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Empreza Comercial do Extremo-Oriente” de Henrique Nolasco da Silva, sociedade anónima, de responsabilidade limitada, na Rua do Gonçalo n.º 3, com 2 filiais:

A Competidora”, na Travessa do Auto Novo, n.º 30, 32, 34 a 36 (telefone n.º 12; gerente – Henrique Antunes Monteiro) e “Casa Alto Douro”, na Rua Central (endereço telefónico n.º 79). A sucursal em Lisboa tinha como gerente João Frederico Nolasco da Silva. (1)

Sociedade Tecnica e Comercial Portuguesa Limitada (Basto & Companhia Limitada)” com secções de importação e exportação e uma secção de engenharia , e sede na Avenida Almeida Ribeiro, n.s 1,3 e 5  (endereço telegráfico “ MOTOR”). Tinha uma filial em Cantão, na “Second Bund, 5-A”). A Firma “Basto & Companhia Limitada” tinha como gerente Bernardino de Senna Fernandes (provavelmente o 3.º Conde de Senna Fernandes- 1892-1971).

Anuário de Macau 1922, p. 329

A Companhia Portuguesa Coronel Mesquita foi criada em Xangai (Shanghai) a 26 de Fevereiro de 1906, em resultado dos esforços e empenho de Fernando J. de Almeida, Joaquim F. das Chagas, José M Placé dos Remédios e João Frederico Nolasco da Silva (1).
Presidiram aos destinos da Companhia Portuguesa, dela fazendo um símbolo perpétuo de valor alguns nomes para os quais Portugal não estava distante:

João Nolasco da Silva (Capitão) (1906-1914) (2)
António M. Dinis (Major) (1914-1925)
Fernando Leitão (Major) (1925-1930)
Manuel F. R. Leitão (Major) (1930-1941)
Próspero A. da Costa (Capitão) (1941-1942)

A Companhia fazia parte do Corpo de Voluntários de Xangai – Brigada Mista e Internacional criada pela Câmara Municipal de Shanghai (1853 até 1942) para defesa dos europeus. (3)(4)
A história da organização e evolução desta Companhia já foi relatada em anterior postagem (5)
Após a autorização pelo Município de Xangai em 1907, para a Companhia usar uniforme, vozes de comando, instrução e disciplina, segundo o padrão do Exército Português, a instrução dos voluntários foi rigorosa e desde cedo estes evidenciaram-se tanto em torneios individuais como colectivas. Em 1910 a Companhia Portuguesa ganho o magnífico prémio «American Cup» instituído pela comunidade americana para um torneio de tiro.

Vencedores da competição anual “SVC Inter-Company Challenge Shield” (1919). (6)

Em 1919 começou a série de vitórias das equipas e membros da Companhia. O «Eficiency Shield», a mais apreciada e difícil prova de exercícios militares (contra relógio), foi ganha em 1921/1922, 1930/1931 e 1931/1932. (6)
Outras distinções da Companhia:
«Japanese Cup» (tiro) ganha em 1929, 1930, 1931 e 1932.
«Fraser Shield» (futebol) ganha em 1930, 1931 e 1932.
«Lewis Gun Pair» (tiro) ganha em 1931, 1932 e 1933.
«Inter-company Challenge Shield» (exercícios militares) ganha em 1919,1920, 1921 e 1926.
«Barnes Cups» (exercícios militares) ganha em 1921.
«Bray Cup» (exercícios militares) ganha em 1929, 1933 e 1934.
«British Cup» (exercícios militares) ganha em 1920, 1921, 1926, 1928 e 1929.
«Trueman Cup» (tiro) ganha em 1931 e 1937.O Campeonato do Corpo e a “Cruz de Ouro” (tiro) foram ganhos em 1921 pelo então segundo-sargento Manuel Leitão; o 2.º lugar e a” Cruz de Prata” foram ganhos nos anos seguintes pelos segundos-sargentos José Campos, Artur Leitão e segundo-cabo Carlos da Silva.
Em outros desportos, futebol, bilhar, etc., alcançou a Companhia Portuguesa em vários anos o título de campeã. Na organização de festivais, saraus, reuniões elegantes, festas e bailes, nunca nenhuma outra lhe ofuscou o brilho, tornando-se disputados os seus convites na alta sociedade.(1)
(1) «Macau Boletim Informativo» Ano II- n.º 38 de 28 de Fevereiro de 1955, pp.4-5
(2) João Frederico Nolasco da Silva. (1871 – 1951) (filho de Pedro Nolasco da Silva) integrou-se na Companhia como 1.º oficial – tenente e um ano depois (1907) com a graduação em Capitão foi nomeado Comandante. Para esta nomeação terá contribuído a sua formação militar em Lisboa (dois anos) depois transferido para a Guarnição de Macau e Timor (onde esteve cerca de 5 anos). Posteriormente trabalhou como funcionário público em Macau, tendo pedido demissão para ir trabalhar para Shanghai, em 1903, para firma “Messrs Buchheiste & Co”.
Fotografia retirada de “Pela Pátria”, Vol II N.º4 Abril 1941 p. 20 (7)
(3) Após o fim da Rebelião de Taiping (1864) um corpo de voluntários foi constituído com o nome de “Shanghai Volunteer Corps” (SVC) em 1854, para defender os interesses estrangeiros principalmente britânicos e americanos sediados em Shanghai e arredores. Em 1870 este corpo passa a ser gerido pelo Município de Xangai, tendo a primeira unidade portuguesa “SVC n.º 4” sido constituída em 1882 , liderada por Mário Augusto Ferrás (1905- 1978) e Moisés M. Honorato Gutterres (1889 –  ?)
(4) “ A unidade portuguesa tinha como objectivo zelar pela segurança e controlo de pessoas na zona norte da cidade, onde vivia a maioria da comunidade portuguesa. Passados poucos anos, em 1889, numa óptica de reorganização funcional dos SVC, a unidade foi extinta, sendo os seus membros integrados nas seguintes unidades: Guarda Civil, Artilharia e companhia inglesa, mais conhecida por “Companhia C”. Passados apenas dois anos, devido ao permanente descontentamento dos elementos portugueses separados e integrados em outros corpos, o Conselho do Município de Xangai autorizou a criação da “Companhia D”, constituída integralmente por portugueses. Esta companhia esteve ao serviço por cinco anos, sendo também ela extinta em 1886. Com esta nova ruptura os elementos da “Companhia D” decidiram juntaram-se ao já independente corpo francês
GARRETT, Gonçalo Almeida – A Presença Portuguesa nos Shanghai Volunteer Corps de Hong XiuQuan ao Imperador Hirohito in
https://www.revistamilitar.pt/artigo/1151
(5) Referência anterior à Companhia Portuguesa Coronel Mesquita em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/companhia-portuguesa-coronel-mesquita/
(6) http://www.macanesefamilies.com/  
(7) “Pela Pátria” jornal mensal publicado pela comunidade portuguesa em Shanghai nos anos 1940 e 1941.
http://www.macanesefamilies.com/PrivateE-o/uipelapatria.htm

Um anúncio publicado em Portugal (1), em 1957, referente à empresa “H. Nolasco & C.ª, Lda“, ainda hoje na Avenida Almeida Ribeiro n.º20.
Fazia publicidade ao seu representante em Lisboa

“João Nolasco, Lda” (2)
Praça do Município 19 – 4º
de S. Francisco 2-A

ANÚNCIO - Henrique Nolasco Lda - João Nolasco Lda(1) GOMES, F. Matos (dir. literária) – 30 Anos de Estado Novo 1926 – 1956.  Lisboa, 1957, 639 p. + 17  páginas de anúncios + 33 p. de saudações das entidades governativas do continente e do ultramar. 28 cm x 20 cm.
Ver
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/03/19/leitura-30-anos-de-estado-novo/
(2) João Frederico Nolasco da Silva,(23-09-1871/20-08-1951),  filho de Pedro Nolasco da Silva e de D Edith Maria Angier,e  irmão de Henrique Maria Nolasco da Silva (09-02-1884/17-11-1969), fundador e proprietário da firma. «H. Nolasco & C.ª Lda»(3)
João Frederico alistou-se no Exército onde serviu 7 anos, em Lisboa, Macau e Timor. Passou à actividade civil e foi 1.º oficial da Secretaria Geral do Governo de Macau. Em 1903 trabalhou em Shanghai onde organizou e comandou a Companhia Portuguesa «Coronel Mesquita»  (4) e condecorado com o grau de Cavaleiro da Ordem de S. Bento de Aviz. Depois trabalhou em Lisboa, Angola, Canárias, S. Tomé e Funchal. Fixou residência definitiva em Lisboa onde fundou a firma «João Nolasco Ldª»
FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses,  Volume II, 1996. p. 781
(3) Ver em
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/henrique-nolasco-da-silva/
(4) Ver em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/companhia-portuguesa-coronel-mesquita/

No dia 8 de Outubro de 1922, chegava a Macau, o General Gomes da Costa, (1) acompanhado do seu filho Carlos Nunes Gomes da Costa, como Secretário, e o tenente Salgueiro Rego, seu ajudante de campo, para inspecionar os serviços militares de Macau (2) 
1922 – Conflitos no Oriente – Decretado o estado de sítio em Macau, depois de sangrentos conflitos com cerca de três dezena de mortes (29 de Maio). O Governo pensa nomear Gomes da Costa para governador de Timor, mas o grupo parlamentar dos democráticos opõe-se.
O general escreve, então, uma carta para o jornal A Capital a denunciar o facto e António Maria da Silva trata de mandá-lo dar uma grande volta de inspecção extraordinária às colónias do Oriente (15 de Julho). Parte em Agosto de 1922 e só regressa a Lisboa em Maio de 1924.” (3)

 Gomes da Costa em Xangai 1922Esta foto documenta a passagem do Marechal Gomes da Costa por Xangai (Shanghai) junto aos elementos da “Companhia Portuguesa CORONEL MESQUITA“. Da esquerda para a direita: Tenente F. Leitão; Tenente Coelho; Capitão Dinis; General Gomes da Costa; Tenente Brito; Tenente M. Leitão e Tenente Costa

 A Companhia Portuguesa Coronel Mesquita foi criada a 26 de Fevereiro de 1906, em resultado dos esforços e empenho de Fernando J. de Almeida, Joaquim F. das Chagas, José M Placé dos Remédios e João Frederico Nolasco da Silva. Este último foi o 1.º oficial e Comandante. Organizada a Companhia, começada a instrução, em breves dias conquistavam os seus rapazes os mais vivos aplausos nas paradas e marchas, ao lado das outras, mercê do aprumo e do garbo que a si mesmos se impuseram. Um ano depois, 1907, o Município de Xangai autorizava a Companhia a usar uniforme, vozes de comando, instrução e disciplina, segundo o padrão do Exército Português. Rapidamente vários membros da Companhia foram promovidos a oficiais, sendo-lhes dadas as patentes em sessão solene promovida pelo Município.

 Ano III Companhia Coronel Mesquita 1922O Ministro de Portugal na China, Dr. Armando Navarro que se deslocou de Pequim (Beijing) para esse efeito, condecora a bandeira da Companhia com a comenda de Cristo

 Esta Companhia foi constituída em consequência dos sucessivos ingressos de voluntários portugueses nas diversas companhias de Ingleses e Americanos (4), nomeadamente na formação de uma companhia designada «Companhia D», formada só por portugueses, em 1891, que durou até 1896 (5). Esta Companhia foi licenciada em 1897. Em 1900 novamente se tentou formar outra Companhia estritamente portuguesa para o que o Comando Militar de Macau enviou o tenente Lopes como instrutor e organizador mas por desinteligências entre os promotores, esse oficial e os recrutas não foi avante). Mais tarde, seis anos depois foi então criada a «Companhia Portuguesa Coronel Mesquita». (6)

Ano III Companhia Coronel Mesquita 1922 II Nas paradas militares em Xangai, a Companhia Portuguesa formava sempre em primeiro plano

Marechal Gomes da Costa(1) Manuel de Oliveira Gomes da Costa (1863-1929), militar (campanhas de pacificação das colónias em África e na Índia, I Grande Guerra Mundial, marechal em 1926), e político que liderou a revolução de 28 de Maio de 1926, com tomada do poder a 17 de Junho de 1926. Presidente do Ministério (10.º presidente da República) por pouco tempo. A 9 de Julho do mesmo ano,  o General Óscar Carmona fez a contra revolução.

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau Século XX, Volume 4, Direcção dos Serviços de Educação e Juventude, 2.ª Edição, Macau, 1997, 454 p (ISBN 972-8091-11-7)
(3) http://maltez.info/respublica/portugalpolitico/anuario/1922.pdf
(4 ) Na sequência das desordens, em fins de 1853, motivadas pelas hostes rebeldes dos Tai-pings (seita chinesa sanguinária e rebelde, com carácter religioso, que tentou estabelecer uma nova dinastia com carácter imperial e cuja política e comportamento tomava um caracter anti-estrangeiro), os representantes consulares e mercantis, na salvaguarda dos seus interesses dos seus compatriotas que nessa cidade se estabeleceram, Xangai, resolvem criar um Corpo de Voluntários para o policiamento dos seus súbditos pois até aí nenhuma polícia havia. Esses voluntários, juntamente com as forças de desembarque da Grã-Bretanha, França e América do Norte defendiam também as outras comunidades estrangeiras contra qualquer agressão vinda de fora, ocupando um círculo de defesa nos locais de concessões. A comunidade portuguesa era pequeníssima; existiam no entanto, as famosas lorchas portuguesas que comboiavam os juncos estrangeiros que faziam imenso tráfego mercantil no rio Yang-Tsé e seus afluentes.
(5) Teve como seu Comandante, o capitão português Capitolino Senha e como subalterno, o tenente, Pereira de Campos.
(6) MACAU Boletim Informativo, n.º 38, 1955