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Notícia de 9 de Abril de 1829: «O mandarim de Hian-Chan por appelido Leu (Liu) faz saber ao sr. Procurador de Macau que recebeu, um offício do vice-rei de Cantão, em que, attendendo sua ex.ª às representações de Sung-Ku-Chi e outros contra o portuguez Bemvindo o qual se apossou  de um baldio marginal sito na praia onde está a pedra chamada do Manduco  (1) fazendo um aterro, e destruindo um pagode, que ali existia; attendendo á letra de um edital do seu antecessor, o vice-rei Pô, que pruhibe construírem-se mais casas e até acrescentar um só pedram ou ripa, ás que existem; atendendo a que a mencionada pedra do Manduco, sendo memorável na história de Cantão, não devia ser assim coberta de entulho, o que constitue desobediência às leis; ordena a ele mandarim que mande affixar editaes e officie ao sr. procurador e ao sr. ouvidor, para que obriguem o Bemvindo a demolir immediatamente o caes já fabricado e a restituir o terreno ao seu estado primitivo dando parte depois de executada a ordem, sem opposição alguma. Sobre este objecto já elle mandarim oficiou ao sr. Procurador, que ainda se não dignou prestar-lhe atenção. É porem urgente que a ordem se cumpra, para que não tenha de oficiar a sua ex.ª, que então mandará um commissario executa-l´a. O sr procurador dará parte quando a tenha cumprido, afim de que elle mandarim o leve ao conhecimento da autoridade superior. – 6 da 3.ª lua do 9.º anno de Tau-kuang”(2)(3)

(1) Ver Praia do Manduco: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/praia-do-manduco/

(2) PEREIRA, A. F. Marques – Ephemerides Commemorativas da Historia de Macau, p. 33. O mesmo citado em TEIXEIRA, P. Manuel – Toponímia de Macau, Volume I, 1997, pp. 430-431.

(3) Imperador da Dinastia Qing (Cheng)– Daoguang 道光帝 (Tao Kuang) (1821-1850). https://en.wikipedia.org/wiki/Daoguang_Emperor

“Siu vice-rei de Cantão e Kuangsi, em resposta passo a comunicar que recebi uma participação do Mandarim Y se Kuang-Chou, dizendo, que, um guia lhe dera parte em segredo em como alguns dos cúmplices no assassino do Governador Portuguez Amaral fugiram para Hu-Nan; que elle se oferecia a ir com gente prende-los. Em consequência escolheram-se logo às escondidas, soldados hábeis e com eles foi persegui-los até a villa de Ló-Chang na cidade de Xan-Chou (1); onde o guia indicou uma embarcação pequena, dizendo ser dos cúmplices em questão, e que estavam realmente nella uma chamado Ko-Ahon, e outro Li-Apao. A vista disto cahiram os soldados sobre a dita embarcação, e como della mostrassem resistência fazendo fogo, os soldados o fizeram também sobre eles; de que resultou cahir ferido no mar o LI-Apao, e morreo afogado. E tendo andado os soldados em busca do corpo não o puderam encontrar. O Ko-Ahon foi apanhado e levado para Cantão para ser examinado; e como se achava gravemente ferido com arma cortante, foi mandado curar-se. A copia junta é a confissão do Ko-Ahon.Eis o que tenho a comunicar em resposta ao Conselho do Governo Portuguez, 29 da 8.ª Lua do anno 29 de Taukuang, (2) 14 de Outubro de 1849 – Traduzido por mim – João Rodrigues Gonsalves” (3)
(1)Na cidade da província de Cantão (Guangdong) – Chaozhou潮州, referenciado em textos romanizados  como Siu Chao , ChiuChow  ou Teochew.
(2) Imperador Daoguang – 道光帝 (1782-1850); reinado 1820-1850
(3)Ta Ssi Yang Kuo Série I – Vols I e II, 1899,1900, pp. 365.
Sobre o Governador Ferreira do Amaral ver anteriores referências em:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/joao-m-ferreira-do-amaral/