Archives for posts with tag: Ilha da Montanha – Tai-Vong-Cam – 大横琴島 – Da Hengqin

Continuação da entrevista dada pelo tenente de engenharia Raul Esteves ao «Diario Illustrado» (1) (2) cujos excertos publiquei em 22 de Janeiro de 2017 e 26 de Janeiro de 2019. Hoje a terceira parte, intitulada “A questão das dependências e águas do porto interior” (3)

(1) «Diário Illustrado» 22JAN1909 https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/01/22/noticia-de-22-de-janeiro-de-1909-a-defeza-de-macau/

(2) «Diario Illustrado» 26JAN1909 https://nenotavaiconta.wordpress.com/2019/01/26/noticia-de-26-de-janeiro-de-1909-macau-ii-a-questao-do-dominio-portuguez-informacoes-de-um-alto-funcionario/

(3) «Diário Illustrado» 28JAN1909

Pequena cronologia do conflito diplomático com a China em 1909-1911, extraído de (1)

16-12-1909Conflito diplomático com a China – Soberania portuguesa nas águas do Porto Interior (1)

1909 – Recomeçadas em Pequim as negociações sobre a delimitação de Macau. Malogro das diligências entre ao Conselheiro Joaquim José Machado e o Mandarim Kao-Erh-Chien. Intransigência de parte a parte. (1)

3 -11-1909 – Suspenderam-se, após 4 meses de negociações, as conferencias entre o General Joaquim José Machado, Alto-comissário de Portugal e Kao-Ohr-Kim, representante chinês, para a fixação definitiva dos limites de Macau, indicando o Comissário português o recurso à arbitragem. A missão portuguesa era composta pelo General Joaquim Machado (Alto-Comissário); Capitão Demétrio Cinatti (Comissário Auxiliar); Capitão J.M.R. Norton de Matos (Secretário) e Pedro Nolasco da Silva (Intérprete). A parte chinesa era composta por Kao-Ohr-Kim; Shun-Pau-Ho, (Superintendente da Polícia de Cantão); Tsung-Yuen-Pi (Subperfeito Marítimo de Tch´in-San); e o Secretário-Intérprete Hou-To-Na. As duas conferências realizaram-se numa sala da residência do Cônsul de Portugal em Hong Kong, João Leiria. Os delegados chineses não aceitaram a proposta de nomeação de uma comissão para definir as delimitações de Macau, a propósito das Ilhas. O relato da missão foi publicado em Relatório e Actas da Comissão nomeada para estudar as questões entre Portugal e a China, Lisboa, 1911. (1)

13-11-1909 – Com a chegada a Cantão das autoridades superiores do litoral, o Vice-Rei de Cantão e outros Mandarins receando ser acusados de conivência, na permissão da estadia dos barcos portugueses em Macau (o que foi proibido em consequência da ordem do Imperador, que ordenara o encerramento do comércio e a transferência dos centros populosos do litoral para o interior, devido aos ataques dos piratas de Coxinga), enviaram os Mandarins uma armada de 60 barcos e somas (juncos) para intimidarem a saída ou a queima de vários navios portugueses que se encontravam ancorados na Taipa. Ficou então resolvido porem-se de vela para as Ilhas dos Ladrões os que pudessem, devendo os outros ser queimados ou metidos a pique, na noite de 14 para 15 de Novembro deste ano (1).

07-02-1910Conflito diplomático com a China – Protesto do Cônsul de Portugal m Cantão, feito às autoridades chinesas daquela cidade, contra a criação de um jornal especial, pela Sociedade Protectora da Delimitação de Macau, com o fim de continuar a campanha contra esta Colónia (1)

12-12-1910Conflito com a China – Desembarque de soldados chineses em D. João e Montanha, tendo estes disparados tiros, passando busca às habitações e intimidado os habitantes a não pagarem impostos ao Governo de Macau (1)

31-01-1911Conflito diplomático com a China – Protesto apresentado pelo encarregado da gerência do Consulado-Geral de Portugal em Cantão, contra a ida de soldados chineses à ilha de D. João. (1910) (1)

(1) SILVA, Beatriz Basto – Cronologia da História de Macau, Volume III, 2015, pp. 33, 39, 40, 42, 50 e 54.

JULHO de 1880 – O advogado Albino Pacheco Jorge deu por incompetente o Tribunal da Procuratura para julgar uma causa crime entre dois chineses da Ilha de D. João, alegando que a Ilha não pertence ao governo português. A Procuratura deu-se por incompetente e não julgou a causa. Mas em Maio de 1881 dá-se um caso de dois chineses que pagaram – e provam- à Fazenda Pública de Macau as suas licenças anuais para pesca nas baías de Hác Sá Van e Choc Van, em Coloane. No entanto, o encarregado do pagode Hum Seng Vong da aldeia Vong Cam – Ilha da Montanha – afirma que essas baías do Sul de Coloane são da sua jurisdição e que não recebe as rendas desde 1879! Se assim se provar, deverá o dinheiro ser devolvido ao pagode. O Administrador Correia de Lemos pede à Secretaria do Governo que tome conta da ocorrência e a dê a conhecer ao Governador mas vai dizendo que “questões semelhantes resolvidas assim vão dando azo a muitas reclamações contra a Fazenda Nacional, e o governo irá a pouco a pouco perdendo a sua força moral”. (1) (2)

(1) “16 de Abril de 1881 – O advogado e procurador interino António Joaquim Basto Jr., em conversa havida com o Administrador da Taipa, sobre o assunto do tributo de pesca nas baías sul de Coloane, disse que o china encarregue do pagode da Ilha da Montanha mostrara realmente em Tribunal um documento “muito legal” do Governo de “Iong San” (Heung-San), no qual a autoridade chinesa declarava em sentença que “as duas baías de Coloane pertenciam ao pagode, o que dava a este o direito de cobrar direitos”! O Procurador mostrou-se ávido de conhecer detalhes que lhe permitissem vir a actuar, porque julgava o caso muito “melindroso”.

O Administrador do Concelho das Ilhas respondeu-lhe simplesmente que a autoridade portuguesa tinha completa jurisdição sobre Coloane, onde ficavam as baías de Hac Sa e Choc Van e que as embarcações de guerra até ficavam sujeitas à fiscalização portuguesa do posto, sem que as autoridades chineses fizessem a mínima reclamação. Sendo as águas portuguesas, só lhe devem ser aplicadas as leis civis compiladas no Código Português, em especial no artigo 395.º. Além disso não há lei nenhuma que confira a particulares qualquer privilégio em lugares públicos sujeitos a regulamentos administrativos.” (SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 238)

(2) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia da História de Macau, Volume II, 2015, p. 236,

Extraído de «BGC», XIV-155, MAIO DE 1938, p. 177

Artur Tamagnini de Sousa Barbosa foi nomeado governador de Macau, pela 3.ª vez, a 19 de Dezembro de 1936 (B. O. n.º 51) tendo tomado posse a 11 de Abril de 1937 e ficou no cargo até à sua morte em 10 de Julho de 1940. A 5 de Outubro de 1940, foi nomeado novo Governador, capitão de fragata Gabriel Maurício Teixeira (B.O. n.º 40)

“ O ano de 1937 marca o início da devastadora guerra sino-japonesa. Macau exigia um governo prudente, que assegurasse a calma no território. A população portuguesa radicada em Xangai teve de refugiar-se em Macau, que teve que fazer um enorme esforço financeiro para enfrentar a despesa de hospedagem, alimentação, manutenção de roupas, pessoal auxiliar, subsídios … Lisboa colaborou com verbas e, para respostas mais musculadas, com o envio do Bartolomeu Dias e do Gonçalo Velho, com gente e meios de defesa/ataque. A polícia de Macau também foi apetrechada e posta em alerta. O vapor Mouzinho saiu de Moçambique para reforçar Macau, com tropas, oficiais e pessoal hospitalar, além de material de guerra.

Em 1937 três “destroyeres” japoneses e um cruzador desembarcaram tropas na Ilha da Montanha mas afastaram-se quando informados que se encontravam em águas portuguesas. O perigo continuou a rondar. Tamagnini foi sempre firme e e morreu ao serviço de Macau, no cargo de Governador, a 10 de Julho de 1840; pouco dias antes, abriu em Lisboa a Exposição do Mundo Português com uma sala da China e uma rua de Macau reproduzida cm enorme realismo” (1) (2)

(1) SILVA, Beatriz Basto da – Cronologia de História de Macau, Vol. III, 2015, pp.256-259)

(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/exposicao-do-mundo-portugues-1940/

Anteriores referências a este governador em: https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/artur-tamagnini-barbosa/

Porta-chaves circular (5 cm de diâmetro) com o emblema da Universidade de Macau, nos dois lados, com argola de 2, 5 cm de diâmetro, da década de 90 (Século XX).

UNIVERSIDADE DE MACAU 澳門大學

O emblema da Universidade de Macau (UM) apresenta uma crista de cinco torres rodeada por círculos de ouro e o nome da universidade em chinês e em português. A chave sobre o livro representa a chave para o conhecimento, e as ondas representam a universidade localizada inicialmente na ilha da Taipa. (1). A ponte liga as culturas Oriental e Ocidental. Na fita está inscrita uma divisa chinesa, enumerando as cinco virtudes de um académico ideal: humanidade, integridade, propriedade, sabedoria e sinceridade. As cores são o vermelho para a esperança, o azul para a alegria do bem-estar, e o ouro para o avanço da humanidade.

(https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Macau)

(1) No lugar da Universidade da Ásia Oriental. Hoje, o campus da UM está localizado no leste da ilha de Hengqin (antiga ilha da Montanha/Tai Vong Cam).

https://nenotavaiconta.wordpress.com/tag/ilha-da-montanha-tai-vong-cam-%E5%A4%A7%E6%A8%AA%E7%90%B4%E5%B3%B6-da-hengqin/

Notícia extraída de «Gazeta de Macau e Timor» (1) sobre mais uma expedição do comandante Tassara contra os piratas.

PIRATAS. – A requisição do capitão Tassara, comandante militar da Taipa e Colovam, marchou na madrugada de 10 de corrente, uma força do batalhão de linha, da corveta Duque de Palmella e da canhoneira Camões, em perseguição de três sapatiões tripulados por perto de cem piratas, que na tarde de 9 tinham vindo acoutar-se na Ribeira da Prata. (2) Parece que fugindo da costa d´oeste, onde foram ocupados por tropas mandarinas ás quaes resistiram causando-lhe algumas perdas, vinham procurar nas proximidades de Macau, novo teatro para as suas proesas. A força, comandada pelo capitão Tassara desembarcou ao sul da ilha Montanha não encontrando vestígio algum de pirata. Sobe-se ali que na véspera á noite, eles se tinham retirado, e que provavelmente estariam ou em “Apomi” ou em Von-came.(3)  O estado da maré e a difficuldade da marcha por terra, não permitiam a ida a Von-came, em vista do que a força se dirigiu a “Apomi”, onde igualmente não teve noticias dos criminosos. Ás 7 horas da tarde recolheu a Macau depois de um dia de improbo trabalho sem resultado aparente. Nós julgamos que embora estas expedições não cheguem em geral a conseguir o seu fim tem comtudo a vantagem de afastar das proximidades de Macau, os malfeitores. Seria útil que as lanchas a vapor fizessem cruzeiros uma ou duas vezes por semana, o que talvez viesse a dispensar expedições como a ultima.”

(1) «Gazeta de Macau e Timor», I-4 de 15 de Outubro de 1872, p. 4

(2) Ribeira da Prata na Ilha de D. João.

(3) llha da Montanha ou Tai Vong Cam

29-07-1912 – Conflito com a China – Uma força chinesa de 20 ou 30 praças desembarca em 23 de Julho na Ilha de Tai Vong Cam, (ilha da Montanha) demorando-se pouco tempo. Dias depois, em 8 de Agosto uma força de 300 soldados chineses desembarca e efectua prisões na Ilha de D. João, (Siu Vong Cam) sob o pretexto de perseguição de piratas – Intervenção «enérgica do comandante militar da Taipa e Coloane e protesto do Governo de Macau perante o Governo de Cantão pela violação do tratado cometido por aqueles soldados chineses”.

(GOMES, Luís G. – Catálogo dos Manuscritos de Macau, 1965 n.º 105)
O Governador interino de Macar era o oficial de Artilharia, Aníbal Augusto Sanches de Miranda (até 16 de Abril de 1914 tendo tomado posse a 15-07-1912, por exoneração de Álvaro Cardoso de Mello Machado) e o Comandante Militar e Administrador do Concelho da Taipa e Coloane era o capitão Artur Taborda de Azevedo e Costa (até Setembro de 1912.
Relacionados com este tema, ver:
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/08/21/noticia-de-21-de-agosto-de-1912-batida-a-ilha-de-tai-vong-cam/

Artigo intitulado “QUESTÃO DE MACAU”, publicado na “Revista Portugueza Colonial e Marítima”, de 1908, (pp. 114-117) assinado por E. de V. (possivelmente: Ernesto Júlio de Carvalho e Vasconcellos, director da revista) (1)
(1) Livraria Ferin, Lisboa (ed.); Ernesto Júlio de Carvalho e Vasconcellos (dir.), Vol. XVIII – 135, 1908, 45 pags. (pp. 114 – 117)

Continuação da entrevista dada pelo tenente de engenharia Raul Esteves ao «Diario Illustrado» (1)  cujo excerto publiquei em 22 de Janeiro de 2017 (2). Hoje a segunda parte, intitulada “ A questão do domínio portuguez” (3)
(1) «Diário Illustrado» 22JAN1909
(2) https://nenotavaiconta.wordpress.com/2017/01/22/noticia-de-22-de-janeiro-de-1909-a-defeza-de-macau/
(3) «Diario Illustrado» 26JAN1909

NOTA: No 2.º parágrafo do artigo, há um erro de datação: Deveria ser: “ A 22 de Outubro de 1872, ele teve conhecimento….”.
Este artigo foi escrito pelo Padre Manuel Teixeira, em “A Polícia de Macau” (1) e reproduzida em (2) donde extraí este relato.
(1) TEIXEIRA, Manuel – A Polícia de Macau – 2ª ed. rev. e aum. – Macau : Imprensa Oficial, 1991. – 248 p.
(2) Extraído de https://www.fsm.gov.mo/psp/cht/revista%20da%20psp/pdf/09.pdf