Archives for posts with tag: Jack M. Braga / José Maria Braga

“6-05-1721 – Neste dia chegarão a esta Cidade os sagoates (presentes) que o Imperador da China enviou a S. Mag.  o Sr. Rey D. João 5-º e para a Sua Santid. Clemente XI (em retribuição dos que êste enviara àquele) os quaes foram recebidos com três companhias de Soldados e Salvas na Fortaleza do Monte….” (BRAGA, Jack M. – A Voz do Passado, 1987, p. 44)

Extraído de PEREIRA, António Marques – Ephemerides Commemorativas da História de Macau, p. 40.

Extraído de «BPMT», XIII-18, de 6 de Maio de 1867, p. 102

“Neste dia, 16 de Janeiro de 1735, partio o navio St.º António para a Costa de Goa, e nelle foi António de Amaral e Menezes (1) que havia entregado, na véspera, o governo de Macau ao Sr Bispo (D. João do Casal). Foi tão desgostozo da colónia que não se despedio de ninguém.” (2)

“05-01-1735 – Neste dia tomou posse do Governo desta Cidade o Sr Bispo D. João de Casal (nonagenário) (3) pela desistência que fes delle António de Amaral e Menezes o qual não quis servir mais que dois annos e meio, para cuja desistência alcançou licença do Vice Rey que a apresentou.” (2)   

“04-08-1735 – Neste dia tomou posse do Gov.º desta Cidade Damião Pereira Pinto (chegado da Índia no navio Sant´Anna) que lhe entregou o Sr. Bispo da diocese, D. João do Casal, Ele veio no Navio St.ª Anna que o recebeo em Mangalor porque este anno nenhum dos Navios desta Cidade poude tomar o Porto de Goa por chegarem mt.º tarde a Costa da Índia.” (2)

(1) António de Amaral e Meneses tomou posse como governador de Macau em 18 de Agosto de 1732. Chegou a Macau no dia 12 do mesmo mês no navio Corsário. Já o pai, Belchior Amaral Meneses ocupara o mesmo cargo de 1682 a 1685. Natural de Goa, além de militar, era tanador-mor com provas dadas. Teve que resolver problemas internos que foi encontrar em Macau e sentiu-se espartilhado pelos “Privilégios” concedidos ao Senado por D. Rodrigo da Costa, que o impediam de exercer autoridade junto dos Vereadores, com quem teve, assim como com o Ouvidor, várias discórdias. Em 1733 pede ao Vice-Rei da Índia que o substitua, por demais desgostoso com o governo. O pedido foi aceite em 1734 (Janeiro), data em que, não tendo sido nomeado substituto, foram abertas vias de sucessão. (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 249)

(2) BRAGA, Jack – A Voz do Passado, p. 52

(3) O Bispo D. João do Casal faleceu no dia 20 de Setembro de 1735.

18 de Setembro de 1708 – “Neste dia se fes na Se Cathedral desta Cidade as Exequias  funebres pela morte do Sr Rey D. Pedro 2.º na forma e modo seguinte –Sahirão da Caza do Senado os Ministros e Officiaes do mesmo com varas alçadas acompanhados da nobresa e povo desta cidade todos vestidos de luto, e se dirigirão a Sé para assistirem as Vesperas do seu Officio. Ao Sahirem da Caza do Senado fóra da porta se quebrou o primeiro Escudo que levava no braço o primeiro Vereador que era o mais velho, dizendo – Chorai povo a morte do nosso Rey D. Pedro. 2.º – Ao pé de S.m Domingos se quebrou o segundo que levava o segundo Vereador com as mesmas ceremonias e ao pé da Se se quebrou o 3.º que levava o 3.º Vereador também na forma do primeiro.”(1)

19 de Setembro de 1708 – “ Se fes o Officio com Missa Cantada achando-se huma Eça no Corpo da Igreja magestozamente coberta de preto e illuminada por todos os lados: assistirão a esta função fúnebre o Gov. Diogo Teixeira Pinto, o Cap.º do Senado – O sr. Bispo D. João do Cazal e todos os lugares próprios de representação que tinhão. Os Conegos e Clero na Capella-mor cantando com muzica todas as partes do Officio – Fez a orção fúnebre com toda a Eloquencia própria deste acto o P.e João Mourão da Cp.ª de Jesus.” (1)

NOTA: Quebra dos Escudos – cerimónia praticada desde a morte de D. João I. Consistia em quebrar os escudos do rei falecido para os substituir pelos do novo monarca. O Regimento do Senado, feito na época de D. Manuel I, regulamentou esta cerimónia

D. Pedro II faleceu de apoplexia em 9 de Dezembro de 1706. Reinou de 1683 a 1706. Sucedeu a Afonso VI e foi sucedido por João V.

Retrato de D. Pedro II, autor desconhecido (séc. XVII).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_II_de_Portugal

OUTRAS FONTES: “18-09-1708 – Effectuou-se n´este dia, em Macau, a quebra de escudos pela morte de el-rei D. Pedro II, sendo esta cerimonia feita pelos tres vereadores, com grande acompanhamento do povo. Foi quebrado á porta do palácio do senado o escudo, defronte da igreja se S. Domingos o segundo, e o terceiro junto á sé catedral, onde o préstito assistiu a vésperas. No dia seguinte se celebraram, também na sé, as exéquias, com missa e officio, estando erguida ao meio do templo uma eça, magnificamente odornada e allumiada. Foram presentes a este acto o governador Diogo de Pinho Teixeira, o senado, o bispo D. João do Cazal, e as mais pessoas notáveis da cidade. Orou o padre João Mourão da Companhia de Jesus. (GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1954) (PEREIRA, A. M. – Ephemerides Commemorativas, 1868, p. 85)

Beatriz Basto da Silva na sua Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, p. 215, data este acontecimento a 17 de Setembro de 1708 – Quebra de escudos por morte de D. Pedro II.      

(1) BRAGA, Jack M. Braga – A Voz do Passado, 1987, p. 25)

PEREIRA, A. MARQUES – Ephemerides Commemorativas da História de Macau e das Relações da China com os povos Christãos , 1868, p. 73

Anteriores referências a este governador: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jose-da-gama-machado/

22-07-1702 – 1703 – governador Pedro Vaz de Siqueira (2.ª vez) 15-08-1703 – 1706 – governador José da Gama Machado

“15-08-1703 – Tomou posse da Capitania e Governo de Macau o Cavaleiro professo da Ordem de Cristo, José da Gama Machado, natural de Damão, filho de Manuel da Gama Machado e chegado a 7 de Agosto. Teve dissabores com os moradores; durante o seu governo registou-se a presença do Legado Apostólico, Carlos Tomás Maillard de Tournon, Patriarca de Antioquia, cuja vinda suscitou também inúmeras contendas, por causa dos direitos do Padroado do Oriente e dos Ritos Chineses. Dura administração, envolvendo Goa, Macau e Timor. Exercício até 1706” (SILVA, Beatriz Basto da –  Cronologia da História de Macau, Volume I, 2015, pp. 208-209)

15-08-1703 – Neste dia de Ascenção de N. S. tomou posse do Cargo de Governador e Capitão Geral desta Cidade José da Gama Machado, o qual veio em huma Fragata de Goa invocada N. S. das Neves e Capitão de Mar e Guerra Luís Teixeira de Pinto, sendo recolhido para Goa o seu antecessor na dita Fragata… (BRAGA, Jack – A Voz do Passado)


Extraído de «BGC», VIII- 86/87 AGO/SET 1932 p.187

NOTAS: I – José Pedro Braga nasceu em Hong Kong em 3-8-1871  e faleceu em Macau (como refugiado de guerra de Hong Kong,  vivia com o filho José Maria Braga) em 12-02-1944 Era o 8.º filho de Vicente Emílio Rosa Braga (Macau 2-12-1834- Kobe 1900) e  de Carolina Maria de Noronha. Em 1927 foi o primeiro membro da comunidade portuguesa de Hong Kong a ser eleito para o «Sanitary Board» (hoje «Urban Council») e em 1929 foi convidado pelo Governador, Sir Cecil Clementi, para membro do «Legislative Council». Era cavaleiro da Ordem de Cristo, por decreto de 16-03-1919. Era também membro da Ordem do Império Britânico (O.B.E.) (FORJAZ, Jorge – Famílias Macaenses, Volume III, 1996, p.325) + https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jack-m-braga-jose-maria-braga/

II – «A Voz de Macau», periódico republicano, impresso na tipografia do mesmo nome, e publicado às terças, quinta e sábados, começou a 1 de Setembro de 1931, do director Henrique Nolasco da Silva, proprietário e redactor principal Domingos Gregório da Rosa Duque, assumindo este em 18 de Dezembro de 1932 a direcção do jornal de que era fundador e director de facto. Em 1 de Outubro de 1931, passou «A Voz de Macau» a ser diário, que manteve durante 16 anos (o primeiro a manter um jornal tanto tempo em Macau) até à sua morte em 16 de Agosto de 1947. (TEIXEIRA, Pe. Manuel – Imprensa Periódica Portuguesa no Extremo Oriente, ICM, 1999, pp. 144-148)

Ver também em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/a-voz-de-macau/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/domingos-g-da-rosa-duque/   

III – Sobre a Companhia de Cimento da Ilha Verde ver em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/fabrica-de-cimento-ilha-verde/ .

Entrou em Macau no dia 23 de Agosto de 1708, desgovernada e desmastreada por um tufão que a assaltara, a fragata Nossa Senhora das Neves que vinha de Goa, comandada pelo capitão-de-mar-e-guerra Jerónimo de Mello (Pereira), trazendo como passageiros, feitor por sua Magesta Miguel Pinto, Tenente D. Henrique de Noronha e o Capitão de Infantaria António de Albuquerque Coelho, (1) que mais tarde seria Governador de Macau. (2) (3)  

A fragata entrou no porto desarvorada, sem mastros nem leme, e a ré sem beque, (e, por isso, saracoteando-se) sendo precizo ir (outras) em embarcações rebocá-la para dentro, por cauza do grande temporal que apanhou na altura de 19 graos (golfo de Tonquim, junto à ilha de Hainão). Ficou em Macau, de invernada para se consertar” (4)

“A fragata N.ª Sra.ª das Neves, de Sua Majestade (ou do estado da Índia, a que Macau e Timor estavam sujeitos), chegou pela primeira vez à cidade do Nome de Deus, na primeira metade de Agosto de 1703 sob o comando do capitão-de-mar–e-guerra Luís Teixeira Pinto e trazendo o governador e capitão-geral desta cidade José da Gama Machado (tomou posse a 15-08-1703).  Recolheu a fragata a Goa, antes do Inverno, levando o governador cessante (Pedro Vaz de Sequeira). No dia 23 de Agosto de 1708, o mesmo barco de guerra chega de Goa… (…). A sua oficialidade, entretanto, causou grande inquietação na Cidade do Nome de Deus. Foi o caso do célebre romance amoroso entre António Albuquerque Coelho (1) e a órfã Maria de Moura. A infantaria da fragata, com o seu comandante, aquartelou na Casa de Campo de S. Francisco (que, por volta de 1780, era de Francisco Josué, natural de Vila do Mato, Beira, e seu pai; em 1801, de um filho do mesmo nome). Albuquerque demorou-se em Macau, com os seus soldados e a fragata, até ao 1.º de Agosto de 1714, dia do enterro, na Igreja de S. Francisco, de sua esposa, falecida do segundo parto. Em 13-11-1715, a Sr.ª das Neves já não existe por talvez nunca se ter recomposto do temporal que a colheu, em 1708, e da invernada seguinte em Macau.” (3)

(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/antonio-albuquerque-coelho/ https://nenotavaiconta.wordpress.com/2014/08/23/noticia-de-23-de-agosto-de-1708-fragata-nossa-senhora-das-neves/

(2) GOMES, Luís G. – Efemérides da História de Macau, 1952

 (3) PIRES, Benjamim Videira – A Vida Marítima de Macau no Século XVIII, 1993, p. 26

(4) BRAGA, Jack  M.  – A Voz do Passado, 1987,p.25

Livro de Jack M. Braga (1) (2) “Primórdios da Imprensa em Macau”, trabalho publicado em português, anteriormente em quatro números sucessivos no “Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau”, iniciados em Dezembro de 1964 e em 1965 (3). O trabalho original em inglês foi publicado em 1963 pelo Centro de Estudos Ultramarinos (4).

(1) BRAGA, Jack M. – Primórdios da Imprensa em Macau. Edição do Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau, 1965, 120 p., 26,3 cm x 19 cm x 0,7 cm.

(2) Sobre Jack M. Braga ver anteriores referências em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jack-m-braga-jose-maria-braga/

(3) Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau. – Ano e vol. LXII, n.º 726 Dezembro (1964), p. 967-998. Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau. – Ano e vol. LXIII, n.º 727 (1965), p. 50-83. Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau. – Ano e vol. LXIII, n.º 728 (1965), p. 166-195. Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau. – Ano e vol. LXIII, n.º 729 (1965), p. 251-270

Página de rosto do livro xilogravado do Padre Miguel Ruggiere, S. J., impresso em Macau em 1585. Foi o primeiro livro impresso em Macau. (Arquivos da Companhia de Jesus em Roma; reproduzido de “Primórdios da Imprensa em Macau”, de Jack M. Braga, edição do Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau-1965)

(4) BRAGA, J. M. – The beginnings of printing at Macao. Centro de Estudos Ultramarinos (Portugal). (Separata de STVDIA — Revista Semestral— N.º 12-Julho 1963), Lisboa, 109 p.

Este original, em inglês, contém um Anexo IV que não consta na versão portuguesa. Este Anexo IV contém cópias de duas cartas, a primeira endereçada por Miguel de Arriaga Brum da Silveira de Macau em 29 de Dezembro de 1818 à Sua Majestade e a resposta assinada por José Joaquim da Silva Freitas, Conde dos Arcos, Secretário de Estado, do Palácio de Rio de Janeiro em 1 de Outubro de 1819, com aprovação do pedido dos Padres do Colégio de S. José em utilizar o uso de máquinas impressoras de papéis e livros necessários para a missão evangelizadora.

Encontra-se disponível para leitura em: http://library.um.edu.mo/ebooks/b31042132.pdf. https://nla.gov.au/nla.obj-239503782/view?partId=nla.obj-239616841#page/n4/mode/1u        

Encadernação de época de lombada em papel

Livro fundamental para quem quiser saber cronologicamente por dias, meses e ano, a história de Macau, de Luís Gonzaga Gomes editado em 1954, pelo “Notícias de Macau», o XII volume da «Colecção Notícias de Macau, embora , como afirma o autor, não seja precursor, em Macau, deste tipo de documentação histórica por datas, numa sequência lógica.
Livro composto e impresso nas oficinas do Jornal «NOTÍCIAS DE MACAU», Calçada do Tronco Velho, n.º 6-8, Macau- Oriente (1)

Luís Gonzaga Gomes na sua introdução, elabora uma pequena “história” deste tipo de trabalho, e justifica a publicação do presente livro.
“ O primeiro trabalho no género do que presentemente apresentamos foi efectuado por A. Marques Pereira e publicado, e em números sucessivos do Boletim do Governo da Província de Macau e Timor de 1867. No ano seguinte, este trabalho foi editado, em forma de livro, por José da Silva, com o seguinte título “Ephemerides Comemorativas da História de Macau e das Relações com os povos christãos,”, por A. Marques Pereira, (2) antigo secretário da Legação de Portugal na China, Procurador dos Negócios Sínicos d Cidade de Macau, Membro honorário da Real Sociedade Asiática (Inglesa), Cavalheiro da Ordem de Nossa Senhora da Conceição, etc.
Em 1922 apareceu no Anuário de Macau um trabalho idêntico, porém, mais simplificado mas quase todo baseado nas “Ephemerides” de A. Marques Pereira.
Em 1842 a revista «Religião e Pátria» reproduziu, na íntegra, o trabalho aparecido no Anuário de Macau. Em 1944, o semanário «União» publicou trabalho idêntico mas, infelizmente, com muitas gralhas tipográficas, na parte respeitante às datas, registando, todavia, vários acontecimentos não mencionados em trabalhos anteriormente publicados.
Com o aparecimento de inúmeras obras de investigação, sobre assuntos referentes à actuação dos portugueses no Extremo-Oriente, conscienciosamente feitas por Jordão de Freitas, Frazão de Vasconcelos, Armando Cortesão, Manuel Múrias, Albert Kammerer, Dr. José C. Soares, C. R. Boxer, J. M. Braga, Pe. M. Teixeira, Pe. A. Silva Rego e outros, bem como a publicação dos “Arquivos de Macau”, surgiu a possibilidade de se elaborar um novo trabalho deste género, só com factos referentes a Macau, que publicamos, em 1950, na revista «Mosaico».
Este trabalho, depois de refundido e muito acrescentado, volta agora a aparecer, pela necessidade que existe duma obra, onde os que se interessem pela história desta província ultramarina podem encontrar breve notícia daquilo que lhes exigira muito tempo perdido em busca e rebusca por bibliotecas, pois tudo quanto se tem publicado sobre Macau…”

(1) GOMES; Luís Gonzaga – Efemérides da História de Macau. Notícias de Macau, 1954, 267 p., 18 cm x 11,5 cm x 2 cm.
Anteriores referências a L. G. Gomes em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/luis-gonzaga-gomes/
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-feliciano-marques-pereira/

Notícia de Macau, de 10 de Outubro de 1945, , enviada pelo correspondente especial da «Reuter, J. Braga (José Maria Braga) e publicada no «BGC»

Extraído de «BGC»  XXI-244 OEUT1945 pp. 136
Ver anteriores telegramas enviados de Macau após a guerra:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2018/10/10/noticias-de-10-de-outubro-de-1945-telegramas-de-macau-apos-a-guerra-i/

“Slide”digitalizado da colecção “MACAU COLOR SLIDES  KODAK EASTMAN COLOR” comprado em finais da década de 60 ou princípio de 70 (séculoXX), se não me engano, na Foto Princesa (1) Foi inaugurada a 16 de Setembro de 1954, em Macau, no então recente aterro da Praia Grande, em frente do antigo Palácio das Repartições Públicas o pedestal e a estátua que foi feita em pedra liós, da autoria do escultor Euclides Vaz, ao primeiro português que veio à China, Jorge Álvares. (2) (3)
O Engenheiro José dos Santos Baptista, Chefe da Repartição Técnica da Obras Públicas discursou, tendo salientado:
“ … após abertura do concurso promulgado pelo Ministro do Ultramar , o júri do concurso classificou , em primeiro lugar, o trabalho do escultor Euclides Vaz, a quem, em Setembro de 1953 , foi feita a adjudicação da obra. Em Maio deste ano (1954) chegaram a Macau, no paquete «Índia», todas as peças do monumento.
Elaborado o projecto da sua localização e montagem pela Repartição Técnica das Obras Públicas, é a respectiva execução posta a concurso e, depois, adjudicada ao empreiteiro Vá San. A montagem foi iniciada em fins de Julho e ficou concluída em fins de Agosto…. (…)
Falou de seguida, o Presidente do Leal Senado, António de Magalhães Coutinho, que traçou resumidamente a biografia de Jorge Àlvares.
Finalmente o Governador, Almirante Joaquim Marques Esparteiro usou da palavra, enaltecendo profundamente o acto. Saliento uma pequena passagem:
“A viagem de Jorge Álvares e a documentação que lhe confirma o lugar de pioneiro nos contactos do Ocidente com o Imperio Celeste não foram completamente esclarecidos senão há cerca de 20 anos, conservando-se o seu nome injustamente esquecido durante mais de quatro séculos. Diversas causas para tal contribuíram, salientando-se dentre elas os terramotos de Janeiro de 1531 e de Novembro de 1755 que destruíram boa parte dos arquivos de Lisboa sobre os nossos feitos na ìndia e terras do Oriente e que dificultaram consequentemente trabalho de estudiosos e investigadores.
Por sua vez, o autor Ljungstedt, que escreveu o «Esboço histórico dos Estabelecimentos Portugueses na China» – obra editada em Boston em 1836 – prestou-nos muito mau serviço pelos erros e incorrecções que deixou escrito a nosso respeito que infelizmente fizeram escola por esse mundo fora. Segundo Ljungstedt fora o português Rafael Perestrelo quem primeiramente tinha chegado à China embora se saiba que só aqui esteve pelo menos um ano mais tarde… (…)”
Findo os discursos, a esposa do Governador, D. Laurinda Marques Esparteiro puxou o laço que prendia a Bandeira Nacional descerrando assim a estátua de Jorge Álvares.
Numa das faces de pedestal estão gravadas a profecia que sobre Jorge Álvares nos deixou o cronista João de Barros:
«E peró que aquela região de idolatria coma o seu corpo, pois por honra de sua pátria em os fins da terra pôs aquele padrão e seu descobrimento, não comerá a memória da sua sepultura, enquanto esta nossa escritura durara»
Recorda-se que em 1513, Jorge Álvares que largara algum tempo antes de Malaca num junco tendo a bordo o seu filho, aportava ao largo da barra do Rio cantão e lançava ferro no ancoradouro da Ilha de Tamão (Jack Braga identificou-a como a Ilha de Lintin) que nessa época era o centro de todo o comércio da China com o exterior.
Faleceu na Ilha de Tamão na sua quarta viagem para estas paragens, tendo desembarcado em Cantão onde ficou pouco tempo, no regresso à Ilha de Tamão faleceu, a 8 de Julho de m 1521, oito anos depois de ali ter aportado, ficando ali sepultado junto do padrão que ele havia levantado e ao lado do filho que aí falecera em 1513.
NOTA: A cerimónia da inauguração da estátua Jorge Álvares foi filmada por uma equipa técnica da empresa cinematográfica «Eurásia Filmes, Limitada» (4) sob a direcção de Eurico Ferreira para um documentário, que não sei se foi exibido mas que se perdeu a cópia.
(1) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/foto-princesa/
(2) «MACAU Boletim Informativo», Ano II, n.º 28 de 30-09-1954.
(3) Ver referências anteriores a este navegador, nomeadamente à inauguração da estátua:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/jorge-alvares/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/estatua-de-jorge-alvares/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/06/22/leitura-caminhos-do-futuro-dos-horizontes-da-nacao-ii/
(4) Ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2012/11/23/noticias-23-11-1955-caminhos-longos-uma-iniciativa-arrojada-da-eurasia-filmes/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/09/03/filme-caminhos-longos-de-1955-artistas-chineses-de-cinema/
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/05/07/noticia-filme-caminhos-longos/