídos ver em:
http://purl.pt/369/1/ficha-obra-vazdourado.html
e referência anterior neste blogue em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2016/04/10/noticia-de-10-de-abril-de-1586-macau-elevacao-a-cidade/

O catálogo da empresa portuguesa do turismo “Pinto Lopes Viagem” de 2016, apresenta nas pp. 62/63,  para 14-15 de Maio, uma viagem literária pela “Vila Mais Manuelina de Portugal“. O roteiro denominado  “Caminhos de Guerra Junqueiro” é apresentado da seguinte maneira:

Caminhos de Guerra Junqueiro IIFreixo de Espada à Cinta, terra onde panos de pura seda saem dos teares manobrados  por mãos laboriosas. Aqui nasceu Guerra Junqueiro, poeta, escritor, deputado, antiquário, coleccionador e ministro plenipotenciário do governo português na Suíça. A Igreja matriz (MN), a Torre do Galo  e o casario envolvente deram-lhe o título de Vila Mais Manuelina de Portugal, orgulhosa por ser  terra de navegadores e de missionários do Oriente. Foi berço de Jorge Álvares, capitão de Afonso de Albuquerque no Extremo oriente, Morais Sarmento, missionário e fundador do Arquivo Histórico de Macau e Manuel Teixeira, monsenhor e historiador do Oriente. Torrão valioso e fértil, daqui saem uvas que hão-de-encher pipas de Vinho do Porto…(…)
Caminhos de Guerra Junqueiro IO negrito é da minha autoria, para sublinhar três nomes tão importantes para a História de Macau.

07-01-1514 – Tomé Pires escreveu de Malaca comunicando ao Rei de Portugal que um junco da Sua Majestade, comandado por Jorge Álvares, seguiu com outros para China,  afim de buscar mercadorias, sendo as despesas compartilhadas, em partes iguais, entre El-Rei e Bemdara Nina Chatu  (1) O Capitão de Malaca, Rui de Brito Patalim escreveu também a D. Manuel, em carta datada do dia anterior (06-01-1514) sobre o envio de um junco, carregado de pimenta, na companhia de outros juncos chineses  e cinco portugueses (dos quais dois no junco pertencente ao Rei de Portugal). (1) Uma outra carta também dirigida a D. Manuel de Jorge de Albuquerque, datada de 8-01-1515, menciona o nome de Jorge Álvares nessa viagem. Jorge Álvares terá regressado da China aportando em Malaca entre Abril e Maio desse ano.

LUÍS KEIL - Jorge Álvares CAPACAPA: fotografia de Eduardo Tomé; arranjo gráfico de Gisela Viegas

A propósito de Jorge Álvares, apresento este livro : “Jorge Álvares o primeiro português que foi à China (1513)”, (2) que é uma reedição de um estudo de Luis Keil  editada em Lisboa, em 1933. Editada em 1990 pelo Instituto Cultural de Macau numa edição trilingue (em português pp. 7-19,  tradução para chinês de Qi Xin, pp. 23-34 e tradução para inglês de Marie Imelda  Macleod, pp. 37-51).
Foi Luís Keil (3), neste trabalho de 1933, quem pela primeira vez, chamou a atenção e  veio recordar, de forma definitiva, a primazia de Jorge Álvares, um português, em missão oficial, que chegou pela primeira vez à China e aí deixou um padrão do rei D. Manuel na Ilha de Tamão.
Durante muito tempo, esta glória era atribuída a Rafael Perestrelo que chegou a Cantão apenas em 1515; “este esquecimento a que o nome de Jorge Álvares foi votado é tanto mais de estranhar quanto João de Barros lhe promete uma glória imorredoira por este feito: “E pêro que aquella região de idolatria coma seu corpo, pois por honra de sua pátria em os fins da terra poz aquelle padrão de seus descobrimentos, não comerá a memoria de sua sepultura, emquanto esta nossa escritura durar… (4)
LUÍS KEIL - Jorge Álvares 1.ª páginaO Prefácio de João de Deus Ramos refere:
” …Terá também,  espera-se, a virtualidade de desfazer alguns equívocos entre o Jorge Álvares de 1513 e outras seus homónimos contemporâneos nas mesmas paragens. Finalmente , passa agora a dispor-se de um estudo difícil de encontrar em alfarrabistas e livreiros, não só pela sua raridade, mas também por ser frequentemente confundido com o livro de Artur Basílio de Sá sobre um dos “outros” Jorge Álvares….(…)
J. M. Braga escrevia, em 1955, no prefácio ao seu trabalho sobre o mesmo tema, China Landfall, 1513:for a long time, the voyage of Jorge Álvares to China in 1513 was forgotten We are indebted to Luis Keil for a excellent little study in Portuguese, published in 1933, clarifying the circumstances and pointing the way to the existence of a great deal of source material, which had to be suitably interpreted … (…)” (5)
LUÍS KEIL - Jorge Álvares Fragmento da cartaFragmento da carta de Jorge de Albuquerque, escrita de Malaca a 8 de Janeiro de 1515, dirigida ao Rei D. Manuel. Nela se lê a referência a Jorge Álvares junto à parte deteriorada ( Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Corpo Cronológico. Parte III. Maço 5, Doc. n.º 87) (2)

LUÍS KEIL - Jorge Álvares CAPA e CONTRACAPACAPA e CONTRACAPA

(1) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau. 1954.
(2) KEIL, Luís – Jorge Álvares, o primeiro português que foi à China (1513). Edição do Instituto Cultural de Macau, trilingue (português, chinês e inglês), 1990, 51 p. ISBN972-35-0090-6; 26 cm x 18,5 cm.
(3) Luís Cristiano Cinatti Keil , (1881-1947), quarto filho de Alfredo Cristiano Keil,  (autor de “A Portuguesa” hino nacional em 1891 e aprovada em 1911), seguiu também na senda das artes tendo sido Conservador do Museu Nacional de Arte Antiga, Director do Museu dos Coches e Vice-Presidente da Academia Nacional de Belas Artes. Morreu tragicamente com a mulher e a única filha num desastre de automóvel, em 1947.
(4) BARROS, João de – Da Asia,  Dec. 3, 6, 2. in TORRÃO, Manuel Nunes – A China na Obra de D. Jerónimo Osório
http://www.uc.pt/fluc/eclassicos/publicacoes/ficheiros/humanitas43-44/27_Nunes_Torrao.pdf
(5) Também  Christina Miu Bing Cheng no seu livro  «Macau: a Cultural Janus», na página 18, sublinha a importância da obra de Luís Keil.
MACAU a Cultural Janus p. 18MACAU a Cultural Janus p. 18 IIMIU Bing Cheng, Christina – Macau: a cultural janus. Hong Kong University Press, 1999, 238 p.
Ver anteriores referências a Jorge Álvares em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/

Estátua Jorge ÁlvaresMonumento a Jorge Álvares

 “Ergue-se em frente do palácio das Repartições, na Praia Grande a figura simpática e imponente de Jorge Álvares, o primeiro português que veio à China em 1513 e que faleceu em Taimão, perto de Cantão, em 1521.
Por iniciativa do ministro do Ultramar, almirante Manuel Maria Sarmento Rodrigues, foi-lhe levantado em Macau um monumento.” (1)
Foi mutilado nos acontecimentos de 1-2-3, a 3-12-1966, tendo sido posteriormente reparado.
Referências anteriores a Jorge Álvares e a esta estátua, ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/

Colégio D. BoscoColégio de D. Bosco, onde os salesianos constroem a sua obra de aprendizado e de Fé.

 “Em 1951, o Colégio de D. Bosco passou para o edifício próprio, sito na Estrada Ferreira do Amaral, tendo o respectivo terreno sido concedido gratuitamente pelo Governo `Associação dos Padres Salesianos portugueses, em 29 de Janeiro de 1940, para a erecção dum colégio e Oratório Festivo, para rapazes europeus e macaenses. A primeira pedra da erecção do actual edifício deste Colégio foi benzina e lançada pelo bispo D. José da Costa Nunes, em 1941, antes de deixar esta diocese, por ter sido eleito Patriarca das Índias Orientais. Com o rompimento das hostilidades no Pacífico, em Dezembro desse ano, os trabalhos não puderam continuar, tendo o ferro e o cimento para a obra sido vendidos para compra de arroz.
A 6 de Fevereiro de 1949, o então bispo desta diocese, D. João de Deus Ramalho, benzeu a nova pedra angular do edifício.“(2)

Av. Marginal Porto InteriorAvenida marginal, em Macau

 Esta foto abrange parte da Avenida Marginal do Porto Interior (que ia desde as Oficinas Navais até ao Canídromo) da Barra até à Ponte cais n.º 16. Era o local (em 1958) onde atracava os vapores de menor calado da carreira Macau-Hong Kong (“Fat-Shan”, “Tai-Lóy”, “Tak-Shing”, «Lee Hon» e «Golden City»), os barcos (pequenos) de carga e descarga e os juncos e sampanas.
Foi o Governador Januário de Almeida, Visconde de S. Januário quem ordenou a execução da primeira fase do alargamento do aterro marginal do Porto Interior (a aterragem da Barra até ao Patane tinham sido iniciadas em 1868) e simultaneamente regularização do regime da corrente do rio. (3). As obras de aterragem ficaram concluídas em 1881.
Fotogravuras do livro de:
GONÇALVES, Manuel Henriques – Roteiro do Ultramar. Lisboa, 1958, 131 p.
(1) TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume II. Instituto Cultural de Macau, 1997, 560 p.
(2) Macau Boletim Informativo, 1956.
(3) GOMES, Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Jornal de Notícias, 1954, 267 p.

Nunca é demais recordar que este ano se comemora os 500 anos da chegada de Jorge Álvares à costa sudeste da China, no mar da China Meridional, com um carregamento de pimenta da Samatra destinado a Cantão (1) (2)
Em 1513, quinze anos após a chegada de Vasco da Gama à Índia, Jorge Álvares partiu de Malaca para a China num pequeno barco e ancorava na ilha de Tamão, (3) a qual segundo documentos portugueses, figurava como a Ilha do Comércio.
Ali ergueu o navegador um padrão, uma coluna de pedra encimada por uma cruz e pelas armas de Portugal, para marcar a descoberta duma nova terra pelos Portugueses.
Alguns meses depois, Jorge Álvares, dava sepultura aos restos mortais de um dos seus filhos no sopé daquele monumento. Este foi o primeiro português a quem o solo da China ofereceu morada para o derradeiro descanso.
Em Abril ou Maio de 1514, Jorge Álvares regressou da China a Malaca.

MAPA ÁSIA 1571Atlas de 1571 (4)

Sabe-se que Jorge Álvares, em 17 de Junho de 1517, saiu de Malaca com destino à China, acompanhando Fernão Peres de Andrade (enviado pelo Governador da Índia, Lopo Soares de Albergaria) e o boticário e naturalista Tomé Pires, à China como primeiro embaixador da Coroa Portuguesa à corte do Imperador do Sol Nascente.

 MONUMENTO Joge Alvares 1960Monumento a Jorge Álvares (cerca 1960)

Em Janeiro de 1520 Jorge Álvares distinguiu-se na defesa da cidade de Malaca.
Jorge Álvares atingiu por várias vezes as costas da China, mas em 1521 (8 de Julho), acometido de doença, desembarcou de novo em Tamão, onde morreu, amparado nos braços do seu inseparável companheiro Duarte Coelho, e foi sepultado junto dos restos mortais de seu extremoso filho.

 MONUMENTO Joge Alvares 1980Monumento a Jorge Álvares( cerca 1980)

NOTA: sobre Jorge Álvares, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/ 
EXP 500 Anos Portugal-China(1) Aconselho uma visita (muito interessante) à exposição “Portugal – China: 500 Anos” – uma mostra evocativa do longo historial das relações luso-chinesas, na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa. A mostra estará presente até ao dia 18 de Janeiro de 2014.

http://www.bnportugal.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=865%3Amostra–portugal-e
 
(2) A 6 de Janeiro de 1514, o capitão de Malaca, Rui de Brito Patalim, escreveu a D. Manuel, comunicando ter enviado um junco à China, carregado de pimenta, na companhia doutros juncos chineses. Com esses juncos seguiram cinco portugueses, dois dos quais no junco pertencente ao Rei de Portugal, sendo um feitor e outro escrivão.
A 7 de Janeiro de 1514, Tomé Pires escreveu de Malaca, comunicando ao Rei de Portugal que um junco de sua Majestade, comandado por Jorge Álvares, seguiu com outro para a China, a fim de buscar mercadorias, sendo as despesas partilhadas em partes iguais enter El-Rei e Baemdara Nina Chatu.
(3) “Pequena ilha adjacente à costa sudeste da China, hoje chamada de Lin Teng
GOMES, Luís Gonzaga – Páginas da História de Macau. Instituto Internacional de macau, 2010, 357 p. ISBN: 978-99937-45-38-9

Onde situar Tamau, Tamang, Tamão, Tun-Mun? Hoje é Lin-Tin, ou será entre Lin-Tin e a cidade de Nam-Tau, ou simplesmente, um porto da ilha de Sanchoão”
SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Séculos XVI-XVII, Volume 1. Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997198 p (ISBN 972-8091-08-7).
(4) Atlas do cartógrafo português Fernão (ou Fernando) Vaz Dourado (c. 1520 – c. 1580).
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f9/Atlas_de_Fernao_Vaz_Dourado_%28Asia%29.jpg?us
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fern%C3%A3o_Vaz_Dourado

Guia Fortress DSTMACAU 1986“Guia Fortress and lighthouse (the oldest lighthouse on South China Coast)” (1)

Subi ao Farol da Guia
sem me vir mal de tontura:
Os homens vistos de cima
são todos da mesma altura.

Rio da Pérola, Rio
Que mais pareces o mar.
Jorge Álvares foi o primeiro
que chegou para ficar

Vieram Pinto e Camões,
com a Dinamene e o Jau,
e também eles beberam
da água fresca do Lilau.

Outros lusos aportaram,
com as naus da iniciação.
falavam a mesma língua;
tinham um só coração.

Mudam o vento e a idade.
Caem cedros altaneiros
Só permaneceu verdade
que «os últimos são primeiros».

Enquanto o oceano for livre
e enquanto o céu for azul,
seremos p´ra Portugal
a sua última Tule !

Benjamin Videira Pires (2)
Macau, 23 de Junho de 1976

(1)    Postal emitido pela “Dept. of Tourism (D.S.T.) MACAU – 5000 -86-12”
(2)   PIRES, Benjamim Videira – Espelho do Mar. Instituto Cultural de Macau,  1986, 57 p + |1|
 
Referências anteriores do Padre Benjamin Videira Pires, em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/padre-benjamin-videira-pires/