Este livro “Chinesinha” de Maria Pacheco Borges (1919-1992) é a 2.º edição (1) do que foi publicado em 1974. (2) São 7 contos:: “A viúva-noiva“; “A órfã“; “Dedicação filial”; “Mulher pequena“; “A tancareira“; “O triunfo da virtude” e “O casamento de Pak-Lin“. Este livro tem a direcção gráfica e capa de Victor Hugo Marreiros.
Esta 2.ª edição tem um prefácio da escritora Maria Ondina Braga (a 1.ª edição, de 1974, o prefácio é da própria autora)
” Chinesinha é um livro de contos da autoria de uma macaense – Maria Borges – cuja fina sensibilidade e poder de observação – para lá do contacto directo com chineses de Macau e a informação das suas falas .conseguem prender a atenção do leitor quanto à condição da mulher da China de ontem.
Mulheres nobres de coração, delicadas, e obedientes, as personagens destes contos, como aliás mandava a moral confucionista das época. E porque a autora sempre lhes empresta predicados de beleza física e de dignidade, essas jovens mulheres, aliada às maravilhosas lendas do seu país, aparentam elas próprias, graciosamente, figuras de fadas benfazejas.
Rico de cor, fantasia, e também História, a Chinesinha é, sem dúvida, um livro capaz de agradar a todas as idades. Mais ainda nos dias de hoje, quando o Império do Meio do Mundo passou por profundas reformas e a situação da mulher chinesa é já outra e melhor.
Contos que Maria Borges escreveu com carinho, agilidade, e subtileza.
Uma escrita de estilo simples mas correcto, senão mesmo cuidado.
Lisboa – Novembro de 1994
Maria Ondina Braga“
Algumas referências a esta escritora, cujas leituras são acessíveis na net:
“Três escritoras têm-se destacado pela temática macaense. Deolinda da Conceição publicou contos no jornal Notícias de Macau, posteriormente editados no livro Cheong-Sam, a Cabaia (1956). Versam sobre a exploração feminina, em Macau, onde se vendiam e compravam crianças, onde o vício do ópio dominava, onde proliferavam os negócios com o tráfico de drogas, ouro e armas. Maria Pacheco Borges, colhendo impressões entre o povo chinês de Macau, registra-as em Chinesinha (1974), narrativas que abordam, sobretudo, a sensibilidade do povo. E a portuguesa Maria Ondina Braga, cujo percurso literário vem sendo marcado desde os contos A China Fica ao Lado (1968), insere-se numa poetização da prosa em obras mais recentes sobre o Território: Nocturno em Macau (1991) e Dias de Macau em Passagem do Cabo (1994).”
CANIATO, Benilde Justo – Literatura de Macau em Língua Portuguesa in
http://lusofonia.x10.mx/macau.htm
“Entre as viúvas-noivas recordemos, de Maria Pacheco Borges, o Conto A Viúva-Noiva, em que Sai-si, a protagonista a quem faleceu o noivo, se vê forçada a uma existência meio irreal, permanecendo em casa dos sogros até ao resto dos seus dias, enlaçada a um defunto…(…) (p. 1019)
Um bom exemplo do que fica dito é o conto de Maria Pacheco Borges, a Mulher Pequena. Este é a estória de Mei-Mei, uma linda operária, cobiçada pelo capataz. Quando tudo indicava o caminho de um desenlace feliz, a futura sogra opõe-se ao casamento, o que acaba por conduzir à morte do filho, que deixa, assim, a mãe desamparada. É então 1020 que Mei-Mei, assumindo o seu papel de noiva-viúva, perdoa à mãe do rapaz e a convida a ir viver com ela, a fim de poder prover ao seu sustento. Quanto às artistas, as mulheres sentimentais por excelência, eram, na grande maioria dos casos, e se não pertencessem a famílias nobres, aproveitadas pela sociedade, para a prostituição… (…) (pp 1020-1021)
ALVES, Ana Cristina – A Mulher Chinesa na Sociedade Contemporânea. Administração n.º 57, Vol. XV, 2002-3.º, 1015-1028
file:///C:/Users/ASUS/Downloads/A%20mulher%20chinesa%20na%20sociedade%20contempor%C3%A2nea.pdf
Sugiro ainda a leitura de:
VALE, Maria Manuela – A escrita da cidade e a narrativa macaense . Revista de Filologia Românica, 2001, II: 301-322.
file:///C:/Users/ASUS/Downloads/11821-11902-1-PB.PDF
(1) BORGES, Maria Pacheco – Chinesinha. 2.ª edição. Instituto Cultural de Macau / Instituto Português do Oriente, 1995, 49 p. , ISBN-972-35-0166-, 23 cm x 16 cm
(2) BORGES, Maria – Chinesinha. Edição de autor 1.ª edição, 1974, 93 p.