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A bordo do novo paquete “Índia” da Companhia Nacional de Navegação, chegou no dia 22 de Setembro de 1951, um contingente composto de 527 homens, sob o comando do Tenente-coronel Acácio Vidigal das Neves e Castro, que vieram render os seus camaradas cuja comissão de serviço foi dada por finda.

O Comandante Militar de Macau, Coronel de Infantaria Tirocinado (depois Brigadeiro) Paulo Bénard Guedes (1) tenho à direita o Coronel A. Cabrita e à esquerda o  Tenente -coronel  Acácio das Neves Castro.
Após o desembarque, os novos soldados formados para seguirem para os seus quartéis. (2)

Nesta data, 22 de Setembro de 1951, procedeu-se a uma remodelação dos nomes das companhias estacionadas em Macau terminando a designação de «Expedicionário»(3)
Assim:
1 – O 1.º Batalhão de Caçadores de Moçambique que desembarcou em Macau a 28 de Junho de 1951 e  ocupava nessa data os aquartelamentos da Porta do Cerco, Ilha Verde, Mong Há (Fortaleza e Asilo) e Ramal dos Mouros, passou a designar-se Batalhão de Caçadores n.º 1 (3) Comandante: Major de infantaria Mário da Costa Santos Anino (4)
2 – O 2.º Batalhão de Caçadores de Moçambique que desembarcou em Macau a 28 de Junho de 1951 e estava aquartelada em Coloane, passou a designar-se Batalhão de Caçadores n.º 2.  (3) (5) Comandante: Major de infantaria Mário Gustavo A. Barata da Cruz.(4)
3 – A Bataria Independente de Artilharia Anti-Aérea 4cm Expedicionária que estava em Mong Há, transformou-se em Bataria de Artilharia Anti-Aérea 4 cm. (3) Comandante: Capitão de artilharia Gastão M. de Lemos Lobato Faria.(4)
4 -A Bataria Independente de Artilharia Anti-Aérea Expedicionária de 7, 5 cm que estava na Flora desde o desembarque em 1949, e estava aquartelada nessa data no aquartelamento das Barracas Metálicas de Mong Há, desde Julho de 1951, transformou-se em Bataria de Artilharia Anti-Aérea de 7,5 cm. (3) Comandante: Capitão de artilharia Maurício Martins Lopes. (4)
5 – A 1.ª Bataria de Artilharia Ligeira de Moçambique transformou-se em Bataria de Artilharia Ligeira de 8.8 n.º1. (3) Comandante: Capitão de artilharia Eduardo Afonso Rodrigues Salavisa.(4)
6 – A 2.ª Bataria de Artilharia Ligeira de Moçambique transformou-se em Bataria de Artilharia Ligeira de 8,8 n.º 2.  Ficou administrativamente adida à Bataria de Artilharia Ligeira 8,8 n.º 1.  (3) Comandante: Capitão de artilharia Adriano Vitor Hugo L.  Cadima. (4)
O agrupamento de Batarias de artilharia estava sob o comando do Tenente-coronel de artilharia Acácio Vidigal das Neves e Castro.(4)
7- A Companhia de Engenharia Expedicionária, que em 1949 foi para o aquartelamento da Fábrica de Panchões (junto à Porta do Cerco), foi transferida para o aquartelamento da Flora (barracas metálicas) e passou nesta data a designar-se Companhia de Engenharia. (3) Comandante: Capitão de engenharia Henrique Pedro Daniel D. Silva P. Aranda.(4)
8 – A Companhia de Metralhadoras (no quartel de S. Francisco) foi transformada em esquadrão Motorizado sob o comando do capitão Cavalaria José Carlos Sirgado Maia. (3)
(1) Ver anteriores referencias em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/paulo-benard-guedes/
(2) Fotos de «Mosaico» III-14, 1951.
(3) CAÇÃO, Armando António Azenha – Unidades Militares de Macau. Gabinete das Forças de Segurança de Macau, 1999.
(4) Anuário de Macau 1951-1952.
(5) Os batalhões de Moçambique que vieram substituir os de Angola saíram de Macau em Setembro de 1953 no navio «Niassa», na sequência dos incidentes na Porta do Cerco que culminaram em 25 de Julho de 1952 com a morte do soldado africano Joaquim Mundau (6) e consequente início da redução dos efectivos militares, deixando de haver mais soldados africanos em Macau.
(6) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/07/25/noticia-de-25-de-julho-de-1952-falecimento-de-jacinto-mundau/

No dia 1 de Novembro de 1955 deveria ter dado início às Comemorações do IV Centenário de Macau 1555 -1955, programadas para serem realizadas durante o mês de Novembro de 1955.
Sobre este cancelamento, comenta o investigador Moisés Silva Fernandes (1):
“Graças a pressões públicas e particularidades exercidas por círculos nacionalistas macaenses, a administração portuguesa de Macau, foi persuadida a comemorar o 4.º centenário de Macau, em Novembro de 1955. A China não reagiu bem às comemorações e fez saber a nível particular e em público o seu desagrado. Zhou En Lai interviu pessoalmente na matéria e a administração portuguesa viu-se na necessidade (2) de cancelar as comemorações para evitar a deterioração da situação política”
programa-das-comemoracoes-do-iv-centenario-capaO programa estabelecido pela Comissão (submetido em 2 de Março de 1955, mas sujeito a alterações) (3) iniciava essas Comemorações no dia 1 de Novembro de 1955 (Terça-feira), às 6.00 horas, com alvorada e hasteamento da bandeira nacional nas fortalezas, navios de guerra e edifícios públicos e terminava no dia 30 de Novembro (Quarta-feira), as 21.00 horas com a sessão solene do encerramento das Comemorações, falando o Governador da Província, o Presidente da Comissão das Comemorações e o Representante da Comunidade Chinesa.

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A maioria das cerimónias programadas foi cancelada e mesmo a pequena cerimónia marcada para o dia 20 de Novembro em que se assinalava os quatro séculos da presença portuguesa em Macau e que constava de uma Procissão da Sé Catedral para as Ruínas e S. Paulo não se realizou.
Estava também prevista para o dia 1 de Novembro, o lançamento de 4 selos postais comemorativos do 4.º centenário. (4)
Estava também prevista a publicação de uma edição popular da História de Macau. (5)

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O Grande Prémio de Macau que estava integrado no programa, realizou-se no dia 5 de Novembro, com provas de automobilismo (prova para principiantes, prova para senhoras) às 10.00 horas e às 15.00 horas e no domingo, dia 6 com a realização do II Grande Prémio de Macau (6) pelas 12.00 horas. O circuito nesse ano foi alargado em diversos pontos e asfaltado nos troços que eram ainda de areia. Atraiu cerca de 30 mil espectadores. Entre os 12 concorrentes (de Singapura, Hong Kong e Macau) alinhados na grelha da partida, foi vencedor Robert Ritchie, ao volante de um «Austin-Healey», completando as 60 voltas do circuito em 3h, 55m e 55,7 s. Nessa noite pelas 20.00 horas realizou-se o Jantar e distribuição de Prémios das Provas de Automobilismo, no Clube de Macau.
programa-das-comemoracoes-do-iv-centenario-comissaoA Comissão das Comemorações do IV Centenário de Macau, nomeada por Portaria de 8 de Janeiro de 1955 era composta pelas seguintes individualidades:
Presidente – Dr. Pedro José Lobo, chefe dos Serviços Económicos
Secretário – Luís Gonzaga Gomes, professor e sinólogo
Vogais – António Magalhães Coutinho, presidente do Leal Senado da Câmara e chefe dos Serviços dos C.T.T.
Engenheiro José dos Santos Baptista, chefe da Repartição Técnica das Obras Públicas
Intendente do distrito José Peile da Costa Pereira, chefe dos Serviços de Administração Civil
Capitão de artilharia João Vítor Teixeira Bragança
Padre Manuel Pinto Basaloco
Ho Yin, presidente da Associação Comercial de Macau
José Maria Braga, publicista e historiador
Primeiro-tenente da Administração Naval Manuel António Lourenço Pereira

programa-das-comemoracoes-do-iv-centenario-posse-iO Governador, Almirante Joaquim Marques Esparteiro proferindo o discurso no acto da posse da Comissão das Comemorações do IV Centenário de Macau

A posse da Comissão realizou-se no dia 14 de Janeiro numa cerimónia pública na Sala Verde do Palácio do Governo na Praia Grande e a que presidiu o Governador Almirante Joaquim Marques Esparteiro. A este acto, assistiram o Prelado da Diocese, D. Policarpo da Costa Vaz, o Meritíssimo Juiz de Direito da Comarca, Dr. Alberto Rafael Marques Mano, o Comandante Militar, Coronel Rui Pereira da Cunha, membros do Conselho do Governo e do Corpo Diplomático, chefes de serviço e outros funcionários superiores, elementos da Comunidade Chinesa, representantes da Imprensa e numerosas pessoas. (7)

programa-das-comemoracoes-do-iv-centenario-posse-iiO Sr. Pedro José Lobo, Presidente da Comissão, pronunciando o seu discurso.

(1) FERNANDES, Moisés Silva – Sinopse de Macau nas Relações Luso-Chinesas, 1945-1995: Cronologia e Documentos. Fundação Oriente, Lisboa, 2000, 849 p. + |Documentos LIX|
(2) Zhou Enlai – 周恩來 (Chu En Lai) (1898- 1976) vice-presidente do partido Comunista Chinês de 1956 a 1966, primeiro-ministro de 1949 até à sua morte e de 1949 a 1958 também ministro dos Negócios Estrangeiros.
(3) Programa das Comemorações do IV Centenário de Macau 1555-1955. Comissão das Comemorações do IV Centenário de Macau, Macau-Ásia, 1955, 9 p., 26,5 cm x 19,5cm.
(4) Macau Boletim Informativo, Ano III, 1955.
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/02/selos-postais-comemorativos-da-fundacao-de-macau-1955/
(5) “8-01-1955 – Comemorações do IV Centenário do estabelecimento português em Macau (B. O. n.º 2) Entre os eventos e acções previstos conta-se com a publicação de uma edição popular da História de Macau… A Comissão nomeada dá uma ideia das «eminentes» personalidades de então (B. O. n.º 25, de 18 de Junho)” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume 5, 1998).
(6) Ver anteriores referências a este Grande Prémio em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/11/05/noticia-de-5-de-novembro-de-1955-ii-grande-premio-de-macau/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/11/06/noticia-de-6-de-novembro-de-1955-ii-grande-premio-de-macau/
(7) Macau Boletim Informativo, Ano II, 1955.